No dia seguinte ligo para Klaus, marido de Lívia, e conto o que aconteceu.
- O Senhor está mostrando que tem um portal no seu guarda-roupa! É uma peça que foi pedida e eles estão vindo por lá. O Senhor falou pra jogar fora! – fala decidido.
Lembrei que guardara a camisola, que Zarú pediu, numa gaveta do guarda-roupa. Ele tinha gostado muito dela. Respondo, sem contar da camisola:
- Vou procurar! Não aguento mais lutar pelo meu corpo! Não aguento mais sonhos ruins!
- O Senhor está falando pra fazer um propósito com a família na sua casa.
- Está bem, proponho três sábados.
- Três sábados está bom! Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo!
- Começaremos neste sábado! Obrigada irmão, paz do Senhor.
- Paz.
Vou até o guarda-roupa, abro a gaveta, pego a camisola e levo-a até o rosto. Muitas emoções voltaram, lágrimas caíram dos meus olhos, eu o amei, de verdade, e era a única lembrança que tinha de Zarú. Foi ele quem me despertou... junto forças, coloco a camisola e todas as peças da gaveta, num saco de lixo e dou um nó, decidida. Deixo o saco na lavanderia, para jogar fora depois, era de noite e estava muito cansada.
Durante a madrugada acordo com as mãos retorcidas. O espectro gritava como uma besta selvagem, com ódio, com fúria. O som vinha do guarda-roupa. Não conseguia mexer a boca, com a mente oro o "Pai Nosso" e peço a ajuda de Deus. Ele se vai.
- Onde estão meus anjos quando eles vêm? Eu sou tua, Deus, mas porque isso acontece? Eu não entendo! – pergunto a Deus.
Não veio resposta.
De manhã, ligo para o Klaus e conto que o espectro voltou.
- Jogou a peça fora? – pergunta desconfiado.
- Sim, deixei o saco com as camisolas na lavanderia.
- Você tinha que ter jogado fora! Você mexeu no ninho deles, e quando deixou as peças na lavanderia, eles ficaram perambulando pela casa!
- Uma das camisolas foi escolhida por outra entidade, no passado. – confesso.
- Deus tinha me mostrado uma lingerie, mas fiquei com vergonha de falar pra irmã. Tem mais contaminação, Lívia vai aí amanhã e vocês procuram. Lembrem de orar primeiro!
No dia seguinte, Lívia e sua filha, Bela, chegam cedo. Tomamos café na sacada, enquanto conversávamos. Ao terminar, levo a louça para a pia, e, voltando da cozinha, olho para Lívia e um espirito me diz:
- Ela está com câncer.
E essa agora... quem falou comigo? Um espírito do mal ou do bem? Estou confusa! Tem um demônio no meu quarto! Quem vai acreditar que isso é verdade? E se eu contar pra Lívia... ela vai ficar preocupada, ela vai chorar... E se for coisa desse espectro?
E o espírito continua:
- Fala pra ela fazer os exames.
Ele deve ser um anjo, vou aconselhá-la:
- Lívia, você está cuidando da sua saúde? Já fez todos os exames neste ano?
- Não. Por que?
- O que está esperando? Vá ao médico e marque todos os exames. Por favor, se cuide, minha irmã!
- Tá bom! Irei ao médico.
- E logo! – falo brava.
- Nossa! Por que?
- Porque sim, eu já fiz os meus neste ano, faça os seus! Está na hora!
- Tá bom... não precisa brigar comigo!
Fomos até meu quarto, demos as mãos, recitamos o "Pai nosso" e começamos a limpeza do guarda-roupa. Nossas mãos pinicavam sempre que tocávamos num objeto contaminado pelo espectro. Jogamos fora perfumes, maquiagens, roupas.... E quando ficávamos com ânsia, recitávamos o "Salmo 91".
Enquanto isso, Luigi e Bela brincavam na sala. Repentinamente, ele corre até o banheiro e vomita. Estranho... estava bem até agora. Levo-o à pediatra, e, o diagnóstico dela é incerto, talvez seja uma virose. Ela lhe dá um comprimido para cortar o vômito e passa uma dieta leve. Na volta, tomamos o café da tarde, oramos por todos, e, depois Lívia e Bela voltam para casa. Luigi se recuperou bem, provavelmente sofreu um ataque espiritual.
Minhas preocupações aumentaram, com a nova revelação...