A garota observou o adversário retirar do inventário uma lâmina negra e segurá-la com sua mão direita.
"Um espadachim de agilidade, assim como eu, e ainda tem uma lâmina escura", pensou. "Pelo menos até agora ele enganou bem."
Duelo: Feli vs Nashburn!
"Começar!"
- Háááá! – O rapaz avançou com agressividade, tentando cortá-la diretamente.
A espada de Feli bloqueou o ataque, e Nashburn continuou incessantemente. A menina pensou em como era bruta a técnica que o suposto espadachim lendário usava.
- Kya! – Ela defendeu. Os sons dos metais se chocando se espalhavam pela rua. – É só isso que pode fazer?
- Calada! Hoaa! – Ele utilizou uma habilidade especial, brilhando sua lâmina em um amarelo vívido.
A Luz de Rubi de Feli brilhou em uma cor branca e pura, bloqueando a espada inimiga. Com um belo contra-ataque, a garota acertou Nashburn, que foi jogado para longe com um corte diagonal em seu peito.
- Khaa...!
Nashburn
HP: 2150/4000
O comandante observava entretido o duelo de sua subordinada. A expressão descontraída em seu rosto julgava os movimentos do suposto Espadachim da Meia-Noite; era decepcionante.
- Haha, é claro que é um farsante... – comentou o homem.
"Com um ataque meu HP foi reduzido quase pela metade?! E-ela é incrível...! Merda o que eu faço...?!", o rapaz pensou.
- E então? Ainda vai insistir com isso?
- Krrr... você...! – Nashburn atacou novamente.
Feli acabou jogando o orgulho dele no lixo quando o mesmo tentou ataca-la, mas a investida com a espada foi desviada facilmente e ela apenas lhe deu um 'soquinho' na parte de trás da cabeça, reduzindo seu HP para dois mil.
Uma mensagem apareceu no ar:
Nashburn teve seu HP reduzido pela metade
Feli é a vencedora!
- Argh... m-merda...! – Ele se ajoelhou, frustrado.
- O incrível Espadachim da Meia-Noite derrotado... Talvez eu devesse tentar enfrentar um boss sozinha agora – ela ironizou.
- C-cale-se... – murmurou.
- Por que fez isso, garoto? – Perguntou o comandante, se aproximando.
- V-vocês não sabem como é ruim ser parte dos fracassados... Grrr... meus homens acreditam em mim, mas...
- Fala isso, mas ainda engana eles e os mais fracos. Isso é coisa de covarde – repreendeu o comandante. – Se tem vergonha, vá ficar mais forte.
- Eu e aqueles caras somos parte dos sem talento! Não podemos fazer nada! Se nos expormos vamos morrer! Temos que garantir nosso sustento de alguma forma.
- Essas desculpas não colam aqui, cara – rebateu Feli. – Algum dia você iria ser pego.
Então, de repente, uma voz foi ouvida; alguém chegou junto deles em um instante, saltando do telhado de um prédio ao lado:
- Ora, ora, encontrei! – Era um homem negro, de cabeça lisa e olhos escuros, era musculoso e também tinha um cavanhaque. Parecia ter uma idade próxima à do comandante.
- Gwargh!!! – Nashburn se assustou com a chegada daquela pessoa.
- Hm...? – Ele olhou bem as figuras que estavam juntas do rapaz: - AH! É VOCÊ! – Apontou para o líder da Royal.
- Astor?! – Exclamou o comandante.
- Kyros?! – Os dois chegaram perto um do outro e quase grudaram os rostos em uma encarada.
- Maldito! Como pôde deixar um cão sarnento desses entrar na sua guilda?!
- Huh? E quem disse que eu fiz isso por que quis, idiota?! – Astor se defendeu.
- Explica! – Ordenou Kyros.
- Eu não tenho que explicar nada a você e seu bando de malucos de cruzada!
- P-pessoal? Dá pra se acalmarem? – A menina pediu.
- Huh...? – Astor olhou para ela. – FELI!!!!
- E-err... o-oi, Sr. Astor!
- Como é bom vê-la – ele fez uma reverência. – Casa comigo?
- NÃO!!
- Oh... está bela como sempre – sorriu.
- Tsc, vê se deixa minha capitã em paz, seu rato – disse o comandante.
- Hein?! O que disse, marmota?!
- Sr. Astor, pode dizer por que tem alguém como ele na Axion? – Perguntou Feli. - Eu não creio que o senhor permitiria isso.
- Isso é óbvio, minha querida Feli: fizemos isso para atrair o verdadeiro Espadachim da Meia-Noite e tentar fazer contato – respondeu. – Mas parece que não deu certo. É claro que esse vagabundo vai ser expulso e nunca mais usar o nome da Axion para ameaçar os outros, ou daremos conta dele.
- Nggh...! – Gemeu Nashburn, ainda no chão.
- Hãn?! Tentar contato?! – Exclamou Kyros.
- É claro que queremos alguém como ele, e além do mais, essa pessoa pode ser de grande ajuda. O próximo boss será um bem complicado...
- Já descobriram?! – Indagou Feli.
- Não, mas... algumas outras pistas, como imagens e relatos de NPC's em quests por exemplo, nos indicam que teremos de enfrentar um kraken gigantesco.
- Kraken?! – Exclamou Kyros.
- M-mas o Espadachim da Meia-Noite é só uma lenda, então...
- Não, minha querida Feli, é aí que você se engana, ele é real.
- Como pode saber disso? – Ela insistiu.
- Eu acredito... – Astor olhou nos olhos de Kyros.
Com essas palavras, o comandante relembrou um certo acontecimento que passou no Território de Nível Seis, quando a guilda Royal ainda estava começando a tomar as proporções que teriam agora:
- Hááá!!!! - Kyros lançou uma magia púrpura em um espadachim, que defendeu muito bem.
- Grr...! Arf... arf... É... parece que o líder da Royal é um mago incrível mesmo – o rapaz disse, ofegante.
- Maldito... Huff... huff... o... o que você quer?! – O comandante também ofegava, além de estar machucado.
- Isso não é da sua conta.
- P-por acaso você é o tal Espadachim da Meia-Noite, é?! – Perguntou o homem.
- Hehe... é claro que não.
- Eu sabia que isso era só uma grande bobagem... Mas droga, você ainda é muito forte...!
- Não, senhor comandante, está errado! Mesmo que não seja eu, ele ainda existe.
- O quê...?!
- O Espadachim da Meia-Noite é real, e eu o conheço... – ele guardou a espada.
- Você...?! Maldito...!
- Por hoje é só, comandante. Teremos outro encontro em breve... huhuhaha...
Kyros relembrou aquela luta mortal que teve com uma pessoa que era muito forte. Ele conhecia o lendário Espadachim da Meia-Noite... não havia mentira naquelas palavras, Kyros tinha certeza disso. Eventualmente, contou à Astor sobre este evento, era o único que sabia.
- Espadachim da Meia-Noite... – o comandante murmurou.
[POV]
Tomei um gole do café servido pela NPC garçonete. Era impressionante como a única coisa que eu sentia que realmente era diferente do mundo real era o café. Por mais que eu tentasse em vários lugares diferentes, nenhum tinha o sabor dos que eu já tomei na vida.
Olhei no horário do menu e percebi que já começava a ficar de noite, o pôr-do-sol forte vinha, seguido de um céu escuro.
Onde ele estava? Se atrasou... Tsc, isso é incômodo.
Depois de tanto tempo sem nos vermos, ele ainda se atrasa. Bom, deve ter tido algum problema com a esposa ou coisa parecida.
Escutei a porta se abrir, e logo percebi a figura daquele que estava esperando. Finalmente chegou. Notei que sua aparência era a mesma de sempre, cabelos curtinhos loiros e a pouca altura, o que me fez sacar que independente do tempo que passar aqui, teremos as mesmas características físicas.
Ele se sentou à minha frente e sorriu para mim:
- Há quanto tempo!
- Sim, dois meses, pra ser exato.
- Desculpa o atraso, eu tive que buscar uma coisinha para a minha esposa.
- Tá tudo bem com ela?
- Não se incomode, era só um ingrediente culinário.
- Entendi. E então? Alguma novidade... – encarei esperançoso àqueles olhos verdes -, Jeremiah?
- Ah sim, sim! Com certeza! Vai adorar saber de algumas coisas que descobri, Jhin!