Eu e Asura saímos da hospedagem e começamos a ver todo o pânico que havia gerado.
As ruas de uma hora para outra já estavam completamente destruídas. Se eu pudesse descrever seria mais como se tivesse passado um furacão pela cidade. Mas as ruas não estavam desertas. Havia uma multidão carregando bandeiras rasgadas e tochas acesas que poluía o ar. Todas elas usavam uma túnica preta características.
"Parece que já começou."
"... É horrível." Asura comentou.
Não era uma cena nem um pouco agradável. No entanto, precisávamos ignorar essa situação e seguir em frente para a taverna onde o grupo de Silka esperava por nós.
Passamos por algumas regiões com passos apressados e a cada esquina virada, vimos o quanto a situação era crítica. O grupo rebelde quebrava vidraças e as vezes agredia os cidadãos comuns. Eles gritavam "Eliminem Aros Silverstein!" como se fosse a única frase que soubessem.
Apesar de um longo caminho, conseguimos alcançar o grupo de Silka.
"Silka!" Disse Asura.
Asura se deixou levar pelos seus sentimentos e correu em direção a Silka para abraça-la. Silka pareceu meio atordoada de primeiro momento, mas conforme percebeu os sentimentos de Asura, a abraçou de volta também. Ottor e Reaiger pareciam também estarem assustados com a situação. Mesmo sabendo dos riscos de nos encontrarmos com o grupo rebelde, certamente era um choque presenciar aquilo pessoalmente.
"Não acredito que tudo isso está acontecendo... será que seria certo deixarmos Sagólia por agora?" Diz Silka.
"Não podemos, precisamos ajudar as pessoas... tanto os cidadãos quantos os aventureiros, Eugene que ainda está no centro médico." Diz Asura.
Essa era uma das desculpas, mas eu e Asura sabíamos que não podíamos abandonar Sagólia por conta disso. Afinal, o motivo principal para termos vindo aqui, ter nos arriscado tanto, era para suprimir o grupo rebelde que causava transtornos a todos. Eu prometi ao rei de Sagólia que eu resolveria a situação, de forma nenhuma eu iria fugir.
Seria inteligente mandar o grupo de Silka para fora de Sagólia para protege-los. Mas vendo seus rostos tão confiantes, eles pareciam determinados a nos ajudar com isso sem ao menos saberem nossa identidade real. Isso poderia atrapalhar, mas não tive nenhum intensão de interferir.
"Tudo bem, essa é uma decisão de vocês... Nós iremos juntos!" Diz Silka.
Ela olhou para o seu grupo, Ottor e Reaiger acenaram com suas cabeças confiantes. Eles eram apenas jovens crianças que decidiram virar aventureiros por algum motivo. Mas o senso de confiança que tinha, o laço de amizade que construíram eram tão fortes que praticamente todos eram capazes de compartilhar do mesmo sentimento simultaneamente. Era um laço que deveria ser invejado.
"Certo, certo, vamos nos ajudar." Eu confirmei realmente desistindo de qualquer hesitação que eu guardava.
Aquele era o momento certo para que minha missão principal começasse.
***
"Mestre, o grupo se moveu ao sul com sucesso."
"Ótimo, estamos muito perto."
A sala novamente escura trazia um ar sombrio proposital. Suas vestimentas escuras eram propositalmente para que não houvesse nenhum pingo de branco ou qualquer coisa do tipo. Kisirel achava as cores azul e branco as piores que ele já tinha visto, tudo isso por conta de um único ser.
A raiva que ele tinha por Aros Silverstein era verdadeira. Só de pensar naquele rosto ele já sentia enjoos. Mas agora ele estava em uma missão própria, aproveitando a oportunidade de que foi lhe dada. Seu objetivo era causar a maior dor que pudesse em Aros Silverstein e felizmente estava tudo conforme o plano.
"Mestre, você me disse que Aros Silverstein estava aqui em Sagólia, mas como tem tanta certeza disso?"
"Eu tenho fontes e essas fontes me disseram que avistaram servos de Aros Silverstein vagando por aqui, inclusive uma conhecida minha. Não se pode ter certeza que ele realmente está aqui, mas eu posso sentir sua presença."
"Confiarei então..."
O homem que estava de joelhos perante Kisirel se levantou e fez uma saudação a seu mestre. Essa era sua deixa para deixar o lugar. Como já confirmava o avanço do grupo para seu mestre, não havia nada que pudesse fazer naquele momento. Então assim que saudou Kisirel, ele andou em direção a porta do local.
Quando...
"Ei... acho que podemos encontra-lo agora." Kisirel disse.
"Hm? Como?"
"Eu tenho uma suposição, mas será seu trabalho e investigar se é verdade."
O homem desconhecido se interessou pelas palavras de seu mestre. Então decidiu ficar na sala e ouvir o que ele tinha para dizer.
"A verdadeira identidade Aros Silverstein é..."
***
A rebelião já havia dominado completamente o distrito sul.
Eu, Asura e o grupo de Silka caminhamos as espreitas até chegarmos no centro médico. Lá, estaria Eugene. Por mais que ele estivesse dormindo, tínhamos que protege-lo de toda essa bagunça que acontecia as ruas. Os membros daquela rebelião invadiam estabelecimentos para causar o caos, por isso nossa preocupação.
Mas a situação não era nada boa.
"Eugene não está lá dentro." Confirmei.
"Será que os magos curandeiros o levaram para outro lugar?" Diz Silka.
"Provavelmente. Perceberam que aqui já não é mais um lugar seguro onde os pacientes possam ficar."
Quando chegamos ao local, fomos sala por sala tentando encontrar Eugene. Infelizmente, o local estava vazio. Tanto Eugene quanto os magos curandeiros não estavam lá. O centro médico havia se tornado um local abandonado.
"O que vamos fazer?" Pergunta Asura.
"Se eles estão abrigando Eugene em um local seguro, então não vejo o porque de nos preocuparmos tanto."
"Mas e se eles estiverem apuros em algum lugar?"
"Nós vamos saber... por enquanto tudo deve ficar tranqui—"
Eu estava para terminar minha frase quando vi nos rostos de todos ali, Asura e o grupo de Silka. Suas feições de desespero eram evidentes. Os olhos de todos arregalaram e todos estavam prestes a dizerem algo.
"Cuidado!" Gritou Asura.
Neste momento consegui ver uma sombra que vinha de cima da minha cabeça em direção a Asura e os outros. Pude sentir um instinto assassino vindo atrás de mim. Sem à menor hesitação, tirei a espada da bainha e girei meu corpo o mais rápido que pude. Coloquei a espada em minha frente sem conseguir analisar o golpe que iria ver.
GA CHIN!
As espadas se colidiram só que não fora tão forte para tirar meu equilíbrio e nem me acerta. Tudo que pude ver aquela hora fora uma capa negra, ela balançava e tirava a luz da lua nos iluminava. Não pude identificar quem era desse primeiro lance. Mas essa pessoa que me atacava viu que eu havia defendi e saltou por cima de mim.
Seu salto foi grande e ele passou por Asura e o grupo de Silka. Pousando um pouco mais para frente, pude ver mais suas características. Uma túnica preta cobria todo seu corpo. As suas mãos que obviamente estavam fora de dentro daquela vestimenta, seguravam sua espada metalizada fina. Olhando para seu rosto, só havia uma palavra que podia descrever aquilo... escuridão.
No lugar que era para ter seu rosto, não havia nada além da escuridão. Não havia rosto humano ou de qualquer outra coisa, apenas a escuridão podia ser vista. Era bem assustador.
"Tão forte quanto sempre..." Diz a pessoa misteriosa.
"E como você sabe sobre mim?"
"Há, você nem imagina."
Quem era essa pessoa misteriosa? Por que ela quase quis me matar?
Não deu tempo de processar uma resposta a essa pergunta. Mesmo que não entendessem o que estava acontecendo, o grupo de Silka sacou suas armas e apontaram para a pessoa misteriosa a nossa frente. Eles estavam dispostos a lutar com essa pessoa que tinha uma aura desconhecida.
Eu olhei para Asura e ela também sacava sua espada. Mas sua mão tremia um pouco. Obviamente até ela estava assustada com essa figura desconhecida que avistamos.
Silka foi a primeira a avançar. Com suas adagas e sua agilidade, ela atravessou a distancia entre eles muito rápido e já estava frente a frente com a pessoa misteriosa. Ela girou seu corpo no ar querendo dar um dos golpes amis fortes que podia. A pessoa misteriosa levantou seu rosto demonstrando ainda mais sua escuridão.
Ela ergueu sua espada e rebateu o golpe de Silka deixando a aventureira sem equilíbrio no ar. Foi nesse ponto que o ataque certeiro parecia definitivo. Porém a pessoa misteriosa sentiu outra presença surgir na sua frente. Com uma espada já carregando um ataque, Ottor partira para cima da pessoa misteriosa.
A espada fina da pessoa misteriosa rapidamente respondeu seus movimentos rápidos e foi colocada em uma posição vertical para que se protegesse do golpe de Ottor. Assim que as espadas se colidiram, o garoto aventureiro sentiu um enorme choque em seus braços que o fizeram recuar um pouco. Silka havia pousado no chão e já preparava seu próximo golpe. Mas ainda faltava um.
"AHHHHHHHHHH!" Gritou.
Reaiger vinha em uma velocidade aceitável enquanto carregava um ataque majestoso de forte focando na cabeça assustadora da pessoa misteriosa. Aquele ataque não haveria solução com sua espada fina. Então assim que a espada de Reaiger ia se colidir no rosto dessa pessoa, seu inimigo se abaixa se esquivando do golpe completamente.
Reaiger havia colocado muita força em seu golpe e por conta disso seu equilíbrio não foi restabelecido novamente. Seu corpo fora brutalmente jogado para frente por conta do peso da espada. A pessoa misteriosa achava que aquele era um bom momento já para deixa-lo fora de combate.
Mas sua mente pareceu receber outro aviso. Ottor e Silka já estavam atrás dele com seus golpes carregados a um fio para atingir a pessoa misteriosa e acabar de vez com aquela batalha. Mas o inimigo se desviou facilmente dando acrobacias para trás. Tanto Silka quanto Ottor apenas atacaram o chão.
Todos estavam com a guarda aberta, não havia jeito. A pessoa misteriosa apontou sua espada e encarou os jovens aventureiros enquanto eles se levantavam desajeitados por perderem o equilíbrio. Aquele era o momento ideal para ataca-los com força, mas a pessoa misteriosa não os atacou.
"Por que está perseguindo Greed-san e Asteth-san?" Pergunta Silka.
"Acho que isso não é assunto para crianças como vocês."
A pessoa misteriosa ainda continuou ali de pé sem machucá-los tanto. Ele parecia não ter a intenção de machucar eles se não eu. O grupo de Silka estava lutando contra uma pessoa que ao menos queria lutar. Aquilo era absurdo. Fiquei tão impressionado com o combate e por ter reparado em coisas assim, que junto de Asura, ficamos apenas olhando o combate acontecer.
"Se não quer responder, então iremos te derrotar sem ao menos saber quem você é! Já não tenho mais paciência em quem trata Greed-san e Asteth-san mal!"
Silka partiu novamente para cima da pessoa misteriosa. Porém desta vez, ela não estava sozinha. Atrás dela, formando uma formação de luta em equipe, Ottor e Reaiger a seguiram mostrando muita sede de sangue para cima da pessoa misteriosa que ao menos queria machucá-los.
A determinação do grupo era realmente impressionante. Mesmo que não conhecessem nós direito, eles estavam ali para nos proteger como verdadeiros amigos. Quando eu voltar a Lálario certamente lembrarei de dar uma boa recompensa a cada um deles. Por causa que é isso que merecem.
Eles não estariam lutando se não fosse por todos os problemas que eu causei. Eu sabia que aquele homem era do grupo rebelde e sabia muito bem que ele sabia minha identidade real. Aquela sede de sangue e vir justamente a minha pessoa, não era por acaso. Aquele a minha frente só podia ser um enviado para me matar. Não Greed, mas sim Aros Silverstein.
Silka saltou para cima da pessoa misteriosa, enquanto Reaiger e Ottor vinham por baixo já carregando seus golpes super fortes. A pessoa misteriosa não tinha mais escolha a não ser conseguir imobilizá-los por ora. Ela agarrou sua espada fina e rapidamente deu um golpe horizontal no ar. Mas não era um golpe comum. A pessoa misteriosa colocou magia em sua espada.
De repente, Silka e seu grupo pararam no ar como se estivessem em câmera lenta. Tudo pareceu tão rápido. O ar parecia ter ficado gelado por um momento. No mesmo instante que esse ar frio desapareceu, os corpos de todos foram jogados para os lados como se sentissem um impacto forte.
"...!"
O que havia acontecido? Aquela pessoa... era tão forte assim?
Mas não houve um momento para me preocupar com Silka e o os outros que estavam aos chãos totalmente feridos. A pessoa misteriosa rapidamente mirou em nossa direção e deu um salto muito veloz e forte para nossa frente. Asura percebeu isso e apontou a espada para a pessoa misteriosa.
Mas eu vi em seu olhar. Ele definitivamente estava focado em derrubar Asura primeiro.
Nem por nada, eu poderia deixa-lo fazer algo desse tipo. Quando a distância encurtou e a pessoa misteriosa estava frente a frente com nó. Dei um passo a frente e ergui meu pé esquerdo. Assim meu chute disferido o atingiu na região do tórax. A pancada havia sido tão forte que ouvi os chãos se estremecerem.
"URGH!" A pessoa gemeu de dor alto.
O impacto forte gerou uma onde de choque pelo local e assim que dispersou, o corpo da pessoa misteriosa fora arremessado para muito longe. Não foi difícil perceber que ele havia atingido um lugar lá perto. As fumaças começaram a subir no local de onde se colidiu.
Depois de confirmara que meu chute havia sido forte o suficiente, eu segui para onde ele havia se colidido. Não havia como deixa-lo fugir naquele momento, ele provavelmente é uma peça importante na qual me leve para o líder deles.
Ele havia se colidido em uma capela grande. O local agora havia a parede arrebentada e já dava entrada para o lado de dentro. Adentrei já para tentar achar seu corpo. A pessoa misteriosa havia sido tão forte atingido que ele caiu em cima do altar de dentro da capela.
"Ah... Ah... Ah..." Eu ouvi uma respiração pesada ao meu lado.
Ajoelhada com medo no canto da capela, estava uma freira. Aparentemente ela estava ali para se proteger do grupo rebelde, mas de repente sua área segura fora invadida por duas pessoas misteriosas brigando. Seu rosto exibia desespero.
"Irmã, por favo se abrigue em outro local seguro... porque aqui já era..."
Ela afirmou gentilmente com a cabeça e saiu correndo.
A minha frente a pessoa misteriosa se levantava pouco a pouco com bastante dificuldade. Eu não havia reparado que tinha dado um chute tão forte. Aquilo poderia comprometer meu disfarce. A luz que vinha da lua iluminava bem pouco o salão escuro onde estávamos dentro.
"Sempre forte, não é?" A pessoa misteriosa diz com dificuldade.
"Eu não entendo de onde me conhece."
"Logo irá descobrir..."
"Quem é seu líder? O líder da rebelião eu digo. Você foi mandando por ele?"
"Líder? Hahahaha." Ele deu uma risada maléfica e sarcástica.
A minha percepção Kisirel errou em enviar uma pessoa tão fraca para cá. Com apenas um chute eu pude deixá-lo quase incapaz de se mover. Mas ele resistiu e ficou de pé mesmo com muita dificuldade.
"Acho que você não entendeu..." A pessoa misteriosa diz. "Eu sou o líder!"