"Hm? Que lugar é esse?"
O local azulado e branco parecia diferentes nos olhares do jovem Eugene. Aquilo era tão irreal que ele mal teve vontade de andar, achando que tudo se acabaria só dele dar um passo. Mas onde era aquele lugar? Por que ele estava lá?
"Então você está aqui."
Quando ele ouviu essa voz, ele arregalou os olhos. Aquela voz doce e feminina era de uma pessoa que nunca jamais viria. Mas seu corpo congelou. Aquilo não podia ser possível.
"Anna?"
Ele se virou.
Lá estava uma bela garota dos cabelos loiros. Seus olhos eram dourados e seu rosto era branco meio avermelhado. Ela tinha sardas no rosto. Não tinha como ser outra pessoa, Eugene pensou. Todas aquelas características, aquela roupa de aventureira... quase fez Eugene chorar.
"Ficou surpreso assim?"
"V-Você está aqui mesmo? Anna?"
"Ah sim, estou."
"Mas... mas... onde que eu estou? É um sonho?"
"Lógico que não bobo, aqui é o mundo espiritual, onde as almas que saíram de seus corpos habitam. Achou mesmo que quando morríamos éramos mortos mesmo?"
"Pensei..."
"Hahahaha... você parece tão bobo quanto sempre."
"Anna..."
Ela se aproximou dele e encostou sua mão em seu peito. Eugene sentiu seu coração acelerar e seu rosto corar. Anna também parecia um pouco contente, ela sorria enquanto seu rosto também corava. Aquilo não era um sonho, era? Pensou Eugene. Se tudo que ela disse for verdade, então Eugene agora estaria sempre com Anna. Só de pensar nisso, Eugene sentiu um frio na barriga e quase uma sensação de chorar.
"Parece que seus amigos estão tristes por você estará aqui."
"Hm?"
Quando Eugene olhou para sua frente, apareceu uma visão inacreditável. Aquilo não parecia ser magia, mas algo sobrenatural. Uma tela gigante estava emitindo uma imagem. Lá mostrava seus amigos. Mas por que eles estavam chorando? Quando Eugene se perguntou disso, ele avistou para quem eles estavam chorando.
Lá estava seu corpo, deitado no meio da capela. O garoto da capa azul, na qual fez amizade, chorava bem discretamente. Enquanto os outros, pareciam não conseguir. Eugene ficou impressionado que eles estavam daquele jeito, ele havia sentido até uma dor no coração querendo não os abandonar.
Anna, abraçou Eugene.
"Essas pessoas te amavam até o final..." Disse Anna.
"Mas como? Eu tentei matar eles?"
"Mas em algum momento eles tentaram te matar?"
"Ah..."
"Eles te amaram e tentaram te ajudar mesmo naquele momento. Mas você tomou sua decisão. Eles podem ficar tristes alguma hora, mas um dia entenderão sua escolha e você estará livre."
"Anna..."
Eugene olhou para sua amada e ela olhou para ele. Os dois estavam tão próximos novamente, aquilo realmente parecia um sonho. Ela ainda tinha seu sorriso angelical, tal como se lembrava sempre. Eugene tinha tanta coisa que falar para Anna, falar o quanto sofreu com sua perda, se desculpar pelas suas más ações...
Anna novamente olhou para tela e lá eles viram Aros e Asura se abraçando. Eles tentavam suprimir os sentimentos ruins um do outro. Aqueles dois pareciam ser destinados um para o outro.
"Agora eles terão que seguir seus próprios caminhos, enquanto nós, iremos esperar até o dia que se juntarão a nós."
"Sim."
Anna começou a andar segurando a mão de Eugene. Por uma ultima vez, Eugene olhou para a imagem que estava a sua frente. Aros e Asura foram seus verdadeiros amigos até o final, não tinha o porque ter raiva deles naquele momento.
"Obrigado Aros..."
Assim, Anna e Eugene caminharam para o infinito branco que tinha a sua frente. Aquele era a "nova vida" de Eugene que sempre sonhou. Estar ao lado de Anna, em qualquer lugar e até mesmo nos piores momentos.
***
A volta de Sagólia, foi marcada com várias emoções.
Eu e Asura voltamos para Lálario um pouco abalados. Tinha tudo dado certo, mas teve coisas que precisavam ser sacrificadas em pró desse objetivo. A vida de Eugene foi importante a nós, nunca nos esqueceríamos do valor que ele tinha. Eu ficava feliz que agora ele podia se reencontrar com Anna, a garota que acidentalmente eu matei.
Porque agora, eu estou ao lado de Asura.
Isso já acalmava minhas emoções tristes. A garota a minha frente, de cabelos esbranquiçados e olhos carmesins era o motivo de eu seguir em frente nesse mundo. Desde que reencarnei eu não havia feito nada de bom. Eu fazia coisas ruins e depois a concertava. Então a partir daquele momento, eu precisava arrumar isso.
"Chegamos Aros-sama." O cocheiro anuncia.
Aquilo era uma boa notícia.
Mesmo um pouco abalados, descemos da carroça com nossas coisas e entramos no reino. Nas muralhas de Lálario, havia uma passagem secreta na qual usamos para sair uma vez. Isso serviria para que ninguém desconfiasse de nós. Essa passagem dava até o jardim do castelo. Eu e Asura caminhamos por ela.
Quando chegamos ao outro lado, fomos surpreendidos por umas pessoas que nos esperávamos.
"Oh! Estão de volta!"
Cássiria, minha secretária elfa, veio diretamente abraçar nós dois ao mesmo tempo. Além dela, tinha mais rostos conhecidos. Em pé, com seu terno bem ajustado e seus cabelos brancos bem penteados, estava Alfred. Ao seu lado, de uniforme preto e dourado, cabelos rosas estava Lola. E a pequena figura que já exibia um ar de tranquilidade e fofura pela região, com suas orelhas e cabelos acinzentados, estava Tess.
"Papai! Mamãe! Vocês voltaram!"
Ela em seguida veio nos receber.
Fomos um pouco mais para frente enquanto nos abraçávamos. Aquela cena era tranquilizante para meu coração, imagino que para Asura também era. O calor de Cássiria e Tess me deixava bem feliz. Ao meu lado, se aproximando um pouco timidamente, Lola estava com as mãos juntas.
"Estou feliz que tenham voltado bem."
Não aguentando minha vontade, juntei-a para perto de nós e a abracei também. Cássiria se distanciou um pouco. E então naquele momento, Asura, Eu, Tess e Lola nos abraçávamos fortemente enquanto sorriamos um para o outro. Eu mal esperava para essa hora, de ver minhas filhas.
Posso dizer que ansiava por isso desde que parti?
***
Passando alguns dias, o rei de Sagólia veio fazer uma visita.
"Fico bem feliz de me receber Aros Silverstein."
"Eu fico ainda mais feliz que esteja confortável."
O rei de Sagólia colaborou quando eu estava lá em Sagólia com uma troca de cartas intensivamente para discutirmos informações. Por conta dele, soube que o grupo da rebelião avançava pelas regiões especificas. Mas agora isso era passado.
Ele trouxe consigo, a sua filha. Ela se chamava Laura e era quase da idade de Lola. Com seus cabelos castanhos e olhos esverdeados, ela me encarava bastante. Aquilo me deixou constrangido um pouco. Mas até que olhei em sua direção e sorri para ela. Mesmo não reparando muito, por conta desse meu olhar, ela corou um pouco.
"Como descobriram a identidade do líder do grupo?"
"Ele veio até nós primeiro, quando eu revelei minha identidade, ele revelou a sua."
"Então descobriram que era Eugene, o aventureiro rank B?"
"Sim."
Mesmo com memórias dolorosas, precisávamos explicar o que aconteceu para o próprio governante de Sagólia.
Informei tudo que conseguia para ele. Sobre desde quando estávamos lá, o que aconteceu dentre outras coisas. Ele me agradeceu pelo extermínio do goblins e não sabia que eu havia realizado tal feito. Foi tão fácil derrotar os goblins e os Orcs que nem me preocupei me sentir tão agradecido.
Isso foi tudo, apenas que...
"Agora começou o Shôoow!"
Havia se passado três horas, bebemos muitas bebidas alcoólicas que deixei guardado em um canto. Esta era uma situação especial então pensei que nada aconteceria se bebêssemos alguns goles. Realidade: Bebemos duas garrafas inteiras.
.
.
Momento pensamentos imaturos de Aros:
"Desta vez não é só um pensamento, aconteceu de verdade e como Aros estava muito bêbado para lembrar disso, terei que contar aqui."
Aros em sua versão chibi tinha atravessado as telas, quebrando a quarta parede. Ele segurava um microfone enquanto olhava para atrás dele, como se tivesse assistindo uma televisão.
"Aqui vemos Aros bebendo muitas doses de sua bebida alcoólica desconhecidas. Eles estão entrelaçando os braços e comemorando a cada dose."
"Um brinde aos dois lordes mais bonitões do continente!" Diz Aros.
"Saúde!"
Os dois brindaram suas canecas e tomavam toda de uma vez. A cada caneca o rosto de Aros ficava mais vermelho. Não havia nada que pudesse pará-lo. Asura tentou, mas viu que Aros apenas estava oferecendo mais canecas a ela.
"Aqui podemos ver Lola e Laura envergonhada de seus pais." Diz Aros chibi.
"Parece que estão animados." Diz Lola.
"Me desculpe por isso." Diz Laura.
"Não se preocupa, é a primeira vez que passo por isso e não sei como controlar o Aros. Se Asura estivesse consciente também, ela teria dado uma bronca."
"Ah... O que você acha de tirarmos a caneca dela?"
"Acho uma boa ideia."
Laura e Lola conseguiram fazer Asura voltar ao normal e quando ela percebeu a situação, brigou muito feio com Aros. Aquela foi provavelmente a primeira briga deles dentro do castelo como um casal mesmo. Fora assustador a bronca, mas Aros felizmente entendeu.
.
.
Já era outro dia.
De manhã em Lálario, era tão tranquilo que lembro da primeira vez que olhei para os céus e percebi que não estava no meu mundo. Era um céu tão azul que eu pude finalmente saber como era um céu limpo sem poluição. Os pássaros voando e chiando alto era música para os meus ouvidos. Óbvio, para quem vivia ouvindo barulho de carros e motos, aquilo era sem dúvidas uma alegria.
Eu novamente matava trabalho enquanto passeava pelo castelo. Era tão grande que eu precisava de uma hora certa para dar uma volta inteira nele. Mas eu apenas passeava pelos cômodos e corredores. Até que vi algo interessante.
O castelo tinha um jardim interno e não pude deixar de ser curioso e ver. Adentrei aquele lugar e vi o quão florido e lindo era lá. As flores eram bem cuidadas, com certeza por conta dos empregados. Eu via que todos trabalhavam tão felizes quanto nunca. E aquilo enchia meu coração de felicidade — acho que adiantou dar um grande aumento a todos.
Até que ouvi uma conversa.
"Por aqui Asura-sama."
"Ah, sim."
Isso eu ouvi. Me escondi atrás de um lugar estreito e olhei para a direção das vozes. Lá estava Liena e Asura. As duas estavam com uniformes de jardineiras que havia dentro do castelo. As duas ficavam muito lindas com aquelas vestimentas. Por falta de uma câmera fotográfica, precisei memorizar em minha mente.
"Assim?" Diz Asura.
"Assim mesmo, você consegue aprender as coisas muito rápido Asura-sama."
Elas riam como se fosse duas amigas a muito tempo.
"Então é aqui que vocês frequentam?"
Eu cansei de me esconder e andei em direção a elas. As duas se mostraram surpresas com minha presença.
"Aros..."
"Aros-sama!"
Asura se virou e me olhou com um rosto confuso. Ela estava particularmente muito linda com aquele chapéu que a protegia do sol. Seu vestido branco juntamente de um avental marrom era algo que se encaixava perfeitamente nela.
"Eu vou voltar lá para dentro, com licença Aros-sama e Asura-sama."
"Ah! Não precisava de tudo isso."
"Não precisam se preocupar, eu preciso resolver algumas coisas que Sheisnougher-dono me pediu."
"Certo." Diz Asura.
Assim Liena deixa o local.
Naquele lindo jardim florido, apenas eu e Asura estávamos presentes. Acompanhamos com nossos olhos até Liena sair e quando nos olhamos, rimos um pouco.
"Por que está aqui?"
"Estava passeando pelo castelo e achei esse lugar interessante."
"Aros... você está matando trabalho de novo?"
"Ah... você me pegou."
"Caramba Aros, como você se tornou o lorde desse reino?"
"Achei meio rude."
Asura estava carregando em sua mão uma flor que era característica de Lálario. Eu nunca havia visto uma flor daquela. Ela tinha várias pétalas esverdeadas, enquanto o seu suporte era rodeado de vinhas que mesclavam entre o azul e vermelho. Era estranho como essa flor, combinava com nossas cores características.
"Achou essa flor bonita?" Eu pergunto.
"Ah... sim. Ela cheira bem."
Quando percebi a situação na qual estava, eu achei àquela hora perfeita. Toda a situação, de Asura me mostrar a flor, estarmos sozinhos em um lugar bonito, tudo me dizia que aquela era a situação perfeita para qual estive planejando nos últimos dias. Quando percebi isso, eu respirei fundo.
"Asura... o que acha de nos tornamos... o que Greed e Asteth eram?"
"Hm? Aventureiros?"
"Não..." Para facilitar esconder minha vergonha, eu estendi minha palma para cima e comecei a usar a magia de luz para fabricar uma coisa. Conforme ela tomava forma, Asura estava já imaginando o que era. A flor que ela estava segurando, rapidamente se tornou a que estava em minha mão. Exatamente como uma cópia.
Eu respirei fundo e olhei nos fundos dos olhos de Asura.
Então eu me ajoelhei devagar ainda encarando seu belo rosto na qual me apaixonava a cada dia. Sua pele branca como a neve parecia ficar mais forte por conta do sol. Enquanto me agachava, Asura pareceu saber do que eu estava falando. Seu rosto começou a ficar avermelhado bem rápido.
"Asura, você quer se casar comigo?"
(Fim do volume 2!)