"Está tudo bem eu estar junto?"
Asura estava do lado de Aros e eles estavam indo para sala dele. Desta vez o lorde de Lálario precisaria trabalhar de verdade. Ele tinha visitas que vieram conversar sobre assuntos políticos.
"Me sinto mais confortável quando está perto." Disse Aros.
Asura corou um pouco.
Enquanto os dois andavam pelos corredores, Asura parou do nada. Fazendo Aros para logo depois a sua frente.
"O que foi Asura?" Ele pergunta.
"É que... ultimamente eu tenho pensado em como será nossas vidas daqui para frente. Estamos noivos agora e quando a gente se casar, provavelmente serei a pessoa que vai governar Lálario ao seu lado..."
"Sim, isso não é bom?"
"É bom sim, na verdade, mal vejo a hora desse dia chegar. Mas... eu teria que abandonar o restaurante para isso ser possível, e você sabe, minha família tem um apreço muito grande por lá."
"Entendo o que está falando..."
Nesse momento Aros se aproxima mais de Asura, e pega na sua mão. Ele nunca se cansava daquela sensação, a mão dela era lisa e macia. Era um toque agradável.
"A gente não precisa sair anunciando nosso casamento para todo mundo. As pessoas que queríamos que soubessem, já sabem. Eu não quero colocar pressão em você e pedir para que tome conta de tudo. Você agarrou seu sonho de continuar no restaurante da sua família e isso é louvável. Não quero acabar com isso. Vamos continuar casados, mas não é todo mundo que precisa saber disso." Diz Aros.
Asura olhou nos olhos de Aros e eles estavam brilhando. Aros estava falando a verdade, para ele estava tudo bem não revelar para todo mundo o casamento. E também, Asura não tinha esse desejo de revelar. Ela entende que Aros também gosta de ser reservado, isso era uma característica que os dois tinham em comum.
Asura sorriu.
"Certo... obrigada Aros."
"Vamos?"
Ele segurou a mão de sua companheira e andou diretamente para a sua sala, onde teria uma reunião importante.
...
"Aros-sama está se esforçando pelo reino, não é?"
"Hmm?"
Cássiria estava no jardim fiscalizando o trabalho das jovens jardineiras. Isso era muito comum em sua rotina, ela sabia que estas jardineiras eram boas no que faziam, apenas olhava com mais diversão do que repreendimento. Uma delas, tenta puxar assunto com Cássiria.
"Aros-sama parece tão concentrado agora, parece que ele voltou a ser o que era..." Diz a jardineira.
"Aros-sama era concentrado antes?" Pergunta Cássiria.
"Ah sim, você não o conheceu antigamente. Aros Silverstein-sama era o prodígio do colégio, sempre interessado na política. Isso também rendia alguns comentários maldosos dos outros. Isso porque ele sempre foi muito sério."
"Aros-sama sério? Ele realmente era assim?"
"Sim, ele era muito fechado para a idade dele... isso deve ser porque perdeu os pais muito cedo."
Essa frase deu um estalo na cabeça de Cássiria. Ela realmente não sabia sobre os familiares de Aros. Apesar da família Silverstein ser famosa em todo o continente, ela nunca viu Aros falar sobre seus familiares. Isso fez ela se sentir um pouco mal, afinal ela não sabia que os pais de Aros já vinham a falecer.
"Como os pais dele morreram?" Pergunta Cássiria.
"Dizem que foi assassinato... por um grupo de elfos bandidos. Pelo menos, essa foi a história que chegou para a gente. Mas Aros-sama ter feito uma aliança com o Reino dos Elfos e Cássiria-dono estar ao nosso lado sempre, acho que essa história é mentira."
As outras jardineiras ficaram quietas durante a conversa.
Cássiria também lembrava de ouvir a Rainha-elfa Lukia surpresa ao receber cartas amigáveis de Lálario sob o comando de Aros. Talvez essa história tenha realmente acontecido, mas Cássiria não conseguia ter provas naquele momento. Essas pequenas afirmações das jardineiras fizeram alguns pontos se interligarem na cabeça dela.
"Mas fico feliz por Aros-sama..." Diz a jardineira.
"Pois é, ele parece tão alegre agora, me lembra quando o vi ainda criancinha, sempre andando ao lado da mãe." Diz outra.
"Acho que o que faltava para ele era ter a família quem ele tem hoje. Asura-sama, Tess-sama e Lola-sama realmente faz Aros-sama ser do jeito que é. Presencia esta família feliz aqui não me causa nenhum arrependimento de ter aceitado esse trabalho."
"Com certeza."
Não era como se Aros quisesse esquecer seu passado, mas ele também não comentava isso com ninguém. Cássiria se pergunta se ele fala sobre isso com Asura já que eles têm mais intimidade. Essa questão fica rondando sua cabeça, então ela decide ir atrás para saber mais sobre a família Silverstein.
Primeiro, ela vai até a biblioteca do castelo. Era um lugar que poucas pessoas entravam, apenas Lola quando quer estudar um assunto novo para academia. Lá, poderia ter diversas respostas para tudo, mas Cássiria queria saber sobre a Família Silverstein. Por sorte, ela encontra um livro que conta sobre famílias influentes pelo continente.
Ela folheia o livro rapidamente, esquecendo de suas tarefas matinais. Suas pesquisas demoradas lhe recompensam. Ela acha um glossário inteiro sobre a família Silverstein.
"Finalmente encontrei..." Diz ela.
As dez páginas do livro, são uma constante história, de onde vieram até se tornar uma família influente. Aros não era citado no livro. Isso porque este livro havia sido escrito mais de cem anos atrás, nem o escritor imaginaria que existiria alguém na família Silverstein no futuro que nasceria com a magia de luz.
Lendo mais e mais o livro, mostra sua frustração. Nenhum dos nomes citados no livro, teria conhecido Aros naquele momento. Então pouco importa para a pesquisa que estava fazendo. Antes de deixar o livro na prateleira, ela lê mais um parágrafo. E nele diz:
"A Família Silverstein é considerada a sorte do continente Sarghent. Seus olhos acinzentados passado hereditariamente, deu o nome a essa prospera família. Alguns anos atrás, uma vidente deu-lhe uma profecia: Que desta família, nasceria um garoto, dos cabelos pretos, capaz de controlar a luz, o universo e o rumo do destino. Mais tarde ele se tornaria um ser divino que acabará com a era dos deuses."
Cássiria ao ler fica espantada, essas características eram exatamente as do Aros. Mas levanta mais duvidas do que respostas. Um ser divino? Acabaria a era dos deuses, o que seria isso?
Mesmo que ela já tenha visto Aros fazer coisas impressionantes, algo como ele se tornar algo a mais do que um ser humano era completamente irracional na sua cabeça. No entanto, ela andou pensando e sabe que Aros Silverstein era capaz de qualquer coisa. Se esta profecia for verdade, quanto tempo falta para ele se tornar esse ser divino? Ele abandonaria a família dele? O que isso queria dizer.
Cássiria fecha o livro rapidamente e balança a cabeça.
Ela ainda não tinha encontrado as respostas que queria. Então, guardou o livro e saiu da biblioteca, rumo a suas respostas perdidas.
...
"Aros Silverstein-sama quero lhe agradecer com tudo que tenho. Sem sua ajuda nosso vilarejo seria apenas mais um destruído, com invasões de monstros frequentes."
"Não precisa agradecer deste modo, afinal é um negócio, e você também está me ajudando muito"
Um homem velho estava diante de Aros, se curvando o máximo que podia. Este homem, era dono de um vilarejo que ficava no território de Lálario. Aros, neste meio tempo trancafiado em seu reino, decidiu reunir os vilarejos próximos para que trabalhassem em uma mercadoria própria de Lálario.
Outro vilarejo estava plantando arroz e deixou os olhos de todo o continente voltados ao reino de Lálario. Agora, este vilarejo estava montando uma das maiores plantações de café que aquele mundo já havia visto. Felizmente, Aros conseguiu fazer Zennith e Zerbst encontrarem sementes de café por algum lugar do continente. Pelo que sabia e já tinha confirmado com outros comerciantes, ninguém conhecia café.
"As plantações estão crescendo muito, não é? Visitei-o esses dias e me enche de alegria a evolução dos trabalhadores nesse negócio." Diz Aros.
"É-É claro Aros-sama, temos os melhores agricultores que o Lálario já viu, só estamos precisando um pouco mais de trabalhadores especialistas, já que o grão precisa ser bem monitorado."
"Eu já pensei nisso. A academia está formando ótimos agricultores que sabem analisar de longe a qualidade da plantação. Selecionei alguns deles e mandarei ao seu vilarejo. Também mandarei mais guardas."
"Obrigado Aros-sama, sem seu apoio nada disso seria possível. Vou garantir com toda certeza que o investimento que o senhor está dando vá para o lugar certo."
"Assim espero..."
Este vilarejo constantemente estava sob ataques de lobos, goblins e criaturas ferozes. Graças a guarda que Aros enviou, os ataques pararam 95% desde do ultimo relatório que fora entregado. Esse tipo de mercadoria era tudo que Aros queria para Lálario agora. Com essa mercadoria, Lálario seria valorizada e rapidamente também, sua moeda seria também. O reino já havia uma reputação muito boa, e sua moeda estava bem equilibrada. Porém se continuasse com essa estagnação, provavelmente Lálario despencaria de uma só vez.
Mesmo que Aros não fosse muito com a cara de ser um lorde. Aos poucos ele foi entendendo sua importância, e por isso agilizou negociações como a que eles tiveram naquele momento.
O dono do vilarejo se despede de Aros e sala fica apenas com os dois corpos quentes dele e de Asura.
"Fiquei impressionada em como você está investindo tanto nesse grão, ele vale muito assim fora do nosso continente?" Asura pergunta.
"Ninguém sabe da existência desse grão, mas eu sei como prepara-lo. Assim como o chá, onde você amassa as folhas dentro da água. Este grão você amassa e torra, e fica com um gosto peculiar e forte. Tenho certeza que será algo que vai nos alavancar ainda mais."
Aros encosta na as costas em sua cadeira e olha para luminária acima dele. A brisa do vento batia em suas costas e ele se acalmava depois de se esforçar tanto para fingir ser um lorde sério e bem educado.
"Acho que é um tempo que temos para descansar, não é? Que tal nós saímos para ver as atrações da cidade hoje?" Diz Asura.
"Acho uma boa ideia, porém se essa papelada ainda estiver na minha mesa até o fim do dia, não vai sobrar nada de mim depois da Cássiria me detonar."
"Tem razão..."
Em sua mesa, tinha uma pilha de papéis importantes que decidiam o futuro de seu reino. Mas naquele momento, Aros estava com muita preguiça para assinar e analisar um por um. Por isso, aceitou o risco de provavelmente ser morto por uma elfa que era quase de seu tamanho.
O clima ficou silencioso e gostoso por um momento.
Quando...
"PAI!"
Aros ouve uma voz.
Rapidamente ele se levanta da cadeira, assustando até Asura.
"Aros, o que foi?" Asura também se levanta e pergunta.
Sem responder nada, Aros olha para janela. A brisa que até um momento atrás trazia um ar satisfatório, agora ficava distorcido e agoniante nos olhos do menino de capa azul. Avistando seu reino de cima, tudo a sua volta ficou em câmera lenta. As vozes se tornaram mais altas. O arrepio que ele sentia, era que tinha que fazer alguma coisa rápido, mesmo sem saber o que é.
"Aros!" Grita Asura assustada.
Nesse momento, sem responder, Aros saltava da janela e voava para os céus. Quase sem respirar, ele voa alto até sair dos limites de seu reino. Na floresta em que ficava cercado, ele olha por todos os cantos. Aquele lugar era onde a excursão que Lola estava participando estava sendo executada.
Nisso deu um estralo em sua mente.
"Pai..."
Desta vez a mesma voz, só que em um tom mais fraco.
Esta voz era inconfundível para Aros... Essa voz era de Lola!
Seu coração começava a acelerar em ansiedade e desespero. Só que esta ultima voz vinha com uma direção em seus ouvidos. Aros olhou para além da floresta e viu um algo enorme. Ele tinha certeza que era para lá. Com a maior velocidade que ele havia conseguido chegar, o garoto dispara para o lago.
Tão rápido quanto um meteoro caindo do céu, tão rápido quanto a velocidade da luz.
Mergulhando no lago quase que numa rajada. Ele avista Lola, afundando e afundando ainda mais. Logo, ele vai em sua direção e a pega no momento certo. Sem se questionar muito, ele nada para superfície o mais rápido que podia. O peso da roupa, mais o peso de Lola quase desacordada atrapalhava sua tentativa de sair da água na pressa. Por isso, usa a magia de luz para dispersar as partículas em volta, tornando seu corpo mais leve e ágil.
Segurando Lola nos braços, ele percebe que ela estava machucada. Esses machucados não pareciam nada com uma briga contra animais. Eram machucados de briga contra algum ser-humano.
"P-Pai?"
Naquele momento, Aros não falou nada.
Sabia que provavelmente, estava desorientada e o confundiu com o pai biológico dela. Então Aros decidiu não responder naquele momento.
Ele aquece seu corpo com a magia de luz, secando tanto ele quanto ela. Esse mesmo feitiço curava todos os machucados de Lola. Olhando para os lados, ele não via nenhum sinal de cavaleiros da excursão e nem da pessoa que poderia ter feito isso. Com o os machucados de Lola sendo curados, ela lentamente recobra seus sentidos.
Assim, ela novamente olha para Aros.
"Eu sabia que viria... pai..."
Sua mão vai ao rosto do menino dos cabelos pretos.
Neste momento, ela provavelmente já tinha recobrado sua visão e estava consciente. Lola sorria, mas não mostrava estar forte o suficiente para continuar acordada. Mesmo assim, aquelas palavras foram como um soco no estomago de Aros.
No mesmo instante, ele começa a derramar lagrimas.
"Você tá chorando pai?"
A mão fraca de Lola, tenta limpar sua lagrimas. Mas elas não paravam de derramar. Ali não tinha nenhuma cena triste. Os dois estavam sozinhos na imensidão da floresta, com um lago quieto o bastante para poder acampar sem preocupações. Lola estava bem e provavelmente voltaria tão bem quanto saiu.
Aquela reação não era de tristeza...
Eram lágrimas de felicidade.