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Chapter 37 - A Mudança de Planos

"Infelizmente todas nossas tentativas de negociar foram recusadas, esse grupo parece ser bem resistente. Desculpe te decepcionar Aros."

"Pode ficar tranquila, eu já estava esperando por isso..."

A minha frente, estava Lukia. Novamente ela veio ao reino de Lálario me dar informações sobre as negociações com o grupo rebelde no reino de Sagólia. Isso já estava virando uma dor de cabeça frequente. Precisava acabar com aquilo de uma vez por todas.

"Eu conversei por meio de cartas com o rei de Sagólia, ele parece não ter intenções de me matar. Porém ele também anseia dos mesmos desejos que a gente, ele quer acabar com esse grupo o quanto antes." Eu falo.

"O que você vai fazer?" Pergunta Lukia degustando sua xícara de chá.

"Preciso acabar com isso pessoalmente."

No momento que disse, Lukia quase derramou todo o chá que estava em sua xicara. O olhar que ela me deu depois foi assustador. Seus olhos estavam arregalados.

"Como você vai fazer isso? Você não pode sair desse reino!" Ela me alertou.

"Sim, eu sei..." Comecei a dizer calmamente. "Aros Silverstein não pode colocar os pés no campo fora das muralhas, mas ninguém disse que seria ele."

"Hm?"

Ela parecia confusa.

Neste momento, peguei algo em baixo da minha mesa, que estava guardando para esta ocasião. Era um elmo. Dar cor mais metálica e brilhante que se podia ver, ele era bem construído, porém seu design era simples.

"Aros Silverstein não vai, mas o aventureiro desconhecido quem vai."

Neste momento coloquei o elmo.

Através da limitada visão que eu tinha por causa do elmo, consegui ver o rosto de Lukia ficar mais assustado do que já estava.

"Você ficou louco! Você vai se arriscar tanto assim?"

"Eu preciso..."

"Não, você não precisa! Aqueles problemas logo vão sumir, o reino de Sagólia certamente vai eliminar aquele bando rebelde. Aros, é muito arriscado sair daqui mesmo disfarçado. Por favor, desconsidere essa ideia ridícula!"

Lukia já estava começando a ficar irritada com minha decisão.

Não a culpo. Era certamente arriscado. Se os guardas quisessem, eles poderiam ordenar eu retirar o elmo e eles iriam ver minha identidade. Sem contar que pelo o que os outros falaram, eu tenho uma aura diferenciada que faz com que me reconheçam na hora sem nem mesmo precisar ver meu rosto.

No entanto, toda essa rebelião que está acontecendo em Sagólia é minha culpa. Os habitantes certamente estão sofrendo por conta deles. Precisava achar um jeito de fazê-los pararem com essa maluca confusão.

E para isso, minha ideia era se tornar um aventureiro. Como Zerbst e Zannith me falaram, Sagólia está passando por um evento horrível, tanto pelo grupo rebelde, como pelos goblins que vem raptando crianças e mulheres. Elas me falaram que eles estão tentando achar qualquer aventureiro para ajudar, por isso a entrada deles são liberadas sem nenhum tipo de inspeção.

"Como você sabe Lukia, a multidão não descansa até sua voz ser ouvida."

"S-Sim..." Ela se acalmou.

"Mesmo que aqui não haja democracia, muitos dos governantes ouvem sua população para lhe criar uma boa imagem. Isso ajuda em futuras negociações e apoio do povo para qualquer coisa que faça."

Eu andei estudando esse mundo enquanto ficava aqui dentro do castelo. Esse mundo realmente não tinha a cultura da democracia. Por exemplo, votar em um candidato para ser o próximo governante, não existia. Quem sucedia era o herdeiro daquela família real ou alguém que o falecido governante deixava em um papel.

O antigo rei de Lálario, faleceu e não deixou ninguém como herdeiro, muito menos tinha filhos. Lálario foi governada pelos ministros durante cinco anos. A seleção real aconteceu todos esses anos, mas nenhum foi aceito. No último ano, parece que eu entrei e eles confiaram em mim por ter a magia de luz. Segundo a história daquele mundo, um usuário da magia de luz tinha o total potencial para governar e proteger seu povo.

"Mas o que você quer dizer com isso?" Ela perguntou, rapidamente me lembrei que tinha que concluir minha fala.

"Se a multidão não se calar, o rei terá que tomar uma atitude. Como eu disse antes, conversei com o rei de Sagólia e ele não tem intenções de me matar. Eu disse a ele que resolveria, mas sem dizer como."

"Tá, mesmo você entrando como um desconhecido em Sagólia, o que você vai fazer? Deve ter um plano certo?"

"Ah, sim tenho. Como você sabe, estamos procurando pelo líder desse grupo rebelde, para negociar certo? Mas por que negociar com ele? Porque ele é o líder! Ele comanda todo o grupo! Mas se esse líder sumir, eles vão tentar se restabelecer por seus ideais, mas não vão se achar. O grupo vai se desmanchar sozinho."

"Entendo, mas você vai encontrar o líder e vai mata-lo."

"Não, esse não é meu plano. Pretendo fazê-lo se render por meio de acontecimentos que farei ocorrer. Vou criar uma boa impressão sobre mim lá dentro, sem dizer que sou eu. Assim o líder vai perceber que não vai adiantar ir contra mim e assim ele vai abandonar o grupo. Simples não?" Disse tudo calmamente enquanto olhava para os olhos dela.

Ela parecia não ter se convencido da ideia, mas decidiu ouvir. Sério, por algum motivo eu sinto uma enorme confiança quando estou conversando com ela.

Quem diria que eu estaria falando sobre meus planos com uma bela elfa? Hein? Você não esperava por esse destino!

"Mas se isso não funcionar?" Ela disse.

Eu me calei.

Não tinha pensado nessa possibilidade ainda. Meu plano era somente esse, se desse errado, então eu teria que pensar em algum contra-ataque na hora. Mas eu precisava achar uma resposta ali mesmo para dizer a ela que estava tudo bem. Ou não...

"Eu ainda não planejei isso." Confessei a ela. "Se não der certo, terei que fazer justamente o que não é o meu plano."

Nesse momento, vi os olhos de Lukia se arregalarem, ela também estava tentando se agarrar no sofá. Sem querer, eu deixei meus olhos ficarem dominados pela magia de luz. Podia perceber isso por conta da fumaça quase transparente que exalou deles. Precisava saber controlar isso melhor.

"Porém vamos nos concentrar em fazer o plano original dar certo."

Relaxei. Logo, o medo de Lukia também.

Para aliviar o clima tenso da sala, batidas na porta são ouvidas.

"Aros, sou eu Lola."

"Pode entrar." Disse.

Abrindo as portas, pude ver Lola. Ela ainda estava com o uniforme da academia de cavaleiro. Que inclusive é exatamente do jeito que eu achava que era, esquisito foi pensar nisso. Os cabelos rosados dela estavam ainda bem penteados, mesmo ficando algumas horas fora.

"Ah, rainha-elfa Lukia, é um prazer vê-la novamente, perdoe-me por atrapalhar a conversa de vocês." Ela diz.

"Não se preocupa com isso, eu é quem estou feliz em vê-la." Diz Lukia.

Num movimento extremo de rapidez, ela pega a cintura de Lola e a puxa para seu lado. Assim, a rainha-elfa, que é temida por alguns, está exibindo um sorriso leve e acariciando a cabeça de uma criança. Lola se mostrou um pouco envergonhada por essa situação embaraçosa.

"Me diz Lola, por qual motivo você veio?" Eu pergunto exibindo um sorriso.

"Queria te entregar isso."

Ela me dá uma carta.

Fiquei curioso e olhei para a logo do adesivo da carta. Era o brasão da academia de cavaleiros. Pensei naquele momento que seria algo como uma carta em resposta de outra carta que enviei para a diretora. Mas era outro assunto. Li rapidamente e fiquei surpreso e contente com que li.

No entanto, não era algo que podia ficar feliz — tive que esconder meu contentamento.

"Lola, você conseguiu arrumar uma briga no seu primeiro dia de aula?"

Perguntei sério, ainda analisando a carta.

"Me desculpe Aros. A confusão foi causada por minha culpa, o garoto foi atacar uma amiga minha e achei necessário defende-la. Minhas ações foram imprudentes, pode me punir do jeito que achar melhor." Lola estava de pé novamente se curvando.

Depois dessas palavras, me arrependi de me manter sério. Eram palavras muito duras, ela parecia que estava conversando com algum nobre e se culpava duramente. Fiquei realmente triste de ter ficado sério. Eu pensava que precisava ficar bravo com ela por agora ser um pai.

Desculpe Lola! Eu não sei ser pai!

"Não se preocupe com isso." Joguei a carta para o lado. "Eu tinha que te repreendê-la neste momento. Richard Vlaws é filho de um nobre que faz parte do governo. Talvez daqui a pouco chegue uma carta do senhor Vlaws pedindo satisfação. Mas..."

Eu me levantei. Lola acompanhou minha postura e parecia que estava pronta para levar uma repreensão. Ela estava com um olhar de chateada pelo o que aconteceu. Mas eu não queria ver o rosto dela assim... Eu não queria ver o rosto da minha filha daquele jeito. Por isso, coloquei a mão em sua cabeça e acariciei.

"Mas eu não vou te dar nenhuma punição. O que você fez foi digno de ser chamado de heroico. Você protegeu alguém que estava em clara desvantagem, com sua força, você protegeu alguém mais fraco. Não há outro jeito de descrever isso, se não, heroico."

Ela me olhou com os olhos mais aliviados, isso me encheu de felicidade.

"Se eu não soubesse, diria que você é filha legitima de Aros." Diz Lukia.

Lola olha para Lukia que estava sorrindo olhando nossa relação.

"Aros quando foi no reino dos elfos, conheceu Cássiria, passou-se um dia e ela foi raptada por umas pessoas sem classe. Aros ficou tão irritado que foi salvá-la voando literalmente, ele quebrou o vidro da minha sala. Aquilo foi heroico também Aros, você deve reconhecer que também é uma pessoa boa."

Ela conversava conosco.

Sim, eu salvei Cássiria naquela época de um bando esquisito e clichê de ladrões. Eu não fiquei irritado só por Cássiria ser sequestrada, fiquei irritado porque sabia que ela não esperava ser salva. Tudo isso por causa que algumas pessoas ao seu redor, a menosprezava. Isso me enche de raiva até hoje.

Porém, eu não me considerava nem um pouco como herói.

Tudo nos meus primeiros dias de reencarnado estava indo bem, até que vi aquilo. Chamas, pessoas feridas e Asura, claramente machucada depois de um combate por sua sobrevivência e para salvar Lola. Naquele momento a fúria me dominou, fui buscar vingança.

Matei muitas pessoas por causa disso. E aquilo que eu era, com certeza era o contrário de herói. Vi todos eles gritarem de agonia e outros implorarem por suas vidas. Mesmo assim não tive piedade.

´Mas... eu faria algo diferente?' Perguntei a mim mesmo em minha mente.

Neste momento, por alguns segundos, me vejo em um ambiente totalmente escuro. Uma escuridão sem fim. Quando olho para frente vejo eu. O corpo de Aros Silverstein? Não. Eu vejo Amasuka Kai. Esse era o verdadeiro eu. Aros Silverstein é uma pessoa de outro mundo que tive sorte de assumi-lo.

"Você não é essa pessoa, não tente se forçar a ser esse cara." Meu eu fala a mim.

Ele tinha um rosto raivoso, um olhar sanguinário. Mas no fundo, eu podia ver que ele apenas busca paz. Ele quer viver pacificamente sem se preocupar com nada. Amasuka Kai apenas queria viver com sua irmã, Sora, tranquilo.

Na imensa escuridão aparece várias imagens da minha vida anterior. Eram memórias que me doíam quando lembrava. A vez com que consegui o meu primeiro emprego, fui muito bem recebido pela equipe e fiz várias amizades. Quando conheci uma mulher linda e pensei que estava apaixonado. Quando fui com Sora ao parque de diversões.

Eram memórias boas. Mas tudo já estava para trás.

"É sério Aros? Você salvou Cássiria desse jeito? Parece até uma cena de livro de ficção."

A voz de Lola me trouxe de volta a realidade.

Mesmo vendo aquelas memórias, tudo aquilo que Amasuka Kai viveu, eu queria estar aqui. Ao lado de Lola, Tess, Asura, Alfred, Cássiria, Lukia e todos. Eles são importantes para mim agora.

Respondendo aquela pergunta... Sim, eu faria tudo igual. Mataria as mesmas pessoas, acabava com os reis demônios, adotaria Lola e Tess. Tudo, eu faria tudo do mesmo jeito. Mesmo que seja errado, mesmo que seja imperdoável aos outros, eu faria tudo de novo para viver em paz com eles.

Esse é o pior dos pensamentos, eu poderia parar de me considerar humano depois disso. Mas quem disse que eu quero me considerar humano? Não me importo com que eu sou. Eu quero viver feliz com todas as pessoas que amo!

"Aros?"

"Ah, perdão... Sim, eu salvei Cássiria desse jeito, é vergonhoso imaginar, não é?"

"Lógico que não! Você foi muito mais herói!"

Lola, eu e Lukia sorrimos um para o outro. Aquilo era exatamente o clima agradável que quero estabelecer para sempre em minha vida. Viver com todos eles, era a verdadeira definição de felicidade a mim.

...

"Por que me chamou aqui, Aros?"

Asura estava sentada no sofá de minha sala. Eu, estava sentado no outro que ficava na frente. Eu não sabia como contaria isso a ela. Se Lukia agiu daquele jeito, Asura vai ficar tão furiosa a ponte de me prender para não conseguir ir.

"Eu preciso contar uma coisa."

"Dizendo desse jeito, parece até que cometeu um crime, o que houve."

"Você se lembra da rebelião que estava acontecendo no reino de Sagólia?"

"Sim, me lembro bem, está afetando bastante várias pessoas. Mas isso não quer dizer que tudo é sua culpa... o que aconteceu?"

"As negociações por parte de Lukia falharam também. O líder parece estar relutante em cessar essa rebelião. É muito difícil estar assim. Tudo está se afetando e eles estão se expandindo para outras cidades. Por isso, terei que ir lá pessoalmente."

Eu abaixei a cabeça, esperando o sermão que levaria de Asura.

"Essa é a única opção?" Ela pergunta.

"Infelizmente sim. É o único jeito que encontrei de parar o grupo."

"Mas como você vai fazer para ir até lá, se não pode sair do reino?"

"Eu posso me infiltrar lá como um aventureiro, parece que a guilda de lá está procurando que nem loucos para resolverem uns assuntos impertinentes."

Ela ficou em silêncio.

Era a noite. A única coisa que iluminava a sala era uma pequena vela em cima da baixa mesa que havia entre os sofás e a luz do luar que adentrava pela grande janela atrás de minha mesa. Estava um clima esquisito. Asura estava de cabeça baixa e eu também.

"Então me deixe ir junto."

"Hã?"

Ela enlouqueceu? Ela não vai me dar nenhum sermão e vai dizer apenas isso? Como eu a deixaria se aventurar comigo. É arriscado para mim. Se eu for pego fora do castelo, certamente ela seria acusada como cumplice. Isso estava fora de questão!

"Não. É arriscado."

"E não é arriscado para você?" Ela diz com uma voz firme.

Levantei meu rosto e olhei nos olhos dela. Seus olhos carmesins, mesmo que estivesse no ambiente escuro, ainda radiavam e ofuscava meus olhos. Seu rosto sério me deixava com medo e encantado. Ela parece estar falando sério.

"Asura, se você for pega junto comigo..."

"E daí? Sim, seu plano é arriscado, mas eu não posso ficar aqui em Lálario sem fazer nada para te ajudar. Tudo do incidente, aconteceu por minha culpa, se você não tivesse me conhecido..."

"Claro que não! Tudo foi por conta das minhas ações impensadas. Asura, eu nunca me arrependi de ter te conhecido. Saiba que aquele evento de raiva, foi algo estupido meu. Eu fiquei muito bravo quando te vi daquele jeito e fiz o impensável. Se isso fosse sua culpa, eu poderia estar te culpando agora. Mas aquilo só aconteceu porque fui estupido! Asura, não se culpe novamente. Se eu não te culpei por aquilo, foi porque eu amo você mais do que tudo."

Desta vez ela me olhou um pouco surpresa pelas minhas palavras.

"Se você me ama mais do que tudo, então você vai me deixar ir com você."

Aí pegou pesado.

Asura penetrava o mais fundo dos meus olhos com seu olhar sério. Ela estava decidida. Ela iria de qualquer jeito, mesmo eu a forçando a ficar aqui. Eu não tenho outra escolha.

"... Tudo bem você pode ir comigo."

Ela me olhou mais animada. Asura até corou um pouco e deu um sorriso que era pecado não admirar e gravar em sua mente. Aquilo foi um tipo de energia extra para aquele dia cansativo. Pensando melhor, vai ser interessante sair com ela.

"Você está cansada, não é?" Eu pergunto.

"Hm? Eu estou um pouco, mas nada muito alarmante. Por que?"

Eu me levanto. Dou a volta na mesa e fico de frente a Asura.

"Wah!" Ela exclama.

Isso porque peguei ela e coloquei em meus braços. Ela era surpreendentemente leve, eu não sabia se era porque eu tinha um físico melhor, ou Asura era realmente leve. Mas aquilo ajudou a criar um clima mais romântico.

"Por que disto?"

"Você parece cansada esses dias, resolvi dar um agrado a pessoa que amo."

"Hã? Pareço mesmo? Mas você é quem trabalha direto. Sempre que chego aqui, você está assinando aquela pilha de papéis pensando em cada decisão. Tem certeza que eu que devo ser mimada desse jeito?"

Ela estava completamente corada, ela dizia suas palavras apressadamente enquanto tentava desviar o olhar.

"Sem dúvidas. Ainda mais, queria ver seu rosto mais de perto."

Assim aproximei meu rosto mais ao dela e ela olhou fixamente em meus olhos. Eu não sabia o que ela achava de meus olhos, mas certamente os dela era exorbitante de lindo, podia olhar para sempre. A cor vermelha pode ser a minha preferida agora.

Enquanto nos encaramos, fui levando-a ao nosso quarto que ficava um andar a baixo. Aquilo me lembrava que este tipo de relacionamento era algo que nunca tive em minha vida passada. Posso me dar bem nesse momento, mas não tenho experiência alguma. Tudo isso foi o que vi em mangás.