Estar com mais gente na carroça era estranho.
Certamente, quando planejei esta viagem, era apenas eu e Asura. Porém depois de parar naquele vilarejo, agora estamos em cinco. Quando Asura ofereceu basicamente uma "carona", fiquei um pouco deprimido. Esta viagem era a minha chance de me aproximar mais de Asura.
Sim, teve um acontecimento muito bom ontem a noite, toda vez que me lembro, meu coração dispara e sinto um friozinho da barriga de satisfação. Mas será isso é o suficiente para posteriormente realmente chamar Asura de esposa para sempre? Eu não saberia.
"O que está pensando Greed-san?" Quem pergunta é Ottor.
"Ah, nada não..."
"Eu gostaria de ver as habilidades de Asteth-san e Greed-san... No bosque adiante, geralmente existem alguns Orcs, sinto pela aura de vocês que são ótimos guerreiros."
"Hm, sério? Bom, acho que é um bom momento mesmo. Imagino que mostrando minhas habilidades vocês tenham mais confiança em mim." Eu digo.
"Sim, sim! Asteth-san, quero saber o que pode fazer!" Silka diz para Asura.
"Greed-san, você é bom com manejo de uma espada?" Quem me pergunta é Reaiger.
"Acho que posso ser comparado com um iniciante, por algum motivo tive uma fácil adaptação com a espada, mas não tenho sua maestria completa."
"Hm, entendo. Parece difícil de acreditar, afinal você tem aparência de ser um espadachim muito forte. Quando te olhei pela primeira vez, a primeira palavra que veio em minha mente foi 'Invencível'."
"Oh? Sério? Bom, lamento se eu te decepcionar..."
"Não parece que esse vai ser o caso."
Reaiger podia ser bem grande, mas ele era bem alegre e gentil. Não parecia ser uma pessoa que amedrontasse os outros, gostei da personalidade dele. O outro que venho conversando é Ottor, ele tem uma grande admiração pela minha armadura. Parecia também ser um guerreiro muito bom, seu rosto era inocente e parecia ser um rapaz com bastante justiça pregado em seus valores.
"Greed-san, estou ansioso para ver sua espada também." Diz Ottor.
"Certo, certo. Irei mostrar quando fomos batalhar."
Assim o grupo se empolgou.
...
Depois de algumas horas, a carroça parou.
Ali, era o lugar que Ottor havia falado. Dentro do bosque, viviam Orc, criaturas horrendas, ele era um javali enorme humanoide. Eles têm muita força física. Aparentemente a força deles não significa muita coisa, já que Ottor parece confiante em derrota-los.
Ou seria segurança de eu e Asura, estarmos com eles?
"É por aqui pessoal." Diz Silka.
Quando a seguimos, deparamos com tremores fortes no chão. Eu olhei para frente e lá estava Orcs. Eles eram grandes e horrendos. Eles seguravam facões pesados e bem afiados. Estavam em grupo andando pela frente.
Até que.
"Se abaixem!" Diz Silka.
Todos se abaixaram, mas antes eu havia percebido o motivo.
O Orc, acompanhado de mais três, olharam para onde nós estávamos e em uma fração de segundo, eles arremessaram um de seus grandes facões. Todos agacharam, incluindo Asura, apenas eu permaneci em pé.
"O que você está fazendo Greed-san?" Tentou exclamar Silka.
O facão que veio em minha direção parecia um pouco em câmera lenta. Com rapidez, tirei a minha espada da bainha e esperei até o facão chegar próximo a mim. Depois de estar a um metro, quase indo para me acertar, cortei o facão ao meio, como se estivesse cortando uma fruta. As duas partes do facão se dividiram e se colidiram atrás de mim.
"URRRGH!" Exclamou o Orc.
Eu senti os olhares de Silka e seu grupo em mim, porém não me importei. Andei para frente até encarar o grupo de Orcs que tinham ali. Essa situação era perfeita para ver como eu me saia sem a magia de luz, já que ela provavelmente é a causa de eu não ter conseguido uma luta decente.
"Urh?"
O Orc líder me olhou e ficou confuso. Talvez os guerreiros não chegavam assim para derrotar os Orcs, então seria normal ele reagir desse jeito. Por conta do meu elmo cobrindo toda minha cabeça, ele não conseguiu ver minha expressão sorridente.
Ele não hesitou muito, ergueu seu facão para o alto e foi me atacar com a maior força que ele podia fazer naquele momento.
"URRRRRRRRRRRH!"
"Greed-san!" Silka gritou.
Assim que o facão do Orc iria se colidir em mim, coloquei minha espada na horizontal assim as duas armas se colidiram fazendo um desagradável som de metais rangendo. Não queria me exibir ali, mas eu estava segurando a espada com uma mão e mesmo assim o Orc não tinha forças para me esmagar.
Estava começando achar fácil demais.
"URHH... URHH."
O Orc forçava o quanto podia para me forçar para baixo, mas não conseguia. De sua boca horrenda, ele babava alguns litros de saliva. O corpanzil do Orc podia ser assustador, mas no meu ponto de vista, era muito fraco.
Estava cansado de ficar daquele jeito, então deslizo minha espada com força para o lado criando um impacto e fazendo o Orc perder o equilíbrio. Nesta brecha aproveitei e movi minha espada rapidamente em um corte horizontal alto. Acertou em cheio e sua cabeça rolou pelo chão, depois de alguns segundos, o seu corpanzil desabou no chão.
Um sangue marrom começou a se espalhar pelo chão. Os Orcs que estavam acompanhando este outro, ficaram paralisados, mas decidiram se mover logo depois.
"Cuidado Ar-... Greed."
Um dos Orcs tentou se movimentar rápido e chegou a colocar o seu pé de apoio diagonal a mim. Mas antes que começasse sua posição de ataque, algo perfurou seu tronco, que o deixou atordoado.
A espada vermelha perfurou seu tronco em um corte profundo. Olhei para o lado e Asura foi quem deu o golpe. Seus cabelos voaram ao meu lado, mas infelizmente meu elmo não deixou que eu reparasse em mais detalhes.
O Orc atingido por Asura caiu no chão e gemeu alto. Por fim, ela perdurou sua cabeça com sua espada avermelhada e sangue marrom esguichou da ferida. Depois de muito se contorcer o outro Orc havia morrido.
Havia mais um, que estava olhando para a gente com certa relutância em lutar. Mas Orcs eram extremamente orgulhosos e vingativos, então seus olhos com escleras avermelhadas, se moveram para gente com extrema raiva.
"Agora Greed." Gritou Asura.
"Sim."
O Orc ergueu seu machado em nossa direção, assim que golpeou, não pegou ninguém. Seu golpe bateu no chão e estremeceu nossos pés, mas nos desviamos facilmente. A força que havia colocado no golpe, fez com que ele voltasse para sua posição de ataque com extrema lentidão.
Foi aí que decidimos atacar. Rapidamente pela esquerda, deslizei debaixo de seu braço grande e cortei-o fora, assim ele não teria mais a arma em suas mãos. Quando olhei para Asura, ela saltou em direção ao rosto do Orc.
Ele sabia que não tinha o que fazer, então como último ato de batalha ele tentou afastar Asura com um golpe da sua mão esquerda, como se estivesse expulsando um mosquito. Asura não conseguiria se desviar no ar, então tive que fazer minha parte.
"AAAH!" Gritei.
Percorri até o outro braço e também cortei na altura de seu cotovelo. Agora o Orc estava indefeso e sem os braços. Asura ainda no ar, ergueu sua espada e estava pronta para dar um golpe vertical e partir a cabeça do Orc em duas.
O Orc cambaleou para trás e assim aconteceu. Asura disferiu um golpe majestoso no centro da cabeça do monstro, partindo sua cabeça em dois. Sangue marrom se espalhou para todo lado.
Eu não sabia que Asura era uma boa guerreira, fiquei encantado com sua luta. Acho que não fiz muita coisa que pudesse impressionar. Mas tenho certeza que Asura fez um show e tanto. Tenho certeza que o grupo de Silka estavam surpresos.
Eu acenei com a cabeça para Asura e ela fez o mesmo.
Depois de confirmar que o Orc havia morrido, guardei minha espada na bainha e fui em direção ao grupo que não tinha movido um musculo desde que começamos a sequência de ataques.
Eles nos observavam bem surpresos.
"Pronto, foi um ótimo aquecimento..." Exclamei.
"Greed-san..." Disse Ottor.
Eles ficaram em silêncio.
"Caramba Greed-san, Asteth-san, vocês são muito fortes! Geralmente temos uma estratégia para matar os Orcs. E demora um pouco para derrota-los, fazendo a gente ficar exausto em uma batalha só. Mas... mas vocês derrotaram eles em alguns minutos! Isso é incrível." Exclamou Silka.
"Sim, Greed-san é muito forte! Você segurou aquele Orc como se não fosse nada!" Disse Ottor.
"Greed-san... Você é até mais forte que eu!" Disse Reaiger.
Eu e Asura ficamos um pouco sem graça naquele momento.
"Eu não teria conseguido sozinho. A rapidez de Asu-... de Asteth é muito eficaz! Se não fosse por ela, teria demorado mais alguns bons minutos para derrota-lo." Eu disse.
Ainda estava completamente impressionado pelo estilo de luta de Asura. Eu imaginava que ela não tinha uma experiência em batalha, mas ela me mostrou exatamente o contrário. Seus movimentos são rápidos. Até confundem os inimigos. Por outro lado, eu usei mais minha força do que estratégia. Pode ter certeza que não desferi golpes bonitos como um espadachim.
Asura que recebeu o elogio, tentou reverter dando o crédito para mim. Mas ela derrotou dois Orcs em apenas três minutos, isso era incrível.
...
Depois desse acontecimento, saqueamos algumas coisas que os Orcs tinham e voltamos a carroça.
Por mais ou menos mais dois dias, até ultrapassar a montanha e chegar no reino de Sagólia. A carroça estava seguindo um caminho feito para os comerciantes até o reino de Sagólia, porém dali mesmo, já dava para ver tudo.
"Estamos chegando!" Silka exclamou.
Avistamos ao norte, uma muralha bem grande e comprida de pedra. Apesar de grande, era apenas para um humano. Algumas casas podiam-se vistas pelos seus telhados de telha. Estava ao entardecer e algumas luzes já começavam a ser visíveis.
Passamos mais algumas horas e chegamos na entrada do reino.
Os guardas perguntaram o motivo de nossa visita e dissemos sobre a situação dos goblins. Eles realmente não conferiram nada e deixaram a gente passar, sem desconfiara de nada. Era exatamente como o relatório de Zerbst e Zannith afirmava.
Quando adentramos o reino, não podíamos deixar de ficar impressionado.
"Uau..." Exclamou meio que sem querer Asura.
Chegamos à noite, então tudo parecia até mais bonito. Alguns comércios estavam fechando, mas outros estavam com luzes acesas dentro, podíamos ver através dos vidros a luz clara amarela. A rua na qual passamos, havia tochas nas paredes para sua melhor iluminação.
Alguns animais de pequeno porte passavam pelas ruas meio escondidos. As casas e comércios eram muito grandes, foi muito comum ver dois andares em cada residência ou estabelecimento. Havia uma corda pendurada entre duas casas de frente para outra, segurando pequenas bandeiras de Sagólia, era realmente bonito.
Vimos carroças grandes carregando mercadorias passando pela gente. A rua era larga o suficiente para caber até três carroças uma do lado da outra e ainda sobrar espaço para pedestres. O Ar estava começando a se abafar por conta das fumaças das tochas e da multidão que ainda andava a esse horário da noite.
Ao fundo podíamos ouvir alguns homens tocando seu Alaúde e uma flauta, criando uma atmosfera única.
"Aqui é tão lindo..." Disse Asura.
Eu tinha que concordar com seu pensamento. Quando eu estava em Lálario, eu senti uma atmosfera bem mais fantasiosa, como se fosse um reino de príncipes estas coisas. Eu era feliz lá. Mas depois de ver como era Sagólia, mudei totalmente de perspectiva.
Aqui realmente tinha uma atmosfera medieval. As casas feitas apenas pedra e madeira com alguns desgastes. O chão coberto por pedras um pouco raspadas ainda deixava um ar único. O ar era bem diferente. Tudo aqui era mais arcaico do que fantasioso.
Depois que contemplamos todo o caminho, chegamos até a hospedagem que combinamos. Esta era muito mais limpa e passava bem mais confiança do que a outra que ficamos no vilarejo.
"Então Greed-san, você vai ficar aqui com Asteth-san?" Pergunta Ottor.
"Ah, sim. Imagino que peguem quartos diferentes, não é?"
"Sim, não somos tão íntimos para dividir um quarto."
"Entendo."
Adentramos a hospedagem e pedimos nossos quartos. Por incrível que pareça, lá dentro também era uma taverna e estava com bastante pessoas. Quando adentramos, muitos olharam para a gente. Me pergunto se é pela armadura chamativa.
Depois de nos despedirmos do grupo de Silka, que ficaram em outros quartos, novamente eu e Asura ficamos no quarto sozinhos. Apesar do medo que estávamos, agora que tinha gente nos acompanhando, tiramos as armaduras e deitamos para descansar.
"uau, que diferença na qualidade da cama..." Disse Asura.
"Pois é... Aquela outra era simples e dura, mas essa aqui se iguala ao do castelo."
"Eu ainda prefiro do castelo."
"Sério? Por que?"
"Porque lá é nossa cama, fica na nossa casa e amo estar lá todas noites com vocês."
Asura olhava para o teto e sorria, enquanto fechava os olhos para descansar. Nesse meio tempo, não pude perder a chance de apreciar sua beleza. Desde que saímos de Lálario, estávamos sempre de com os rostos tampados. Mas aqui nestes momentos de descanso, podíamos ver o rosto um do outro.
Isso era inexplicavelmente satisfatório. Eu podia pegar seu rosto agora e encher do mais puro carinho que eu pudesse. Mas não sei como Asura reagiria a isso. Talvez a noite na outra hospedagem foi um momento intimo demais, preciso que ela respire e processe as informações. Caso ao contrário, ela vai achar que foi tudo rápido demais.