As portas se abriram rapidamente.
Um cavaleiro demi-humano entrava na sala ofegante o bastante para desmaiar ali mesmo. Suas vestes pesadas como sua armadura, dificultava o respirar daquele pobre coitado, que provavelmente andou e subiu muito.
"Lorde Boreas!"
Ele chama pelo seu lorde que estava dentro daquela sala. O homem fera olhava para fora da janela, ninguém conseguiu ver seu rosto, mal sabiam qual seria a reação dele ao ouvir a seguinte notícia:
"Lorde Boreas, desculpe as minhas rudes ações, mas temos um problema muito grande!"
"Pode dizer, é sobre Aros Silverstein?"
"Não... Bem pior."
"Diga então."
"... Dois Reis Demônios, estão vindo para nosso reino."
O homem fera não mostrou uma reação exagerada para aquele momento, nem ao mesmo se assustou com a situação na qual foi dita. Ele saiu da janela com uma velocidade impressionante e atravessou a sala inteira até a porta com um salto rápido. Boreas olhou para o cavaleiro, acenou com a cabeça e saiu andando.
Ele andou e andou, pelos corredores, depois as escadas e por último, o térreo do palácio. Isso não era o suficiente, Boreas caminhou pelo seu próprio reino por vários minutos. E assim, chegou ao portão principal do reino Borogh. A imensa muralha que fazia divisa com o lado de dentro para o de fora, estava limpa e bem polida, assim como o homem fera gostava.
Saindo pelo portão, tudo que ele conseguia ver era uma imensa pradaria, juntamente de uma estrada com blocos de pedra lisas, e outra apenas terra. Ambas eram para comerciantes ou viajantes, porém a estrada de pedras lisas eram apenas para comerciantes grandes ou nobres de outros reinos. A estrada de terra era para comerciantes viajantes, trabalhadores, escravos e aventureiros.
E ali esperou. Os cavaleiros que estavam de guardas na frente do portão já sabiam do que se tratava, já que foram eles que o avisaram. Mesmo assim, era um tanto desconfortável ver o lorde deles em pé, alguns metros do portão e olhando por cima da pradaria.
Ele não ficou ali por muito tempo, talvez não tinha dado nem cinco minutos. Ao longe nos céus, pode-se ver dois rastros negros vindo em direção ao reino Borogh. O homem fera não se mostrou tão preocupado, afinal, por ter dado a ideia para o Grande Rei, Boreas imaginava que os Reis Demônios estariam ao seu lado.
A velocidade dos rastros negros era cada vez maiores e mesmo antes que os cavaleiros pudessem exclamar sobre tal fenômeno anormal, os dois rastros pousaram metros adiante de Boreas. O homem fera não deu passos atrás, mesmo pelo enorme estrondo do pouso dos Reis Demônios, ele era bem mais resistente, superior aos humanos.
"Sinto cheiro de fraqueza, deve ser dessa criatura inferior à nossa frente. Concordas? Irmão Leonard."
"Claramente, não consigo sentir nenhum rastro de mana adequada."
As vozes vindas das fumaças, incomodavam bastante o homem fera, que veio recebê-los de bom grado. Boreas não deixou de franzir um pouco a testa.
Finalmente, os Reis Demônios apareceram diante as fumaças. Eles tinham um físico bem adequado, mas seus músculos eram escondidos por um belo terno que ambos usavam. Apesar de cada um ter sua particularidade na aparência, a vestimenta elegante era sempre algo que podia-se usar a qualquer hora com elegância.
O Homem fera conseguiu finalmente se mostrar um pouco intimidado, não só pela aparência bruta, mas pela aura furiosa transbordando pelo local, quase sufocando-os.
"Vamos forma de vida inferior, quem és você?"
"Pelo menos pode ser gratificar por não ser tão ridículo quanto um humano."
Boreas deixou saltar uma veia de sua cabeça, por cada comentário o menosprezando.
"Meu nome é Boreas, sou o lorde de Borogh, é um prazer finalmente conhecê-los."
Os dois Reis Demônios não se mostraram satisfeitos com uma apresentação tão rasa, para alguém que governa um reino. O homem fera também sentiu que aquilo não foi o bastante para talvez 'conquistar' a confiança de ambos, mas continuou mesmo assim.
"Que seja... Viemos aqui por conta de um plano."
"Fico contente que o Grande Rei tenha feito-os vim aqui, talvez queiram ouvir minha história primeiramente?"
"Ficamos contentes com uma boa história e uma xicara de chá."
...
A luta intensa emitia ondas de choque constantes. A pressão de ambos os lados combatentes não diminuiu. Nenhum dos dois queriam ceder a essa luta que poderia se considerar a luta do século. E isso obviamente era ruim aos cavaleiros que queriam continuar o destino por Asura, sua salvadora.
"Como vamos atravessar esta luta intensa?"
"Deve haver um jeito... como está indo a cura de Asura-dono?"
"Posso dizer que está em progresso bom, as queimaduras no braço estão sumindo, porém ela não recobrara a consciência tão rápido."
"Tudo bem, quando ela estiver um pouco recuperada, iremos partir... Mas enquanto isso, precisamos passar por aqueles dois, subir na carroça e partir em direção a Aros-sama."
isso seria claramente um desafio. Qualquer passo que eles dessem para fora da barreira criada por Zannith, eles seriam mortos na hora, já que feitiços eram usados aleatoriamente. Tinha que ter um jeito de chegar à carroça com o mínimo de danos possíveis.
"Se tivesse um jeito de nos comunicar com ela..."
"Quem?"
"Com a Rei Demônio."
O outro cavaleiro suspirou.
"Pensei que só eu estivesse vendo coisa, mas ela é a Rei Demônio Zannith, não é? Das lendas."
"Não tem erro... cabelos acinzentados, chifres nas têmporas, escleras negras... e também, essa aura. Não tem como não ser ela.
"É impossível de acreditar..."
Ambos estavam olhando para a luta, calculando como saírem de lá e desacreditados por ser a Rei Demônio Zannith. Um dos cavaleiros parou de olhar a luta e começou analisar a barreira. Mesmo lutando bravamente, o poder da Rei Demônio que estava na barreira não parecia que iria se rachar tão cedo.
'Como posso me comunicar?' Pensou.
Ele se apoiou a barreira e fechou os olhos, como se estivesse cansado e pensando. Até colocou a outra mão em seu rosto, para aliviar o estresse que estava vivendo ali mesmo. Mas algo diferente aconteceu. Com sua mão na barreira, ele sentiu uma pressão em seu pulso, como se estivesse puxando a energia do feitiço.
Rapidamente abriu seus olhos pela grande interferência, e assim ver o que estava acontecendo. A barreira criada pela Zannith estava desmanchando. Por medo, ele retirou a mão e cambaleou para trás. Quando colocou a mão em sua cabeça e voltou seus olhos para barreira, ela estava completa novamente. O cavaleiro se levantou e colocou a mão na barreira de novo, e assim como antes, começou a desmanchar apenas um pouco.
Sua reação de surpresa não desgrudava de sua face. Ele fez todos os testes possíveis, tirou sua mão e apenas encostou o dedo, acariciou a barreira, dentre outras coisas. E assim, ele concluiu que a barreira perdia a força conforme encostava.
"Porque será?" Se perguntou.
Tentou dar toques na barreiras, como se batesse em uma porta, porém desta vez ela não diminuiu a energia. Então o seu medo de algo poder entrar na barreira com certeza foi embora.
"Está pronto!"
Outro cavaleiro anuncia. Este que estava analisando a barreira, vira seus olhos para o cavaleiro. Ele dá alguns passos e analisa a cura que aqueles cavaleiros estavam fazendo em Asura, depois de algumas olhadas, ele confirma.
"Acho que deste jeito ela não sentirá dor."
"Sim."
"Pois bem, vamos... Preciso revisar a tática?"
"Não senhor!"
Este cavaleiros pega Asura ao colo, e depois de se posicionar firme, eles entram em uma formação criada para aquele momento. Dois cavaleiros aos lados, um atrás e o último no meio — o que estava segurando Asura. Eles andaram mais um pouco, para ficarem de frente a barreira.
O cavaleiro mais adiante respirou fundo, ele que estava analisando a barreira antes, pensou que talvez este plano daria certo. Tal, esticou a sua mão até a barreira e encostou, apenas neste suave toque, a barreira começou a perder força, e por fim, ele faria seu último teste. O cavaleiro deu novamente outra respirada, e em seguida fez mais força na mão.
E tinha dado certo.
Sua mão atravessou com facilidade a barreira. Seu plano estava começando bem, então não precisava se preocupar. Depois, ele confirmou que os outros cavaleiros podiam também sair, juntamente de Asura. As ondas de choque da batalha ainda estavam intensas, os estrondos deixavam os cavaleiros quase surdos. Mesmo assim, eles avançaram para frente. O objetivo deles, era chegar até carroça.
O Rei Demônio Chronos analisou a movimentação suspeita dos cavaleiros que estavam protegidos pela barreira de Zannith. A menina de cabelos brancos, Asura, estava sendo levada para algum lugar e obviamente isso dava o ar de desconfiança. Ninguém protegeria uma pessoa em plena situação de batalha, se ela não fosse importante depois.
"O que pensas que estão fazendo?"
Chronos ficou em dúvida se analisava a luta ou impedia os cavaleiros. Zannith e Fuse cravavam uma luta poderosa, porém ainda estava longe de ser uma luta empolgante, eliminar a pessoa da túnica preta era parte da missão também. Então logo, ele tomou sua decisão, mesmo que não querias.
"Em direção a carroça!" Gritou o cavaleiro.
"Sim!" Responderam com emoção os outros.
Eles corriam pela estrada, desviando dos buracos causados pela batalha. Zannith percebeu a movimentação deles, então decidiu segurar Fuse em outro lugar. A carroça estava na visão deles, ainda não destruída, que era o mais importante. Os cavalos estavam agitados, mas não se moveram, pois aprenderam a nunca abandonar seus mestres.
"Estamos quase." Disse o cavaleiro.
"Onde pensas que vão?"
Quando o cavaleiro ouviu a voz desconhecida, seu instinto dizia que era para parar de correr. Porém não foi isso que aconteceu, ele continuou e ignorou tanto voz quanto seus isntintos. Os outros cavaleiros, ao ver a posição do líder, fizeram o mesmo. Eles estavam a mais ou menos quinhentos metros da carroça, ainda era uma distância considerável, porém, era necessário continuar correndo.
"Ousas me ignorar!? Raça inferior!"
No mesmo instante, eles ouviram uma explosão.
BOOOM!!
Tinha sido muito perto, alguns tremiam, porém o medo estava a favor deles, fazendo-os correrem como nunca. O Rei Demônio não gostou nada da atitude irritante que eles tinham, então teve que fazer mais esforço. Planou sobre o ar, fazendo um rastro perfeitamente, até pousar no chão. Novamente, uma pequena explosão ocorreu devido ao impacto do pouso.
Chronos estava na frente deles, sua aura levantou e o lugar ficou ao clima tenso. Mas, os bravos guerreiros, não paravam de correr. No mesmo instante, eles mudaram de formação, um cavaleiro ficou a frente e estendeu a mão mesmo correndo. Um círculo mágico se formou e começou a oscilar de tamanho devido o cansaço do usuário, seus olhos firmes não o deixaram na mão, sua testa franziu e fez um gesto com sua mão, parecida como uma pistola. Com a outra mão, ele segurou seu braço.
O feitiço disparou.
Porém, o feitiço não chegou nem perto de atingir Chronos. O disparo flamejante fez um trajeto diferente, e quando iria atingir o Rei Demônio, o feitiço foi puxado para baixo e fez outra pequena explosão, juntamente de uma cortina imensa de fumaça. A visão de Chronos ofuscou, mas não durou muito, foi apenas fazer um corte com sua mão no ar e a fumaça dissiparia. Mas quando isso ocorreu, os cavaleiros não estavam mais lá.
"Que?" Exclamou o Rei Demônio.
Ele nem precisou se preocupar em procurar ou pensar que seria uma armadilha. Logo depois ele ouviu os sons das placas das armaduras se colidindo, eram os cavaleiros correndo para carroça novamente.
"Você acham que conseguiram me deixar para trás!?"
Chronos não teve nem a chance de raciocinar bem, por conta da sua fúria, ele se virou rapidamente e atirou um feitiço forte na direção dos cavaleiros. Daquela potência, a quantidade de mana que ele tinha usado no feitiço. Ele podia ter acabado com os cavaleiros ali mesmo, porém não foi o que aconteceu. Antes da grande massa de feitiço atingi-los, um escudo apareceu de repente e refletiu a magia.
O feitiço voltou para Chronos que dispersou com um corte de mão novamente. Mas aquilo tinha sim o ferido. Tinha ferido o Rei Demônio moralmente. Ele franziu sua testa por ver que estava sendo alvo de truques humanos, nenhuma outra raça também teria ficado feliz, já que os humanos eram considerados uma espécie inferior.
"Eu vou matar vocês! Seus imundos!"
Ele firmou os pés no chão e depois deu um salto rápido. Chronos chegou acima deles e ergueu sua mão para cima, para dar o último golpe e acabar com os cavaleiros. Mas assim que deu o golpe, sua mão foi refletida pela espécie da barreira e foi jogado metros atrás.
O Rei Demônio estava furioso.
"Como esses humanos sabem de tudo disso!?"
Mas logo, algo correu pela sua mente. Não tinha nenhum humano que pudesse erguer uma barreira em movimento, muito menos que refletisse um ataque de um Rei Demônio. Só podia ser uma pessoa que estava fazendo isso, apenas um ser podia fazer isso, que estava ali presente.
"Zannith!!!!"
Ele rangeu os dentes e gritou.
Os cavaleiros seguiram adiante, confiantes que o plano deu certo. Após chegarem, eles colocaram Asura na carroça e assim subiram. O cavaleiro líder, subiu no lugar do cocheiro e ergueu as rédeas. Os cavalos agitados, ficaram ainda mais assim que o cavaleiro deu a primeira chicotada.
A carroça não era tão rápida, porém foi o suficiente para pegar a velocidade ideal que queriam. Os cavaleiros ofegantes ainda não baixaram a guarda, todos que estavam acima, tirando o cocheiro, usaram feitiços de proteção para que o plano agora desse certo definitivo.
"Vamos bravos guerreiros!"
"Vamos!"
Todos gritavam em plena convicção que ganharam. Os cavalos corriam mais do que nunca e a felicidade no rosto de cada um era algo agradável. Seguindo estrada a frente, um portal acinzentado se abriu no ar, e sem perder tempo, o cavaleiro deu mais duas chicotadas e os cavalos foram mais rápidos ainda. O coração de todos batiam mais forte, pois aquela era a última etapa.
E foi um sucesso.
Assim que entraram no portal, ele se fechou, assim a carroça e os cavaleiros sumiram rapidamente dali, garantindo a segurança de todos.
O clima ficou sério no local da luta, Zannith e Fuse já haviam parado de trocar ataques, apenas Zannith estava usando feitiços, pois foi ela, que abriu o portal para que os cavaleiros pudessem fugir. E foi apenas isso, que conseguiu acabar com toda energia restante que a Rei Demônio tinha. Ela caiu no chão, ainda de joelhos, ofegante e com bastante suor.
"Por um lado, perdemos, mas por outro ganhamos... Acabou Irmã Zannith."
Fuse ergueu suas mãos e mirou lentamente para Zannith, um círculo mágico apareceu diante de suas mãos. E toda floresta pode ouvir apenas uma coisa.
POWWWWWWWWWW!