Zannith e Fuse se encaravam, porém, o único que mostrava uma feição mais bruta era o Rei Demônio que teve sua luta interrompida. Asura tinha desmaiado atrás de Zannith, e sem pensar duas vezes, a Rei Demônio a segurou, para não cair no chão.
Uma questão circulava a mente dela: "Essa garota humana segurou um Rei Demônio sozinha?". Foi ali que Zannith entendeu por que Aros queria tanto protegê-la.
"Irmã Zannith, por que ousas interromper minha batalha?"
"Kufufufu... Foi um pedido de meu aliado."
"Há há, então já conseguiu se aliar aquele humano?"
"Kufufufu... É Lógico."
Fuse franziu sua testa.
Zannith levou Asura inconsciente para o lado dos guardas e abriu uma pequena barreira para protegê-los da batalha que vinha. O Rei Demônio ainda estava flutuando, sua cara enfurecida era bem expressiva até para alguém de sua raça. Zannith por outro lado, estava com uma feição tranquila, afinal tinha plena confiança que conseguiria derrotar seu irmão.
Ela tirou a espada da bainha novamente, e era uma linda katana que não necessariamente era japonesa (afinal neste mundo não existe tal país). Zannith era a única dos Reis Demônios que usava alguma arma branca em combate, todos os outros usavam sua própria magia. Fuse começou a se preparar, soltou toda a sua aura demoníaca que estava segurando, para dar toda liberdade em combate a ele.
"Sabes Irmã Zannith, esta batalha que ocorrerá neste momento, seria algo que todas as raças dariam tudo para presenciar... Então pelo menos me entretenha."
"Kufufufu... Digo o mesmo, não gosto de confrontos que acabam rápidos."
Zannith também soltou toda sua aura demoníaca, porém depois de presenciar a presença de Aros uma vez, ela achou que aquilo não era tão eficaz assim.
Fuse ainda queria usar o mesmo feitiço, esticou seu arco negro novamente e apontou para a cabeça da Zannith. Ela também imediatamente se focalizou na direção da flecha e ergueu sua espada como uma verdadeira guerreira. A flecha negra foi surgindo a cada centímetro puxado pelo arco, o rosto furioso de Fuse ainda tinha sua parte séria, para não errar o disparo.
"Morra!"
Fuse atirou a flecha.
O disparo banhado de magia negra vinha numa velocidade exorbitante, e por puro reflexo, Zannith desviou do tiro dando uma cambalhota no chão para o lado esquerdo. No mesmo instante que Fuse ia puxar a flecha, Zannith se reergueu novamente, ela agarrou a ponta do cabo de sua espada e como se estivesse também com um arco, puxou a espada para trás e em seguida a disparou com toda sua força.
Uma onda de choque se espalhou assim que ela disparou a espada, vindo juntamente de um grande estrondo barulhento. A espada rasante e rápida fez seu percurso em menos tempo do que o esperado, e assim atingiu uma das bochechas de Fuse que imediatamente sangrou.
"Tsc."
Ele se recompôs e preparou outra flecha, porém quando foi mirar em Zannith, ela tinha desaparecido do lugar. Fuse ficou confuso, mas logo em seguida percebeu seu erro. A Rei Demônio já estava cara a cara dele, finalmente usando um feitiço. Seus olhos foram preenchidos por carmesim que ofuscava a visão de qualquer um. Em uma posição favorável, ela estava com seu punho erguido para trás.
Mesmo que Fuse percebesse antes, não daria tempo. No mesmo instante que viu Zannith, um soco do lado esquerdo atingiu sua bochecha. Novamente uma enorme explosão ocorreu e o corpo do Rei Demônio foi fortemente empurrado para baixo e assim se colidiu no chão, como se tivesse caído um meteoro.
As árvores foram devastadas na região. Havia somente uma cratera pelo forte impacto que o Rei Demônio levou. Fuse começou a sangrar, e assim que olhou seu próprio sangue, sentiu uma fúria sem tamanho. Era a primeira vez que ele viu seu sangue depois de tanto tempo. Mesmo pelo forte soco de Zannith, ele se levantou aos poucos, como se não fosse nada.
"Você é realmente muito forte irmã Zannith, assim como todos diziam..."
"Kufufufu... Ainda duvidava de minha força?"
"Há há há... Confesso que não, mas nunca quis descobrir..."
Fuse não esperou uma resposta de Zannith. Mesmo estando no chão, disparou rapidamente uma flecha em direção da Rei Demônio que estava flutuando. Como Zannith era bem experiente com seu feitiço de voo, não teve problemas em desviar da flecha de Fuse. A Rei Demônio viu que ele não iria parar até matá-la — exatamente o que ela também estava fazendo. Então assim, decidiu partir para cima dele em uma velocidade tremenda.
O Rei Demônio percebeu as próximas ações de sua irmã, e quase que no mesmo instante, um círculo mágico atrás dele. Ele fixou os olhos em Zannith e estendeu sua mão para dentro do círculo mágico, onde mexeu para todos os lados até achar o que estava procurando. Fuse não tirou os olhos da Rei Demônio, e assim, quando Zannith estava quase cara a cara com ele, sua mão saiu do círculo mágico, juntamente de uma espada negra.
A Rei Demônio cerrou seus olhos e até fez um rosto distorcido, ela sabia da existência daquela arma.
Uma espada negra que só um dos cinco irmãos portava, a tão famosa nas lendas: Lágrima de Demônio. Uma das espadas mais poderosas que existia no mundo, não só de força ou corte, mas também seus atributos mágicos que fazia dela um item especial. Além dos atributos favorecerem o ataque, ela também tinha anti-magia, o que causava dores de cabeça em magos. Por isso era tão poderosa e tão temível aos magos de qualquer raça.
Zannith ergueu a espada, Fuse a colocava em uma posição favorável. E Então, assim que os dois estavam em uma distância de primeiro golpe, ambos atacaram.
Uma onda de choque vinda juntamente de um tremor, se espalhou pela floresta. Foi tão forte que os cavaleiros que viam a luta pasmos, tamparam os ouvidos pelo alto som emitido. Depois do primeiro impacto, outros dois vieram, e assim por diante. Todos que estavam ali sentados, apenas viam rastros pelo ar se colidindo inúmeras vezes.
Nenhum deles conseguiam dizer uma palavra, afinal, tudo aquilo era tão surreal quanto um elfo sem asas. Os cavaleiros não podiam acreditar que na frente deles, estavam dois Reis Demônios, aqueles que há muito tempo atrás, fez o mundo entrar em caos e governaram com leis rígidas. O mais inacreditável era o fato de eles estarem lutando entre si, algo que muitas pessoas pagariam ou dariam tudo para ver uma fascinante batalha.
Porém a batalha ainda estava intensa.
Tanto Zannith, quanto Fuse, já estavam travando uma luta mortal depois de anos respeitando um ao outro. Isso só fazia os dois se sentirem mais excitados por tal situação mortal. Nos vários golpes fortes, ambos davam sorrisos como se estivessem vivendo o dia mais feliz da vida deles.
A katana e a lendária Lágrima de Demônio estavam em turnos de ataques e defesa constantes. Para quem conseguisse, aquela era uma luta belíssima de se ver. Fuse não errava nenhum golpe, mesmo estando tão vidrado em vencer, ou até mesmo, se divertindo, ele golpeava com extrema precisão. O mesmo de Zannith, que se mostrava completamente focada em eliminar seu irmão, de qualquer circunstância.
Depois de um ataque mais intenso de ambos, Zannith e Fuse foram jogados um pouco longe do outro. Os dois permaneciam com os mesmos rostos em emoções que beirava tanto a felicidade quanto a raiva que sentiam. Ambos respiravam fundo, mesmo sendo demônios, ou seja, outra raça, eles sentiam cansaço, apesar de ser bem menos. Nenhum deles chegou a ficar ofegante, mas eles se olhavam tão direto, que a aura dos dois transbordavam a ponto dos outros em volta a ficarem sem ar.
"Parece que não posso derrotá-la com pouco poder, vou precisar usar um pouco mais."
"Kufufufu... Agradeço a honestidade."
Fuse não se sentiu feliz com o comentário sarcástico de Zannith, e logo franziu sua testa. A espada que empunhava, começou a brilhar em roxo, o Rei Demônio finalmente iria usar uma magia combinada para cima de Zannith. Ela também não reagiu diferente, em sua katana bem esculpida, ela conjurou um feitiço que fazia sua lâmina transbordar e brilhar em roxo.
O Rei Demônio forçou seus pés no chão, e instantaneamente abriu uma mini cratera, mostrando a força que ele tinha. O mesmo aconteceu com Zannith. E depois de se prepararem, ambos saltaram em direção ao outro, em uma velocidade absurda. Zannith estava com a katana erguida, Fuse estava com sua espada lendária em uma posição ao seu lado direito.
E assim se colidiram.
Novamente uma onda de choque juntamente de um tremor se espalharam, só que desta vez muito mais forte. Árvores foram destruídas, e o resto de gramado que tinha, sumiu e ficou só terra. Os cavaleiros protegidos pela barreira de Zannith olhavam a luta totalmente paralisados, isso porque, o resultado dela iria decidir a vida de todos ali. Não houve nenhum que desviou o olhar, apenas ficaram olhando os rastros pelo ar se colidirem inúmeras vezes.
"Eu vou te matar irmã Zannith!"
"Kufufufu... Digo o mesmo!"
Ambos se empolgaram, mostrando faces de alegria e raiva ao mesmo tempo.
Nenhum cedeu suas forças, Fuse e Zannith faziam os mesmos movimentos de ataque e defesa constantemente. As auras conflitantes tomavam conta do local, a alta emanação de mana, chamava a atenção de magos experientes que conseguiam sentir de longa distância. Não só isso como a notícia de que os Reis Demônios haviam sido libertados já estava se espalhando pelo continente, e duvidando, até pelo mundo.
Como nenhum continente se intrometia no assunto de outro continente, os lordes e reis do mundo inteiro apenas achavam interessante a volta deles. E juntamente, circulava a notícia dos reinos declarando guerra contra Lálario pelas atitudes más intencionadas de Aros. Tudo isso estava circulando o mundo inteiro rapidamente.
Novamente os dois deram um ataque forte e ambos foram jogados para trás. Sem dificuldades, eles pousaram no chão juntamente de um impacto forte pela força deles. O poder dos dois era muito equivalente, não importa quanta força eles usassem para se sobressair sobre o outro, não dava certo. Mesmo sendo tão fortes, uma pequena exaustão já estava começando a vir.
"Como está indo à luta, irmão Chronos?"
"Não há nada de especial, ambos estão lutando com tudo, porém nenhum dos dois consegue avançar para cima do outro, uma luta empolgante, porém desagradável."
"Entendo..."
Os dois Reis Demônios conversavam entre si pela magia de comunicação. Chronos sobrevoava com um clone o lugar que estava acontecendo a batalha, mas ele não estava com um rosto de empolgado por ver uma luta lendária. Pelo contrário, o Rei Demônio ficou desapontado por nenhum ser melhor que o outro e estar uma luta completamente morna. Nenhum deles estavam usando suas verdadeiras cartas na manga, o que deixava a luta ser muito normal para um combate lendário.
"Irmão Chronos."
"Sim, Irmão Leonard."
"Se esta luta ficar assim por muito tempo, pode se divertir um pouco também... Um dos nossos objetivos secundários é eliminar a Irmã Zannith."
Chronos engoliu seco.
"Você tem certeza Irmão Leonard?"
"Absoluta, ela é uma traidora."
"Certo, farei então caso fique longa demais."
"Muito bem, eu agradeço."
E assim, a comunicação acabou.
Chronos continuou observando a luta, mas ainda não havia acontecido nada importante que valesse ficar ali. Seu objetivo era apenas analisar a luta até acabar, ter certeza que Zannith morreria e assim capturar a garota de cabelos brancos para uma futura vantagem.
Ele não podia voar até o chão, pegar a garota e ir embora. Ela e os cavaleiros estavam protegidos pelo feitiço de Zannith, e como era um feitiço "básico", ela podia manter até o final da luta, mesmo estando fraca e ferida. Então, a solução mesmo era confiar em seu querido irmão, Fuse, para acabar com Zannith e assim capturar a garota. Dois objetivos concluídos de uma vez só.
Boooom!
Os movimentos repetidos não se tornava chatos para os cavaleiros que observavam a luta de dentro da barreira. Mesmo com o medo tomando conta de suas emoções, ainda era uma luta impressionante — mesmo nenhum conseguindo ver nada, já que os Reis Demônios lutavam em uma velocidade gigantesca.
As ondas de choque ecoavam pelo local e fazia a luta ficar ainda mais eletrizante para eles. Porém, finalmente um dos cavaleiros teve coragem para se mexer e dizer alguma coisa. Ajeitando sua espada na bainha, ele engatinhou para onde Asura estava desmaiada.
"Asura-dono..."
A garota de cabelos brancos estava deitada ao chão, desacordada. Sua testa estava ferida, o sangue tinha escorrido pelo seu lindo rosto. Seus dois braços estavam roxos e cheios de queimadura que eram difíceis de olhar, até mesmo para um cavaleiro que enfrentava as piores situações diariamente.
Os outros cavaleiros olharam a movimentação dele, e conseguiram ter a consciência de volta. Eles olharam em volta e depois para a garota de cabelos brancos, todos tiveram a mesma reação, a de agradecido e de pena. Afinal, Asura tinha protegidos eles até não poder aguentar mais, mesmo sendo que esse era o trabalho deles.
"Será que ela vai ficar bem?" Perguntou um.
"Ela vai ficar se conseguirmos voltar." Respondeu outro.
"Não!"
O cavaleiro que estava ao lado de Asura, respondeu rudemente as ideias de seus colegas. Ele era o que acompanhava e guiava Asura durante a viagem, mesmo que não tenha sido longa. Os outros cavaleiros também se assustaram com a resposta bruta vinda dele. Não hesitaram em questioná-lo.
"Por quê? Ela está muito ferida! Precisamos voltar e assim Cássiria-dono irá curá-la. Caso ao contrário, ela vai morrer aqui."
"Isso mesmo! Precisamos salvá-la, esse é nosso trabalho."
"Não, esse não é nosso trabalho." Respondeu ele com firmeza.
"Hã?"
Os cavaleiros se assustaram. Porém, nenhum decidiu refutá-lo, ficaram em silêncio, para ouvir a própria resposta do cavaleiro adiante, sem dúvidas, ele tinha um motivo.
"Nós estamos aqui, por que essa moça quer se encontrar com Aros-sama e pará-lo... Nosso objetivo é trilhá-la em segurança até onde nosso lorde está."
"Mas ela não tem condições para isso."
"Ei..."
Ele fez uma pausa brusca, e virou seu rosto para o cavaleiro que o refutava.
"Se sua esposa estivesse em perigo, você iria parar o restante do caminho só porque está machucado?"
"N-Não..." Abaixou a cabeça.
"Exatamente! É isso que essa moça sente pelo Aros-sama. E pela sua confiança, parece que eles já se encontram uma vez, eu imagino que Aros-sama também sente o mesmo por essa moça."
"Como você sabe disso!?"
"Por causa daquilo!"
O cavaleiro apontou para a luta frenética que estava acontecendo na frente deles. A fonte de onde vinha vários tremores constantemente, onde rastros se colidiam pelo ar bruscamente.
"Aquela mulher que está lutando, claramente ela é uma ajuda de Aros-sama."
Eles engoliram seco e olharam sério um para o outro e para a luta.
"Então... Não vamos fazer essa moça sentir arrependimentos dessa batalha. Ela foi mais guerreira do que nós que fazemos esse trabalho a anos! Precisamos levá-la até seu destino, esse sim é nosso trabalho agora!" Ele gritou.
Todos os cavaleiros, sem exceção, levantaram. Eles arrumaram suas espadas, lanças e escudos e estavam na posição que sempre tiveram, uma postura que eles sempre fizeram. Como cavaleiros de verdade, eles precisavam fazer aquele trabalho, mesmo que todos morressem. Eles tinham que levar Asura até Aros.