"Ei... Aros-sama..."
Lola estava seguindo Aros a frente pela floresta. O reino mais próximo ficava bem distante, ir a pé era realmente um esforço e tanto. Mas eles estavam seguindo reto sem nem saber para onde estavam indo.
"Diga."
Aros não se irritou com a garota, como ela mesma imaginava.
"Aquele clone, falava sozinho e foi rude com você... Aquilo era realmente um clone?"
Era compreensível sua dúvida, como clones, eram copias de si mesmo, não tinham como menosprezar o corpo real, muito menos ser rude consigo mesmo.
"Bom... Eu quero te contar uma coisa, que dificilmente você iria acreditar."
"Hã?"
"Eu na verdade, não sou Aros Silverstein."
Um silencio constrangedor assumiu o clima da conversa.
"Você vai dizer uma fala clichê de algum livro?" Pergunta a garota com um tom provocativo.
"Na minha vida passada, eu era um simples trabalhador... Sustentava a casa que eu morava com minha irmã, e apenas chegava do trabalho e já dormia, para no dia seguinte, acordar, ir para o trabalho e fazer a mesma rotina."
Ele ignorou a provocação de Lola.
"Eu fui mandando embora, não tinha mais esse tal trabalho... Não consegui arranjar nenhum após isso, por isso fiquei em casa, apenas fazendo nada, enquanto minha irmã mais nova fazia tudo. Mas certo dia eu passei mal, e fui levado para o hospital... Depois disso, eu com certeza morri, e reencarnei no corpo do Aros..."
"... Como vou acreditar nisso? essa história é muito fantasiosa..."
"É por isso mesmo que disse. Aquele clone, na verdade não é um clone, mas é a consciência do Aros Silverstein real."
Ainda era difícil para a garota acreditar na tal história. Reencarnação era algo completamente retirado de contos de fadas que ela lia quando criança, mas ter um exemplo disso, a frente dela, era realmente uma completa loucura.
"Então... Você é quem?"
"Meu nome verdadeiro é Amasuka Kai, na verdade não sou um garoto de dezessete anos, mas sou um homem de vinte e nove anos..."
Sem hesitar, Aros, ou melhor, Kai disse tudo sobre ele.
Quando ele disse tudo muito rápido, ele na verdade queria falar o mais rápido possível e deixar de lado essa sua vida. Kai não tinha orgulho de seu nome, idade, corpo ou sua vida patética no passado. Ele se sentia culpado por deixar para trás tudo, e virar um NEET sem compromissos, deixando tudo em cima dos ombros de sua irmã mais nova... Pensar em como Sora podia estar se sentido, depois de perder Kai, só trazia mais tristeza ao seu coração.
"E quando você reencarnou?"
"Cinco dias atrás."
A garota se surpreendeu com o tão curto tempo em que ele estava assumindo aquele corpo. Mas ao invés de desacreditar daquelas palavras, ela confiou nele. Afinal tudo batia, ele falou seu nome verdadeiro, disse sobre sua vida passada, ela também se lembrou dos rumores, que cinco dias atrás Aros tinha mudado, basicamente da água para o vinho.
"Tudo bem... Eu vou acreditar em você."
"Sério?"
"Sim, afinal tudo que você disse tem sentido."
"Que bom que acredita em mim, vejo que Asura não confiou em você atoa."
...
Uma cidade de humanos, realmente igual ao reino de Lálario, vivia tranquilamente. A população andava e vivia suas vidas sem o menor problema ou preocupação, os homens trabalhavam em suas tendas vendendo seus produtos, as mulheres passeavam com seus filhos, comprando os itens que eram oferecidos.
"Olhem o jornal de agora! Nosso exército foi dizimado pelo Lorde Aros Silverstein!"
Todos que passavam por aquele homem, vendendo jornal, ouvia a rápida notícia e saiam cochichando por aí.
"Isso é sério? Um garoto acabou com um exército?"
"É possível, afinal ele tem a rara magia de luz."
"Então provocamos uma guerra sem saber o poder do inimigo?"
"É por aí."
Os cidadãos cochichavam.
"Isso realmente é bem estranho..."
O homem sentado em seu trono, ouvia as vozes de sua população, apenas com seu braço apoiado nas braçadeiras do trono.
"Se ele tem tanto poder, como ele não tinha revelado antes? Qualquer um podia ter o atacado sem saber daquilo... A magia de luz..."
Ele chacoalhava suas pernas, em desaprovação a si mesmo. Como ele podia ter cometido um ato tão ridículo? Como aquele simples garoto de dezessete anos era tão forte? Essas eram as perguntas que circulavam sua mente sem parar.
PLAAAAAAK!
A porta da sua sala, se abriu fortemente. A rude ação que alguém fizera, incomodou o homem, que rapidamente olhou com seus olhos ardendo em chamas. Na frente, havia um soldado, ofegante, sem forças para continuar andando mais.
"Que atitude insolente!"
Desta vez quem gritou foi sua secretária.
"Por favor, da próxima vez abra as portas de maneira adequada!"
"Me desculpe, mas é urgente."
Antes que a secretária surtasse novamente, o homem que também estava furioso, estendeu sua mão para expressar que a moça pare.
"Pode dizer."
"Aros Silverstein... Ele declarou guerra!"
No mesmo instante, o homem franziu sua testa.
"Eu sabia..." Disse.
A sala foi tomada por desespero, os guardas que ficavam naquela sala, tomando conta do homem, também começaram a conversar entre si. A secretária se acalmou, e tentou pensar em algo para deter isso. O homem que era o centro daquele reino, o Rei Kisirel, roía as unhas tentando pensar em um plano de defender seu reino.
"Eles já subiram a barreira?" Ele pergunta para a secretária.
"Sim."
Ele suspira e se sente no alívio.
"Não tem como ele invadir a barreira, por enquanto estamos seguros... Coloque uma tropa de guardas ao redor do reino, mas sem saírem da barreira."
"Claro!"
Antes que sua secretária fosse cumprir tal ordem, eles ouvem uma explosão.
BOOOOM!
"O que é isso?"
A sala onde eles estavam, se estremeceu inteira. As pequenas janelas compridas foram cobertas pelos cavaleiros que também queria avistar o ocorrido. O grito da população ressoou por toda a cidade.
O homem levantou de seu trono e foi em direção a janela, onde todos estavam olhando. Muitos ficaram assustados e não conseguiam dizer nenhuma palavra para relatar o que haviam visto.
"Não é possível..."
O que o Kisirel e o seus guardas viram, era algo inacreditável.
Um garoto estava voando sobre a cidade, sua capa azul voava com forme o vento daquela região. Seus cabelos brancos balançavam, ele exalava uma forte aura de mana desconhecida. Mas aquilo não foi a única coisa que eles conseguiram ver, na barreira mágica erguida por soldados magos, havia um rombo enorme em cima.
"Ele atravessou a barreira mais forte?"
O motivo da explosão ficou claro para eles, além do rombo da barreira, o que virão era as primeiras casas, ou melhor, primeiros comércios queimando em um fogo alto. O garoto ali do céu, apenas mostrava uma risada maligna. Os cidadãos corriam desesperados daquele lugar, umas esbarrando nas outras, no desespero.
"Realmente não é todo meu poder, mas dá para o gasto." Exclamou o garoto.
Seu voo ainda era espetacular, apenas alguns conseguiam essa tão poderosa magia de flutuar.
"Aquele velhote deixou este reino atacar Lálario? Realmente é um incompetente."
Ele ergueu sua mão novamente e assim a abaixou. Neste curto espaço de tempo, um círculo mágico apareceu no céu, e quando ele abaixou seu braço, uma espada de luz saiu do círculo e foi em direção a uma das casas. Assim que foi atingida, explodiu em todos os pedaços, e pegando fogo. Os gritos ficaram ainda mais altos.
"Ele fez isso só com um ataque?" Novamente exclamou Kisirel "Além de estar voando... Coloquem todos os guerreiros aéreos em ataque agora!"
"Sim!" Exclamaram.
"Aros Silverstein..." Disse em um tom sussurro para si mesmo.
O garoto de cabelos brancos analisava todo o reino, e calculava o quanto de mana ele podia usar para destruir todo aquele reino. Afinal, ele era apenas um clone, não tinha tanta mana quanto o corpo original.
"Morram..."
Ele repetiu os mesmos movimentos, porém desta vez, abriram vários círculos mágicos do céu, uma infinidade deles. Ele abaixou sua mão novamente, e as espadas de luz caíram sobre a cidade. Infelizmente, ninguém conseguia escapar da situação, todas as espadas assim que se colidiam nas casas, explodiam. As que não explodiam, pegavam nas pessoas que corriam, derramando uma enorme quantidade de sangue. Só neste último ataque, o reino ficou banhado de sangue e fogo por todos os lados.
"Peguem ele!"
Aros ouviu uma voz ao seu lado, e girou sua cabeça para avistar. Saindo de uma torre, que parecia ser o lugar onde o rei estava, saíram um exército de cavaleiros, montado em dragões vermelhos que vestiam armaduras de proteção.
Assim que o cavaleiro chefe deu a ordem, alguns dos cavaleiros voaram mais rápidos e rasantes para cima de Aros. Os dragões soltavam rugidos fortes, se preparando para soltarem bolas de fogo.
"É só isso?"
Aros estendeu a mão em direção aos soldados, um círculo mágico apareceu a frente dele.
"Solus!"
Recitou sua magia e o círculo mágico aumentou de tamanho, uma enorme luz branca emitiu dali e fez um forte estrondo. Do círculo, saíram flechas feitas de luz, que atingiram os soldados voadores, a cada flecha atingida emitia uma explosão, matando tanto o soldado quanto o dragão. Essa magia era forte o suficiente, ele disparou várias em seguida, e assim todos morreram.
"Que ridículo..."
Ele franziu a testa em raiva. Aros tentou avançar um pouco, mas parou logo depois que uma magia forte quase o acertou. Passou raspando de seu rosto, mas felizmente ele conseguiu desviar de última hora.
Uma mulher saiu da torre, também flutuando sobre o céu. Ela emanava uma aura assustadora e negra, seus cabelos eram roxo claro, sua aparência era mais velha, apesar de ter um rosto belíssimo. Era na verdade, a secretaria de Kisirel.
Os dois pairavam ao ar, olhando um para o outro.
"Você seria a rainha deste miserável lugar?"
A mulher demorou um pouco para responder.
"E por que isso te interessaria?"
Aros riu.
"Haha... Com certeza não é você. Mas sabe o que eu faria se você fosse?"
A mulher tentou responder de acordo, mas antes sequer de soltar uma palavra, uma rajada de vento muito forte foi levada ao seu rosto. Quando ela abriu os olhos, Aros estava a encarando rosto a rosto.
"Eu teria te matado agora mesmo."
Ela arregalou os olhos, mas não demonstrou fraqueza, logo em seguida tentou disferir outra magia nele. Mas assim que o círculo mágico apareceu, e uma esfera de magia saiu como um tiro, Aros havia desaparecido novamente.
"Um velhote ficaria muito bravo se eu não perguntasse..."
A voz veio atrás dela, um pouco distante, ela se virou para poder vê-lo.
"Mas qual seria seu nome?" Ele pergunta.
Ela hesitou por um momento, mas logo respondeu.
"Zerbst... Urahan Zerbst. Agora me diga você, este velhote é seu chefe?"
Aros ouviu o seu nome, sua pergunta e riu.
"Hahaha... Não viaja."
No mesmo instante, os dois voaram em uma rápida investida, um contra o outro.