─ Como assim?! Será que ele se refere ao dinheiro, e a dependência que temos sobre ele? ─ Patrícia.
─ Acredito que não, ele disse que estaria enviando todas as cópias das provas para o meu pai e se despediu.
─ Sinistro! ─ Felipe olhando para os rostos dos seus amigos.
Enquanto isso César, Cláudio, Juninho, Kelly e os outros dez jovens continuam caindo um a um por dentro de um túnel sem nexo, que parece subir e descer em simultâneo. Em alguns momentos eles caem, de repente o túnel gira rapidamente, eles sobem e vice-versa.
Em um lugar cheio de neve, onde o frio lembra o Polo Norte ou o Polo Sul da Terra, os jovens guerreiros caem de um buraco mágico que piscou por três segundos. Tempo suficiente para eles passarem e se estatelarem no chão. Apenas a luz de um sol avermelhado ilumina o ambiente, como se estivesse no pôr do sol. No chão, bem no local exato onde o portal se abriu, fica cravado vários símbolos, idênticos ao do portal feito na Terra, com exceção do símbolo do centro do pentagrama.
─ Ai minha cabeça! ─ Kelly meio tonta ainda, caída de costas no chão.
─ Estão todos bem? ─ Juninho levantando-se.
─ Tirando as dores e o frio, tudo bem. ─ Cláudio sentado com os braços cruzados, tentando se aquecer um pouco.
Os outros dez jovens ficam se perguntando sobre o lugar e como irão voltar, enquanto observam o portal que ficou desenhado no chão, como um traçado fluorescente que derreteu o gelo, bem no ponto onde eles caíram.
─ Que estranho! Ele foi o único de nós que caiu de pé depois da passagem pelo portal. ─ um jovem de cabelos vermelhos.
─ E o único que parecia esperar pelo frio aqui do outro lado. ─ outro jovem, que está em pé de costas, enquanto o vento bate no manto branco e azul dele o fazendo flutuar.
─ Precisamos nos apressar César, arrumar um abrigo por essa noite, está muito frio! ─ Cláudio aproximando-se dele.
─ Tem razão, vamos seguir naquela direção. ─ apontando para o sol.
─ Por que naquela direção? ─ o jovem de cabelo vermelho.
─ Qual é o seu nome?
─ Meu nome é Fábio.
─ Fábio, o vento quando vem daquela direção fica mais quente, é bem provável que lá seja mais quente também. ─ ele segue para o norte do planeta.
─ É irmão, ele parece ser mesmo um escolhido de Deus.
─ Fabiano, veremos na hora em que houver o nosso primeiro confronto com os inimigos! ─ o pequeno Fábio segura no punho das suas duas espadas.
─ Será mesmo que estamos no Inferno? Parece que algo deu errado. Podemos estar na Antártida, bem no meio do nada, imaginem?! ─ Kelly batendo os dentes de frio.
─ Não. Estamos no lugar certo, veja. ─ César aponta para as três luas no céu.
Os jovens destemidos caminham alguns minutos até que passam por uma região cheia de montes gigantes, com pequenas camadas de gelos nos seus cumes. Apesar da temperatura começar a aumentar, de repente se inicia uma tempestade violenta de vento e granizo que faz os jovens baterem os dentes de frio.
─ Poxa! Eu nunca podia imaginar que o Inferno tivesse algo haver com inverno! ─ o mais forte e alto dos jovens, se tremendo todo de frio.
─ Cale-se! ─ Cláudio teve uma pequena visão de um monstro medonho se aproximando, a imagem apareceu durante uns três segundos enquanto ele piscava.
─ O que houve? ─ sussurra um dos jovens para ele.
─ Estamos cercados! ─ olhando para os lados.
─ Meu Deus! ─ César ao sentir a presença do inimigo a sua volta. ─ PREPAREM-SE TODOS, FIQUEM JUNTOS É A NOSSA ÚNICA CHANCE! LEMBREM-SE, É COMO UM JOGO DE RPG DE TÁTICAS, FORMEM DUPLAS E NÃO SE SEPAREM, DEFENDAM-SE E ATAQUEM OS DOIS DE UMA VEZ, ISSO DEIXARA OS INIMIGOS EM DESVANTAGEM! ─ grita enquanto vê as aranhas gigantes, que são do tamanho de vacas, aparecendo em cima dos morros.
Uma a uma, as criaturas vão saindo de trás dos montes, são muitas, dezenas de aranhas gigantes, peludas, com suas presas afiadas prontas para devorar tudo que encontrarem pela frente. A saliva escorre pelas suas bocas.
─ Nossa! Tinha que ser aranhas?! Ahhhhh! ─ Kelly se escondendo atrás do César gritando.
─ São muitas! ─ um dos jovens, com tanto medo que vai chegando para trás como se estivesse em transe. Ele se afasta do grupo sem perceber que está indo direto para um grupo delas.
─ Não vão nos pegar facilmente. ─ Fábio passando à frente dos outros e erguendo suas duas espadas cruzadas.
─ Ele tem razão, ainda que sejam muitas, nós levamos vantagem, pois temos braços longos e armas com as quais destruiremos todas elas. ─ Cláudio em posição de ataque, enquanto as aranhas seguem rapidamente na direção deles.
─ Cheguem mais para a frente se não ficaremos totalmente encurralados e lembrem-se, todos em duplas. Ao meu sinal. ─ ele está na espera do momento certo.
─ César, mas o que diabos elas estão fazendo? ─ Cláudio observa que as aranhas pararam de avançar e de suas bocas, por debaixo das suas presas, dá para ver que escorre uma espécie de espuma branca.
─ Elas não são como as aranhas do nosso mundo, elas são muito mais espertas. ─ diz o jovem mais forte do grupo.
As aranhas lançam as suas teias para o alto, elas vão se cruzando no ar e ao caírem envolvem a todos. Elas lançam um pedaço de teia e em seguida lançam outro e assim por diante, todas elas lançando as suas teias em simultâneo, acabam prendendo todos os jovens, que ao tentarem se soltar acabam se prendendo mais e mais.
─ ESTAMOS PERDIDOS! ─ Cláudio se irrita ao tentar se soltar e começa a ficar cansado, ele cai de joelhos no chão.
─ CÉSAR SOCORRO! ─ o jovem que se afastou do grupo, desesperado ao ver que as aranhas se aproximam, enquanto puxam lentamente o seu corpo em direção das suas presas enormes.
César não acredita no que vê, são muitas vidas em suas mãos e ele se quer consegue salvar a si próprio, ele balança a cabeça e de repente nota uma coisa estranha, enquanto olha fixamente para uma das aranhas que está por detrás das outras. Ele tem dificuldade em focar no objetivo com tanta gente em pânico gritando socorro, esperando que ele as proteja.
─ Só pode ser ela. ─ concentrando-se calmamente para evocar chamas de fogo das suas mãos e elas aparecem por pouco tempo, mas por tempo suficiente para ele se soltar. ─ Eu só terei um arremesso e não posso errar. ─ ele pega a sua espada, termina de se soltar com ela e corre.
─ É, suponho que você estava errado sobre ele. ─ Fabiano, ao ver a velocidade em que ele se movimenta.
─ Sim, e ele parece ter visto algo irmão. ─ o pequeno Fábio se soltando das teias com as suas duas espadas.
César salta por sobre algumas aranhas e se concentra segurando firme a espada com às duas mãos, enquanto ele faz isso a aranha de cabeça vermelha tenta fugir, mas é tarde demais.
─ ESPADA DE FOGOOOO! ─ a lâmina da espada em sua mão pega fogo, ele então salta novamente bem alto e a arremessa, acertando bem no meio dela, que segundos depois cai morta. ─ Consegui! ─ ele comemora, mas logo em seguida os seus braços foram pegos pelas teias das aranhas gigantes e em pouco tempo teve seu corpo todo coberto. ─ Droga! Eu arrisquei tudo acreditando que se matasse aquela aranha acabaria com as demais. ─ decepcionado.
─ Estamos fritos! ─ Kelly caída ao chão, não consegue nem se mover de tão presa.
─ Vejam, ele conseguiu. ─ Cláudio olhando em volta.
As aranhas começam a cair no chão de patas para cima e morrer uma a uma. Os jovens começam a se soltar com auxílio das suas armas, uns ajudando aos outros.
─ Qual é César, sei que você poderia se livrar tranquilamente destas teias, assim como fez agora há pouco. ─ Cláudio não compreende por que ele não conseguiu se libertar outra vez, e ajuda a retirar as teias.
─ Você não entendeu ainda não é? Eu queria ter controle sobre o meu poder, mas não tenho. Sei que quando eu preciso dele ele tem funcionado, mas não sei até quando! ─ visivelmente chateado, enquanto se solta
─ Como sabia que destruindo aquela aranha destruiria as outras também? ─ Fábio, o puxando pelo braço.
─ Eu não sentia a presença do mal nas outras, então me concentrei melhor e percebi uma espécie de energia emanando da mente de uma delas, direto para a mente das demais, e era ela o ser maléfico que de alguma forma estava controlando as outras.
Enquanto todos comemoravam o fato de estarem vivos e de ter agora mais confiança ainda em seu líder, eles deram falta de um jovem e quando foram procura-lo o encontraram morto entre várias aranhas, já não tinha mais o sangue em seu corpo. César chega até o local e fica em silêncio gesticulando com a cabeça como se dissesse não.