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Chapter 55 - Axel fala com fantasmas

A noite começava tão bela quanto o dia todo foi. Axel estava animadíssimo para seu encontro. Quando ele conheceu Melissa, ele sentiu que teria uma chance de ouro com ela. Ela, além de tudo, respeitava o fato de ele ter um trabalho complicado como herói.

Possivelmente, aquela era a mulher da sua vida.

-Axel, acorda. Tá sonhando acordado. -Suzie chamou.

-Tá bem, Suzie, calma. -Ele riu.

Suzie era um fantasma. Aquele era o probleminha de Axel: ele falava com os mortos. Quando era criança, Axel vivia com sua irmã mais velha, Suzie. Ela morreu aos 13 anos. Mas Axel e ela permaneceram juntos, por todos aqueles anos. Axel ouvia os fantasmas sempre. Alguns queriam amizade, outros o aconselhavam, outros tinham arrependimentos, e outros ainda não aceitavam sua situação.

Suzie prometeu ficar com ele até o fim. E ali estava ela, tantos anos depois. Como seu pai ainda diria, 29 anos na cara e ainda tem amigos imaginários, que coisa triste, Axel. A maioria das pessoas não acreditava na existência desses fantasmas. E Axel não se dava sempre ao prazer de explicar o quê estava acontecendo.

Eram 19 horas, ele precisava buscar Melissa em casa para que eles fossem juntos para o restaurante. Aquele não era seu primeiro encontro, Axel já havia levado ela para uma caminhada no parque, já a levara para vários lugares em que não gastaram tanto. Essa foi a magia que ele teve para atrair a mulher.

-Se ficar aí sonhando acordado, não vai conseguir provar para a sua namorada que você quer namorar ela. -Suzie reclamou.

-Ah, minha irmãzinha ciumenta. -Axel sorriu e tentou afagar o cabelo intangível dela. -Eu e ela não namoramos. Ainda não. Pode ser que hoje a gente se declare um para o outro. Me deseje sorte.

-Sorte para você, irmão. Espero que se livre dela.

-Suzie, Suzie, Suzie...

-Olha a hora, pateta.

Axel se levantou e andou tranquilamente até fora de seu apartamento. Ele morava no décimo sétimo andar de um belo prédio no centro. Melissa, enquanto isso, morava em uma casinha longe dali em um bairro pobre.

Ele desceu de elevador. Alguns espíritos apareceram lá, rindo e fazendo brincadeiras. Alguns fingiam que o elevador estava para cair. Outros faziam "Bu" e riam.

Axel quando via um espírito novo esperava ele chegar perto, e gritava "Bu!" para assustá-los. Ele ria quando conseguia.

Alonso, o espírito de um senhor que era seu vizinho quando era criança apareceu ali, ao lado dele dentro do espelho.

-Está bonitão hoje, rapaz. -Alonso era um senhor brincalhão e conselheiro que Axel conheceu na infância. Ele morreu em um assalto.

Ele visitava Axel de vez em quando.

-Ah, se eu estou. -Axel arrumou a camisa social azul escura que usava. -Preciso estar o melhor do melhor para a Melissa.

-Mulheres adoram quando você se arruma. Esse é o segredo. Se esforce por ela, e ela será sua.

Axel riu.

-Calma, seu Alonso. Eu sempre faço ela rir. Ela já gosta de mim.

-Que ótimo! Aposto que essa é uma ótima mulher.

-Ah, ela é. -Axel sorriu, apaixonado.

-Eles não namoram, seu Alonso. -Suzie debochou. -Eles namoram, mas não namoram.

-Haha, então as coisas têm que mudar logo.

-E elas vão. -Axel sorriu. A porta do elevador abriu, e Axel saiu. Ele cumprimentou o porteiro com um aperto de mão e um elogio.

Ele saiu andando pela rua. E por quase uma hora, ele andou. Axel era um homem de estatura média, magro, loiro e de olhos castanhos. Ele sorria e cumprimentava pessoas aleatoriamente na rua.

Quando chegou ao Sereia da Noite às 20. Talvez um pouquinho mais tarde do quê deveria. Melissa estava próxima à porta, esperando ele. Melissa era menor que ele, loira de olhos castanhos, e sorriu imediatamente quando viu ele.

Eles correram para um abraço.

-Você está tão... Arrumado. -Ela riu.

-Não podia deixar você sair com um homem mal arrumado, podia? -Ele sorriu.

-Boa, garoto. -Alonso disse.

-Ah, você podia. -Melissa disse. -Mas veio todo pomposo por mim.

Ela cobriu a boca e deu uma risadinha.

-Beija ela logo. -Suzie disse.

-Vamos? -Ele ofereceu a mão para ela.

Ela segurou em sua mão, e eles entraram.

-E então, o quê quer? -Ele deu um cardápio a ela.

-Tem tanta coisa chique aqui. Tenho até vergonha.

-Relaxa. Eu vou pagar tudo.

-Aproveita e paga enquanto ela não come feito um boi. -Suzie disse. -Quando ela se acostumar, você tá ferrado.

-A Suzie te disse oi. -Axel riu.

-Oi, Suzizinha! -Melissa acenou.

Ela não acreditou em Axel no começo. Mas após algumas saídas deles, Axel conversou com a avó dela, e disse a Melissa algo que a senhora queria dizer antes de partir. Foi naquele dia que ele conquistou Melissa. Agora, ela se sentia protegida, e confiava nele.

-Cara, ela vai comer peixe. -Suzie disse. -Beija ela antes disso, Axel. A boca dela vai estar podre mais tarde.

-Suzie, por favor. -Alonso disse. -Deixe seu irmão.

-Que saco.

Alonso e Suzie saíram dali.

Axel e Melissa começaram a comer, e riram juntos por alguns momentos.

-Ah cara, que noite linda. -Melissa disse. -Como vai o trabalho de herói?

-Vai ótimo. Eu queria te ver hoje porquê essa semana tenho algumas missões marcadas. Fim de semana eu vou ter que ir para outra cidade, lá no meio do mato.

-Nossa! O que aconteceu?

-Tem uma equipe de heróis lá. Vamos precisar ajudar eles a se localizar para voltar para casa. Espero que não se percam por lá.

-Que droga. Eu queria te chamar em casa sábado.

-E domingo?

-Domingo pode ser também. Você pode conhecer meus pais.

-Oba!

-Que bom. -Ela sorriu. -A gente vai fazer algo depois desse encontro?

-Se quiser, podemos ir para minha casa ver algum filme, jogar videogames ou só fazer outro lanche.

-Você sabe cozinhar?

-Não. Mas a Suzie sempre me ajuda.

-Se tiver algo interessante, eu posso fazer algo e a gente come junto.

-Deve ter. Você gosta de frutos do mar?

Os dois riram.

-Muito. Mas essa comida refinada...

-Não é das melhores. -Axel olhou em volta. -Olha só.

Ele começou a tossir freneticamente. Um garçom veio até ele, rápido.

-Senhor?

-Eu... Cof... Não sei...

-Acalme-se. Aqui, pegue essa água e...

Axel pegou e bebeu a água. Ele magicamente parou de tossir. Melissa segurou a risada com todas as forças.

-Que susto. -Axel disse. -Obrigado, senhor. Acho que eu e a madame vamos indo. Peço desculpas por isso.

-Certo. Pode pagar a conta no caixa.

-A comida que eu pedi mas ainda não recebi, eu pago?

-Não precisa. Tudo bem. Pedimos desculpas.

Melissa segurou mais ainda a risada. Axel foi até o balcão e pagou. Ela segurou a mão de Axel e deitou a cabeça em seu ombro. Ela estava vermelha de vontade de rir.

-Cara... -Ela explodiu em gargalhadas. -Você fez isso mesmo! Não acredito!

-Sobe na carona! -Ele riu.

-Oba!

Ele se curvou, e ela subiu em suas costas. Axel disparou correndo, com ela rindo em cima. A brisa da primavera o fazia se sentir feliz ali. Axel parou, e desceu ela.

-Só um pouquinho.

Uma senhora de idade estava ali andando, carregando algumas compras com dificuldade. Axel chegou perto dela, ao mesmo tempo que um enorme homem de cabelo grande.

-Deixa que eu ajudo! -Os dois disseram ao mesmo tempo.

-Nossa, meninos. -A senhora disse. -Eu estou perto de casa, tudo bem.

-Já andou muito com essas compras? -o homem perguntou.

-Sim. Eu consigo.

-Ei rapaz, -O homem disse. -Carregue as compras.

Axel estava pegando as sacolas da mão dela. O homem então sorriu e ergueu a senhora no colo.

-Boa! -Axel disse.

-Calma, calma! -A senhora disse, entre risadas.

-Tudo bem, tudo bem! Só mostre o caminho e a gente te leva! -O homem disse.

-Tá bem, tá. -A senhora começou a guiar os três.

Os quatro riram e conversaram enquanto seguiam o caminho. A senhora não estava perto de casa, mas os agradeceu quando chegaram, e os três saíram de lá.

-Cara, que legal da sua parte. -Axel sorriu. -Eu sou o Axel.

O homem apertou a mão dele e de Melissa.

-Olá, eu sou o Ninguém. Foi um prazer encontrar um casal tão gentil.

Melissa apertou a mão do homem.

-Eu sou Melissa.

-Olá, Melissa. Agradeço pelo momento. Não esquecerei isso. Adeus, Axel, adeus, Melissa.

Ninguém se virou e foi embora.

Suzie estava ali, olhando para a cena.

-Axel... -Ela disse. -Tem alguma coisa esquisita naquele cara.

-O quê? -Axel olhou para ela. Melissa estranhou ver Axel olhando para o nada e falando.

-Ele parece... Perigoso. Deve ser algum tipo de espião.

-Ele colocou algo em algum de nós? -Axel se olhou.

-Não. Mas ele tem uma certa aura. Sei lá.

-Algo errado? -Melissa perguntou.

-A Suzie achou aquele homem assustador.

-Nossa. Um espírito com medo.

-Não é medo! -Suzie gritou.

-Ela disse que ele é muito assustador. Bom, não vi nada suspeito nele.

-Nem eu. -Melissa respondeu.

-Mas vamos embora. -Axel disse.

Melissa subiu em suas costas, e ele correu. Correu até chegar no prédio que morava. Ele cumprimentou o porteiro novamente, que sorriu ao vê-lo. Alguns vizinhos deram oi a ele.

Os dois subira para o apartamento.

Suzie, de seu ponto de vista estava certa. Ninguém poderia ser uma pessoa ruim, se responsabilizado pelas ações que os membros da organização tomava. Mas até aquele momento, Ninguém era apenas um homem comum. Um homem como Oblivion, como o Doutor, um homem como Axel e como Julian.

Mas nada daquilo importava agora. Enquanto Melissa e Axel estavam juntos, os Mirai ansiavam pelos próximos dias: Erine e seus amigos pelo próximo encontro com Luci e Gerard, Hector e seus amigos pela viagem de fim de ano.

E Lótus e sua equipe estavam prontos, sua missão havia acabado de começar. Eles já estavam a caminho do acampamento onde os Mirai passariam seu fim de ano. E assim, a noite de sábado acabou, repleta de sonhos.