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Chapter 3 - O Dever de um Rei (Parte 3)

Em um mundo sem leis, o único poder capaz de manter as pessoas sob controle é a força. É a força que determina quem tem poder e quem não tem, quem tem direito de falar e quem deve ficar calado. Seguindo esta lógica, assim foram decididos os reis de cada um dos cinco continentes, com base na força.

Dentre as várias raças que habitavam no mundo, a mais poderosa era a dos dragões, eles eram seres que poderiam viver por mais tempo do que quase todas as outras raças e tinham o maior poder de fogo dentre elas, seja literalmente ou não. Até mesmo dentre os dragões existia uma hierarquia, ela não apenas definia qual era o dragão mais poderoso, mas também o destino de cada um.

Os dragões da menor posição na hierarquia eram chamados de Wyverns, que eram basicamente pseudo-dragões, seguido por Dragões Terrenos, que eram a maioria, os Dragões Celestiais, que nasciam a cada vários milênios, destes existiam apenas nove em todo o mundo, acima destes existiam apenas os Dragões Ancestrais, que, bem, eram seres que existiam, mas não havia relatos do nascimento de nenhum além dos que existiam; eles vivem por quantidades desconhecidas de tempo, pois nenhum deles morrera até então, e possuem um poder único pertencente a uma das cinco Energias Fundamentais do universo.

Wyvern ➡️ Dragão Terreno ➡️ Dragão Celestial ➡️ Dragão Ancestral

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Após perceber que as tropas inimigas haviam recuado a uma distância segura, Begin iniciou seu ataque. O corpo dele desapareceu como mágica e reapareceu bem em frente à Raiju.

Ele desferiu um rápido golpe com seu punho, daquela distância parecia ser impossível desviar, mas a cabeça de Raiju ainda se moveu para o lado e desviou com sucesso. Faíscas roxas seguiram o movimento da cabeça dela.

Sem esperar um segundo sequer passar, Raiju gira sua perna, alvejando a cabeça de Begin chutar. Como antes, faíscas roxas seguiram o movimento de sua perna.

Antes que o chute de Raiju acertasse Begin, o corpo dele desapareceu novamente e mais uma vez reapareceu, agora, atrás dela. Assim que surgiu, ele se abaixou e tentou dar uma rasteira nela.

Raiju não precisou procurá-lo para saber onde ele estava, pois ela pôde ouvir. Antes que a perna de Begin a derrubasse, ela pulou bem alto. Muitas faíscas roxas seguiram seu movimento.

Begin, então, surge acima de Raiju e a chuta para baixo como se tentasse fazer um gol de bicicleta. Estranhamente, enquanto Raiju caía rapidamente em direção ao chão, Begin é lançado para cima e cospe uma bocado de saliva, algumas faíscas roxas piscavam em sua barriga.

Raiju afunda no chão, causando uma grande explosão de areia. No entanto, assim que seu corpo toca ao chão, ela se levanta e, como um raio inverso, pula para cima. Antes que ela pudesse prever, Begin surge mais uma vez, agora um pouco abaixo de sua cintura e a golpeia sem piedade.

Raiju é enviada para longe como uma bola de canhão, mas Begin também é enviado voando, porém seu corpo voa girando e girando. Faíscas roxas piscavam em seu rosto.

Do início da luta até agora, apenas três segundos haviam se passado.

Cada Dragão Ancestral tinha um título que se referia ao poder que possuía, o de Begin era o Soberano do Espaço e o de Raiju era a Dama dos Raios.

— Você nem deve sair de casa, mas não fica sedentária nunca — disse Begin, pausando um pouco para conseguir respirar.

— Está me chamando de gorda?!

— Eu jamais faria isso, mas mesmo que dissesse, não mudaria o fato que você é a mais bela de todas.

— Isso é hora de fazer elogios?

— Se você me matar, eu não vou conseguir, então que hora melhor do que agora?

— Continuemos então — disse Begin.

— Vamos!

Os dois desapareceram de suas posições sem deixar vestígios, embora uma trilha de raios pudesse ser considerada como tal.

De repente, Begin aparece caído na areia, suas roupas estão repletas de marcas de chamuscado, além de estar envolto por várias faíscas roxas. Raiju surge não muito longe dele e diz:

— Chocante, não?

— Muito...

Então, uma aura explode a partir do corpo de Begin e destrói todas as faíscas que o envolviam e entorpeciam seu corpo. Antes que Raiju conseguisse se afastar, uma pressão enorme faz com que seu corpo fique muitas vezes mais pesado e ela não consiga andar.

— E aí? Qual o gosto de beijar a areia? Aposto que não é doce como os meus lábios — disse Begin, um pouco irritado pela piada sem graça que ela fez. Neste momento, ele estava controlando a gravidade em torno dela.

— Hmpf — bufou.

De repente, um relâmpago assustador brilha nos céus nublados, um trovão de arrepiar a alma irrompe e um raio roxo sinistro descende sobre Raiju. Então, sons de caco de vidro quebrando soam, parece que a cúpula de gravidade que envolvia Raiju havia sido dilacerada. Em seguida, ela se levanta e cospe a areia que estava em sua boca.

— Hahahaha — Begin ri.

Raiju fica envergonhada e acaba corando por causa da provocação de Begin. Irritada, ela aponta um dedo para ele, então um raio despenca do céu e atinge o risonho homem à queima roupa. Todo o corpo de Begin fica preto devido ao raio, ele, então, para de rir.

— E aí? Quem tá rindo agora?

— Urgh!... — Begin desaparece de sua posição, e a batalha recomeça.

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A batalha estava tão intensa que os dois dragões não perceberam a passagem do tempo, como dragões, eles não precisavam se alimentar com tamanha frequência quanto as raças menores, tampouco precisavam dormir tanto. Nove dias e nove noites se passaram sem que os dois dragões percebessem.

A praia de antes havia deixado de existir, agora apenas pedras e poços aleatórios haviam sob seus pés.

Uma verdadeira zona de guerra.

Begin estava caído no chão, agora em sua forma humana, que era a forma mais fraca, toda a sua roupa havia sido pulverizada, seu corpo estava preto, vários cortes o cobriam e marcas de sangue há muito tempo seco também. Ele havia sido eletrocutado tantas vezes que havia eletricidade até mesmo dentro de seu corpo, o que o deixava com dificuldade de respirar e de se mexer.

Com exceção dos raios, Raiju estava em uma condição semelhante, ela também estava carbonizada devidos aos constantes golpes flamejantes de Begin, seu corpo não tinha tantos cortes, mas tinha mais marcas de punhos. Ela estava caída no chão, olhando para o céu, ou era o que ela julgava ser já que sua visão estava muito embaçada.

Ambos estavam sem forças, nem falar eles conseguiam, parecia que estavam em seu momento final. Nada se dava para ouvir, era um silêncio absoluto, ou talvez a audição deles já houvesse sido perdida, mas, enquanto se esforçavam para continuarem vivos, puderam ouvir três poderosos estrondos, como se algo acabasse de cair no chão.

— Vo- *cospe sangue* Vocês...? — murmurou Begin.

Neste momento, três seres haviam acabado de chegar ante eles, eram os restantes Dragões Ancestrais, o Dragão Negro, o Dragão Primaveril e o Dragão Prateado.

Como se reagisse ao som da voz de Begin, Raiju moveu a cabeça lentamente para o lado, apenas para ver a forma dos Dragões Ancestrais, mas que era inconfundível para ela.

— O que vieram *tosse* *tosse* fazer aqui?

— Eu posso ver em seus olhos que você já sabe o motivo de nossa chegada — disse o Dragão Primaveril.

Raiju, que até então parecia estar com o pé na cova, cuspiu um bocado de sangue e rugiu:

— MALDITOS!!

*Estrondo*

O Dragão Primaveril surge na frente de Raiju e a chuta na face com um golpe tremendamente forte, lançando-a voando por quase dez metros. Ela então perdeu a consciência.

— Você está basicamente morta, mas consegue ser arrogante?! Há eras eu ansiava por este momento, por quando eu a teria em minhas mãos, infelizmente, você era forte demais, mas olha agora, onde está toda a sua força? Neste momento, eu posso acabar com vocês de olhos vendados e com as mãos amarradas, então fiquem quietos e aceitem o seu destino.

— Não precisa fazer isso, Zeck — olhando para Begin, continuou. — Nós não vamos matá-los, mas você entende muito bem o porquê de estarmos fazendo isso, não é mesmo, irmão? — disse o Dragão Prateado, parecia haver culpa em seu tom, provavelmente tomar tal escolha não fora fácil.

Begin apenas olhou para o Dragão Negro, como se esperasse que ele dissesse algo, mas o outro não lhe deu atenção, ele apenas virou o rosto e disse:

— Vamos logo com isso, temos que decidir como vamos dividir o Continente Central.

Então, um velho corcunda coberto por uma capa negea surge por detrás do Dragão Branco e se dirige até os dois dragões caídos.

— São estes dois? — perguntou ele.

— Sim, faça o que veio fazer.

O homem estava encapuzado, não dava para saber quem ele era, mas era maior que um humano e menor que um gigante.

NT: Humano - 1,4 ~ 2,1m / Gigantes 4 ~ 7m

*Murmurinho*

Com um cajado em punho, o homem começou a pronunciar algumas palavras, mas o som era incrivelmente baixo, nem dava para discernir o que ele falava, mesmo para os Dragões Ancestrais.

De repente, o corpo de Begin e Raiju começaram a brilhar com uma forte luz dourada, a luz se intensificou mais e mais, ao ponto de que nem os Dragões Ancestrais conseguiram continuar olhando para ela. Mas, depois de um tempo, a luz desapareceu e, com ela, os dois dragões.

— Está feito? — perguntou o Dragão Negro.

Mas o homem havia desaparecido.

— Finalmente, eles ficarão presos para sempre, hahahaha — disse o Dragão Primaveril enquanto gargalhava.

Vendo que não havia razão para continuarem ali, os três dragões alçaram voo e foram embora, apenas a destruição permanecia no lugar. O Dragão Primaveril comemorava que agora podia viver no continente central, o Dragão Branco questionava-se se teria feito a coisa certa, será que eles não se arrependeriam em alguma hora? Ele não conseguia deixar de pensar nisso. O Dragão Negro, no entanto, lembrava-se de uma antiga memória, de quando ele ainda era jovem e batalhava lado a lado com o ainda não entitulado Soberano do Espaço, de como eles eram irmãos de guerra, mas agora era apenas uma lembrança de um passado que jamais retornaria a ele. Sem que ninguém percebesse, uma gota de lágrima saiu do olho direito do Dragão Negro e foi carregada pelo vento, ninguém jamais saberia o que eles haviam feito, mas ele sabia.

* * *

Palácio, Continente do Sul, alguns momentos antes.

Todos os Sete Generais estavam olhando para um cristal dourado que brilhava fracamente. Todos estavam com os nervos a flor da pele e rezando para que aquela luz fugaz brilhasse novamente com a intensidade de outrora.

Todos estavam muito tensos, pois a cada segundo que passava a luz diminuía ainda mais, ficando cada vez mais fraca.

A mão de alguns sangrava com tanta força que apertavam o punho, cada segundo para eles parecia durar anos.

De repente, o cristal rachou e se quebrou em pedaços.

Normalmente, o orbe de vida deveria apagar quando o dono morresse, mas esse havia se despedaçado, o que nunca havia acontecido.

Todos olharam para o cristal que se partira, incrédulos, era isso que eles estavam vendo verdade? A sala estava em silêncio, mas, então, todos apenas puderam ouvir o som do gotejamento de lágrimas, todos estavam chorando pela morte de seu rei, lágrimas tão profundas e sinceras, que só evaporaram ao tocar no chão. Até Phoebe, que nunca havia chorado, nem mesmo em seu nascimento, estava chorando agora.

Então, eles gritaram e lamentaram com toda a força, pois essa era uma perda insubstituível.