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Chapter 22 - Quarto frio, janela fechada, praia quente no domingo

Talvez seja essa estranheza minha que não me permitiu ter você por perto.

Como meu amigo falou.

O jeito que eu falo, o jeito que eu me expresso, tudo isso só mostra que sou estranho, um esquisito.

Minha voz... Meus pensamentos... Tudo... Absolutamente tudo é coisa de trouxa e idiota.

Eu chorei

Quando disseram isso.

Chorei.

Fiquei frustrado.

E chorei.

Eu entendo ela.

Eu entendo vocês.

Não queria existir.

Desde o momento em que nasci nunca quis ser eu.

Nunca quis ter nascido para começo de conversa.

E não quero viver.

O tempo que passei ao seu lado, naquele sofá, pequenos instantes que foram muito especiais pra mim.

Se tivesse um pouco dessa coragem teria agarrado tua mão e sorrido para você.

Mas acho que mais feliz ainda seria se você tivesse agarrado minha mão e sorrido pra mim.

De qualquer forma, dois eventos impossíveis.

Se meus amigos lessem isso agora iriam dizer.

"Para Gabriel, você é muito estranho, você dá muita vergonha, é muito esquisito"

"Olha essa tua voz de locutor, que ridícula kkkkkk"

Eu odeio minha voz e odeio-me também.

Ontem me falaram que era um mentiroso patológico e então fui olhar a descrição do termo:

"...Pessoas com essa desordem não têm um nível adequado de consciência, chegam a perder a dimensão da realidade e tendem a misturar fantasia e fatos da vida real — em suas histórias e em sua própria mente."

Eu me pergunto... seria essa... a minha lógica?

Acho que tem muitos motivos para "você e eu" não ser "nós".

E 90% disso sou eu mesmo a causa. É minha mesmo a culpa.

Odeio-me.

Odeio-me por escrever 'odeio-me' no lugar de 'me odeio'.

Vocês falaram isso, por tentar melhorar meu português fiquei mais estranho.

Quero morrer.

Sem dor e logo.

Meu único e sincero desejo.

Pressuponho desde já que não entendam, que você dirá ser falta de uma entidade divina ou talvez de uma boa surra de cinta.

Afinal, pra vocês (quando é comigo) é assim que pode ser facilmente resolvido e tratado.

Me disseram que não posso ser e nem sou o último romântico.

Que esse título não é meu.

Já me disseram várias vezes que nunca poderia ser o herói.

Então quis ser o vilão.

Nem isso.

Disseram-me que eu sempre estive errado e nem se quer um vilão eu poderia ser.

Repetindo.

"Você não é nada Gabriel".

Repetindo.

Eu não sou nada.

Tudo bem, já esperava mesmo.

Só mais um louco.

Com problemas na cabeça.

Um doente.