Corto flores no jardim de casa.
Todas mortas.
Terra infértil e podre.
Sou o resultado dos erros de ontem.
Tive tempo de sobra, aliás, eu sabia que tinha esse tempo. Sabia desde criança que eu poderia usar esse tempo para estudar mais coisas, mas não o fiz.
Agora...
Estou aqui, sentado em uma cadeira velha, em um quarto escuro, teto mofado, meio gordo e apático sobre tudo.
Coletânea de erros.
A forma como vejo o mundo deriva desses erros, e eu gosto dessa mentalidade que tenho atualmente. Gosto de toda a experiência que adquiri, mas queria ter o corpo antes mesmo de cometer esses erros, preservando apenas a minha mente.
Seguir adiante com a mesma capacidade mental, não porque seria mais fácil, mas para não cometer os mesmos erros novamente.
Arrependimento...
Tenho esse sentimento sobrando.
Quero desaparecer.
Mais do que ontem.
Menos do que amanhã.
Fracasso.
Novamente o fracasso.
Não sei o que é o sucesso.
Poderia ter mudado, mas agora...
É tarde demais.
Gostaria que fosse uma locução adverbial, para que fosse fácil de entender.
Um fim é necessário, histórias longas são difíceis de terminar com finais bonitos.
Por isso, quero desaparecer logo.
Corto, corto, corto, corto e corto.
Paro.
Bate.
Coração pulsante.
Sem sentido poético, é um portfólio cheio de erros ortográficos.
O que, sem o, pois está errado.
Tudo que eu faço estará, em algum momento, errado.
Devo anunciar meu erro com letras maiúsculas?
Amarra, amarra, amarra, amarra e amarrava.
Gosto do som das coisas.
Esfrega.
Som das palavras.
Esquizofrenia.
Existe uma palavra feia? Não sei.
Mas há palavras que machucam só de serem ditas.
Quero chorar.
Desculpe.
Não sou bom o suficiente.
Não me esforcei o suficiente.
Meu corpo está cansado.
Quero terminar tudo com sons.
Tiro!
Aliteração desimaginativa.
Reticências.