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Chapter 25 - Quimera de ideias

Não gosto de elogios, são mentiras.

Finjo ser confiante, finjo ser inteligente, e finjo ainda mais ser bom no que faço.

'Você fez bem... Esforçou-se muito... Está muito bom...'

Essas e outras mentiras venenosas me deixam para baixo.

Consigo ver o que está ruim, o que não foi feito direito. Vejo os erros gramaticais, a falta de coerência textual, e sei que não sou o suficiente (em todos os aspectos possíveis).

Estou ciente da insuficiência, onde não falta nada, mesmo sendo insuficiente em sua totalidade.

Percebo que está tentando me consolar, vejo a compaixão em seus olhos, a pena pela minha situação.

Só consolamos os perdedores, só temos pena dos miseráveis, e só sentimos dó dos esquecidos.

Lamentando e choramingando em um bloco de notas, vá em frente, pode rir de mim.

Não sei se vou publicar isso. Quantas páginas isso se tornará? Quantas amizades vou arruinar por causa de um simples livro?

Estou gastando tempo em inutilidades. Pessoas são um dreno de energia, pessoas consomem tempo.

Existem várias coisas que fazem meu coração apertar, como se estivesse sendo esmagado por uma mão. Não é uma dor física, mas machuca.

Já experimentou a dor de terem levado tudo o que tinha em suas mãos? Ou pior, ver as coisas nas quais confiava simplesmente partirem.

Aquele que tomou e esmagou minha honra, felicidade, desejos e autoestima olha para mim com desdém, como se fosse um animal moribundo.

O que fiz?

Nada.

O que as pessoas conseguem comigo? Um mentiroso compulsivo que mente mesmo ao dizer que está mentindo.

Sempre sabendo que não tinha nada, isso me foi mostrado.

Chega a um ponto em que sinto preguiça de sequer sair da cama, porque, olhe, a lama e a água suja no fundo do poço acabam se tornando confortáveis.

Só quero parar e deixar minha validade expirar.

Antes, sentia uma tristeza após o meu rito diário, consumindo-me momentaneamente.

Entretanto, há alguns dias que não sinto mais, não importa como sigo meu ritual. Está sempre ali, pesando na minha mente, deixando o cansaço exalar.

Posso dizer que desisti, não sou mais capaz de seguir adiante. Não tenho alegria refletida em meu rosto.

Não conheço as ligações químicas, não entendo as fórmulas da física, não sei da genética e singularidade da biologia, não sei classificar a linguagem do português e falho mais do que nunca nas questões de história, sociologia e filosofia.

Mesmo querendo saber, não me esforço mais.

Sempre encontro desculpas na minha mente: 'Estou cansado hoje' ou 'Deveria ter dedicado mais tempo aos estudos'.

A areia da ampulheta escorre entre meus dedos e não consigo fazê-la parar de cair.