Era uma escolha extrema...
Feita apenas quando a coragem de morrer era maior do que a coragem de viver.
Apegar-se à vida?
Somos os únicos que sabem da própria morte, os únicos que desejam-na tanto quanto possível e os únicos que se agarram à vida apesar de tudo isso.
Talvez todo esse aspecto faça parte da própria natureza, assim como sinto que estarei fadado a viver numa eterna solidão em meio à desventura de estar vivo.
Que tom melódico e trágico! Há tantas coisas lindas na vida e na morte!
Porém...
Não quero ser melodramático, mas realmente considero que ficarei sozinho.
Não é por culpa de alguém ou algo assim, é simplesmente como deveria ser.
Não enxergo mais graça nesta vida, se é que alguma vez houve.
Não procuro palavras de conforto dizendo que amanhã será um dia melhor, porque, até então, não será.
Não estou buscando conselhos para não me matar ou algo assim, não farei isso por ora.
Precisaria de mais motivos para apontar para meu crânio antes de apertar o gatilho.
Certa vez, uma amiga me enviou uma foto simples, que continha a etimologia da palavra "inefável".
Respondi a ela de forma sincera, um lado meu que eu nunca havia mostrado antes, um eu onde não estava sorrindo, mas ainda era eu.
Foi há alguns meses. Acho que não era mais conveniente para ela continuar a conversar comigo.
Não posso julgá-la; foi a melhor escolha.
Quando sugeri que eu era um incômodo, ela concordou, mantendo-se em silêncio.
Sim, estava certa. Foi uma perda de tempo.