Ren acordou com a primeira luz da aurora, os cogumelos em seu cabelo brilhando com uma radiação suave.
Ele havia sonhado com rotas de evolução e caminhos de poder, mas entre todo aquele conhecimento, uma ideia simples havia se cristalizado.
Seus pais eram cozinheiros.
Vestiu-se rapidamente e desceu para a cozinha. Como esperado, seus pais já estavam lá, preparando o pão do dia.
"Papai?" ele chamou suavemente. "Posso te perguntar algo sobre cozinha?"
Seu pai se virou, surpreso.
Ren nunca havia demonstrado muito interesse nos detalhes técnicos da cozinha, e embora sempre ajudasse, ele não fazia isso para aprender.
"Quando você faz pão," Ren continuou, "por que você deixa a massa descansar por exatamente doze horas?"
"Bem," seu pai sorriu, sempre feliz em compartilhar seu conhecimento com seu filho, "é o tempo que o fermento natural precisa para..."
"E se alguém te dissesse que você só precisa de duas horas?"
Seu pai franziu a testa. "Não funcionaria da mesma forma. A fermentação precisa..."
"Como você sabe?"
"Porque eu já tentei. Todos os padeiros tentaram. Buscamos atalhos no início, mas com o tempo você aprende que alguns processos simplesmente precisam de seu tempo."
Ren sorriu. "E se alguém te dissesse que você está perdendo seu tempo? Que doze horas é demais, que ninguém espera tanto tempo..."
"Então," seu pai cruzou os braços, "eu mostraria para eles dois pães: um com duas horas de descanso e um com doze. A prova está no resultado."
"Mesmo se todo mundo dissesse que você está louco por esperar tanto tempo?"
Um lampejo de compreensão apareceu nos olhos de seu pai.
"Isso não é sobre pão, é?"
"Mamãe, Papai," Ren chamou a atenção deles, segurando centenas de pequenos cristais de mana que ele havia coletado ao longo dos anos. "Antes de eu ir para a escola, vocês poderiam me prometer uma coisa?"
Cristais de mana tão pequenos não eram muito valiosos, você precisava de cerca de 5 para comprar um pão decente. Mas Ren estava oferecendo cerca de 500 (cerca de 50 dólares antes que você sinta a necessidade de perguntar), uma quantia bastante significativa para uma criança.
Seus pais trocaram olhares.
O tipo de olhar que adultos compartilham quando uma criança está prestes a dizer algo que vai partir seus corações.
"Eu encontrei... Eu encontrei uma maneira de tornar suas plantas mais fortes," Ren continuou, tentando soar confiante apesar do nó em sua garganta. "É um ritual que leva mil dias, mas..."
"Eu prometo," Ren disse firmemente, "que se vocês confiarem em mim e seguirem exatamente o que eu digo por mil dias, suas plantas alcançarão o poder de uma besta de Classificação Bronze 2."
"Filho..." seu pai começou ceticamente.
"Como o pão, Papai. A prova estará no resultado."
"Oh, querido," sua mãe ajoelhou-se diante dele, seus olhos umedecendo novamente.
"Eu sei que parece impossível," Ren continuou rapidamente. "Mas você só precisa absorver isso todos os dias. Com esses cristais de mana, e..."
Ele entendeu o que eles estavam pensando, seu pequeno filho, desesperadamente tentando convencer a si mesmo e a eles de que tudo ficaria bem, que seu fungo fraco e as plantas maduras deles não significavam um futuro de miséria.
"Por favor," ele sussurrou. "Só... só me prometam que vão tentar. Por mil dias."
Seu pai enxugou lágrimas com o dorso da mão. "Filho..."
"Mesmo que vocês não acreditem em mim. Mesmo que vocês achem que é tolice. Só... só façam isso. Por favor."
Seus pais olharam um para o outro novamente, desta vez com uma mistura de dor e amor tão profundos que Ren sentiu seu coração se partir.
"Claro que faremos," sua mãe o abraçou, sua voz tremendo. "Todos os dias, sem falta."
"Mil dias," seu pai concordou, juntando-se ao abraço. "Nós prometemos."
Seu pai olhou para um cristal de mana, depois para sua planta.
"O que precisamos fazer?"
Ren sabia que eles estavam apenas acompanhando. Que eles pensavam que esta era sua maneira de lidar com o trauma de ter a besta mais fraca, de ter que partir para a escola onde seria ridicularizado por anos.
Mas eles haviam prometido tentar. Eles nunca haviam quebrado uma promessa com ele.
E por enquanto, isso era o suficiente.
♢♢♢♢
Os últimos seis dias haviam passado em um borrão de instruções detalhadas e práticas sobre como processar o cristal.
Seus pais seguiram cada passo com uma dedicação que partiu o coração de Ren, não porque acreditavam que funcionaria, mas porque não suportavam ver a esperança nos olhos de seu filho desvanecer.
Agora Ren tinha 2 anos para conseguir para eles 2 runas de vitalidade, ele teria que pagar cerca de 20.000 cristais ou encontrar uma maneira...
Ele veria como conseguir; se a escola fosse como diziam, talvez não fosse tão difícil... ou talvez fosse.
Agora, enquanto arrumava suas últimas coisas, Ren revisava mentalmente os requisitos para a evolução de seu próprio esporo.
Os componentes eram significativamente mais exigentes do que os cristais de mana e o pólen que seus pais precisavam.
Felizmente, a Academia Imperial de Cultivo e Evolução não era apenas qualquer escola. Era uma das três instituições mais prestigiadas da cidade, se não a mais prestigiada, com laboratórios extensos, milhares de técnicas especializadas de cultivo, e, segundo rumores, até ruínas antigas em seus terrenos.
"Você tem tudo pronto?" sua mãe perguntou da porta, segurando um pacote de comida que ela havia preparado para sua jornada.
Ren assentiu, tocando inconscientemente no Núcleo de Louva-a-deus que estava ao lado dos pratos e do fungo dourado em sua bolsa.
Eles não acreditaram como ele havia obtido essas coisas, embora fingissem… como poderiam acreditar em algo assim?
Os cogumelos em seu cabelo brilhavam suavemente enquanto ele abraçava seus pais pela última vez.
Em um ano, quando ele retornasse, suas plantas teriam completado quase um terço do ritual. E em menos de 3 anos, embora eles não acreditassem ser possível agora, elas alcançariam um poder que mudaria suas vidas.
Ele mal podia esperar para voltar pela segunda vez e lhes dar suas runas como presente.
"Lembre-se, não perca nenhum dia," foram suas últimas palavras antes de embarcar na carruagem que levaria os novos alunos.
Enquanto as rodas começavam a girar, Ren respirou fundo.
Os próximos anos seriam difíceis; ser a criança com a besta mais fraca em uma das academias mais prestigiadas não seria fácil.
Mas ele tinha um plano. Ele tinha um conhecimento que ninguém mais possuía. E mais importante, ele tinha algo a provar.
A carruagem afastou-se dos arredores, rumo ao coração da cidade, onde os pináculos da Academia Imperial se erguiam como lanças contra o céu matinal.
Era hora do garoto com o "fungo inútil" começar seu verdadeiro caminho para o poder.