Download Chereads APP
Chereads App StoreGoogle Play
Chereads

Através das Ondas

Isabelle_Garcia_9056
7
chs / week
The average realized release rate over the past 30 days is 7 chs / week.
--
NOT RATINGS
379
Views
Synopsis
Em uma pacífica cidade litorânea, Malia vive sua paixão pelo oceano. Filha de um fabricante de pranchas, ela não só é uma surfista talentosa, mas também cria pranchas que são verdadeiras obras de arte. As praias são seu lar, e suas manhãs são marcadas por ondas e ventos salgados. Tudo perfeito, até a chegada de Patrick, um competidor rico, que desembarca na cidade para o maior torneio de surf do ano. Patrick, com seu comportamento inicialmente soberbo começa a se transformar à medida que conhece Malia, cuja simplicidade e amor pelo mar revelam um mundo novo e emocionante. Entre ondas gigantes, Malia e Patrick precisam navegar pelos caminhos incertos do amor. Será que o amor será suficiente para ultrapassar as barreiras sociais e pessoais que os separam?
VIEW MORE

Chapter 1 - Capítulo 1

Ultimamente, não sei bem o que ando fazendo com a minha vida. Depois de descobrir coisas sobre mim que jamais imaginaria, resolvi simplesmente deixar a vida me levar para onde quiser. Daqui a dez dias, faço 22 anos, e tudo o que consigo pensar é em como o tempo está passando rápido.

Minha casa é linda. Meus pais deixaram para mim antes de partirem, e não pretendo sair daqui nunca. O quintal é o meu lugar favorito no mundo, meu refúgio, meu consultório terapêutico.

Apesar de ter nascido e crescido aqui, não tenho amigos na cidade. A praia é maravilhosa, e o que torna tudo ainda melhor é o fato de ser pouco frequentada, por ser distante de tudo. O mar é meu único amigo.

Depois de pegar algumas ondas, fiquei sentada na beira da água, observando o céu azul e completamente limpo. Lembrei dos dias em que brincava com meus pais exatamente aqui, nesse mesmo lugar. Foi nessas águas que peguei minha primeira onda, tomei meu primeiro banho de mar. Esse pedaço do mundo é sagrado para mim.

Morei três anos com minha tia para terminar os estudos, mas voltei correndo assim que pude. Nunca pensei em faculdade ou qualquer outra coisa do tipo. Sempre tive uma visão boa do futuro, mas amo meu estilo de vida aqui.

Meus pais se foram quando eu tinha 15 anos. Parece que foi ontem. Meu pai era shaper, criava pranchas de surf, e minha mãe era artista, pintava quadros incríveis e os vendia.

A cidade está em semana de feriado, a época do ano em que fica mais cheia. Durante a noite, as pessoas costumam vir para essa praia mais afastada da cidade para fazer luau, ver as estrelas... E hoje é esse dia.

Estava absorta em pensamentos quando vi uma garota se aproximando.

— Oi! Desculpa incomodar. Você é a Malia?

— Sou eu mesma. Posso ajudar?

Ela era morena, de cabelos curtos e cacheados. Linda.

— O Ray me disse que te encontraria por aqui. Prazer, Layla!

Ela estendeu a mão com um sorriso caloroso, e eu me levantei para cumprimentá-la.

— Que prancha linda! Você que faz?

— Sim, como sabe?

— Me disseram que você faz as melhores pranchas de surf da cidade — riu. — E estou muito interessada em uma... Na verdade, algumas.

— Sério? Você surfa?

— É o que eu faço de melhor.

— Já gostei de você.

— Haha, e eu de você.

— Vem, vou te mostrar algumas.

Levei Layla até minha oficina. Meu pai me ensinou técnicas que nenhum outro shaper conhece, e pelo jeito dela, pelas roupas, percebi que Layla era uma garota rica da cidade. Não parecia patricinha, mas era bem simpática e carismática.

— Essas são as melhores que tenho. A que você viu na praia é desse tipo, são minhas favoritas. São leves e flutuam na água com muita facilidade.

— Eu amei, Malia! Você consegue personalizar?

— Com certeza. Do jeito que quiser.

— Ótimo! Vou querer três dessas. Posso te passar meu número? Vou te enviando algumas ideias.

Ganhei meu dia. Três pranchas dessas custam uns cinco mil reais cada. Trocamos números, e levei Layla até a porta.

— Malia, hoje à noite vou fazer um luau na praia, com alguns conhecidos. Você toparia ir?

Pensei em recusar, mas não queria passar a noite de sexta-feira assistindo Friends com meu gato. Apesar de ser uma ótima programação...

— Ok, acho que vai ser legal.

— Eba! Passo aqui às 19h.

— Fechado.

Ela foi embora sorrindo de orelha a orelha. Talvez seja hora de me permitir ter amigos. Estou muito solitária. Por mais que o mar seja meu melhor amigo, ele não fala... e sinto falta disso.

**

Enquanto esperava a hora do luau, desenhei alguns modelos de prancha para mostrar a Layla. Ainda precisava finalizar algumas encomendas antes de começar as dela. Felizmente, os clientes do meu pai se tornaram meus clientes, então sempre tenho trabalho.

Sentei na rede da varanda, e Lorax, meu gatinho, veio até mim.

— Oi, garoto! Onde você se meteu?

Peguei-o no colo e aconcheguei comigo na rede. Fechei os olhos com o som do mar e, sem perceber, adormeci.

Fui despertada por batidas na porta.

— Ooi! Ué, desistiu de ir?

Era Layla.

— Nossa, me desculpa! Acabei dormindo na rede e perdi a hora. Entra, prometo que não demoro.

— Sem problemas, gata.

Corri para tomar banho. Escolhi um short branco soltinho e um top verde de pintinhas brancas. Fiz minha maquiagem de sempre — só rímel e gloss, porque não sei me maquiar direito. Peguei meu chinelo e minha bolsinha.

— Que gatinha! Miau. Vamos, que já estamos atrasadas.

Caminhamos pela praia, conversando. O luau não era longe, em menos de dez minutos chegaríamos.

— Você mora por aqui? Nunca te vi nessas bandas.

— Me mudei faz algumas semanas. Meu pai montou uma empresa aqui, e minha mãe nasceu na cidade, então quis voltar. Topei na hora! Antes, eu tinha que dirigir uma hora todo dia só para surfar.

— Nossa! Imagino a agonia. Fiquei três anos longe do mar, basicamente.

— O que rolou?

— Morei com minha tia em Nova York para terminar o ensino médio. Ela morava longe demais da praia, então era impossível.

— Nossa, que tristeza. Eu não aguentaria! O mar é meu retiro espiritual... e, futuramente, meu trabalho.

— Como assim?

— Quero ser surfista profissional. Mas meu pai quer que eu estude administração para um dia cuidar do império dele.

— Uma imperatriz e seu império. Que responsabilidade!

— Nem me fale...

Quando chegamos ao luau, fiquei aliviada ao ver que não havia mais de dez pessoas. Não gosto de lugares lotados.

— Pessoal, essa é a Malia! Ela já é de casa.

Fiquei sem graça. Layla me apresentou a todos, e logo sentamos em um sofá de areia improvisado. A ideia era genial. Conversamos, rimos, bebemos um pouco.

Então, chegaram mais duas pessoas. Um era loiro, estilo Ken da Barbie. O outro, moreno, modelo de capa de revista, com um sorriso perfeito e cabelos mais sedosos que os meus.

Layla os trouxe para perto.

— Malia, esse é o Luck, meu namorado, e esse é o Patrick, namorado do meu namorado.

— E aí?

— Oi, Malia, prazer! Já ouvi falar de você. Suas pranchas são iradas.

— Igualmente! Pode fazer propaganda por aí, te dou um desconto.

Patrick apenas me encarou, de braços cruzados.

A noite foi agradável, mas aquele cara não parava de me olhar.

— Malia, acho que alguém está interessado em você...

— Ele está me encarando há horas. Tô de verde?

— Na verdade, sim.

— Droga!

Fui até a beira da água, observando a lua refletir no mar.

Senti alguém atrás de mim.

— Tenho a impressão de que já te vi antes.

Era Patrick.

— Por isso está me encarando há horas?

Nos encaramos.

— Então você faz pranchas?

— Faço. As melhores da cidade.

— Melhor que uma Lost?

— Eu disse da cidade, não do mundo.

Ele sorriu de canto. Revirei os olhos e voltei ao luau.

Antes de sair, Layla se despediu:

— Te ligo, ok?

— Vou aguardar.

Olhei para Patrick, que já estava me observando de novo.

Que irritante!