Os olhos da Sombra, agora um dragão nascido da pura malícia e caos, ardiam de surpresa ao contemplar o novo oponente que surgirá diante de si. Esse dragão, com asas que refletiam o cosmos, parecia uma entidade impossível de definir. Suas escamas se misturavam à nuvem de poeira e à escuridão da noite que caía, como se fossem parte do próprio firmamento.
Sua voz ecoou pelo ambiente com uma fúria contida. — Acha que apenas uma pequena transformação irá livrar você da derrota? — indagou a Sombra.
A cidade, antes um cenário de concreto e vida, transformou-se num coliseu de titãs. As duas bestas colossais que se preparavam para lutar com uma fúria incontrolável, enquanto chamas roxas consumiam tudo ao redor. Prédios desmoronaram como brinquedos sob as patas poderosas, e o chão tremia com cada investida de garras.
Renier mantinha seus olhos fixos na Sombra, a intensidade de seu olhar como a de um predador que acabara de encontrar um igual.
— Heh, você vai se arrepender dessas palavras, — comentou Renier de forma debochada. — Cuspidinha do Vazio… — o insulto não foi deixado barato. Era a primeira vez que Renier respondia a Sombra dessa forma a deixando enfurecida.
Era uma luta pela supremacia, pelo domínio daquele mundo. A Sombra Verdadeira, por sua vez, encarava-o com desconfiança e ódio, reconhecendo nele uma ameaça que não poderia ser ignorada. Ambos sabiam que a vitória de um significaria o fim do outro.
Renier soltou um rugido ensurdecedor, um brado primitivo que ecoou pela cidade devastada, fazendo o vento varrer os destroços com uma força avassaladora. A Sombra Verdadeira não ficou para trás, retribuindo com um rugido gutural, tão profundo quanto o próprio caos de onde ela emergirá. O som era um confronto por si só, enquanto as duas criaturas colossais avançavam uma contra a outra como predadores primitivos, encarnando a pura essência de destruição.
O choque foi inevitável, mas a Sombra, com uma astúcia feroz, encontrou uma abertura. Em um movimento surpreendentemente ágil, suas presas se cravaram profundamente no pescoço de Renier, perfurando suas escamas cósmicas com facilidade. O dragão negro foi erguido no ar, seu corpo gigantesco balançando violentamente, antes de ser brutalmente arremessado ao chão.
Renier sentiu seu corpo rasgando através dos escombros enquanto era arrastado por metros, destroços de prédios caindo como chuva ao seu redor. Ele só parou ao colidir com uma estrutura maciça, que desabou sob seu peso, enterrando-o momentaneamente sob a pilha de concreto e aço.
Sob a massa dos destroços, Renier refletiu por um breve instante, ciente da dor que agora latejava em seu pescoço. Ele sabia... ainda não estava totalmente sincronizado com a vastidão do poder de seu corpo de dragão. A Sombra havia aproveitado essa fraqueza, e o impacto físico e mental da derrota momentânea o fez perceber que precisaria adaptar-se rápido, ou a batalha seria decidida a favor do caos.
— Isso foi como uma criança amadora, aprendendo a usar algo que nem mesmo compreende — afirmou a Sombra com uma leve zombaria nas palavras.
"Nem me fale, isso doeu bastante…" ponderou ele suspirando, seu corpo se erguendo novamente.
Era sua primeira vez usando uma forma tão poderosa, e ao mesmo tempo tão diferente de um corpo humano, ele precisava de tempo até se adaptar.
Renier, ao menos conseguiu uma aprovação da resistência do corpo novo, vendo nem mesmo a mordida que poderia ser letal na forma humana e tantos danos onde a marca das presas foi rapidamente curada com extrema eficiência.
— Hmm~ a beleza dessas criaturas acima do divino, Dragões Cósmicos e outros, você tem uma grande genética com uma criatura tão primordial fazendo parte de você, querido filho, — disse a Sombra em um toque de admiração, suas garras afundando no chão como se observa-se uma presa. — Qual será o gosto de consumi-lo?
A Sombra estava carregando um ataque devastador, energia roxa pulsando fortemente de sua boca. Sentindo a pressão do momento, Renier sabia que precisava reagir com rapidez e precisão.
Renier ergueu-se dos escombros, seus olhos brilhando com uma intensidade azulada que rivalizava com o cosmos.
— Uma baforada de energia, né? — disse Renier aproveitando a oportunidade enquanto aprendia com a própria inimiga.
Com um rugido profundo, Renier começou a concentrar sua própria energia. Seus olhos, como faróis de pura energia cósmica, refletiam um tom azul forte e eterno, enquanto sua garganta começava a brilhar com uma luz intensa. Uma aura de poder irrompeu de seu corpo, emanando uma energia que parecia desafiar as leis da física. A tensão entre os dois dragões era palpável, a atmosfera carregada de expectativa.
O som dos ataques carregados era um estrondo imponente, um rugido cósmico que misturava a vibração profunda da energia azul de Renier com o rosnado ameaçador da energia roxa da Sombra Verdadeira. A colisão inevitável entre as duas forças criava uma onda de choque que reverberava pela cidade, fazendo os destroços ao redor tremeluzirem e desmoronarem ainda mais.
Finalmente, os ataques foram lançados com uma força avassaladora. A energia roxa da Sombra Verdadeira avançou com uma fúria incontrolável, enquanto o sopro cósmico de Renier irrompeu como um rio de luz azul. As duas correntes de energia colidiram no centro do campo de batalha, criando um espetáculo deslumbrante e aterrador.
A colisão foi como um cabo de guerra cósmico, com as energias opostas se enfrentando e lutando pela supremacia. A cidade tornou-se um palco de destruição crescente, cada explosão e ondulação de energia intensificando o caos ao redor. O céu se iluminava com flashes de roxo e azul, enquanto o choque de forças inimigas se manifestava em ondas de devastação.
Cada vez que a energia roxa tentava avançar, a força azul de Renier parecia resistir, mantendo o equilíbrio da batalha. A destruição da cidade aumentava exponencialmente, com prédios se desintegrando e o chão se partindo sob a pressão dos ataques. Era uma luta não apenas pelo domínio do campo de batalha, mas pela própria existência, com cada dragão mostrando o ápice de seu poder e determinação.
Renier, impondo sua força, aumentou a intensidade de seu sopro cósmico até que a energia azul se tornou um torrente avassalador.
Fazendo a Sombra ser jogada para trás seu corpo pesado caindo no chão, com a colisão de energia a poeira se alastrou por todos os lugares fazendo a visualização dela ficar comprometida.
O rugido do Dragão Cósmico ecoou pelo campo de batalha, fazendo a Sombra ficar em alerta de onde viria o ataque.
Porém Renier avançou cortando a poeira em uma velocidade e precisão inacreditáveis para seu tamanho colossal.
Sua cauda gigantesca, agora estavam adornada com lâminas afiadas, acertou a Sombra com uma força imensa, lançando-a contra o último prédio ainda de pé. O impacto foi devastador.
A Sombra caiu no chão com o corte das lâminas, a energia escorria como sangue de seu corpo.
— Finalmente… você está agindo como um Guardião, querido… — murmurou a Sombra, erguendo-se novamente, mas ao que parecia estar no seu limite.
Renier sabia exatamente o que fazia, cada movimento perfeito, como se estivesse em sincronia com o próprio cosmos.
— Agradeço a você ao menos… — afirmou Renier, olhando-a com frieza, reconhecendo que sem ela não teria chegado a esse nível em tão pouco tempo.
A Sombra tentou em um último ataque usar sua energia pela boca, mas foi interrompida pelo Dragão Cósmico.
Suas garras afiadas cravaram-se no pescoço da Sombra, erguendo-a sem esforço, forçando a criatura sombria a se reerguer contra sua vontade. Ele era mais forte, mais intimidador, e de fato havia ficado muito mais feroz.
"Então aqui é meu fim", ponderou a Sombra. "Então esse era o garoto pelo qual a Kyouka se apaixonou, agora vejo o porquê…" pensou a Sombra com olhos se fechando, sem resistir.
Então, com um movimento decisivo, o Dragão Cósmico forçou a boca da Sombra a se abrir em um ato brutal. A energia cósmica de Renier pulsava como se fosse explodir, se acumulando, e em um único e devastador golpe lançando um sopro cósmico garganta abaixo da Sombra.
A energia foi como uma explosão interna, corroendo o corpo da criatura maligna de dentro para fora. O corpo da Sombra começou a se expandir, sua cabeça se separando violentamente do corpo, até que, finalmente, a criatura explodiu em uma colossal nuvem de energia púrpura, dissipando-se no ar.
O rugido de vitória de Renier, ecoou pela área mostrando sua superioridade como dragão no campo de batalha…
O silêncio caiu sobre o campo de batalha, enquanto a nuvem púrpura desaparecia. A Sombra estava morta, o Guardião Negro voltou a sua forma humana, triunfante, permaneceu sobre os restos da batalha, uma força primordial que tinha acabado de esmagar um ser feito de pura malícia e escuridão.
Continua…