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Chapter 3 - Capítulo 3: O Convite

Capítulo 3: O Convite

Quem somos diante da morte? Essa pergunta não tem resposta, pois cada um de nós é diferente. Mas, em situações como essa, só há duas opções: encará-la ou sucumbir.

Nero estava caído no chão, olhando para Lucius, que gritava enquanto uma luz branca os envolvia.

Sua pele parecia ainda mais pálida que o normal, a ponto de ser possível ver o sangue pulsando em suas veias. Mas não era só isso: seus olhos estavam marejados, como os de uma criança chorando. Sem perceber, ele derramava lágrimas. Enquanto muitos ao redor gritavam, o choro de Nero era sua resposta.

De repente, a luz ficou tão intensa que desorientou a todos. Porém, tão rápido quanto veio, tudo voltou ao normal. Quase todos ali estavam diferentes — muitos exibiam partes de animais e características únicas.

Nero se levantou, puxou Lucius pelo braço e o afastou dali.

— O que você acha que está fazendo? — A voz veio de uma das figuras encapuzadas, vestida com um manto negro, que se aproximava lentamente.

Nero não respondeu. Apenas encarou a figura, analisando-a de cima a baixo. Notou que uma máscara preta cobria seu rosto.

— O que está esperando? Vá se reunir no pátio, se não quiser morrer!

"Se ele quisesse me matar, já teria feito... Não, ele precisa de nós. Preciso pensar mais."

— Entendido. — Nero fez uma saudação militar e começou a caminhar.

Ele seguiu lentamente, procurando algo que pudesse ajudá-lo, mas não encontrou nada até chegar ao pátio.

Lá, algo o deixou inquieto: alguns dos encapuzados chutavam os desacordados até que despertassem.

"Mas por que eles não chutam os humanos?"

Ao lado de Nero, um jovem acordou e olhou para a própria pele, que parecia se rasgar de dentro para fora, revelando placas escuras e rígidas que brilhavam sob a luz. Seus dedos se alongaram de forma antinatural, terminando em garras curvas. O cheiro de carne em mutação enchia o ar, um fedor azedo e nauseante que fez alguns ao redor engasgarem.

— Acorda! — Nero deu um tapa no rosto de Lucius.

— Quem...? Nero? — Lucius murmurou, confuso.

— Levante-se. — Nero o puxou para cima e o empurrou levemente.

Lucius, agora de pé, olhou ao redor. Todos pareciam acordados, mas alguns estavam estranhamente diferentes.

— Parabéns aos sobreviventes! — anunciou uma figura de manto negro e máscara vermelha. — Eu sou um dos representantes da noite e, hoje, os convido a se unir à nossa causa! — Sua voz carregava um entusiasmo inquietante.

Todos ficaram em silêncio, atentos às palavras da figura.

— Muitos de vocês devem estar se perguntando: qual é a nossa causa? Nós queremos um novo mundo! Um mundo onde monstros possam viver livremente! — A voz não era assustadora; parecia a de uma criança falando sobre seus sonhos. Muitos olharam para si mesmos e, em seguida, sorriram para a figura.

— Um mundo onde monstros possam viver livremente? — alguém gritou. — E o que acontece com os humanos que ainda somos? — perguntou um jovem de feições lupinas, sua voz carregada de incerteza.

— Vocês eram humanos. Agora, são parte da nossa pátria. Vocês são monstros, quer gostem ou não! E quanto aos humanos... que a natureza decida seus destinos! — O tom em sua voz carregava um ressentimento profundo.

— Você acha que devemos confiar neles? — sussurrou Lucius.

— Você parece mais humano do que monstro. Só fique atento. Muitos estão olhando para você com raiva. — Nero respondeu ainda mais baixo.

"Ele não está mentindo... Mas por quê? Por que parece tão cauteloso depois que acordamos? Algo está errado. Talvez... ele não tenha permissão para fazer isso. Vamos testar."

Nero apertou as mãos, seu olhar fixo no representante.

— E se quisermos ir embora agora? — ele gritou, atraindo os olhares de todos.

— Vocês são livres para escolher. Já terminamos aqui. Vocês vão entender cedo ou tarde. Mas lembrem-se: não seremos clementes da próxima vez. Vocês têm até amanhã para se decidir!

Com isso, todas as figuras de manto negro se retiraram.

— Lucius, acho que é melhor irmos para casa.

— Eu também acho. — Lucius respondeu, amarrando um pano em uma das mãos.

A multidão começou a se dispersar. Nero saiu, observando a todos como se assistisse a um filme. Com sua mochila nas costas, caminhou para casa, olhando para o céu. O pôr do sol, às oito da noite, era uma visão única e melancólica.

"Um mundo para monstros... a natureza decide? Eles querem massacrar os humanos. Suas palavras pareciam cheias de segundas intenções."

Quando entrou em casa, Nero sentiu um silêncio inquietante. Ele andou devagar, evitando qualquer barulho. Ao chegar à sala, viu algo aterrador: um ser segurava seu tio como refém.

Nero se lançou para frente, mas um golpe brutal atingiu seu abdômen. O ar foi arrancado de seus pulmões em um gemido surdo, e ele sentiu suas costelas vibrarem com a força do impacto. Seu corpo despencou como um peso morto, o gosto metálico do sangue se espalhando pela boca antes mesmo de atingir o chão frio.

— Nero!!!

Continua...

Próximo Capítulo: Escolhas.