Capítulo 7: Pecado e Punição
Em frente à casa de Nero, Hórus entrou sem hesitar. Observou os quadros da família, onde Nero, Crispus e o tio de Nero apareciam em momentos de lazer: brincando, em fotos escolares e em reuniões familiares.
Hórus caminhou até a cozinha, onde encontrou um orbe vermelho que exalava uma energia repulsiva.
— Foram espertos… — disse Hórus, quebrando o orbe com a mão antes de subir para os quartos.
Ele investigou primeiro o quarto de Nero, depois o de Crispus e, por último, o do tio de Nero, onde encontrou livros sobre magia e armas encantadas. Todas as armas traziam o símbolo dos Puristas: uma estrela metálica de cinco pontas cercada por anéis detalhados, repletos de runas e glifos.
— Parece que temos um traidor… Como esperado.
Hórus olhou para o relógio na parede, que marcava meia-noite. Sorriu e saiu do quarto, deixando tudo para trás.
Do lado de fora, convocou uma magia que tomou a forma de uma chama amarela. Assim que a lançou contra a casa, o fogo começou a consumi-la.
Hórus parou na soleira da porta e lançou um último olhar para dentro. O calor já distorcia os quadros na parede. Ele viu os rostos sorridentes de Nero e Crispus derreterem sob as chamas, as lembranças consumidas sem piedade. Logo fechou a porta, virou as costas e foi embora.
— Odeio esse trabalho.
Duas horas antes
O tio de Nero estava pensativo, mas logo se levantou e seguiu para o quarto. Movendo o armário, pegou uma caixa branca e a levou até a mesa da cozinha.
— Tio, o que é isso? — perguntou Nero.
— Uma surpresa. Só continue arrumando as coisas — respondeu o tio, subindo novamente para o quarto.
Lá, pegou três capas, uma katana preta e algo que se assemelhava a um cilindro. Descendo para a cozinha, reuniu-se com Nero e Crispus.
— Pai, o que são essas coisas? — perguntou Crispus.
— Primeiro, essas capas têm a capacidade de se camuflar com o ambiente. O tamanho já está ajustado para você, Crispus, já que sempre pega tudo o que pode. Segundo, esta é minha katana — ela não tem rastreador. E, por último… — Ele retirou uma linha vermelha de dentro do cilindro.
— Cordas de selamento? — Nero franziu a testa.
— Elas são úteis para ocultar ou selar coisas. Nesse caso… precisamos fazer algo inacreditável.
— Pai…?
— Tio…?
— Precisamos amarrar o Nero!
— O quê?! — Nero foi o primeiro a reagir com raiva, enquanto seu primo caía na risada.
— Calma! É só para ocultar sua aura. Ela deixa rastros muito perceptíveis, e não queremos ser descobertos.
— Aura? Como assim, pai?
— Algumas raças têm auras fortes desde o nascimento. Para ocultar sua presença, usam selos ou aprendem a escondê-las naturalmente, evitando serem detectadas.
— Entendi… É só passar por cima da roupa, tio?
— Não… Tem que ser direto na pele. — O tom do tio de Nero era uma mistura de seriedade e brincadeira.
— Vai lá, Nero. Cada um com seus gostos. — Crispus riu, provocando.
Nero pegou o cilindro e subiu para seu quarto. Algum tempo depois, desceu.
— Bom, agora vamos conferir… Pegaram as lanternas, comida, cordas, kit médico e materiais para sobrevivência e acampamento?
— Sim! — responderam Nero e Crispus juntos.
— Então, por que sua mochila parece mais cheia, Nero?
— Sabe como é, tio… Tem que ter roupas para sobreviver.
— Concordo… Não concorda, filho? — O tio de Nero virou-se para Crispus.
"Vai se lascar." — pensou Crispus, apenas sorrindo.
— Ah, é mesmo! E tem a isca.
O tio de Nero abriu a caixa, liberando uma onda de energia fria que percorreu a cozinha. A luz das lâmpadas piscou por um breve instante, e um cheiro metálico tomou o ar.
— Tio, isso não passa uma boa sensação… — Nero olhou com receio.
— É, pai… Isso parece amedrontador. — Crispus falou, desconfortável.
— Eu sei… — O tio de Nero respirou fundo.
— Todos prontos? Vamos! — Ele sorriu, abriu a porta e eles foram embora.
Duas horas e alguns minutos depois
Hórus caminhava pela cidade, acompanhado por dois Puristas: um garoto de cabelo preto e uma garota de cabelos rosados, ambos armados com foices.
— Capitão, vamos logo começar! Ainda consigo ouvir os gritos da última vez — disse a garota, enquanto girava sua foice com impaciência, seus olhos brilhando de antecipação.
— Por onde quisermos. Afinal, esta cidade está cheia de pecados… É hora de puni-los antes de salvá-los. — O garoto gritou, entusiasmado.
— Eu estava falando com o Capitão Hórus, seu traste!
— Ah, cala a boca, tábua de passar roupa.
— Vocês dois, aquietem-se! Mas, quanto ao que Saleth disse, ele está certo, Saera. Afinal, nós somos os Puristas.
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