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Ascensão Genética

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Synopsis

Chapter 1 - Cenário de Pior Caso

Sylas tirou seu jaleco, alisando sua camisa preta de botões com uma mão e pendurando o longo casaco branco com outra.

Mesmo após um longo dia no laboratório, trabalhando com vários toxinas, ele não parecia afetado nem um pouco. Seus olhos verdes e frios carregavam o mesmo olhar sem emoção por trás dos óculos de armação preta, e sua forma tonificada, embora leve, ainda se mantinha reta como uma vara.

Ao sair da universidade, foi saudado por estudantes e professores que passavam. Ele lhes dava um aceno cortês, embora rápido, com passos longos e quase vigorosos.

O ar de outono estava um pouco fresco, mas refrescante para o seu nariz. A universidade tinha um design bastante aberto, e depois de descer dos laboratórios do último andar, o primeiro andar era apenas grandes pilares arqueados que sustentavam os andares superiores e deixavam a corrente de vento e natureza entrar.

'Está ficando escuro. Um pouco cedo para isso,' ele pensou.

O inverno estava chegando, e o horário de verão já havia passado, mas ainda eram cerca de quatro horas. O sol provavelmente não deveria ter começado a se pôr até às cinco.

Sylas achou isso um pouco curioso.

"— É tudo o aquecimento global, te digo. Já é a primeira semana de dezembro, mas você viu um pingo de neve? Estou te dizendo, esses Browns, eles estão sc—" [Nota do Autor: Pelo amor de Deus e tudo que é sagrado, Browns é um nome de família, não uma característica racial. Pelo amor de Deus.]

Sylas' os longos passos não diminuíam enquanto ele passava por um carrinho de cachorro-quente. Ele pegou parte da conversa, mas não ia diminuir o passo para se intrometer.

Além disso, o que o aquecimento global teria a ver com quando o dia e a noite acontecem?

'... É possível,' Sylas pensou. 'Se houver mudança suficiente nos polos norte e sul, a inclinação da Terra poderia mudar o suficiente para que a luz do dia...'

Uma sequência de pensamentos veio à mente de Sylas, seguida por uma sequência ainda mais longa de equações e cálculos. Ele não se incomodou em parar esses pensamentos; era uma maneira agradável de passar o tempo enquanto se movia.

O mundo era um lugar interessante. Ele duvidava que o vendedor de cachorro-quente soubesse de tudo isso, e a maioria poderia zombar de suas afirmações, mas havia a possibilidade de um grão de verdade nisso.

Sylas ainda não acreditava que isso aconteceria.

Metade do mundo pensava que o aquecimento global seria o fim de todas as coisas. A outra metade pensava que era uma bagunça exagerada criada por espalhadores de medo.

Para Sylas, como a maioria das coisas, ele sentia que a verdade estava no meio, embora potencialmente inclinada mais para um lado do que para o outro.

Ele acabou passando bastante tempo nesse problema, e antes que percebesse, sua casa estava diante dele.

Ter uma casa tão perto da universidade, Sylas, ou melhor, sua família, era bastante abastada. A casa suburbana vinha com uma garagem para três carros, um gramado bem aparado, e o espaçamento amplo entre as casas que se esperaria de uma comunidade fechada cheia de pessoas da alta sociedade.

Sylas abriu a porta destrancada e se abaixou para tirar seus sapatos sociais. No entanto, foi inesperadamente atingido por um barulho muito mais substancial do que esperaria de sua casa.

O tumulto estava abafado, então ele não conseguiu entender exatamente as palavras que estavam sendo ditas, mas definitivamente havia uma discussão acontecendo.

Sua indiferença deu lugar a uma expressão de desagrado.

Ele morava com sua mãe, pai, avô e irmã mais nova. Poderia ser considerado um lar harmonioso, e ele tinha sido bastante sortudo durante toda sua vida. O máximo que seus pais discutiam era sobre o que ter para o jantar.

O som de passos chamou a atenção de Sylas e uma mulher elegante e de meia-idade apareceu à vista da sala de estar. Uma menina de cerca de 13 anos se agarrava a ela, lágrimas brotando em seus grandes olhos verdes.

A mulher de meia-idade usava uma expressão bastante desamparada.

"Sylas, você chegou em casa, isso é bom. Sabe que eu te disse para pegar um dos carros. Por que você insiste em andar todos os dias?"

Essas eram palavras que Sylas já tinha ouvido muitas vezes antes, mas ele podia dizer que sua mãe apenas queria tirar a mente da discussão que estava acontecendo no porão. Sylas havia deduzido que, para ser tão abafada, só poderia estar ocorrendo lá.

O porão poderia ser considerado o refúgio masculino da casa. Era lá que ficavam a academia e vários jogos. Não que isso fosse importante agora, mas sim que era um lugar onde o pai e o avô de Sylas costumavam ir para relaxar. Era estranho que uma discussão surgisse entre eles lá embaixo.

A menos que alguém mais estivesse envolvido?

Sylas duvidava.

Seus pais eram profissionais de negócios, mas tinham uma estrita política de "não trabalhar em casa". Então, não poderia ser um colega. Mas ele também não conseguia pensar em nenhum amigo dos seus pais que pudesse desencadear uma discussão tão grande.

"Não é longe, mãe."

Ele avançou, esfregando a cabeça de sua irmãzinha numa tentativa de confortá-la.

"São pelo menos cinco quilômetros. Olha só, o céu já está escuro, mas suas últimas aulas terminaram às quatro. Você sabe que não é seguro sair por aí hoje em dia."

Sylas ouviu a ladainha de sua mãe sem reclamar. Se ele se importasse tanto em escapar de sua família, como um jovem de 26 anos que já havia garantido a titularidade em sua universidade, ele poderia ter se mudado há muito tempo.

A vida lá fora não tinha muito atrativo para ele.

Ele tinha alguns amigos, embora nenhum melhor amigo.

Ele já teve namoradas no passado, mas a maioria estava apaixonada por um ideal de quem ele era, em vez da pessoa que ele realmente era.

Ele não era fã de beber, festejar ou fumar.

Todas as razões pelas quais ele poderia estar ansioso para escapar dos olhos de águia de sua mãe simplesmente não existiam.

"Vou ver o que está acontecendo," Sylas finalmente conseguiu encaixar uma palavra.

Sua mãe hesitou, mas acabou concordando com um aceno. Ela não queria se intrometer entre seu marido e seu sogro. Realmente era melhor se Sylas fosse.

Sylas acenou com a cabeça e caminhou pelo corredor, abrindo a porta do porão e descendo.

A fúria que ele esperava não o atingiu. Em vez disso, havia ondas de exasperação. Quanto menos você ouvia, pior parecia. Mas parecia que seu pai e avô realmente não precisavam de nenhuma mediação.

"—Cedric, eu sou seu pai. Quando foi que eu já te enganei? Voltar é a melhor opção que temos agora."

"Pai, nada disso faz sentido. Você quer que a gente faça as malas e de repente vá para o outro lado do mundo. É ridículo demais. Sylas acabou de começar sua titularidade, e Elara está apenas terminando seu último ano do ensino fundamental. Como podemos fazer isso com eles?"

"As questões do mundo secular não vão importar mais em apenas alguns meses, Cedric. Você não entende?"

"Não! Não, eu não entendo! Você vem me dizendo essas bobagens desde que eu era criança e eu nunca acreditei."

Sylas entrou e encontrou os dois frente a frente, cada um de um lado da mesa de sinuca. O rosto de seu pai estava praticamente vermelho, e seu avô estava beliscando as sobrancelhas.

"Você nunca quis me ouvir. Se sua mãe—"

Os dois notaram Sylas naquele momento. Sylas sentiu que tinha um ótimo timing, porque ele tinha a sensação de que seu avô estava prestes a dizer algo que levaria a exasperação ao ponto de raiva.

Sua avó havia morrido há muito tempo, antes mesmo de Sylas ter nascido. Mas pelo que ele sabia, ela havia criado Cedric sozinha até ele ter cerca de dez anos. Depois que ela morreu, Magnus voltou e cumpriu seus deveres paternos.

Sylas não sabia muito mais sobre essa situação, pois realmente não era seu lugar perguntar. Que criança conhecia todos os detalhes do passado dos seus pais? Ele também não gostava da ideia de desenterrar o trauma de seu pai.

Mesmo assim, ele sabia o suficiente para saber que seu avô trazendo sua avó à tona seria uma passagem só de ida para a ruína.

Era uma sexta-feira, e ele não queria que seu fim de semana fosse estragado por isso.

"Sylas," Cedric falou, um pouco envergonhado.

Honestamente, no momento em que Magnus mencionou sua mãe, ele já tinha visto vermelho. Não era só ele, mas até mesmo Magnus pareceu suspirar aliviado.

"O que está acontecendo?" Sylas perguntou.

"É só..."

Magnus e Cedric se olharam.

"Você já tem 26 anos, Sylas. Há algumas coisas que você deveria saber," Cedric finalmente disse.

Olhando para a reação pouco entusiasmada de seu filho a essas palavras, Cedric deu uma risada. Ele estava prestes a revelar uma grande notícia, mas Sylas já estava em "modo de análise."

"Esquece. Não é nada demais. Podemos ser considerados família com os Browns."

Sylas levantou uma sobrancelha.

A família Brown era sinônimo de elite. Atualmente, eram a família mais rica do mundo, haviam criado três bilionários nessa geração sozinhos, e provavelmente poderiam desmoronar o PIB de um país de tamanho médio numa terça-feira, se achassem que o café estava um pouco frio demais naquela manhã.

Esse vendedor de cachorro-quente tinha tentado culpar o aquecimento global neles, e Sylas realmente não o culpava. A maior indústria em que a família Brown havia começado era a indústria de fabricação de papel. Embora tenham crescido desde então, ainda tinham uma grande parte daquele mercado e haviam desmatado sua justa parcela de florestas exuberantes.

Dito isso, a reação de Sylas foi basicamente como Magnus e Cedric esperavam.

E daí?

Magnus suspirou. "Vou te dizer o que venho dizendo ao seu pai todos esses anos. Ele não acredita em mim, mas o que mais posso fazer na minha velhice?"

Cedric cruzou os braços. Se esse velho não conseguia convencê-lo, como ele iria convencer seu filho lógico?

Magnus pareceu perceber isso também, mas simplesmente cerrou os dentes e continuou.

"As famílias mais poderosas do mundo não estão lá apenas para mostrar. Sempre haverá coisas que elas sabem que o povo comum não sabe. Você concorda com isso, Sylas?"

"Concordo."

Sylas acenou seriamente. Seria ingênuo pensar o contrário.

Ele não acreditava em teóricos da conspiração, nem em leais ao governo. Como na maioria das coisas, ele acreditava que a resposta estava em algum lugar no meio.

"Bom." Magnus acenou com a cabeça, sentindo-se um pouco esperançoso. "Vou direto ao ponto. O mundo entrará em um estado de completa convulsão em breve. Nossa melhor chance de sobreviver é retornar à propriedade da família Brown."

"Que tipo de convulsão? Guerra?" Perguntou Sylas.

"Sim," disse Magnus rapidamente, fazendo Cedric revirar os olhos.

"Ele está tentando minimizar isso. O velho acredita que um evento cataclísmico e apocalíptico está chegando. A guerra pode ser apenas um dos muitos resultados."

Sylas caiu em silêncio.

Seu avô não mostrava sinais de demência. Na verdade, mesmo agora, ele parecia bastante saudável.

Magnus tinha uma pele bronzeada, uma cabeça e barba brilhantes de branco, e ele carregava a mesma postura reta que todos os homens de sua família tinham.

Apesar de estar no início dos setenta, ele tinha corrido uma meia maratona apenas dois meses atrás.

Demência obviamente não tem sinais externos, mas Sylas não havia notado nada fora do comum, e ele interagia com seu avô todos os dias.

À parte disso, seu avô nunca havia falado de coisas tão ridículas antes. Isso o fazia mais inclinado a acreditar nele.

"Não há uma maneira simples de verificar?" Disse Sylas após um momento.

O sorriso triunfante de Cedric se tornou amargo, e os olhos de Magnus se iluminaram.

Sylas caminhou até o lado e desplugou um laptop que estava transmitindo um filme para a tela plana. Estava preso em uma princesa de desenho animado, então Sylas presumiu que sua irmã tinha estado aqui antes do argumento começar.

Ele voltou e colocou o laptop na mesa de sinuca à vista de seu pai e avô.

"As famílias mais elitistas do mundo, consigo pensar em algumas, mas apenas para checar, realmente precisamos focar em três. Vamos com os Browns, a família Abadi e a família Rouse.

"Todas essas três famílias têm membros de alto perfil cujos históricos de vôos são rastreados, e todas têm endereços de propriedades publicamente conhecidos."

Sylas olhou para seu avô. "O endereço dos Browns é o mesmo que o disponível publicamente?"

Ele girou a tela do laptop em direção ao seu avô. Ela exibia uma localização profunda nos Apalaches.

"Sim, esta é a localização," Magnus acenou com a cabeça.

"Bom. Isso significa que podemos concluir razoavelmente que, se houver um aumento de 'retornados', muitas dessas pessoas de alto perfil também estarão voltando para casa.

"Lucius Brown... Malachi Brown... Astrid Brown..."

Esses três eram apenas os três bilionários que a família Brown havia criado nesta geração. Todos eles estavam na casa dos quarenta e tinham forjado um caminho em suas próprias indústrias únicas.

Sylas franziu a testa.

Cedric franziu a testa.

Magnus riu.

Sylas abriu uma nova aba.

"Kael Abadi... Asher Abadi..."

A testa de Sylas se aprofundou.

"Ragnar Rouse... Thorne Rouse... Draven Rouse..."

Cada um, repetidamente, sem falhas, todos tinham históricos de vôos rastreando-os diretamente para suas propriedades e nenhum depois disso. Todos na última semana.

Os dedos de Sylas voaram pelo teclado como se ele estivesse tocando as teclas de um piano. Eles pareciam desfocar enquanto ele se movia mais rápido. Ele esqueceu que seu avô e pai ainda estavam presentes enquanto abria uma aba após a outra.

Ele disse que pararia em três famílias, mas não parou. Ele examinou cada família poderosa que conseguia pensar, uma dúzia delas antes de ficar satisfeito. Ele até checou algumas das mais secundárias que não achava tão especiais comparadas com o resto, e isso não mudou nada.

Sylas quase fechou o laptop com força.

"Não sei o quanto as palavras do avô são verdadeiras, mas precisamos ir. No pior dos casos, voltamos na segunda-feira."

A expressão de Cedric era solene. Ele olhou para seu pai, mas Magnus tinha parado de se gabar, quase como se Sylas também o tivesse convencido.

Naquela noite, Sylas deitou em silêncio, olhando para o teto sem graça do seu quarto.

'Isso é empolgação?'

Ele não conseguia lembrar da última vez que tinha sentido isso. Mesmo todas as cobras raras com as quais trabalhava, cobras que poderiam matar um elefante com uma mordida, não aceleravam seu coração como isso.

O mundo apenas parecia... chato para ele. Às vezes, ele desejava ser uma pessoa religiosa apenas para poder sentir que algo maior estava esperando lá fora.

Isso pode ser isso.

Sylas olhou enquanto a porta do seu quarto rangeria aberta. Uma pequenina vestida em uma camisola rosa que quase arrastava pelo chão espiou sua cabeça.

Sylas sorriu levemente. Parecia que a crise de choro que Elara tinha tido mais cedo hoje a fez não querer dormir sozinha.

"Tudo bem, mas você está ficando grande demais para isso, sabia?"

Elara fez beicinho com os lábios e correu para a cama dele de qualquer maneira. Ela mergulhou nas cobertas dele e reivindicou metade de sua cama, ignorando-o como se ele nem estivesse lá.

Isso pareceu acalmar Sylas um pouco, e ele sentiu que o sono não estava tão distante afinal.

"Sylas, vou ver meus amigos novamente?"

"Talvez," ele respondeu depois de uma pausa.

"Humph, mamãe e papai disseram definitivamente. Eu sabia que estavam mentindo."

Sylas sorriu amargamente. Parecia que ele poderia ser repreendido novamente por essa.

"Tenho certeza que eles ficarão bem," Sylas finalmente disse.

Afinal, não era como se essas famílias estivessem escapando para o espaço sideral, certo? No final das contas, todos estavam no mesmo planeta. Isso significava que havia uma chance para todos sobreviverem.

Embora... Sylas sabia que essas probabilidades, de acordo com seus cálculos, eram totalmente baixas.