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Chapter 5 - Gestos Simbólicos

A lua estava cheia naquela noite, tingida com um leve toque de azul que lhe conferia uma beleza etérea. Sylas contemplava-a, sentindo que ela possuía um tipo de significado diferente hoje.

Não era mais apenas uma rocha nos céus, um pedaço da Terra arrancado e preso pela gravidade. Em vez disso, parecia mais um degrau, ou talvez até uma distração, obscurecendo o que estava além com seu luz deslumbrante.

Sylas sentiu alguém sentar-se ao seu lado. O banco de pedra tinha espaço de sobra, embora fosse estranho que alguém estivesse acordado tão tarde da noite.

Era bem depois da meia-noite. Ele geralmente gostava de dormir em uma agenda bem estrita para que pudesse acordar cedo pela manhã. As pessoas negligenciavam o sono com frequência, quando era provavelmente o super soro mais poderoso que existia.

Mas, já que ele também não conseguia dormir, quem diria que os outros não sentiriam o mesmo?

"Avô," Sylas disse suavemente.

Magnus sorriu. Já estava acostumado com a forma rígida de endereço de seu neto. Ele conhecia o coração de Sylas melhor do que quase qualquer outra pessoa, então ele não se deixaria levar por tais trivialidades.

"Em que você está pensando, Sylas?"

Sylas nunca tirava os olhos da lua. Não era que ele não pudesse responder, mas que a resposta seria longa demais, e, no final, não chegaria ao cerne do que seu avô queria conversar.

"Você sabia há muito tempo?" foi o que Sylas finalmente disse.

Magnus suspirou. Soou envelhecido e cansado, e provavelmente foi a primeira vez que seu avô realmente exalou a presença de sua idade.

"Os pais de Lucius, Malachi e Astrid, eles são meus irmãos. Comparado às outras famílias trazidas aqui, pode-se dizer que somos os mais próximos da família principal em sangue. Seu pai, ele deveria ter sido o quarto entre eles. Ele também deveria ter tido o título de Grimblade."

"Grimblade?" Sylas perguntou.

"Sim. Este é o nome da nossa Linhagem. Para nos integrarmos melhor à sociedade moderna, mudamos nosso nome para Brown. Isso é provavelmente algo que eles vão te contar nos próximos dias, mas já despejaram o suficiente em você."

Sylas assentiu lentamente. Para dizer a verdade, isso era muito mais fácil de aceitar agora. Se seu avô tivesse lhe contado alguns dias atrás, ele poderia ter tentado interná-lo em um hospital.

"Grimblade…"

Era um nome rústico, e a emoção que emitia só podia ser interpretada de duas maneiras.

Ou você acharia que era fantasia de um menino de cinco anos, ou era imponente e valente.

Sylas estava neutro.

"Muitos anos atrás… Foi minha culpa. Eu tive um filho com sua avó, uma mulher que meu pai não aprovava. Eu suportei uma grande quantidade de pressão e trabalhei como escravo para a família para compensar esse erro—" Magnus balançou a cabeça. "No final, o resultado foi eu abandonar seu pai por dez anos, e não estar lá quando sua avó morreu."

Sylas olhou para o perfil lateral de seu avô. Ele nunca tinha visto Magnus chorar antes. Mesmo agora, as palavras do último eram estáveis e uniformes, mas as lágrimas continuavam a fluir de seu rosto de maneira incontrolável.

"De câncer. Imagine só, minha mulher, o amor da minha vida, morreu de uma coisa tão vil, tão detestável, quando seu homem vinha da família mais poderosa deste mundo… quando em apenas algumas décadas, essa doença poderia ser curada com apenas um aceno de mão."

Sylas sabia que seu avô estava se referindo a essa vinda… "Ascensão Convocada," como eles a chamavam. Seu mundo não tinha cura para o câncer, mas este mundo parecia ter.

Magnus balançou a cabeça novamente.

"Quando recebi a notícia da morte de sua avó, abandonei a família e meu direito de nascimento. Meu pai me proibiu de trazer Cedric de volta à família, então só pudemos seguir por conta própria."

"E você não sente ressentimento?" Sylas perguntou.

"Ha…" Magnus riu, sua risada carregando um toque de escuridão. "De quem eu resentiria? Aquele homem já morreu há muito tempo e eu nem mesmo fui ao seu funeral. Mesmo que eu sentisse algum ressentimento, essa família merece uma chance de sobreviver. Por que eu deixaria minha própria mesquinhez atrapalhar quando o culpado já se foi?"

Sylas não respondeu, ouvindo atentamente as palavras de seu avô. Essas questões estiveram em seu peito por muito tempo, mas ninguém as acreditaria. Até seu próprio filho não o acreditava.

Se Sylas visse isso pela perspectiva de seu pai, pareceria que os Browns eram obcecados com dinheiro e classe ao ponto de controlarem cuidadosamente os casamentos de seus descendentes.

Mas agora que ele tinha visto a Estela de Bronze, isso era algo muito mais profundo do que isso. Era realmente uma questão de vida ou morte, com o destino de toda a raça humana em jogo.

Considerando o nome "Grimblade" e o fato de seu avô chamá-lo de "Linhagem," isso também poderia significar que a linhagem era incrivelmente importante também, e as ações de seu avô podem ter comprometido isso.

Com essa perspectiva, tudo era muito mais razoável.

Sylas passava muito tempo com cobras. Criá-las cuidadosamente para selecionar padrões bonitos ou venenos mais poderosos não era algo que apenas ele fazia, mas algo em que muitos outros entusiastas de répteis e cientistas também participavam.

Se a questão da linhagem se tornasse tão importante nesse novo mundo também, e em uma escala muito maior, ele não podia deixar de sentir que os esforços de seus predecessores em eliminar a raça teriam sido em vão.

Mas não era isso o usual? Os poderosos fazendo gestos simbólicos para os fracos enquanto acumulavam todo o poder para si mesmos?