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Chapter 2 - O bêbado na minha casa

Os olhos puxados e levemente inchados. As bochechas vermelhas devido ao álcool. Os lábios carnudos, como moelas de frango, eram inconfundíveis. Ele era um aluno da faculdade em que trabalho. Mas, pela reação de Salin, ele não sabia quem eu era.

— Como sabe meu nome? Ah, você sabe quem eu sou? Que legal. Pode me levar para casa, bonitinho? — disse, colocando o dedo na ponta do nariz.

— Não toque em mim!

— Mas você está me segurando pela cintura, bobinho. — Ele sorriu, jogando-se ainda mais para trás. — E claro que eu posso te tocar!

Isso era verdade e, de alguma forma, esse fato não estava me incomodando verdadeiramente.

— Eu não sei onde você mora, Park. Estou ocupado. Passe bem. — Soltei-o e voltei para o meu carro.

Ele me chamou de bonitinho?

— Não, você não pode me deixar aqui! — Salin gritou. — É sua obrigação me levar para casa! É perigoso ficar aqui sozinho! Tem gangues por aqui!

Estava decidido a ignorar suas falas, mas as pessoas ao redor começaram a se movimentar novamente.

— Moço, você o atropelou! É sua obrigação cuidar dele se você o conhece! — gritou uma mulher no ponto de ônibus.

Olhei para os celulares nas mãos, prontos para tirar uma foto. Qualquer coisa nesse nível me traria problemas.

— Vamos, Park-shi — disse por fim, e Salin sorriu, mostrando os dentes e fechando os olhos. Ele é fofo, admito. — Anda logo! Está tarde, ainda tenho que trabalhar...

Olhei na direção da minha boate. Em seguida, olhei a hora. Enquanto pensava no que deveria fazer, Salin já entrava no meu carro.

Com essas pessoas aqui, talvez eu já não tivesse escolha.

— Não vomite! — disse preocupado. Não sabia o quanto ele havia bebido ou se estava drogado.

— Onde você mora?

— Na Coreia.

— Bairro, apartamento?

— Por que quer saber? Não posso levar gatinhos para minha casa.

— Quero saber onde, para eu poder te deixar na porta da sua casa! Me fala onde, cacete!

— Na Coreia!

Sem ideia de onde Park Salin morava, penso que, se ele acordar amanhã, provavelmente ficará surpreso, mas, assim que me reconhecer, talvez se acalme.

— Pra onde está me levando? Que lugar é esse? — disse ele enquanto eu o ajudava a caminhar pelo corredor, para logo entrarmos no meu apartamento.

— É a minha casa. Não sei onde você mora, e você também não sabe dizer, então passe a noite aqui — gritei, pois, assim que abri a porta, ele foi caminhando pela casa e rapidamente sumiu em direção ao meu quarto. — Amanhã, quando melhorar, vá você mesmo para sua casa! — gritei mais uma vez.

Talvez eu parecesse irritado pelo tom de voz, pois Salin logo surgiu novamente, mostrando uma expressão incrédula que até o fez parecer sóbrio.

— Você é mais novo que eu, pare de falar informalmente. — E então ele sumiu da minha visão novamente.

Fiquei surpreso. Salin era inegavelmente mais velho que eu e, mesmo bêbado, julgou corretamente esse fato. Após segui-lo, encontrei-o sentado no chão do meu quarto, apoiando a cabeça na cama.

— Park, levante-se. — Na faculdade, enquanto não estava dormindo, ele estava centrado nos estudos e rodeado de bons amigos. Nunca imaginei que me encontraria com ele bêbado. Não pude conter novamente um sorriso; cada ação desse homem parecia querer mexer comigo de uma forma inexplicável. O que não faz sentido algum.

Eu o levantei, segurando-o pelo braço, pois pretendia levá-lo para o quarto de hóspedes.

— Pra onde está me levando? Este é o meu quarto, me deixe dormir! — Ele começou a se debater nos meus braços. Apesar de sua insistência, estava muito acostumado a lidar com pessoas teimosas; isso não era uma tarefa difícil. Porém, o mais baixo agarrou o meu pescoço. Fui pego desprevenido em uma chave de braço, isso me assustou, e ele manteve a pressão em mim. — Me deixe dormir aqui! — disse, tentando me ameaçar.

— Esse é o meu quarto! — rebati, tentando sair dos braços dele.

— Não importa — ele então me soltou e se deitou na cama. — Vou dormir aqui!

Observei o rapaz à minha frente, deitado de forma atravessada na minha cama. Salin, em questão de segundos, adormeceu.

Ele dormia com a boca um pouco aberta. Se mexia bastante e ocupava espaço; não era o tipo de pessoa que deixava o companheiro dormir em paz.

Abstive-me de continuar observando; ainda precisava trabalhar um pouco mais.

Salin não tem ido à faculdade essa semana. Imagino que algo mais sério deveria estar acontecendo.

Fui até a cômoda do meu quarto, peguei uma câmera com sensor de movimento e a liguei. Assim posso sair do meu apartamento e ainda vigiar Salin.

Ao passar pelo banheiro, pensei em me limpar, mas, no fim das contas, não estava me sentindo sujo. Lavei minhas mãos por hábito e segui para meu último trabalho.