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Chapter 20 - Meu salvador

Eu corri pelas ruas devastadas, cheias de ossos, e cães e ratos. A lama nas ruas, o cheiro de merda e de podridão, não havia pessoas ali, e os que tinha pareciam se esconder, o cenário de casas queimadas, e destroços, sinais que bárbaros haviam devastado o lugar, de que aquela cidade não resistiu a um ataque.

Eu vi de longe o bordel, onde minha mãe trabalhava, ele já nem existia, estava tudo a cinzas e desmoronado, aquilo foi me dando uma angústia, foi quando avistei minha casa, ao entrar lá dentro, parei na sala, começou a descer lágrimas em meu rosto e num tom feliz e empolgado disse: "Mãe! Irmã! Eu voltei!"

Eu fiquei em silêncio, só escutava o barulho da minha respiração ofegante, Ninguém me respondeu, então comecei a entrar perdendo toda a esperança.

O cheiro ede mofo, a poeira do lugar não me incomodava, algumas ratazanas passaram na minha frente correndo, e aquilo me assustou, quanto mais eu adentrava o lugar mais escuro e sombrio ficava, aquela casa que antes era meu lar, já não trazia paz ou conforto, nem mesmo nostalgia.

Eu subi os outros andares, tinha merda de cachorro e de pessoas em vários lugares, olhei os quartos, tava tudo revirado, empoeirado e com telhas de aranha, já havia escurecido, é não havia mais uma iluminação decente, a luz da lua não era tão forte ainda.

Havia a cama da minha mãe empoeirada, eu deitei nela, me deu uma coceira, mas o conforto de dormir numa cama era maior, parecia ser a melhor coisa do mundo, mesmo com aquele lugar abandonado e fedendo. Foi quando Novamente me assustei, com uma ratazana entrando dentro do quarto correndo.

Porém uma sombra obscura veio atrás correndo e começou a confrontar o rato gigante numa briga violenta. Pelo barulho que fazia era um gato preto que o cercou e tentava atacar o rato, o rato desesperado saiu correndo e pulou na cama, aquilo me assustou tanto que gritei chutando o ar desesperadamente, parecia que meu coração sairia pela boca.

Sem querer chutei a ratazana e joguei no chão, enquanto ainda gritava com medo, o meu golpe facilitou o gato a pegar aquele rato grande, pela garganta, o gato fazia um barulho de nervoso enquanto mordia e prendia o rato, Até que numa luta de resistência o rato morreu.

Me acalmei e fui olhar mantendo a distância o gato preto tinha um colar azul escuro no pescoço e um sino dourado, imediatamente eu o reconheci, era meu gato, meu príncipe. Zuzu era seu nome, eu fiquei feliz, porém horrorizada.

O gato selvagemente começou a comer o rato como se fosse um jantar magnífico. Mas, aquilo me deixou aliviada, Zuzu assim como antes, me salvava das baratas, agora me salvava dos ratos horríveis que tanto odiava.

A presença do Zuzu me deixou um sentimento de segurança é conforto.

Eu Tentei chamar o Zuzu como antes chamava, porém ele nem se quer me deu atenção comendo o rato sem parar, Zuzu já não me reconhecia.

Eu fiquei triste, e naquele momento mesmo me sentindo em paz, decidi dormir naquela cama imunda, era melhor que dormir no bosque no chão. Aquela era o melhor dia da minha vida após 6 meses.