Chereads / Rendida Por Você / Chapter 2 - O Encontro No Café Das Estações

Chapter 2 - O Encontro No Café Das Estações

A luz suave da manhã banhava Haven Hill's enquanto seguimos em direção à famosa cafeteria do bairro. Marcel estava radiante, como sempre, recordando cada detalhe daquele lugar que dizia conhecer como a palma da mão.

— Chegamos! – ele exclamou, um sorriso largo iluminando seu rosto, enquanto olhava ao redor como se estivesse prestes a reencontrar algo muito precioso.

— Ah, que exagero... – Celine revirou os olhos, tirando os óculos escuros e lançando a ele um sorriso debochado. – Você fala como se tivesse ficado meses longe, mas foi só uma semana, né?

Marcel ignorou o comentário, abrindo a porta do carro com um ar de quem realmente voltava para casa. Celine fez uma careta, ajeitando os óculos com um gesto que deixava claro que não se importava nem um pouco. Will, por outro lado, parecia mais preocupado com outra coisa.

— Parem de brigar! Estou com fome e preciso estudar logo, – disse ele, a expressão séria como se seu foco estivesse em outro plano, talvez mais acadêmico.

Nós o ignoramos por um momento, caminhando em direção à cafeteria. Era tudo o que esperávamos e mais um pouco: tons rústicos que conferiam um charme acolhedor, como uma cena saída de um filme romântico. As luzes alaranjadas criavam uma atmosfera quente, refletindo nas mesas de madeira, algumas dispostas próximas às janelas. Não sabia ao certo se aquele lugar merecia o título de "a cafeteria mais bonita de Haven Hill's", mas com certeza, era especial.

Quando cheguei à porta, prestes a abri-la, algo me fez parar. Ou melhor, alguém.

A primeira coisa que notei foi o olhar. Um par de olhos que parecia duas paisagens diferentes: um, verde como uma esmeralda, e o outro, cinza como uma tempestade prestes a se formar. Aquela heterocromia era rara e hipnotizante, mas o que realmente me prendeu foi a intensidade do olhar, como se guardasse segredos profundos e experiências que eu desejava desvendar.

Ele estava encostado na parede, com uma postura relaxada, mas havia uma força silenciosa que emanava dele, algo que atraía a atenção de todos ao redor. Seu cabelo castanho caía de forma despojada, emoldurando um rosto que exibia traços marcantes: maçãs do rosto altas, uma mandíbula bem definida e lábios que pareciam prontos para um sorriso, mas que naquele momento estavam firmes e sérios. Havia algo de intrigante em sua expressão, como se ele estivesse sempre à beira de um pensamento profundo.

O que mais me impactou, no entanto, foi a maneira como ele estava presente, como se o mundo ao nosso redor tivesse desaparecido. O barulho da cafeteria, o aroma do café fresco, tudo se dissipou enquanto ele ocupava meu foco. Era como se, por um breve instante, ele fosse a única coisa que importava. Meu coração disparou, e eu me senti vulnerável, exposta a um misto de nervosismo e uma curiosidade avassaladora.

Antes que eu pudesse organizar meus pensamentos, a voz de Marcel cortou o silêncio.

— Théo! Estava com saudades!

Afastei-me um pouco, observando enquanto ele ignorava minha presença completamente, passando por mim com um ar indiferente. Aquele momento me deixou confusa, meu coração batia mais forte, não sabia se de irritação, nervosismo ou algo totalmente diferente.

— Marcel, parece que você trouxe seus amigos, – disse Théo, lançando um olhar breve na minha direção antes de se voltar novamente para seu irmão, Marcel.

Celine me olhou, já com aquele sorriso malicioso de quem percebeu algo que eu tentava esconder. Will, como sempre, apenas levantou uma sobrancelha, mas não disse nada.

— Sim! Quero que conheçam o lugar. E, claro, o meu irmão mais velho, – Marcel respondeu, o entusiasmo evidente na voz, apresentando-nos um a um.

— Esses são Celine, William e Duarda.

Eu, sem saber direito o que dizer, murmurei, tentando esconder minha surpresa: — "Ah… Prazer em conhecer você, Théo."

Ele me olhou por um segundo, a expressão seca, como se nada do que eu dissesse realmente importasse. — Isso não importa. Entrem.

E assim, ele abriu a porta, fazendo um gesto para que entrássemos. Enquanto cruzava o limiar daquela cafeteria, uma sensação estranha me invadiu. Não sabia o que sentia exatamente, mas uma coisa era certa: aquele encontro marcaria o início de algo muito maior