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Chapter 5 - Confissões de um pequeno cupido

Eu me acomodo na cadeira ao lado de Félix, e ele, como sempre, parece à vontade, dando uma garfada no seu prato com uma ternura que só ele possui. Já eu, fico um pouco desconfortável com os olhares e sorrisos trocados entre os funcionários da cafeteria. Mas Félix, sempre Meigo e atencioso, parece não notar minha inquietação.

— Tio... — Félix chama, balançando a mão de forma tímida, como se quisesse garantir que o chamamento fosse ouvido sem ser invasivo.

Théo, que estava alinhando as xícaras, olha na nossa direção. Ele demora um segundo, provavelmente se perguntando se reconheceu Félix, mas logo dá um sorriso e acena de volta.

— Então, Tio! — Félix diz, com um sorriso brincalhão. — Sabia que minha irmãzona é uma das pessoas mais protetoras e engraçadas que já conheci? Se alguém tentar fazer algo de mal, ela vai ser a primeira a defender quem ama.

Eu me encolho na cadeira, tentando desaparecer entre as paredes da cafeteria. Isso, claro, não é possível.

Théo, que até então estava preparando os cafés, agora faz uma pausa, seus olhos voltando-se para nós, mais especificamente para mim. Ele fica em silêncio, com um leve sorriso no canto dos lábios, ouvindo com atenção o que Félix diz sobre mim.

— É, ela pode ser bem carinhosa também — continua Félix, agora parecendo gostar da situação. — Às vezes, até demais. Você vai ver, Tio. Ela é daquele tipo que faz qualquer coisa por quem ama.

Sinto minhas bochechas esquentarem e me contorço na cadeira. Não consigo olhar para Théo, mas sei que ele ainda me observa, com aquele olhar pensativo, como se estivesse fazendo perguntas em silêncio. Será que ele estava pensando "Então, você é assim, Duarda?"

Com esforço, tento desviar o olhar e foco no prato de comida, forçando um sorriso.

— Eu... bem, não sou tão assim — digo, quase que para mim mesma, mas Félix parece ouvir.

Ele solta uma risada baixa.

— Claro que não, Irmãzona — ele brinca. — Fica tranquilo, Tio. Ela é só um pouco tímida, mas acredite, ela pode ser bem mais 'tigre' do que você imagina.

Théo, agora com uma expressão mais serena, apenas sorri novamente e se afasta para preparar outro pedido, mas antes de voltar ao seu posto, ele recebe uma ligação. Sua expressão muda ligeiramente. Ele atende rapidamente.

— Desculpe, preciso sair mais cedo. Algo urgente na família — ele diz para os outros funcionários, antes de se aproximar de nossa mesa, finalizando sua conversa. — Vou deixar o restante do turno com eles.

Ele olha para nós com um leve aceno de cabeça e um sorriso, como se se despedisse de uma forma casual, mas há algo em seu olhar que me faz ficar em silêncio por um momento.

— Foi um prazer ver vocês. Até mais.

Félix, no entanto, não perde a chance de soltar uma piada.

— Até logo, papai. Ou futuro papai, quem sabe? — diz ele, piscando para Théo.

Théo, antes de sair, dá um sorriso ligeiramente envergonhado, mas também divertido, e me olha por um segundo.

— Até mais, Duarda. — Sua voz soa mais suave do que eu esperava, como se tivesse algo a mais, algo que ele não dissesse.

E, antes que eu pudesse dizer algo, ele se despede e sai, deixando a cafeteria mais vazia do que antes.

Félix, ainda com aquele sorriso travesso, me olha e solta uma risadinha.

— Eu juro que ele gosta de você, Dudu.

Minha cabeça gira com a ideia de que Théo, herdeiro de uma das maiores empresas do mundo, está se interessando por mim. Só que... Não, não poderia ser. Não era possível.

— Acredite em mim! — insiste Félix, mordendo um pedaço de pizza com toda a calma que só ele tem. — Futuro papai, sim! Eu aposto!

Eu respiro fundo e tento ignorar a sensação de nervosismo que sobe pelo meu corpo. Se o "futuro papai" era uma brincadeira, a maneira como Théo me olhou... não parecia tão engraçada.

Mas, de qualquer forma, eu não podia negar que ele estava começando a ocupar muito mais da minha mente do que eu gostaria.