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Chapter 4 - O pequeno cupido

Do lado de fora da cafeteria, a brisa fria fazia com que Félix puxasse minha mão, quase implorando para entrarmos logo.

— Vai, Dudu! Por favor, vai ser rápido! — ele dizia, animado, enquanto eu hesitava em cruzar a porta.

Eu sabia que entrar significava me expor a algo que não estava pronta para enfrentar — uma possível troca de olhares com Théo, que provavelmente estaria lá dentro, atrás do balcão. Ainda assim, Félix puxava minha mão com tanta empolgação que era difícil dizer não.

— Tudo bem, tudo bem! — cedi, revirando os olhos.

Félix comemorou como se tivesse vencido uma grande batalha, puxando-me para dentro enquanto eu tentava manter o coração sob controle.

Entro na cafeteria com Félix ao meu lado, o som da porta se fechando atrás de nós se mistura com a música suave que toca no ambiente. Olho em volta, tentando me situar, e é quando o vejo. Théo está no balcão, concentrado, organizando as coisas com um cuidado que me faz pensar que ele está ali há muito tempo.

É impossível não notar como ele parece no comando de tudo, mesmo atrás do balcão. A postura ereta, o foco nos movimentos... Tudo nele transmite uma calma controlada, uma confiança que não combina com o que eu imaginava.

Félix, como sempre, é o primeiro a notar. Ele puxa meu braço, me fazendo olhar em sua direção, e seu sorriso radiante é um sinal de que ele está realmente empolgado.

— Olha, Duarda! Um Moço bonito! Ele tá aqui!

Meu coração dá um salto, e por um segundo, me vejo congelada, observando Théo de longe. Ele está lá, e nossos olhares se cruzam instantaneamente.

Há algo no olhar dele, uma faísca de reconhecimento, mas ele mantém a postura, como se fosse um reflexo automático, e me cumprimenta com um sorriso discreto.

Me aproximo do balcão com Félix ao meu lado.

— Oi, Duarda. — A voz dele é baixa, mas clara. Um sorriso discreto aparece em seus lábios. — Veio fazer companhia ao seu irmão?

— É, ele insistiu para que viéssemos até aqui. — Respondo, sorrindo de volta, tentando soar casual. — Estamos procurando algo para comemorar.

Félix, como sempre cheio de energia, não perde tempo:

— Você faz bolo, né? Quero um bolo de morango com chantilly!

Théo solta uma risada leve, inclinando-se ligeiramente sobre o balcão para falar com Félix.

— Claro que sim. O de morango é um dos meus favoritos também. Vou preparar um especialmente para você.

Félix fica radiante, e, observando aquela troca, não posso evitar reparar no jeito calmo e atencioso de Théo. Ele não parece o tipo de cara que se incomodaria com uma criança falante como Félix — algo que, confesso, me surpreende um pouco.

Enquanto ele se afasta para preparar o pedido, não consigo evitar de me aproximar do balcão. Algo me puxa para lá, e não sei se é a curiosidade ou apenas o desejo de continuar Ouvindo sua voz.

— Então... está gostando do trabalho aqui? — pergunto, mais para preencher o silêncio do que qualquer outra coisa.

Théo olha para mim por cima do ombro enquanto trabalha.

— Gosto, sim. É uma boa experiência.

— Experiência? — pergunto, franzindo levemente a testa.

— É. — Ele me encara por um momento, antes de desviar o olhar de volta para o que está fazendo. — Minha família tem uma empresa de cafés. Estou aqui mais para aprender sobre a parte prática.

Pisco, surpresa. Empresa de cafés? Por essa eu não esperava. Eu sabia que a família de Théo e Marcel era dona de um dos maiores conglomerados globais — impossível não saber disso. Mas café? E mais: Théo, trabalhando em um café para ganhar experiência? Era difícil imaginar que ele estava "estagiando" aqui para, quem sabe, um dia liderar uma área alimentícia de um império global.

— Ah... — murmuro, disfarçando minha surpresa. — Então isso é tipo... um estágio?

Ele solta uma risadinha baixa.

— Algo assim. Preciso entender como tudo funciona, e isso inclui desde o início da cadeia produtiva até o consumidor final.

Minha mente ainda tenta digerir a ideia de Théo, um dos herdeiros de uma das empresas mais influentes do mundo, trabalhando aqui, atrás do balcão. Por que ninguém nunca me contou isso? Marcel com certeza deixou passar essa parte quando falava sobre a empresa da família.

Antes que eu possa continuar, Félix interrompe com sua habitual energia.

— Ei, Moço bonito, você e a Dudu deviam se casar! Eu ia ser o filho de vocês!

Engasgo levemente, sentindo meu rosto esquentar.

— Félix! O que você está dizendo?

Théo para o que está fazendo e me olha, claramente sem saber como reagir. Ele parece desconcertado, o que me faz rir um pouco para aliviar a situação.

— Ele tem uma imaginação e tanto.

Félix cruza os braços, determinado.

— Estou falando sério. Eu seria o melhor filhinho!

— Não sei, Félix... — respondo, tentando soar mais calma do que me sinto. Olho para Théo, que ainda parece um pouco vermelho. — Acho que o "futuro papai" ainda tem muito o que pensar, não é, Théo?

Ele me encara, completamente sem palavras por um instante, e depois solta uma risada nervosa.

— Bem... se o Félix já decidiu, quem sou eu para discordar?

O jeito desajeitado dele me faz rir, e, por um momento, a tensão desaparece. Félix fica todo empolgado, e eu percebo que, apesar da situação embaraçosa, há algo em Théo que me faz querer conversar mais. Ele é diferente... talvez mais do que eu imaginei.