A poeira se aglomera densamente sobre os destroços, obscurecendo a visão enquanto o eco ensurdecedor dos ataques ainda reverbera no ar, como o clamor de mil trovões enfurecidos.
A cada respiração, Masaru solta um gemido de dor, mas sua determinação o impulsiona a lutar mais ferozmente. Ele retrocede alguns passos após se erguer, sua vontade se elevando como uma muralha inquebrável diante do terrível demônio que enfrenta.
Os efeitos devastadores do uso implacável de energia negra e espiritual permeiam o ambiente, contorcendo a realidade ao seu redor.
O ar está saturado com o pungente odor de enxofre e sangue, enquanto o calor abrasador evapora qualquer vestígio de umidade, deixando o ambiente árido e sufocante.
Seu olhar, brilhando com uma intensidade feroz, reflete não apenas a ferocidade da batalha, mas também uma determinação tão profunda que beira a insanidade.
À sua frente, a sinistra entidade aguarda, enquanto ao redor de sua silhueta, o horizonte ondula e distorce como uma miragem distante.
Azaael, com metade do rosto desfigurado pelo seu último golpe, ergue sua lâmina negra com um ímpeto selvagem, seus olhos ardendo com uma mistura venenosa de admiração e ódio ao encarar o jovem exorcista, cuja coragem desafia todas as suas expectativas.
— O mais forte? Uma mera alcunha infantil é o que você valoriza acima de seu próprio nome!? Que ironia… — sua voz, cortante como a lâmina que brande, dilacera o silêncio pesado e tenso que paira sobre eles.
Masaru, confrontando a provocação com uma determinação que queima como um fogo voraz dentro dele, segura o seu ombro esquerdo, enquanto uma aura de luz pulsante envolve seu corpo, irradiando uma energia vibrante que parece sacudir o próprio ar ao seu redor, como as ondas tumultuadas de um mar tempestuoso.
E conforme a luz penetra em sua pele ferida de seu braço, convertendo a essência metafísica em matéria física, deixa para trás cicatrizes profundas como testemunho de sua coragem.
— Nomes são apenas rótulos, impostos sobre nós sem nosso consentimento! Prefiro ser definido pelo que faço e pelo impacto que deixo no mundo, não por um nome que me foi atribuído por outros! E esse apelido infantil foi uma escolha minha! — ele declara, sua voz ressoando com uma convicção que desafia o próprio inferno.
— Os nomes não deveriam ser uma extensão de nossa identidade? Não são eles que moldam quem somos? — a entidade retruca, determinada a sondar os mistérios que cercam o jovem exorcista, pois para ele, cada embate é uma oportunidade de desvendar os segredos daqueles que considera seus adversários.
— Não! Ouça bem, ser das trevas! Quando partimos deste mundo, não é o nosso nome que perdura, mas sim o legado que deixamos para trás, as mudanças que promovemos e as vidas que tocamos! A verdadeira identidade é forjada pelo que fazemos, não pelos rótulos que carregamos! Por isso, você me conhecerá como o exorcista mais forte que já enfrentou! E isso basta!
As palavras de Masaru ecoam como um trovão ressonante, enquanto a luz que o envolve brilha com uma intensidade quase cegante, como uma supernova prestes a explodir.
Nesse momento de clímax, um lampejo de reconhecimento atravessa a mente de Azaael; uma lembrança distante das asas douradas que uma vez enfrentou, agora consumidas por uma luz fulgurante.
Não havia distinção do déjà vu, do que ocorria diante de sua vista.
Os olhos de Yamasaki, espelhos da alma, refletem e projetam os pensamentos mais profundos, uma consequência indesejada de sua posse, rejeitada pelo pacto que selaram.
Uma verdade incontestável no mundo espiritual.
— Você me lembra um louco, que um dia ousou chamar-se meu irmão… Mas siga em frente, mostre-me a força por trás dessas palavras vazias! — desafia.
Com as duas auras atingindo o ápice de sua potência, a tensão entre os dois combatentes atinge um ponto de ruptura, enquanto Azaael avança implacavelmente, sua espada girando com uma velocidade sobrenatural que desafia a própria percepção, cortando o ar com uma ferocidade mortal que deixa fendas no chão marcado pela sua passagem.
Os passos pesados da entidade ecoam como trovões, rachando o solo sob seus pés enquanto pequenas brasas negras se desprendem de sua lâmina, evaporando-se no ar como sombras fugazes.
— Que assim seja! — sussurra o jovem exorcista, sua voz em um eco de determinação inabalável.
Masaru se lança na dança mortal, movendo-se com uma agilidade sobrenatural que desafia as leis do mundo, esquivando-se da lâmina que corta o ar com a proximidade ameaçadora de uma serpente venenosa.
Ele sente o calor abrasador das trevas que emanam da espada, uma lembrança constante da morte iminente que espreita em cada movimento do inimigo.
Num instante de pura audácia, ele se joga para o lado, sua perna direita se erguendo em um arco grácil enquanto seu corpo se contorce em um jogo de corpo, desferindo um chute poderoso que atinge em cheio o peito da entidade, afastando-a da lâmina que brande.
É o ápice de sua habilidade física, cada fibra de seu ser vibrando com uma energia que rivaliza com a própria essência das trevas que enfrenta.
Sem a necessidade de recorrer a feitiços de fortificação como anteriormente, a criatura quase vacila diante do impacto do seu golpe, seus pés arrastando-se no solo enquanto seu braço direito se ergue, e o esquerdo agarra sua face contorcida pela dor.
De suas garras estendidas, Azaael desencadeia uma tempestade de raios negros que irrompe com uma fúria titânica, dilacerando o chão com sua violência desmedida, abrindo fissuras que parecem devorar a própria terra enquanto se expandem rapidamente em direção a Masaru.
O jovem exorcista escapa por um triz do impacto devastador dos raios, impulsionando o chão com uma força sobrenatural que cria uma cratera profunda em seu rastro.
Seus movimentos, ágeis e devastadores, perturbam os raios que o cercam, lançando ondas de energia que reverberam no ar, causando vibrações.
Sua figura, erguendo-se acima da cabeça da criatura, parece uma miragem fugaz em meio ao turbilhão de caos e destruição que se desdobra ao seu redor.
Cada gesto, cada movimento, é uma dança frenética entre a vida e a morte.
Enquanto os raios negros se intensificam e engolfam a lâmina cravada no solo, ela se desfaz lentamente sob seu poder avassalador, consumida por uma voracidade insaciável que a poderia devorar até os ossos, deixando apenas o calor abrasador de sua propagação para trás, como uma cicatriz ardente na superfície da realidade.
Nesse instante, Azaael teve uma epifania assombrosa, percebendo finalmente com quem estava lidando: alguém cuja presença o compeliria a desencadear as profundezas mais sombrias de suas habilidades. Era o exorcista mais forte!
— Transmutatio materiae et status! — recita Masaru, sua voz ressoando como um trovão no ar, seus cabelos voando ao redor de seu rosto, enquanto ondas de poder emanam dele, fazendo o próprio ar tremer com sua presença imponente.
A poucos metros abaixo de seus pés, Azaael se ergue, seus olhos faiscando de raiva enquanto ele range os dentes, uma fúria incontrolável crescendo dentro dele à medida que o garoto prepara seu próximo movimento.
As palmas de suas mãos irradiam uma energia imensa, uma aura que distorce o próprio tecido da realidade, tecendo os fios do destino em uma dança vertiginosa de ventos furiosos e chamas ardentes.
Ele conjura dois feitiços com apenas um recito, enquanto um dragão, negro como as chamas que porta, emerge das sombras de Azaael e envolve o corpo do demônio, serpenteando por sua perna esquerda, rodeando suas costas até alcançar a palma de sua mão direita.
É um ato de conjuração maldita, que pode ser executado apenas pelos demônios mais poderosos que caminham sobre a Terra. A partir desse ponto, o demônio estaria lado a lado com o mais perigoso de seus servos, uma entidade mitológica completamente sob seu comando.
— Está pronto para ser exorcizado, humano!?