Arthur deixou a cabana para trás, o diário sendo deixado na mesa e o peso das palavras que havia lido ainda fresco em sua mente. O silêncio ao redor continuava opressor enquanto ele seguia pela trilha em direção à Vila das Rosas. A floresta, com suas árvores altas e retorcidas, parecia algo saído de um conto sombrio. Galhos nus e cobertos de musgo erguiam-se como mãos famintas em direção ao céu, enquanto as raízes grossas e entrelaçadas formavam padrões caóticos no chão.
A névoa estava mais fina agora, mas ainda presente, envolvendo tudo com uma luz pálida e cinzenta. A ausência de qualquer som — nem pássaros, nem insetos, nem sequer o farfalhar de folhas movidas pelo vento — criava uma sensação de isolamento absoluto. Cada passo de Arthur parecia ecoar, amplificando a tensão crescente em seu peito. Ele mantinha o machado firme em sua mão direita, os olhos atentos aos arredores.
Após um tempo de caminhada pela trilha de terra úmida, ele avistou algo adiante: um rio. As águas escuras refletiam as árvores ao redor de forma distorcida, como um espelho quebrado. Uma ponte de madeira, velha e desgastada, atravessava o rio, suas tábuas rangendo levemente com a brisa fria. 'Preciso cruzar isso para chegar à vila,' pensou Arthur, avaliando o caminho à frente.
Enquanto se aproximava, ele congelou. Movendo-se silenciosamente na névoa, um Lycos surgiu. A criatura estava alerta, movendo-se em passos cautelosos em direção à ponte, como se estivesse farejando algo. Arthur se escondeu atrás de uma árvore próxima, os olhos fixos na abominação enquanto prendia a respiração.
O Lycos subiu na ponte com rapidez, suas garras raspando contra as tábuas envelhecidas. O som agudo cortou o silêncio, mas antes que Arthur pudesse reagir, algo emergiu das profundezas do rio.
O monstro era colossal.
Tinha mais de três metros de altura, com um corpo grotesco e coberto de lodo e algas pendentes que exalavam um cheiro úmido e podre. Sua pele era marrom e enrugada, como couro apodrecido manchado por sujeira, com pedaços de algo semelhante a escamas espalhados em algumas partes. As unhas eram longas, amareladas e deformadas, terminando em pontas irregulares que pareciam desgastadas pelo tempo e pela brutalidade.
Os dentes do monstro eram um espetáculo de horror por si só: amarelados, pontiagudos, alguns quebrados ou tortos, formando uma fileira caótica dentro da boca grande demais para seu rosto. Seus olhos brilhavam em um tom verde opaco, enquanto a esclera era uma mistura de branco sujo e amarelo doentio, dando-lhe uma aparência perturbadora e repulsiva.
Ele usava apenas uma tanga imunda, feita de um tecido grosseiro e ensopado, que se misturava à sujeira que cobria o corpo. Suas pernas musculosas e desproporcionais sustentavam seu peso massivo enquanto ele subia na ponte, fazendo as tábuas tremerem sob seus pés.
Arthur observou com atenção, o coração acelerado, enquanto a criatura se movia. O monstro parecia procurar algo, sua cabeça balançando lentamente de um lado para o outro enquanto farejava o ar. O Lycos congelou, percebendo o perigo tarde demais.
Com uma agilidade surpreendente para seu tamanho, o monstro avançou e agarrou o Lycos em um único movimento. As garras enormes envolveram o corpo menor da criatura, que tentou lutar, mas não teve chance. Com um grunhido gutural, o monstro rasgou o Lycos ao meio, sangue e vísceras espirrando por toda a ponte e nas águas abaixo.
Arthur prendeu a respiração enquanto assistia à cena grotesca. O monstro, indiferente ao horror que causava, começou a devorar os restos do Lycos, arrancando pedaços de carne com os dentes retorcidos. O som de mastigação e ossos quebrando ecoava pela floresta, aumentando a sensação de repulsa e tensão.
Arthur ficou imóvel, escondido atrás da árvore, avaliando cuidadosamente a situação. Ele sabia que qualquer movimento errado poderia atraí-lo, e não havia como lutar contra uma coisa daquelas sem um plano. O monstro continuava seu banquete macabro, ignorando o mundo ao redor.
Arthur observou o monstro colossal devorar os restos do Lycos até a última parte, sua mente lutando para processar o que acabara de testemunhar. Quando a criatura finalmente desapareceu de volta para as águas turvas do rio, ele soltou um suspiro profundo de alívio, embora o coração ainda estivesse disparado. 'Não posso arriscar cruzar essa ponte agora,' pensou.
Sem hesitar, ele se virou e começou a correr de volta para a cabana de antes. O som de seus passos abafados ecoava levemente na floresta silenciosa, mas ele se manteve rápido e focado, verificando os arredores constantemente. Quando chegou à cabana, empurrou a porta quebrada e se trancou dentro, encostando-se contra a madeira enquanto respirava fundo, tentando se acalmar.
O ar ali dentro ainda cheirava a podridão e sangue seco, mas Arthur ignorou, concentrando-se em estabilizar sua respiração. Foi então que sentiu o símbolo em sua mão aquecer novamente. Ele olhou para ela, observando o brilho desaparecer, seguido pelo surgimento do Grimório em sua mão. As páginas começaram a se mover sozinhas, até pararem na seção do Bestiário, onde novas informações começaram a se formar.
| Criatura: Nauthilus Subterraneus
Aparência: Uma criatura colossal com mais de três metros de altura, coberta por uma pele marrom enrugada e cheia de fissuras, frequentemente adornada por lodo e algas pendentes devido ao seu habitat em áreas úmidas e subterrâneas. Suas unhas são longas, deformadas e amareladas, perfeitas para agarrar e rasgar suas presas. Seus dentes são um caos grotesco: afiados, tortos e quebrados, adaptados para esmagar ossos e rasgar carne. Seus olhos verdes brilhantes, com escleras amareladas e esbranquiçadas, dão à criatura uma aparência perturbadora e predatória.
Origem: Os Nauthilus Subterraneus são aberrações que surgem de corpos humanos enterrados em áreas fortemente contaminadas por energia Eldritch. A corrupção transforma o cadáver em um predador imenso, dotado de força bruta e fome insaciável. Eles habitam áreas próximas a rios, cavernas ou pântanos, onde podem emboscar presas desprevenidas.
Fraquezas: Como aberrações de regiões escuras e úmidas, são extremamente vulneráveis a fogo e luz intensa. A exposição a essas forças os desorienta, enfraquece e pode causar queimaduras profundas em sua pele sensível.
Forças: Os Nauthilus possuem força física colossal, capazes de rasgar presas ao meio com facilidade. Apesar de sua aparência lenta, eles são surpreendentemente ágeis em ataques curtos e possuem um olfato apurado que lhes permite farejar presas escondidas. Sua pele grossa fornece resistência moderada a cortes superficiais.
Utilizações: Pedaços de pele e dentes de Nauthilus Subterraneus são valiosos em rituais que envolvem intimidação ou proteção contra predadores. O lodo que cobre seus corpos pode ser usado em poções que aumentam a força física temporariamente, mas com efeitos colaterais significativos. |
Arthur leu cada detalhe atentamente, os olhos fixos no texto enquanto absorvia as informações. "Fogo e luz... mais uma vez, essas coisas têm a mesma fraqueza." Ele passou os dedos pelas bordas do Grimório, sentindo a textura do livro enquanto continuava analisando o texto.
Os detalhes sobre a origem da criatura o deixaram inquieto. Aberrações criadas a partir de corpos humanos eram uma lembrança brutal de como aquele lugar distorcia tudo o que tocava. Ele apertou o cabo do machado, o suor frio escorrendo pela testa. "Pelo menos agora eu sei o que fazer se encontrar outro..."
O Grimório continuava em suas mãos, pulsando levemente, como se aguardasse a próxima decisão de Arthur. Ele respirou fundo novamente, tentando se acalmar e planejar o próximo passo.
Cenário: O Conhecimento do GrimórioArthur segurou o Grimório em suas mãos, a respiração ainda pesada enquanto tentava organizar seus pensamentos. Ele olhou para o livro como se fosse uma entidade viva, sua única fonte confiável de informações naquele lugar insano. Com a voz firme, mas baixa, ele perguntou:
"O que eu posso fazer para passar pelo Nauthilus? Você tem algo que me torne mais forte para sobreviver nesse inferno?"
As páginas do Grimório começaram a se mover, cada folha girando até que o livro ficou completamente em branco. Um momento de silêncio quase sobrenatural tomou conta do ambiente, até que as palavras começaram a se formar, escritas como se uma mão invisível as estivesse traçando diretamente no papel:
| As Energias Fundamentais do MundoExistem quatro energias primordiais que regem a existência, cada uma conectada a aspectos únicos do cosmos. Como humano, você possui uma afinidade natural com a Vitalis, mas todas as energias possuem utilidades únicas:
Vitalis: A Essência da Vida
A Vitalis é a energia que conecta todos os seres vivos, unindo corpo, alma e força vital. É a energia mais acessível aos humanos, permitindo manipular aspectos físicos e espirituais da existência. Apesar de ser a mais "humana", não é a mais fraca — seu potencial depende de sua harmonia com a vida ao redor.
Divinitas: A Força da Pureza e do Divino
A Divinitas é a energia da criação e da ascensão, usada para purificar, proteger e realizar milagres. Seus usuários frequentemente alcançam estados superiores de existência, mas essa energia é difícil de acessar sem uma conexão espiritual profunda.
Malignis: O Poder da Destruição e Corrupção
A Malignis é uma força caótica e devastadora, alimentada por emoções negativas e destrutivas. Permite manipular a morte, a corrupção e a dor, mas seu uso corrompe o próprio usuário, tornando-o um reflexo de sua energia.
Eldritch: O Caos Incompreensível
A Eldritch transcende as leis naturais, distorcendo a realidade e expondo mentes mortais a horrores inomináveis. É a energia dos deuses exteriores, poderosa, mas imprevisível. Seu uso geralmente leva à loucura.
Usando Vitalis como Humano
Entre todas as energias, a Vitalis é a mais acessível para você, pois é uma extensão de sua força vital e emocional. No entanto, sua eficácia depende de sua conexão com a vida e sua determinação em harmonizar corpo e alma.
Para se conectar a Vitalis de forma eficiente, você deve realizar um ritual que irá sintonizar sua força vital com o fluxo da energia ao seu redor. Aqui está o processo:
Ritual de Conexão com Vitalis:
Escolha um local rico em vida, como uma floresta ou campo.
Desenhe um círculo ao seu redor com um material condutor, como sal ou carvão.
Posicione um símbolo relacionado ao Vitalis no centro do círculo. O símbolo deve representar a harmonia entre corpo, alma e vida (um círculo contendo uma árvore estilizada com raízes e galhos conectados é ideal).
Ofereça uma gota de seu sangue como sacrifício, simbolizando sua entrega à força vital.
Recite o cântico: "Força vital, essência da criação, deixe-me sintonizar com o fluxo da vida."
Visualize a energia fluindo através de você, conectando sua força vital ao mundo ao seu redor.
Conexão com Vitalis
Ao realizar o ritual, você será capaz de atrair a Vitalis de maneira natural, usando-a para reforçar suas habilidades físicas, curar ferimentos e manipular aspectos espirituais. Sua força vital será amplificada, tornando-o mais resistente e capaz de enfrentar os perigos desse mundo. |
Arthur leu as palavras com atenção, absorvendo cada detalhe. A explicação sobre as energias parecia abrir uma porta para um mundo de possibilidades. O conhecimento sobre o Ritual de Conexão com Vitalis despertou nele um vislumbre de esperança.
Ele fechou os olhos por um instante, inspirando profundamente. "Então, existe um jeito... eu posso ficar mais forte. Eu posso sobreviver." Quando abriu os olhos novamente, sua determinação havia crescido. "Eu vou fazer esse ritual."