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Chapter 13 - Capítulo 13: A Clareira Encantada

Rachel ainda analisava o ambiente com a expressão cautelosa, os olhos atentos a cada detalhe. Tudo ali parecia surreal, e ela mal conseguia acreditar que estavam dentro de uma caverna com árvores que brilhavam como vidro. Ao seu lado, Elizabeth respirava fundo, tentando afastar a sensação sufocante de medo que ameaçava dominá-la. O lugar era assustador, mas havia algo... mágico. Ela sentia isso no ar.

Enquanto Elizabeth lutava para recuperar a compostura, uma luz branca começou a brilhar à sua frente, ofuscante como o reflexo do sol na água. Surpresa, ela esfregou os olhos, mas a luz não desapareceu. Ao contrário, ela se dividiu em catorze pequenos pontos que começaram a girar pelo ar como vaga-lumes dançantes. Conforme a visão de Elizabeth se ajustava, os pontos de luz revelaram-se pequenas criaturas — fadas.

Cada fada tinha o tamanho de 40 centímetros, com asas translúcidas que brilhavam como cristal sob a luz. Suas roupas eram feitas de uma luz etérea, parecendo vestidos de seda reluzente, e seus olhos grandes e amarelos traziam uma expressão encantadora e curiosa. Suas risadinhas suaves ecoavam como o tilintar de sinos, preenchendo o espaço com uma vibração reconfortante. A líder do grupo, uma fada com asas ligeiramente maiores e uma postura elegante, usava um vestido branco com detalhes dourados que lhe conferiam um ar quase divino.

As fadas começaram a voar ao redor de Elizabeth e Rachel, traçando círculos no ar. Conforme giravam, flores de pétalas vibrantes começaram a brotar no chão, transformando a grama rasteira em um tapete de cores. O ar, antes frio e úmido, tornou-se ameno e confortável, trazendo um aroma floral suave. Rachel, mesmo tensa, não pôde deixar de se encantar com a cena. Por um momento, sua postura rígida relaxou, e ela sussurrou para si mesma:

"Isso é... lindo. Inacreditável, mas lindo."

Elizabeth, por outro lado, parecia estar vivendo o momento mais mágico de sua vida. Seus olhos brilhavam como os de uma criança diante de algo maravilhoso. "Eu não acredito nisso... É incrível! Elas são tão fofas!" murmurou, sorrindo de orelha a orelha. A sensação de medo desapareceu, substituída por um encantamento absoluto.

Uma das fadas voou próxima ao rosto de Elizabeth, observando-a com curiosidade. Sem resistir, Elizabeth estendeu o dedo, e a pequena criatura pousou nele. Era tão leve que mal podia sentir seu peso. A fada ergueu os olhos grandes e falou com uma voz doce e melodiosa, que parecia envolver o coração:

"Olá, humana. Qual é o seu nome?"

Elizabeth piscou, surpresa e encantada. "Meu nome é Elizabeth! E você? Como se chama?"

A fada soltou uma risadinha, suas asas tremulando como as de um beija-flor. "Nós não temos nomes como vocês, humanas. Mas pode me chamar de Lumi." Ela inclinou levemente a cabeça. "Diga-me, senhorita Elizabeth, você tem algum desejo?"

Elizabeth quase respondeu prontamente, mas então hesitou. "Eu... tenho, sim. Mas antes de dizer, você sabe onde estamos? Que lugar é esse?"

Lumi fez uma pausa, seu sorriso diminuindo levemente. "Vocês estão em um lugar muito perigoso, com muitos horrores escondidos, senhorita Elizabeth." Sua voz ficou séria por um instante, antes de recuperar a doçura. "Mas não se preocupe. Estamos aqui para ajudar — se você estiver disposta a tentar."

Rachel, até então silenciosa, interrompeu. "Tentar o quê? O que vocês estão propondo?"

Lumi deu um giro no ar, soltando outra risadinha antes de responder: "Para conceder um desejo, você precisa passar por um desafio. Um desafio justo, claro! Mas cuidado: há riscos. Deseja tentar, senhorita Elizabeth?"

Rachel franziu o cenho e deu um passo à frente. "Espere! Elizabeth, não tome decisões precipitadas. Isso pode ser uma armadilha."

Mas Elizabeth, cheia de animação e confiança, respondeu prontamente: "Eu quero tentar!" Ela olhou para Lumi com determinação. "Diga-me o que preciso fazer."

Lumi bateu palmas minúsculas, e as outras fadas começaram a rir e girar ao redor. Uma luz intensa preencheu o ambiente, forçando Elizabeth e Rachel a cobrirem os olhos. Quando a claridade diminuiu, três portas haviam aparecido diante delas, cada uma com um símbolo brilhando no topo.

Lumi flutuou para frente e explicou com a voz calma e reconfortante: "Atrás de cada porta há um destino. Escolha com sabedoria, pois apenas uma levará à sua salvação. As outras duas trarão dor eterna." Ela fez uma pausa, olhando para Elizabeth com seus grandes olhos amarelos. "Minha dica é esta: nem sempre o que parece seguro é seguro. Você tem trinta minutos para decidir, senhorita Elizabeth."

Rachel cruzou os braços, lançando um olhar severo para Elizabeth. "Você ouviu o que ela disse? 'Dor eterna'. Isso não é brincadeira, Elizabeth. Pense bem."

Elizabeth assentiu, já examinando as portas. A primeira tinha um coração pulsante esculpido em vermelho brilhante. A segunda exibia um crânio cinzento, com detalhes sombrios que pareciam se mover. A terceira, um espelho reluzente que refletia o ambiente, mas de forma distorcida.

"Humm..." Elizabeth murmurou, coçando o queixo. "Coração, crânio, espelho... O que isso significa?"

Rachel suspirou e se aproximou. "Ok, vamos pensar juntas. A dica foi que 'o que parece seguro nem sempre é seguro'. O coração parece algo bom, mas pode ser uma armadilha."

Elizabeth franziu o cenho. "Certo. O crânio definitivamente não parece seguro. Isso só pode significar problema." Ela olhou para o espelho, hesitante. "E o espelho..."

Rachel completou: "O espelho é estranho, mas talvez seja isso. Refletir, introspecção... Enfrentar a si mesma. Faz sentido, não?"

Elizabeth sorriu, sentindo-se mais confiante. "Sim, faz. Muitas vezes, enfrentar a si mesma é o maior desafio, mas também o que salva a alma." Ela se virou para Lumi. "Eu escolho a porta do espelho."

Lumi soltou uma risadinha satisfeita. "Muito bem, senhorita Elizabeth. A sua resposta esta correta."

Com a resposta correta, Lumi pousou novamente no dedo de Elizabeth, suas asas tremulando com um brilho encantador. "Muito bem, senhorita Elizabeth! Você provou ser perspicaz. Agora, como prometido, pode fazer o seu pedido," disse a fada, sua voz melodiosa pontuada por um tilintar suave de risadinhas. "Mas cuidado com o que deseja, pois os desejos moldam o destino."

Elizabeth respirou fundo. Pela primeira vez, a intensidade da situação tomou conta dela. Sabendo o quão perigoso era aquele lugar, ela tratou o pedido com seriedade. Após alguns instantes de reflexão, falou com firmeza:

"Eu quero um poder que me ajude a sair de qualquer encrenca e levar comigo quem é importante, sem ficar preso nos problemas."

Lumi sorriu e começou a brilhar intensamente. As outras fadas riram com suavidade e giraram ao redor de Elizabeth, criando uma espiral de luz. Uma onda de calor a envolveu, penetrando em cada fibra do seu ser. Ela sentiu uma energia vibrante percorrer seu corpo como um rio quente e reconfortante. Quando o processo terminou, um fluxo de informações entrou em sua mente, deixando-a cambaleante.

Rachel correu para segurá-la antes que caísse. "Ei, Elizabeth! Você está bem? O que aconteceu?" perguntou, a preocupação evidente em seu tom.

Elizabeth abriu os olhos, maravilhada. "Rachel... eu consegui! Eu tenho... eu tenho poderes eu posso me teleportar!" Sua voz estava cheia de empolgação enquanto tentava se levantar.

Rachel ficou boquiaberta. "Peraí. Nós fomos jogadas nesse lugar estranho, encontramos fadas mágicas, e agora você tem... teleporte?" Ela suspirou e murmurou para si mesma: "Isso é insano. Completamente insano."

Elizabeth riu, ainda um pouco trêmula. "É incrível! Deixa eu te mostrar!" Antes que Rachel pudesse protestar, Elizabeth desapareceu e reapareceu a cinco metros de distância. "Viu só?" exclamou. Ela fez isso mais duas vezes, teleportando-se em curtos intervalos, cada vez mais animada. "Isso é incrível!"

Voltando para perto de Rachel, Elizabeth sorriu largamente. "Você deveria tentar o desafio também, Rachel. Faça um pedido!"

Rachel suspirou profundamente, cruzando os braços. "Ok. Eu vou tentar. Mas isso é só porque sei que você não vai parar de insistir."

Rachel caminhou até Lumi, que inclinou a cabeça de forma graciosa. "Ah, uma nova desafiadora! Muito bem, senhorita Rachel. Como já recebeu o conselho, outra fada conduzirá o próximo desafio." Com um tilintar, Lumi recuou, e uma nova fada flutuou para frente. Ela era ligeiramente menor, com asas douradas e um vestido verde que parecia feito de folhas brilhantes.

"Eu sou Mili," disse a nova fada, sua voz tão melodiosa quanto a de Lumi, mas com um tom mais travesso. Ela riu suavemente, girando no ar antes de continuar: "E você, senhorita Rachel, está pronta para enfrentar o seu desafio?"

Rachel apenas assentiu. "Sim. Qual é o desafio?"

Mili estalou os dedos minúsculos, e dois objetos apareceram diante de Rachel: um cálice cheio de líquido dourado brilhante e uma adaga escura, com detalhes ornamentados que pareciam ondular como sombras vivas.

"Se deseja o seu desejo," explicou Mili, "escolha entre beber do cálice ou cortar algo com a adaga. Ambos trarão dor, mas apenas um pode levar à vitória." Ela fez uma pausa, seus olhos brilhando. "Minha dica é esta: a dor que você inflige pode ser sua salvação." Mili soltou uma risadinha suave, suas asas vibrando ligeiramente.

Rachel franziu o cenho, inclinando-se para observar os objetos. "A dor que eu inflijo... pode ser minha salvação?" Ela repetiu em um tom baixo, ponderando a dica.

Sem hesitar muito, pegou a adaga com firmeza. "O cálice parece bom demais para ser verdade," murmurou para si mesma. "E se a dica está correta, a adaga é o caminho certo. A dor que infligimos... sacrifício."

Mili flutuava ao redor, soltando risadas suaves como sinos. "Oh, tão rápida! Está confiante em sua escolha, senhorita Rachel?"

Rachel assentiu e, sem perder tempo, passou a lâmina pela palma de sua mão, deixando uma pequena gota de sangue cair no chão. Ela cerrou os dentes levemente, mas manteve-se firme.

O chão brilhou onde o sangue tocou, e Mili soltou um riso encantado, batendo palmas. "Muito bem, senhorita Rachel! Você entendeu perfeitamente. O sacrifício é o que demonstra sua força e compromisso. Agora, faça o seu pedido!"

Rachel levou alguns segundos para refletir antes de erguer o olhar para Mili. "Eu quero um poder capaz de curar a mim e aos outros, proteger quem precisa e transformar tudo ao meu redor em uma arma contra os meus inimigos."

Mili riu, claramente satisfeita. "Um desejo forte e honrado. Muito bem, senhorita Rachel. Receba o que pediu!" Ela começou a brilhar intensamente, suas risadinhas ecoando pela clareira enquanto envolvia Rachel com sua luz dourada. Rachel sentiu uma energia quente e vibrante preencher seu corpo, trazendo uma sensação de renovação.

Quando o processo terminou, ela caiu de joelhos, respirando com dificuldade. Elizabeth correu para ajudá-la, os olhos brilhando de entusiasmo. "Rachel! Você está bem? Que poder você ganhou?"

Rachel ergueu a mão, ainda trêmula, e tocou o chão. Uma vinha emergiu da terra, grossa e forte, chicoteando o ar antes de atingir uma pedra próxima, que se partiu ao meio. Rachel olhou para Elizabeth com um pequeno sorriso.

"Manipulação de plantas. Posso curar, proteger e atacar. Acho que isso cobre tudo o que pedi."