Pov: Hugo Silverback
Ouço um barulho e me viro à porta, era Matteo. Atualmente estava treinando-o para conduzir e ativar seus canais de mana, embora meu filho seja provavelmente o maior gênio que existe, existiu e existirá não esperava esse nível de crescimento surreal.
Normalmente os canais de mana se ativam depois de uns três meses de treinamento árduo tentando fazê-los funcionar. Pessoas talentosas conseguem isso em mais ou menos um mês e meio, mas Matteo não, ele superou totalmente minha expectativas.
Depois de míseras duas semanas ele teve sucesso, não sei nem se o próprio monarca dos dragões, Morpheus, um dos seres mais fortes existentes, teve tal feito.
Além disso, quando ele fez a mana chegar dentro do orbe, fez uma pergunta a qual me deixou perplexo. ' Eu fui mal comparado a média, papai?'
Estava tão chocado que não respondi, aliás, nem ouvi a pergunta de tão imerso em meus pensamentos e preocupações. 'Como é possível a existência desse acontecimento?'
Fora todas essas coisas, o artefato contabilizava quantas linhagens algum indivíduo tem. Tinha esperança que Matteo tivesse duas, apesar de ser raríssimo, não podia estar mais errado.
Invés do cristal brilhar em uma o duas cores, azul para água, vermelho para fogo, marrom para terra e verde para vento, ele brilhou em branco. Esta cor era a junção das quatro cores, meu filho é o único ser conhecido que pode controlar quatro elementos. Dentre meus milhares de anos nunca vi qualquer um obter domínio sobre os quatro elementos, não nem se o próprio Deus demônio conseguiu.
Nesse momento percebi, ele não era um gênio, muito menos taletoso, ele era um monstro. Acreditava que meu filho seria um ser forte, talvez se tornasse o meu sucessor como patriarca. Mas o destino dele não era se tornar um mero patriarca, ele vai ser uma anomalia, um corpo estranho no organismo do universo, Matteo Silverback será o mais forte entre todos, sejam dragões, humanos, vampiros ou até demônios.
Agora, cabia a mim ensiná-lo e prepará-lo para o futuro que o aguardava, a partir de hoje ele aprenderá tudo o que eu puder ensinar.
"Bom dia, pai." Disse um garoto com cabelos e olhos negros e pele clara, era meu filho, que estava morrendo de sono.
"Bom dia filho, dormiu bem? Não precisa correr hoje, você ganhou reforço físico o suficiente pra aprender a lutar - levantei, peguei a espada de madeira ao meu lado e, jogando-a para Matteo, continuei a falar - e acontece que eu acredito que o melhor jeito é na prática."
Ele pegou a espada, sua confusão transparecia, as engrenagens de seu cérebro trabalharam e ele entendeu o porquê da espada, então se preparou para o meu ateque, corri até ele e, ajustando minha força, desferi um golpe.
Surpreendente ele bloqueou, embora tenha perdido o equilíbrio no processo, mesmo que eu tenha ajustado a força era um golpe pesado para criança bloquear. Fiz outro ataque do lado esquerdo dele, esse foi um pouco mais rápido, quando a espada estava prestes a atingir seu pescoço eu parei.
Após somente uma luta ele estava cansado... Ou nervoso? Talvez os dois. Sentando ao seu lado disse de forma indiferente. "Me diga seu erro nesta luta."
"Perdi meu equilíbrio bloqueando seu primeiro ataque." Senti um tom de desapontamento em sua voz.
"Além disso você demorou muito para estabilizar seu corpo e também não usou mana."
"Como assim utilizar mana?" Sua juventude e ingenuir fazia parcer fofo.
"Basicamente a mana serve para duas coisas, a primeira é para controlar uma linhagem e a segunda é para reforçar ou maximizar o poder de algo. Por exemplo, se tivesse usado mana em seu corpo, você estaria mais rápido e forte."
Esta curta fala foi o suficiente para Matteo atirar um milhão de perguntas em mim.
"Aproveitando que estamos falando desse negócio de mana, quando eu vou aprender sobre as linhagens e qual elemento é o meu? Quando o cristal brilhou você falou que iria me dizer depois e nunca mais tocou no assunto."
Matteo peguntava isso toda vez e eu sempre dizia 'te falo depois', mas acho que, mesma em tenra idade, está na hora dele saber a verdade.
"Assim que me derrotar comigo limitando minha mana para o nível intermediário, você vai poder aprender sobre os elementos. Quanto a sua linhagem... Você pode pode controlar todos os elementos básicos."
"O-o que, todos os quatro !?" Até mesmo ele não acreditava nisso, porém por mais impossível que pareça era a realidade.
"Sim, agora vamos continuar."
"Espe—"
Posicionei minha espada a cima da minha cabeça e empurrei para baixo, dessa vez consegui sentir a mana se movendo no corpo de Matteo. Embora sua locomoção fosse lenta, os movimentos dele estavam considerávelmente mais fortes.
Meu filho foi para trás e tentou tomar distância de mim, porém corri até ele e fiz um corte horizontal, abaixando-se ele foi para minha esquerda e tentou golpear meu tornozelo, eu pulei e vi a cara de decepção e surpresa nele.
Quando ia atingir o chão matteo atacou minhas pernas, chutei a espada dele e pouco antes de atingir seu pescoço parei a espada. Acho que foi o suficiente pra motivá-lo.
Pov : Matteo Silverback
Depois da minha 576° derrota vi o quanto demoraria para derrotar meu pai, mesmo assim continuei me esforçando, mas infelizmente perdendo toda vez.
Mal podia esperar para aprender sobre as linhagens, até porque eu posso controlar todas. Entretanto, neste momento só posso lutar com papai para ganhar, chegar no nível avançado e finalmente poderei manipular os elementos.
Por causa das lutas, parei de fazer as cem voltas, devido a isso tive que planejar novamente meu cotidiano. De manhã batalhava com papai, a tarde treinava minha esgrima e a noite absorvia mana e refinava meu núcleo.
Todas as manhãs sentia que estava chegando cada vez mais perto de ganhar de Hugo, era divertido imaginar qual seria a reação da mamãe ver uma criança a qual nem havia completado 5 anos ganhando de um dragão com mais de 10 núcleos de mana. Embora eu esteja vangloriando a mim mesmo, meu pai estava limitando a sua mana para o meu nível, mas mesmo assim ele não deixava de ter uma esgrima melhor que a minha e mais experiência que eu.
Deixando de lado meus pensamentos, abri a porta da maldita sala pra qual vinha todo santo dia. Ao invés de me cumprimentar como sempre, papai me lembrou de algo que havia esquecido. "Bom dia, está preparado."
"Bom dia, sim estou." Falei seriamente e estava indo em direção a arquibancada para pegar a espada de madeira, quando ouço meu pai.
"Não pra isso, você se esqueceu? - esqueci do que? Pensei com um olhar de confusão - Meu Deus do céu, que tipo de monstrinho eu tô criando? Matteo, seu aniversário de cinco anos é daqui a três dias!"
"Ah é? Eu realmente tinha esquecido." Respondi em um tom brincalhão.
Papai expressou sua preocupação. "Você não tem jeito mesmo. Vai logo pegue sua espada, já que quer tanto vamos começar."
Não perdi tempo, agarrei a espada e corri o mais rápido que pude até Hugo, senti a mana saindo do meu núcleo e indo até minhas pernas e espada. Depois de centenas de batalhas melhorei muito e aprendi um pouco sobre o padrão de ataque de meu pai.
Desse modo a luta, desde que papai ajustasse sua força, poderia ser descrita como 'justa'. Na nosso último conflito ficamos 23 minutos lutando, obtive uma visão que achei impossível, meu pai se cansou.
Devido a isso eu sabia, dessa vez eu irei ganhar! Desviei dos golpes dele, assim como ele também se esquivava dos meus ataques.
Desse jeito a luta seguiu, porém eu sabia a fraqueza do meu pai, ele me subestima. Não é porque eu sou fraco, embora isso seja verdade, mas sim porque ele era muito forte. Era natural ele não temer uma simples criança e isso era o melhor presente que poderia pedir.
Após vários minutos decidi encerrar esta briga. Distânciei-me de Hugo e, tomando impulso, fui a toda velocidade em sua direção.
Quando cheguei perto o suficiente joguei a espada na cabeça dele e continei me movendo. Expressão do papai vacilou, permitindo ler ela, ele estava confuso e surpreso com esta ação, mesmo assim como se fose algo banal, esquivou abaixando a cabeça.
No meio da hesitação dele, rolei por baixo de suas pernas e pequei a espada no ar. Quando o pai se virou ficou incrédulo vendo minha espada apontada para o seu coração.
Não perdi a oportunidade. "Xeque-mate."
Ainda mais confuso respondeu. "Como assim xeque-mate, o que é isso?"
Lembrando-me que estava em outro universo tentei arrumar a situação. "Não é nada, deixa quieto."
"Enfim, parabéns você passou. Agora te ensinarei sobre linhagens... Com uma condição."
Tinha medo do que estava por vir, mas mesmo assim perguntei. "Condição?"
"Exatamente, nada é de graça nesse mundo. Para aprender, você terá que fazer seu núcleo chegar ao nível avançado."
É mesmo nada é de graça, até porque eu lutei contigo centenas de vezes pra te vencer, idiota! E tem a cara de pau de exigir condiçãozinha!? Ah me poupe!