Evellyn POV
Eu não acredito nisso!
Eu tinha um futuro tão bom pela frente! Eu ia receber tantos prêmios, tantos nobels... E o mais importante... EU ESTAVA QUASE CHEGANDO NO TOP UM NAQUELA MERDA DE JOGO!
Com o corpo de um bebê, sem conseguir falar ou me mexer muito bem, haviam poucos sons que eu podia reproduzir, um deles, foi o choro. E como eu chorei... Eu fiz questão de ser a bebê mais chorona que eu pudesse na minha primeira semana de vida. Não se passou um dia que eu não tentava raciocinar o que podia ter acontecido para eu renascer em um novo corpo.
Se eu for recapitular bem, eu lembro que eu estava vencendo uma partida de liga das lendas antes de acordar aqui. Será que fui transportada para dentro do jogo? Não, não há sequer um personagem parecido com os mais de cento e cinquenta campeões. Espera, seria isso... UM ISEKAI!?
Eu parei de chorar imediatamente, talvez, apenas talvez eu pudesse ser um daqueles protagonistas que aprenderam a usar magia ainda quando bebê, eu serei overpower! Considerando meu histórico em jogos de D&D, eu espero não ser uma tirana, mas... EU SEREI UMA RAINHA FEITICEIRA MUAHAHAHA!
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Ou foi isso que pensei no meu nascimento...
Já se passaram quatro anos e eu não vi sequer um sinal de magia. Nenhum ser humano carregando armas com o dobro do seu tamanho, curas milagrosas, nem ao menos uma bolinha de fogo...
"Evellyn, cadê você?" Ah, sou eu.
Meu nome nessa nova vida é Evellyn von Bradlley. Pra ser sincera, essa vida não é de todo mal, ainda mais considerando o quão rica a minha família é, eu não poderia reclamar. Meu pai se chama Klaus von Bradlley e minha mãe, Anelise Bradlley. Eu devo admitir, eu sofri um pouco nos meus primeiros momentos de vida. Eu mal arranhava a superfície do alemão, eu não fazia ideia do que as pessoas estavam falando a minha volta quando nasci, mas acho que com tanta convivência, eu me tornei praticamente uma nativa, apesar de que no começo eles estranharam bastante o fato de eu ter um sotaque nas minhas primeiras palavras... Meu pai é um homem que me mima bastante, acho que se eu não tivesse a mentalidade de uma mulher adulta no auge dos seus dezoito anos eu com certeza não prestaria com tanto mimo que recebo, mas eu sou uma mulher crescida e consigo viver com esse mimo, hehe!
Mais recentemente meu pai vem fazendo muito mais das minhas vontades. Desde que ele citou que faremos uma viagem para o sul, eu... Fiz birra falando que não queria ir... Então ele começou a me dar presentes e muita atenção. O velho, se assim posso chamar já que ele devia ter no máximo seus trinta anos, começou a ficar muito grudento... Já minha mãe não apoiava muito esse mimo extra que ele me dava, ela sempre tentava me educar a ser uma dama, e isso era extremamente difícil. Ela não exigia muito de mim, mas eu temia que era por causa da idade... Presumo que na minha adolescência eu teria que aprender a dançar, cantar e todo um conjunto de atividades que damas da corte fazem. Que medo... Mas ao menos nesses momentos ela tentava me educar de um jeito fofo e infantil, então ainda funciona!
Eu sinto tanta falta do meu celular... E do meu computador... E de um banheiro decente!
Em menos de um mês que meu pai anunciou nossa viagem, finalmente entrei numa carruagem junto a ele, minha mãe, e mais um monte de soldados e fomos em direção ao nosso destino. Aparentemente, o território da nossa família ficava na fronteira do Império, minha mãe dedicava bastante tempo em me ensinar sobre nossos costumes. Aparentemente somos da família secundaria dos Hohenzollern, os mesmos nos jogaram para a fronteira leste do Império a mais ou menos trezentos anos e não fomos os únicos, os Sigmaringen, os quais iriamos visitar, também são de uma família secundária aos Hohenzollern e foram jogados para as fronteiras do oeste do Império.
O esperado, seria que ambos os Bradlley e os Sigmaringen não teriam boas terras para a agricultura pela constância de batalhas em seus territórios e eles se enfraqueceriam enquanto a família principal se fortaleceria. Pelo lado dos Bradlley, isso até foi verdade no começo, os bálticos foram um problema nos últimos séculos devido às tribos que viviam por ali, porém, meu avô fez bons tratados com os povos, converteu-os à nossa religião e lhes deu terras para que os ataques parassem, e, pouco antes de eu nascer, Klaus conquistou toda a extensão do território báltico que era ocupada por tribos selvagens.
Eu juro, as vezes eu sinto uma certa animosidade quando ela fala da família real... Mas é compreensível.
Mikail POV
Já se passaram alguns meses desde que falaram sobre uma visita. Meu pai mencionou que estava previsto que chegassem no meu aniversário de cinco anos.
"No caso de que cheguem após a data, iremos apenas comemorar quando chegarem, ou um pouco depois."
Não me lembro de terem comemorado os meus últimos quatro anos, acho que é um costume não comemorar sempre por aqui. Visto que crianças são tão propensas a morrer, talvez eles só começassem a comemorar no quinto ano de vida? Apesar disso, comemoravamos cada ano de vida de Verena e alguns poucos de Heinrich quando ela mesma insistia.
Minhas preocupações foram vãs, exatamente no meu quinto ano de vida, houve uma comoção, não por conta do meu aniversário, mas pelas pessoas que estariam nos visitando, os Bradlley.
Pelo visto, quando eu nasci, Heinrich estava os apoiando em uma campanha militar, e devido a isso, o mapa que eu vi anteriormente naquele livro estava severamente desatualizado, na verdade, estava desatualizado por pelo menos duzentos anos. Foi de certo modo decepcionante... Mas eu devo admitir, as coisas são muito, mas muito devagar nessa época. Uma viagem sobre o qual eu fui avisado meses antes só se concluiu agora! A Europa nem é tão grande assim...
Nos portões do castelo, um par de cavaleiros trotavam a frente de uma carruagem que passava lentamente pelos portões da ponte que levavam à cidade. Os cavaleiros carregavam um estandarte cada, um deles, carregava o estandarte dos Sigmaringen, uma ave negra e coroada, enquanto o outro, carregava um estandarte que eu ainda não tinha visto, mas presumo que era o dos Bradlley, era uma espécie de castelo com uma coroa por cima. Os soldados no alto de uma torre também estenderam um terceiro estandarte, aquele sim eu já tinha visto, era o dos Hohenzollern, um elmo por cima de um escudo com uma cruz negra.
A carruagem parou na nossa frente e desceu um homem de roupas requintadas com uma combinação de azul escuro e preto, seu cabelo era vermelho e seu penteado fez parecer que ele passou muito gel de cabelo, e ele não tinha sequer um sinal de pelos faciais, esse deve ser Klaus. Ele ajudou a descer uma mulher com um vestido que mal me fez acreditar que ela passou pela porta da carruagem, ela era bonita, mas não tanto quanto Verena, os cabelos eram castanhos e eu não conseguia ver muito bem como era os olhos a essa distância, mas o nariz era pontudo e ela me dava um ar de arrogância a primeira vista, deve ser Anelise. Por último, uma garotinha de cabelos vermelhos desceu, devia ter a minha idade, pelo menos a idade dessa vida. Ela olhou por um segundo pra mim, franziu as sobrancelhas e imediatamente olhou para o pai. Vergonha, talvez? Não me falaram o nome dela ainda.
Klaus veio a frente, e fez uma reverência "Com muitas graças, eu..." Ele parou, Heinrich imediatamente bateu em ambos os seus ombros e o levantou.
"Somos velhos amigos. Sem formalidades por aqui." Henrich disse sorrindo e abrindo os braços para um abraço. Ambos se abraçaram com tapas nas costas e se afastaram por um momento.
"É muito bom te ver novamente velho amigo!" Ele se virou pra minha mãe e abaixou a cabeça. "Também é muito bom te ver novamente, senhorita Verena. Esses anos lhe fizeram bem." Ele então se virou para mim, se ajoelhou e sorriu. "Você tem a cara do pai, mas tem os olhos da mãe. É uma combinação realmente encantadora, mostre-me esses músculos" Eu levantei os braços forçando os biceps e ele riu. "Haha! Você vai ser um guerreiro como nenhum outro!" Ele então se levantou e meu pai disse:
"Presumo que a viagem tenha sido longa, descansem, seus aposentos já estão prontos. Amanhã nós poderemos conversar."
"Mas que besteira está falando? Se bem me lembro, hoje é o Quinto Dia no Nome do pequeno Mikail aqui! Vamos comemorar!" Klaus parecia bem animado, pra dizer o mínimo.
Heinrich sorriu e relaxou os ombros, alguns empregados foram pegando as coisas dos Bradlley para pôr em seus aposentos e todos entraram.
Eu observei enquanto todos entravam, por algum motivo, meu corpo não se movia, queria apenas esperar que todos entrassem para que eu pudesse entrar por último, e assim o fiz.
Evellyn POV
Eu entendi o que tá havendo aqui!
Quando saímos da carruagem e eu vi um rapaz mais ou menos da minha idade, eu entendi imediatamente do que se tratava! Um casamento arranjado! Eu não posso dizer que não estou surpresa, considerando o papel que estou desempenhando aqui, mas qual foi! Tão cedo? E ele... Ele... Ele parece um idiota! Ele olhou direto na minha direção antes de eu fazer uma cara estranha e olhar pro meu pai. Aaahh, que vergonha! Agora já era...
Bom, nem tudo está perdido, das duas uma: Eu dou uma chance quando ele crescer ou eu fujo... Eu sou uma mulher inteligente, eu saberia me virar se eu fugisse... Certo? Nah... Melhor desistir dessa ideia.
Quando meu pai terminou de cumprimentar os Sigmaringen e começaram a entrar, eu percebi que o jovem Mikail ficou pra trás, ele observou enquanto todos entravam, um dos nossos guardas tentou falar comigo enquanto eu observava o garoto para que entrasse também e então eu me movi.
"Por que está aí parado?" Perguntei quando passei por ele e ele quase tomou um susto, levantando as sobrancelhas.
"Ah, nada não."
Entendo, um garoto introvertido... Nessa idade? Estranho. Normalmente a introversão começa mais tarde na vida, eu até esperava que ele me chamasse para brincar ou algo assim. Ou talvez só seja tímido... Da pra me aproveitar disso.
"Hmmm, vambora então." Eu peguei ele pelo braço e fui arrastando ele para dentro. Ele não resistiu e simplesmente me acompanhou.