No dia seguinte, cedo de manhã.
O Edifício do Hokage estava movimentado como sempre, com ninjas entrando e saindo para receber suas missões. Era uma rotina tranquila em tempos de paz, sem grandes ameaças que demandassem ações urgentes.
Em meio à multidão, um garoto franzino, com olhos determinados e passos firmes, entrou no edifício. Sekiro sequer hesitou; foi direto à estação de missões, ignorando os olhares curiosos ao seu redor. Ele caminhava com a convicção de alguém que já sabia o que queria.
*Bam!* Com um movimento decidido, Sekiro depositou uma pilha de papéis e formulários assinados na mesa da recepção.
"Pronto," disse ele, em seu tom firme e impassível, encarando o recepcionista sem desviar o olhar.
"O quê?" O homem da recepção, reconhecendo Sekiro de ontem, olhou para ele incrédulo.
"Eu completei as missões... agora me dê a missão de escolta," respondeu Sekiro sem qualquer sombra de dúvida.
O recepcionista olhou para o garoto com uma expressão de surpresa estampada no rosto. "Você fez o quê?!" exclamou, chamando a atenção de todos ao redor. O burburinho na recepção parou, e os outros ninjas e funcionários se viraram para assistir ao que acontecia.
"Eu completei as missões," repetiu Sekiro, sem perder a compostura, como se fosse algo comum.
O recepcionista, ainda sem acreditar, riu nervosamente. "Como você completou 10 missões de ranque D em menos de um dia? Normalmente, um time de três leva três ou quatro dias para cumprir essa quantidade."
"Eu completei as missões," insistiu Sekiro, sua voz agora carregando uma leve nota de impaciência. Cada palavra parecia ecoar uma determinação quase irritada.
O recepcionista coçou a cabeça, confuso. "Mas... não é possível–"
"Eu... completei... as... missões," Sekiro interrompeu, agora claramente incomodado com o que considerava uma falta de profissionalismo. Ele sabia que tinha feito o que era preciso; não via razão para justificativas.
Finalmente, o recepcionista assentiu, intimidado pelo olhar fixo do garoto. "Ah, sim, claro, desculpe," disse ele, apressando-se em examinar os papéis.
Enquanto isso, Sekiro permaneceu em silêncio, aguardando sua nova missão com uma postura firme, como alguém que tinha pressa em seguir em frente.
"Aqui está sua recompensa: dez mil ryos contados." O recepcionista entregou as notas amarradas com um elástico, as mãos firmes, mas o olhar curioso, observando o garoto à sua frente.
"Uhm." Sekiro recebeu o dinheiro com uma expressão imperturbável, quase como se o valor não tivesse qualquer significado. Ele deslizou o montante para dentro de sua roupa de forma meticulosa, os olhos fixos no recepcionista.
"O que foi?", o homem atrás do balcão perguntou, desconfiado.
"Quero uma missão de ranque C... escolta." Sua voz era fria e direta, deixando clara sua intenção de ir direto ao ponto.
O recepcionista pareceu hesitar, franzindo o cenho antes de responder: "Ah, sim... sobre isso, você ainda não pode."
"Uhm." Sekiro manteve o olhar firme, um silêncio que soava mais desafiador do que qualquer palavra.
"Além das 10 missões de ranque D, você também precisa de pelo menos uma semana de experiência como ninja," o recepcionista completou, como se repetisse uma regra inquestionável.
"Semana que vem," Sekiro respondeu sem hesitar.
O recepcionista assentiu, mas sua expressão ainda carregava uma mistura de irritação e cansaço. "Isso mesmo. Se quiser uma missão de ranque C, terá que esperar até semana que vem."
"Entendi..." Sekiro fechou os olhos por um instante, como quem avalia uma decisão importante, e então abriu-os com um brilho decidido. "Quero 30 missões de ranque D."
"Mas você não–" O recepcionista engasgou com a própria surpresa, claramente não preparado para a resposta.
"Me dê 30 missões," Sekiro interrompeu, sua voz firme e inegociável.
"Mas–"
Antes que pudesse terminar a frase, Sekiro já se inclinava sobre o balcão, sua mão rápida apanhando diversos papéis de missão. Os movimentos precisos e impassíveis deixavam claro que ele não estava disposto a aceitar objeções.
Enquanto ele se afastava, o silêncio tomou conta do salão. Os outros olhavam para ele com misto de espanto e curiosidade, mas Sekiro parecia indiferente aos olhares, saindo como se nada tivesse acontecido.
...
Na manhã seguinte, bem cedo, a movimentação no salão da recepção era tranquila.
O recepcionista, ainda com os olhos sonolentos, organizava alguns papéis quando um barulho forte o fez saltar.
*Bam!* Sekiro colocou uma grande pilha de papéis e assinaturas no balcão, o olhar fixo e imperturbável.
"Como você–" O recepcionista, sem acreditar no que via, observava a quantidade de papéis.
Ainda segurando um dos documentos, ele piscava repetidamente, como se tentasse entender como aquilo era possível em tão pouco tempo.
"A recompensa," disse Sekiro, com a mesma voz fria.
"Sim, mas–" O recepcionista tentou argumentar, buscando uma explicação para o que via, mas foi interrompido novamente.
"A recompensa."
"Ah, sim, claro," ele respondeu, quase como um reflexo. Suas mãos trêmulas começaram a examinar a papelada, coletando as recompensas.
Era a segunda vez em poucos dias que esse garoto recém formado aparecia com uma pilha impossível de missões concluídas.
"Aqui estão, trinta e quatro mil ryos." Ele entregou o dinheiro, ainda atordoado, mas Sekiro apenas o recebeu com um gesto curto.
"Uhm, me dê 50 missões de ranque D."
O recepcionista quase derrubou o montante que segurava. "Nem pensar, seu moleque! E eu ainda nem te repreendi pelo que você fez ontem! Você não pode simplesmente pegar uma missão por conta própria– Ei!"
Sekiro, ignorando completamente a bronca, saltou por cima do balcão, pousando ao lado dos papéis de missões. Com movimentos rápidos e precisos, começou a selecionar as tarefas que queria.
O recepcionista se lançou na direção dele, tentando segurá-lo pelo ombro. "Pare aí mesmo!"
Mas Sekiro o ignorava com naturalidade, como se ele fosse uma leve brisa ao seu lado.
Quando o recepcionista finalmente conseguiu agarrá-lo pelo braço, Sekiro desviou sem dificuldade, deixando-o apenas com o ar na mão.
A cada tentativa de interromper sua ação, Sekiro parecia ainda mais ágil, tornando a situação frustrante para o recepcionista, que tentava retomar o controle da sala.
Depois de selecionar as 50 missões, Sekiro deu um último olhar ao recepcionista. Sem qualquer pressa, saiu andando, as mãos cheias de papéis e com a calma de quem tinha todo o tempo do mundo.
A postura dele exalava confiança, como se aquele lugar fosse seu território.
Todos na sala observavam a cena com olhos arregalados. Alguns sussurravam entre si, ainda incrédulos com o que acabavam de testemunhar.
"Aquele moleque!" O recepcionista gritou, a frustração clara em sua voz, o rosto vermelho de raiva e impotência. Sekiro, no entanto, já estava longe demais para ouvir, ou simplesmente não se importava
...
Na manhã seguinte, enquanto o recepcionista ainda ajustava os papéis no balcão, um barulho abrupto ecoou pelo local.
*Bam! * Sekiro largou uma pilha volumosa de missões concluídas no balcão, o impacto do som reverberando pelo salão.
"Dá pra parar de me assustar!" gritou o recepcionista, recuando, com a respiração acelerada. A expressão no rosto dele oscilava entre surpresa e irritação, mas Sekiro permanecia impassível, aguardando.
"A recompensa," ele exigiu, direto.
"Como é que você…?" o recepcionista começou, franzindo a testa em confusão, mas, ao ver o olhar inabalável de Sekiro, desistiu. Ele suspirou, revirando os olhos. "Argh, quer saber, eu não vou mais me importar com isso... toma, seus cinquenta e oito mil ryos."
Sekiro pegou o dinheiro com um leve aceno de cabeça. "Uhm, me dê 50 missões."
O recepcionista parou e fitou Sekiro, os olhos estreitos e cheios de exasperação. Ficou em silêncio por um momento, como se refletisse sobre o pedido absurdo, mas logo suspirou, resignado. Sabendo que resistir seria inútil, ele pegou uma pilha de papéis, já preparada de antemão.
Por algum motivo, o recepcionista já sabia que isso iria acontecer novamente.
Sekiro começou a analisar cada missão, segurando alguns papéis na mão esquerda e outros na direita, enquanto rejeitava alguns com um gesto frio e calculado.
"Essas não."
"Você só pode estar brincando…" murmurou o recepcionista, segurando os papéis devolvidos com uma expressão de puro desdém.
O recepcionista pegou novos papéis e os entregou a Sekiro, que repetiu o processo, avaliando, separando e rejeitando o que não queria. Cada devolução parecia enfurecer o recepcionista mais e mais, como se estivesse sendo humilhado repetidamente.
Depois que Sekiro finalmente ficou satisfeito com as missões que selecionou, ele guardou o restante da pilha e saiu do salão.
Caminhava com uma calma quase desafiadora, como se o mundo girasse ao seu redor e ele fosse o único a não se importar.
"Sigh…" o recepcionista suspirou, assistindo Sekiro se afastar. "As crianças hoje em dia são muito malcriadas, nem respeitam mais os mais velhos."
Enquanto murmurava para si mesmo, um dos outros funcionários se aproximou e colocou a mão em seu ombro. "Você acha que ele vai fazer isso de novo amanhã?"
O recepcionista olhou para o vazio e soltou outro suspiro cansado. "Tenho certeza disso."
...
Dois dias depois.
Sekiro entrou novamente no edifício do Hokage com uma confiança quase desafiadora. Caminhava com naturalidade, ignorando os olhares curiosos e admirados de alguns ninjas que o reconheciam de dias anteriores.
*Bam!* Mais uma vez, uma pilha de missões concluídas foi colocada com firmeza no balcão.
O recepcionista nem piscou; já havia se acostumado a essa rotina fora do comum.
Com um olhar cansado, analisou os papéis e começou a contar a recompensa, já separando uma nova pilha de missões, todas selecionadas cuidadosamente com o perfil que ele sabia que Sekiro preferia.
"Aqui estão seus cinquenta e oito mil ryos… e, como sei que você vai pedir, suas cinquenta missões."
Sekiro aceitou tudo em silêncio e saiu sem dizer uma palavra, o que, para o recepcionista, já era praticamente uma conversa rotineira entre eles.
Nos dias passados, o recepcionista observou e tentou entender a eficiência assustadora de Sekiro. Foi então que notou um padrão claro. Sekiro não apenas completava as missões rapidamente; ele as organizava para seguir um caminho estratégico pela vila.
Criara um mapa mental de missões que aproveitava ao máximo seu tempo e energia.
Sekiro seguia sempre o mesmo trajeto, que começava no edifício do Hokage, atravessava áreas densamente povoadas e terminava próximo a uma área residencial, onde o recepcionista presumiu que fosse a casa do garoto.
Ele aceitava apenas missões de tarefas rápidas e próximas umas das outras, como "encontrar tal coisa", "entregar tal pacote" ou "resgatar um bichinho de estimação". Tudo podia ser feito em sequência, sem sair muito do caminho.
Logo, moradores da região começaram a reconhecer o jovem ninja, sempre com uma grande bolsa quase estourando nas costas. Pelo caminho, deixava alguns pacotes nas casas, pegava outros, e, se visse um gato ou cãozinho perdido, parava para capturá-lo e devolvê-lo ao dono.
Cada tarefa parecia encaixar-se perfeitamente na sua rota. Alguns moradores até passaram a esperar ansiosamente sua chegada, sabendo que Sekiro cumpria suas tarefas com precisão e pontualidade.
No final do dia, Sekiro retornava à sua casa e descansava. Na manhã seguinte, cedo, ele já estava de volta ao edifício do Hokage, pronto para mais um dia de trabalho incessante.
O recepcionista suspirou enquanto o via partir para mais um dia de entregas e tarefas. "Essas crianças de hoje são… muito diferentes," murmurou.
Ele tinha que admitir, no entanto, que havia algo de impressionante na dedicação e disciplina de Sekiro.
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