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Chapter 14 - 14- O tempo muda as pessoas

Desde que Hinata teve aquela pequena discussão com Sekiro e decidiu se juntar ao grupo, uma semana já se passou. No início, ela estava hesitante; a ideia de desobedecer as normas rígidas de seu clã a deixava nervosa, mas algo dentro dela ansiava por mudança. Ela sabia que, se quisesse se tornar mais forte, precisaria se arriscar.

A cada dia, o treinamento na floresta ao lado de Sekiro e o outro membro do grupo a levava para longe das amarras do clã Hyuga, ainda que apenas por algumas horas. Durante esse tempo, ela sentia uma liberdade que nunca havia experimentado antes. Não era apenas sobre o aprimoramento físico — era sobre descobrir quem ela era além do peso de ser uma Hyuga.

Por causa desses treinos, Hinata tem chegado mais tarde em casa, e isso não passou despercebido. Seu pai, o líder imponente do clã Hyuga, a confrontou logo no terceiro dia. As palavras dele eram afiadas, carregadas de expectativa e desaprovação.

"Hinata, você tem voltado tarde demais. Onde esteve?" Ele perguntou, o olhar frio e penetrante.

Ela sentiu o habitual tremor percorrendo seu corpo. Dizer a verdade? Nem pensar. Os Hyugas não aceitariam que ela treinasse fora dos domínios do clã, ainda mais com um grupo que eles não conheciam. Então, mesmo com medo, Hinata respirou fundo e disse:

"Eu... eu estava brincando com meus amigos." As palavras saíram trêmulas, mas não se desmentiram. Ela sabia que estava pisando em terreno perigoso.

O pai de Hinata, Hiashi, observou-a em silêncio, os olhos dele vasculhando a mentira que ela tentava esconder. Para a surpresa de Hinata, ele não a pressionou mais, embora o desconforto fosse palpável. Em vez disso, ele apenas assentiu e mudou de assunto. Ele sabia que ela estava escondendo algo, mas, por algum motivo, escolheu não insistir.

Aquele momento de alívio foi um marco para Hinata. De certa forma, ela ganhou uma "permissão" não declarada para continuar suas idas à floresta, e, com isso, ela transformou o treino clandestino em parte de sua rotina. Todos os dias, assim que o sol despontava no horizonte, ela saía de casa antes que os afazeres do clã pudessem prendê-la. A floresta se tornou seu refúgio. Lá, o ar era fresco e livre das pressões do clã Hyuga. Aquele espaço lhe oferecia algo que a casa jamais poderia: liberdade.

Seu dia começava com uma curta sessão de aquecimento físico, que ela sempre realizava sozinha. Ela gostava de sentir seus músculos se alongando, o corpo se tornando mais ágil. Depois, Sekiro se juntava a ela para a sessão mais pesada de taijutsu, não na forma de uma partida treino, mas como lições.

Treinar com Sekiro era desafiador, mas diferente de qualquer coisa que Hinata já havia experimentado no clã Hyuga. Ele não a tratava como uma garota frágil, nem a pressionava como os membros do clã faziam. Em vez de exigir que ela lutasse no limite desde o começo, Sekiro a ensinava pacientemente. Primeiro, ele demonstrava os movimentos com clareza, explicando cada detalhe. Depois, fazia com que ela os repetisse sozinha, ajustando sua postura e seus gestos.

Quando ela cometia erros, Sekiro não a julgava. Ele não gritava nem mostrava frustração, como era comum no clã. Ao invés disso, apontava com calma onde ela estava errando e, se necessário, corrigia fisicamente seus movimentos — uma mão em seu ombro, um ajuste em seus pés. Isso era novo para Hinata. Nos treinos do clã, errar significava ser criticada e instigada a "fazer melhor" sem um direcionamento claro de como. Mas com Sekiro, cada erro era uma oportunidade de aprender, não uma falha a ser condenada.

Com o tempo, Hinata começou a perceber uma diferença em si mesma. Seus golpes, antes hesitantes e mecânicos, ganharam fluidez. Sua confiança crescia não porque Sekiro a incentivava com palavras, mas porque ela via seu próprio progresso. Cada movimento corrigido, cada técnica aperfeiçoada era uma prova de que ela estava se aprimorando, mas de uma forma mais tranquila e consciente.

Hinata nunca havia experimentado esse tipo de treinamento estruturado. No clã, o treino era uma batalha real desde o primeiro dia. As crianças eram empurradas para lutar contra os mais velhos e experientes, com pouca explicação sobre como melhorar. Aqui, com Sekiro, ela tinha espaço para aprender gradualmente, sem a pressão sufocante das expectativas do clã.

Ela nunca havia treinado tanto por conta própria. Nos dias do clã, os treinos eram supervisionados e cheios de expectativas sufocantes. Agora, ali na floresta, ela era livre para errar, para testar, para aprender em seu próprio ritmo. Estranhamente, tudo parecia mais fácil. Era quase como se, longe dos olhares críticos e dos murmúrios de julgamento, ela finalmente pudesse ser ela mesma.

Sem pessoas gritando com ela, sem olhares de desaprovação, Hinata descobriu algo novo sobre si mesma: ela era forte. Talvez sempre tivesse sido, mas nunca lhe haviam dado a chance de descobrir isso sozinha. Sekiro, por sua vez, notou a mudança. Um dia, ao final de um treino particularmente difícil, ele sorriu levemente para ela.

"Você está melhorando, Hinata. Continue assim."

Essas palavras, simples como eram, significaram o mundo para ela. Elas eram prova de que, fora da sombra do clã, Hinata podia florescer por conta própria. Mas, ao mesmo tempo, ela sabia que ainda havia um longo caminho pela frente. Seria apenas uma questão de tempo até que seu pai percebesse o quão longe ela estava indo. E então, o que aconteceria?

Com esse pensamento sempre à espreita, Hinata continuava sua jornada, a cada dia mais determinada a se tornar uma guerreira digna. Não para o clã, não para os outros — mas para si mesma.

...

Duas semanas

Hinata começou a participar das lutas e a treinar com Sekiro e Rock Lee. No início, ela estava nervosa e tomada pelo medo. As lembranças dos treinos rígidos e brutais do clã Hyuga ainda estavam frescas em sua mente. Ela esperava algo semelhante, onde cada erro seria motivo de críticas e a pressão seria insuportável. Mas o que ela encontrou foi diferente. Muito diferente.

Sekiro não a tratava como alguém frágil ou como a filha do líder de um clã. Ele observava seus movimentos com olhos atentos, mas ao invés de gritar ou criticar, ele permitia que ela atacasse primeiro, desviando por um triz de seus golpes. Ao invés de um confronto brutal, Sekiro parecia um mestre de artes marciais, tocando levemente suas aberturas, mostrando onde ela errava sem machucá-la, mas com precisão cirúrgica. Era uma dança cuidadosa entre os dois, onde cada erro era uma lição silenciosa.

Rock Lee, sempre entusiasmado e cheio de energia, era mais forte do que ela, mas também não a pressionava. Ao invés de usar sua força para dominá-la, ele controlava seus golpes, ajustando sua própria intensidade para se alinhar com a habilidade de Hinata. Ele sorria durante os combates, trocando golpes de maneira leve, como se soubesse que o objetivo não era vencer, mas sim ajudá-la a aprender.

Para muitos ninjas, isso poderia parecer um método ineficaz. Os Hyugas, em particular, acreditavam que apenas a pressão extrema e o combate real levavam ao verdadeiro crescimento. O método deles era mais direto: colocavam suas crianças para lutar de verdade, como se cada treino fosse uma batalha crucial. Mas para Hinata, esse estilo de treino sempre foi esmagador. A pressão para ser perfeita, para nunca errar, só serviu para alimentar suas inseguranças e minar sua confiança. Ela se tornou, aos poucos, uma pilha de nervos e dúvidas.

Agora, com Sekiro e Rock Lee, as coisas eram diferentes. Não havia pressa para atingir a perfeição. Cada erro que cometia era apontado com calma e corrigido, como parte natural do aprendizado, não uma falha imperdoável. Hinata começava a perceber que ela sabia onde estava errando, sabia o que precisava ser feito para acertar. Não havia ninguém gritando, não havia olhares de julgamento. O peso das expectativas que sempre carregou começava a se dissolver.

Esse tipo de treinamento era exatamente o que ela precisava. Algo mais leve, mais claro, onde ela tinha a liberdade de tentar de novo, sem medo de fracassar. Cada movimento errado era uma chance de aprender, cada golpe falho era uma oportunidade de melhorar. Hinata sentia, pela primeira vez, que estava crescendo por seus próprios méritos, que estava se tornando mais forte — não por pressão, mas por escolha.

O sorriso leve de Rock Lee, a paciência de Sekiro, tudo isso contribuiu para que Hinata se sentisse mais confortável consigo mesma. Ela não era julgada por errar; na verdade, seus erros faziam parte de sua evolução. Lentamente, ela começava a acreditar em seu próprio potencial.

...

Um mês se passou.

Hinata começou a treinar mais com Sekiro do que antes. Durante esse tempo juntos, ela percebeu que a rotina dele, embora mais intensa do que imaginava, era algo que apreciava. Os métodos de alongamento dinâmico, que ele sempre utilizava, não eram trabalhosos para ela. E, por mais cansativos que fossem os exercícios, Hinata os achava divertidos.

Sekiro a observava de lado, com o olhar de alguém experiente, quase crítico, mas sempre atento. Ele parecia saber exatamente onde Hinata errava, notando detalhes que passariam despercebidos para qualquer outra pessoa.

No entanto, Hinata sentia que havia algo diferente na forma como ele a olhava. Havia uma estranha intensidade no olhar de Sekiro, especialmente durante os alongamentos. Algo estava fora do comum.

Então, ela percebeu: já conhecia aquele olhar. Sekiro estava com inveja. Mas por quê? Ela não tinha certeza do motivo, afinal, ele era mais forte, mais rápido e muito mais experiente. O que ele poderia invejar?

A verdade, no entanto, era bem simples. Sekiro invejava a flexibilidade de Hinata. Enquanto ela se alongava com uma facilidade invejável, ele precisava lutar contra a rigidez de seu próprio corpo. Cada vez que ele via Hinata realizar os movimentos com leveza, era como se uma pequena parte dele desejasse que fosse assim tão simples.

E, no fundo, Sekiro tinha uma teoria secreta, que ele jamais compartilharia com ninguém. "Talvez", pensava ele, "meu alongamento seria mais fácil se eu fosse mulher." Ele até já havia se pegado refletindo sobre isso durante os treinos, mas nunca, em hipótese alguma, admitiria algo tão... embaraçoso.

Se alguém perguntasse, Sekiro diria que o motivo era apenas técnica. Nada mais. Mesmo que, por dentro, ele soubesse que aquela inveja era algo com que teria de lidar em silêncio.

...

Seis meses se passaram desde que Hinata começou a se dedicar seriamente aos treinos, e as mudanças em sua vida eram visíveis. As pessoas ao seu redor, especialmente os membros do clã Hyuga, começaram a notar as diferenças.

Ela não gaguejava tanto quanto antes e não desviava o olhar quando conversava com os outros. Em vez de se encolher diante das críticas, ela agora respondia com mais confiança, embora ainda mantivesse um tom de timidez que a tornava adorável. Apesar de ser uma pessoa insegura, se comparada à Hinata de seis meses atrás, ela parecia uma versão mais forte e determinada de si mesma.

No entanto, essa não foi a única transformação. Hinata também se tornou mais forte fisicamente. Os treinos árduos e o apoio de seus amigos contribuíram para isso. Os membros do clã começaram a notar que ela não cometia tantos erros quanto antes durante os treinos e lutava com mais facilidade. Embora ainda estivesse longe de alcançar o nível de seu primo genial, Neji, ela não era mais a mesma princesa incompetente que costumava ser.

O pai de Hinata, Hiashi, observava tudo isso com um olhar orgulhoso. Durante o jantar em família, ele a elogiou pela sua dedicação e progresso. "Você tem se esforçado muito, Hinata. É gratificante ver sua evolução," disse ele, com um brilho de orgulho nos olhos.

Hinata sentiu um calor subir pelo rosto. Ela sempre achou que ficaria radiante ao receber reconhecimento do pai, mas, estranhamente, não se sentiu tão satisfeita quanto esperava. Ela se questionava o motivo dessa insatisfação. O que havia de errado com ela?

A verdade era que, enquanto seu pai a elogiava, sua mente vagueava para os momentos que passava com seus amigos. O riso de Rock Lee, a forma atenta de Sekiro ao ensiná-la… Isso a deixava genuinamente feliz. Era ali, ao lado deles, que a pressão se dissipava e a leveza entrava. Eles nunca a julgavam, não a comparavam a Neji, e sempre estavam prontos para ajudar, sem qualquer expectativa em troca.

Mas Hinata ainda não conseguia entender o que isso significava. No fundo, ela sentia que os Hyuga sempre foram cruéis com ela, com suas palavras cortantes e comparações implacáveis. A bondade de Sekiro e o entusiasmo contagiante de Rock Lee eram algo que ela nunca tivera em sua família. E esse novo tipo de afeição que crescia por eles… ela não sabia como nomeá-lo.

Assim, enquanto a felicidade deveria transbordar ao ser elogiada por seu pai, ela se viu perdida em uma confusão emocional que não sabia como resolver. A admiração que sempre desejou da família agora parecia um eco distante, e o apoio dos amigos tomava um espaço inesperado em seu coração.

O que ela não percebia, e talvez nunca entendesse plenamente naquela fase da vida, era que seu alvo de afeição havia mudado sutilmente. De uma busca desesperada por aprovação familiar, ela estava começando a encontrar seu lugar entre aqueles que realmente se importavam com ela. Mas, por ora, isso permanecia como um mistério em sua mente jovem, um enigma que só o tempo poderia desvendar.

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