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Chapter 18 - 18- Repercussão

Tarde no campo de treinamento de Konoha

As folhas dançavam suavemente ao sabor da brisa, brilhando à luz do entardecer. O céu tingido de dourado e laranja banhava a clareira do campo de treinamento em uma atmosfera calma, mas o grupo que se reunia ali parecia carregado de tensão. Sekiro permanecia firme, seu olhar focado nas folhas que caiam, mas Lee e Hinata se entreolhavam, claramente incertos sobre como iniciar a conversa que haviam adiado por horas.

Por fim, foi Lee quem deu um passo à frente, seu olhar cheio de compaixão e um toque de dúvida.

"Sekiro, não acha que foi intenso demais com o Sasuke? A dor que ele carrega é profunda. A situação dele é…" Lee

Hinata, sempre gentil, apoiou as palavras de Lee com um tom suave, mas cheio de sentimento:

"Eu concordo, Sekiro. Suas palavras foram… duras. Ele já sofreu tanto… dizer aquelas coisas, daquela maneira…" Hinata mordeu o lábio, parecendo escolher as palavras com cuidado.

"Talvez tenha sido cruel. Ou até… desmotivador."

Sekiro olhou para os dois sem demonstrar surpresa. Ele já esperava por essa reação, principalmente de Hinata, com sua empatia natural. Ele suspirou e cruzou os braços, inclinando a cabeça levemente enquanto ponderava sua resposta.

"Eu entendo a preocupação de vocês." começou ele, sua voz firme, mas sem um pingo de arrependimento. "Mas a vida não espera por ninguém. Sei que o Sasuke sofreu. Sei que ele carrega um peso que nenhum de nós pode compreender totalmente."

Sekiro fez uma pausa, olhando para o horizonte. "Mas isso não é razão para ele ficar se lamentando pelo resto da vida."

Hinata baixou o olhar, como se quisesse dizer algo, mas hesitasse. Lee, no entanto, continuou, sua voz carregada de uma bondade inabalável:

"Sekiro, todos nós podemos escolher como lidar com a dor. Quer dizer que você vê a dor dele como fraqueza?"

Sekiro balançou a cabeça, observando os amigos com um olhar intenso e determinado.

"Não, Lee, não é a dor que o torna fraco. Dor é apenas um sentimento. O que define se somos fracos ou não é como lidamos com ela."

Ele então se aproximou deles, falando com calma e, desta vez, com mais empatia na voz:

"Alguns passam a vida inteira presos à perda. Outros seguem em frente, encontram novos motivos, novas pessoas."Sekiro fez uma pausa, tentando expressar algo complexo.

"Eu sei que pode parecer cruel, mas às vezes, o maior ato de respeito que podemos dar a quem se foi é seguir em frente e se tornar mais fortes por eles. Não é traição; é sobrevivência."

Hinata ergueu o olhar, os olhos cheios de tristeza e empatia, sua voz um sussurro:

"Mas, Sekiro, acha que falar daquele jeito realmente vai ajudar o Sasuke? Eu… acredito que motivá-lo de outra forma, talvez, fosse menos doloroso para ele."

Sekiro olhou para ela, pensando nas palavras. Ele sabia o quanto Hinata entendia sobre gentileza, sobre a dor de ser vista como fraca. Mas naquele momento, ele precisou desafiar essa perspectiva.

"Hinata, me responda uma coisa. Você gostava quando as pessoas sentiam pena de você? Quando te tratavam como algo frágil, alguém que só precisava de proteção?"

Hinata desviou o olhar, pensando nas memórias que essas palavras despertavam. Os olhares de desdém, as palavras baixas, as expressões de pena…

"Lee, e você? Quando as pessoas riam de você por não poder usar ninjutsu ou genjutsu… o que doía mais? As risadas ou o olhar de pena?"

Lee ficou em silêncio, processando o que Sekiro dissera. A verdade estava ali, crua, diante dele. Por mais que ele quisesse ver o lado positivo, lembrar-se de como as pessoas o viam como inferior era uma ferida aberta, que ele tinha aprendido a suportar e, aos poucos, superar.

Sekiro observou os dois em silêncio e prosseguiu:

"Em vez de se afogarem na dor e mágoa, vocês continuaram. Seguiram em frente e se tornaram quem são agora. Vocês aprenderam a ignorar os olhares e palavras dos outros." Ele respirou fundo, lançando-lhes um olhar firme.

"A diferença entre vocês e Sasuke é que ele ainda está preso à dor e aos olhares. Mas eu acredito que ele tem potencial para sair disso, e se minhas palavras o ajudarem a ver isso, mesmo que seja do jeito difícil, vale a pena."

Após um momento de reflexão, Lee quebrou o silêncio, sua voz ainda preocupada, mas com um toque de compreensão:

"Eu entendo o que está dizendo, Sekiro, mas e se ele não conseguir? Se o ressentimento crescer ainda mais? Sasuke pode acabar perdido, ou pior."

"Ele é forte, Lee. Ele tem algo dentro de si que ainda não percebeu. Às vezes, um empurrão forte é o que precisamos para despertar. E, se for esse o caso, então minhas palavras terão servido ao propósito."

Hinata, ainda com uma ponta de tristeza no olhar, murmurou, quase como se falasse para si mesma:

"Espero que ele entenda. De verdade…"

Sekiro sorriu para ela, mais suave agora.

"Ele vai entender, você verá isso amanhã."

...

Pov Sasuke

Eu não sabia o que estava fazendo aqui. Na verdade, nem sabia se isso ia me levar a alguma coisa, mas, por algum motivo, meu corpo me trouxe até aqui. Era como se meus pés tivessem decidido por conta própria, enquanto minha mente vagava em outro lugar, perdida.

Estava desanimado, caminhando sem rumo, ignorando completamente o que acontecia ao meu redor. A vila, as vozes, até o vento nas árvores pareciam distantes, como se tivessem sido abafados por um véu. Só havia uma coisa que eu conseguia ouvir claramente: as palavras daquele cara. Ele disse tudo de uma forma direta e fria, mas, mesmo assim, aquilo me acertou como um soco, fazendo a raiva e a frustração explodirem dentro de mim.

Ainda sinto os golpes de ontem. Meu corpo ainda dói, mas isso é fácil de suportar. Dor física sempre passa, é algo que você pode acostumar. Mas o que não passa é essa raiva. Uma parte de mim quer calá-lo, fazer com que ele engula cada palavra que disse. Mas, no fundo, sei que ele está certo. Ele provou isso ontem, da pior forma possível, e eu não consegui fazer nada a respeito. Me sinto patético só de pensar nisso.

Eu queria encontrar uma forma de me convencer de que ele estava errado, de que sou capaz de lidar com tudo isso sozinho. Mas, toda vez que fecho os olhos, vejo aquelas cenas... o massacre, a traição. Meu irmão sorrindo enquanto meu clã se desfazia na minha frente. E então, as palavras dele, como um golpe inesperado: "Pare de se lamentar e cresça."

Eu cerro os punhos ao lembrar. É como se a raiva fosse um combustível que eu não consigo usar, algo que só me queima por dentro sem me levar a lugar algum. Ele sabe disso; talvez seja por isso que falou daquela maneira. Queria me ver acordar, me ver reagir. Mas, no fundo, só me sinto mais perdido, mais confuso.

Talvez seja isso que me trouxe até aqui, até a entrada do campo de treinamento 9, onde ele disse que eu deveria ir se quisesse encontrá-lo. Não faço ideia do que ele quer, mas, no mínimo, quero respostas. E se eu tiver que enfrentá-lo de novo, que seja. Mesmo que ele me derrote mais uma vez, pelo menos não vou mais ficar só andando em círculos na minha própria cabeça.

Paro na entrada do campo e observo a clareira vazia. O vento sopra, fazendo as folhas dançarem, o único som além dos meus próprios pensamentos. O que eu espero encontrar aqui? Talvez só uma desculpa para descontar tudo isso em alguém. Talvez, dessa vez, eu consiga olhar para ele sem desviar o olhar, sem sentir essa impotência que me atormenta.

Dou alguns passos à frente, a determinação começando a tomar forma no meio do caos. Seja qual for o próximo golpe, estou pronto para recebê-lo.

Ao andar mais fundo na região e entrar no campo de treinamento, finalmente os vejo. Estão sentados à espera, como se soubessem que eu viria.

Hinata, sempre reservada, observa com um olhar que mistura calma e preocupação. Rock Lee, determinado como sempre, parece pronto para qualquer coisa. E Sekiro, com aquele olhar atento e quase desafiador, me encara de forma séria.

Sinto o peso das expectativas de todos eles. Meu peito aperta com a raiva que ainda queima, mas ao mesmo tempo, me sinto estranhamente vazio. Não tenho um sonho grandioso, só uma sede de vingança que me guia. É como se eu estivesse preso, incapaz de ver qualquer outra saída.

"Estou aqui, como você disse," digo, com a voz fria, tentando esconder qualquer hesitação.

Sekiro se levanta devagar, cruzando os braços. "Percebi." Ele me olha diretamente nos olhos, como se tentasse enxergar o que há dentro de mim. "Imagino que você veio atrás de respostas... ou talvez de uma dica?"

Meus punhos se apertam. "Estou confuso. Você disse que poderia me ajudar."

Ele inclina a cabeça, pensativo. "Antes de qualquer coisa, quero saber o seu sonho, Sasuke." Sua voz é calma, mas o tom é sério.

A pergunta me faz hesitar. Eu não tenho um sonho, não mais. Isso foi tirado de mim. Só tenho um objetivo. "Eu quero matar uma certa pessoa."

Sekiro solta um leve suspiro, mas seu olhar permanece firme. "A vingança pode te dar um bom motivo para seguir em frente... mas é uma força que se esgota rápido." Ele faz uma pausa, como se procurasse as palavras certas. "Me diga, não há outro caminho?"

"Esse é o meu único objetivo," respondo, sentindo que qualquer outra resposta seria vazia. Não há mais nada. Tudo o que um dia eu poderia ter sonhado foi destruído. Só resta isso.

Sekiro me encara por um longo momento, como se tentasse enxergar algo além da superfície. "Então você não tem escolha senão continuar. Eu entendo. Mas escute o que vou dizer." Ele dá um passo à frente, sua voz se tornando um pouco mais baixa, quase como um aviso. "Por enquanto, a vingança pode te sustentar. Mas, quando ela acabar, o que vai restar?"

Eu abro a boca para responder, mas percebo que não tenho uma resposta. Não há nada depois. Não pensei nisso — não quero pensar nisso. A raiva e o desejo de vingança têm sido tudo o que me mantém em pé.

Sekiro percebe minha expressão e suspira. "Você não vai longe apenas por vingança, Sasuke. E, mesmo que consiga o que quer, essa força vai te abandonar um dia. Se continuar sem outro combustível... essa sede de vingança pode acabar te consumindo."

Ele se afasta, com o olhar ainda fixo no meu. "Quando chegar esse momento, talvez você ainda tenha tempo de encontrar outro propósito. Mas saiba que quanto mais demorar, mais difícil será. Só estou te avisando: não deixe que isso te destrua antes de alcançar o que quer."

O silêncio que se segue é pesado. Sinto como se tivesse levado um golpe. A raiva ainda está ali, queimando, mas suas palavras ecoam na minha mente, como um alerta incômodo.

Por agora, não tenho escolha. Só posso seguir o caminho da vingança, pois é tudo o que me resta. Mas algo me diz que as palavras de Sekiro vão continuar comigo, como uma sombra que eu não consigo ignorar, uma sombra que me lembra que esse caminho pode não ter retorno.

"Mais alguma coisa?"

"Uhm... já treinou hoje?" Sekiro pergunta com um leve sorriso brincalhão no rosto, adorando a situação."

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