[Um mês depois.]
Após escolher minha segunda classe, segui com minha vida de sempre, alternando entre ir para a escola de manhã e treinar à tarde.
Assim como o sistema havia mencionado, por ter alguém para me guiar no caminho, minha habilidade de combate corpo a corpo cresceu rapidamente.
Os outros também começaram a ficar mais fortes, o que significa duelos mais desafiadores e, consequentemente, mais experiência de combate.
Logicamente, a habilidade de combate corpo a corpo se desenvolve mais rapidamente durante o combate; quanto mais forte o oponente, mais ela cresce.
Por isso, eu desafiava todos para lutar com frequência. Até mesmo Guy não foi deixado de fora.
Guy, com sua juventude exuberante, não iria desapontar e aceitou todos os desafios.
Minha outra habilidade, de disciplina mental, surpreendentemente cresceu mais rápido que a de combate.
Eu e o sistema percebemos que ela cresce constantemente, a ponto de subir de nível até mesmo enquanto durmo.
Não sei o motivo exato, mas o sistema teoriza que isso tenha relação com as memórias da minha vida passada.
Como shinobi, a disciplina é algo gravado em nossa mente desde cedo.
"Como seu pai, munha palavra é absoluta. A do seu mestre vem logo atrás. " Essas foram as palavras de meu pai no dia em que seria apresentado ao meu lorde.
Nunca esqueci disso, o código de ferro. Mesmo tendo quebrado esse código ao me voltar contra meu pai e escolher seguir Lorde Kuro, ainda sigo o código de ferro.
Proteja seu lorde, independentemente do que quer que aconteça.
Talvez, com o retorno das minhas memórias, minha mentalidade esteja mudando para se adaptar a elas.
Isso se reflete nas minhas habilidades; assim como minha disciplina está retornando, talvez minhas habilidades com espadas voltem a ser como eram.
...
[Dois meses depois.]
Estou ficando mais forte; o treinamento está dando resultado. Minhas habilidades de combate corpo a corpo crescem a cada dia que passa. Nesse ritmo, em breve poderei afirmar com orgulho que sou um verdadeiro mestre nas artes do punho.
Mas essa não foi a única habilidade que desenvolvi; minha disciplina mental também está se solidificando, seguindo os ensinamentos que Coruja me passou.
Revivo as memórias da minha infância, quando ele me guiava pelo caminho do shinobi, moldando não apenas meu corpo, mas também minha mente com os princípios do código de ferro.
À medida que absorvo esses ensinamentos, percebo que estou mudando, mesmo que não perceba completamente. Minha voz, antes leve e cheia de inocência, agora soa mais grave e baixa, um reflexo das lições que aprendi e das responsabilidades que assumi. Estou absorvendo tudo isso, e, no processo, algo em mim está se transformando.
Minhas emoções não flutuam mais como antes; estou sempre calmo, como a água tranquila de um lago. Contudo, sei que essas águas rasas e calmas escondem um turbilhão embaixo delas. O que antes era leveza se tornou peso.
Sinto falta da simplicidade da infância, da alegria despreocupada de brincar e rir ao lado dos amigos. Enquanto eles ainda preservam uma certa dose de infantilidade, eu me vejo cada vez mais maduro, absorvendo o peso do que significa ser um shinobi.
Não sei por que, mas sinto que estou deixando algo para trás.
Minha infância, meus momentos de diversão, estão se esvaindo como areia entre os dedos. Enquanto me empenho para me tornar um shinobi forte e disciplinado, sinto que estou me afastando da imaturidade que me permitia sonhar e brincar. O que era leveza se transforma em um fardo silencioso, e a ideia de que a infância deve ser deixada para trás para se tornar um adulto responsável pesa sobre mim.
Estou crescendo, e isso me enche de orgulho, mas, ao mesmo tempo, me questiono: estou realmente fazendo o que é certo? A balança entre a força e a alegria está se inclinando, e, por mais que busque o equilíbrio, a dúvida me atormenta. O que acontece com a parte de mim que era livre e feliz? Estou trocando minha inocência por um caminho que pode ser solitário?
Enquanto sigo em frente, lutando não apenas contra inimigos externos, mas também contra os sentimentos de perda.
Sinto falta do meu lorde, ele saberia o que fazer, ele perguntaria como eu me sinto e me diria o que fazer com base nisso.
É estranho como ele me conhecia melhor que eu mesmo, ele esclarecia minhas dúvidas com tanta facilidade que parecia ser simples.
Espero que ele estaje seguro.
...
[Três meses depois.]
Minha classe de Artista Marcial está subindo de nível, e isso trouxe algumas melhorias nas minhas habilidades. Cada dia de treino traz novos desafios e, aos poucos, começo a notar as mudanças em meu corpo e mente.
No nível 4, ganhei a habilidade de Resistência Física. Como artista marcial, sei que meu corpo é minha principal ferramenta. Para torná-lo mais eficiente, preciso fortalecê-lo. Essa habilidade não é como o Aprimoramento Físico da classe de Acrobata, que foca em melhorar aspectos específicos da agilidade. A Resistência Física se concentra em aumentar a resistência geral do meu corpo.
Agora, minha pele, músculos, tendões e ossos estão se tornando mais robustos. Já consigo sentir a diferença: minha pele está mais resistente a cortes e arranhões. É um progresso que me faz sentir mais confiante, mas também me lembra que ainda tenho um longo caminho pela frente.
Eu sei que, se continuar treinando, posso até me tornar imune a lâminas no futuro, mas isso é uma meta distante. O que importa agora é que estou avançando, mesmo que em pequenos passos. Vou focar em melhorar minha resistência a cada dia e aceitar as vitórias, por menores que sejam.
Às vezes, me pergunto se estou me dedicando demais. Passo tanto tempo treinando que acabo deixando de lado momentos simples de diversão. Enquanto meus amigos ainda mantêm um pouco da infância, sinto que estou amadurecendo rapidamente. Essa transição pode ser boa, mas também sinto falta da leveza que a imaturidade traz.
Por enquanto, vou me contentar com o que consegui. Cada avanço é uma conquista, e isso é o que importa. O caminho do artista marcial é longo, e sei que cada treino me aproxima de quem quero me tornar.
Estou apenas no começo, mas já sinto que estou no caminho certo.
Eu acho.
...
[Um mês depois.]
Algo que eu não esperava aconteceu: de alguma forma, consegui concluir um dos objetivos da missão de vida da Hinata.
Ajudei-a a descobrir seu sonho, embora nem eu saiba exatamente como isso se deu. Sempre a encorajei, compartilhando histórias de homens que admiro, tentando inspirá-la a encontrar seu caminho.
Mas percebo que essas histórias, repletas de bravura e luta, talvez não tivessem o impacto que eu imaginava. Hinata sempre foi tão doce e inocente, e eu, por outro lado, carrego um peso que não se pode simplesmente deixar de lado.
Eu sempre a via como uma garota normal, uma jovem que luta contra a imagem que os outros têm dela, a princesa frágil, escondida à sombra do talento de seu primo.
No entanto, o que eu não percebia era que ela tinha suas próprias batalhas internas, algo que não se manifestava claramente, mas que estava ali, latente.
Frustrado com a falta de progresso, resolvi pedir ajuda ao meu aliado mais confiável: o sistema.
"Como posso ajudar Hinata a desejar algo genuíno? O que pode se tornar um verdadeiro objetivo para ela?", perguntei, sem qualquer esperança de que uma resposta simples surgisse.
O sistema respondeu com uma risada sacana, o que me deixou intrigado mas ela rapidamente o escondeu e me deu uma resposta.
Eu estava claramente me aproximando da situação de maneira errada.
Decidi usar um pouco do ouro que acumulei para comprar uma variedade de presentes que uma garota poderia gostar: esmaltes, maquiagem, espelhos, vestidos, laços, pulseiras, tiaras, perfumes e bonecas.
Coisas que, segundo o sistema, ela nunca teve a oportunidade de desfrutar, já que seu clã era rigoroso e a mantinha afastada dessas pequenas alegrias.
A cada semana, entreguei um presente diferente, seguindo o que o sistema me sugeriu. Cada vez que via o sorriso de Hinata ao receber um deles, sentia uma satisfação estranha, quase como se estivesse cumprindo um dever.
Eu não percebia, nem ela, que, ao fazê-lo, estava tocando seu coração de uma forma que nunca imaginei.
Finalmente, no dia do aniversário dela, preparei uma grande surpresa.
Com todos os presentes que havia acumulado, entreguei a ela uma montanha de coisas que ela provavelmente sonhou em ter. Mas não era isso que importava. O que realmente contava era o que eu estava prestes a dizer.
Olhei nos olhos dela e, com sinceridade, disse:
"Hinata, mesmo que o mundo te veja como uma princesa fraca, para mim, você é muito mais do que isso. Você é forte, mais forte do que imagina. Eu estarei sempre ao seu lado, apoiando suas escolhas e seus sonhos. Você merece ser feliz, e eu quero fazer parte disso."
Naquele momento, vi seus olhos se encherem de lágrimas, e ela pulou para me abraçar. A missão estava concluída; confiei que ela havia encontrado algo pelo que lutar.
Mas a verdade é que não consegui identificar o que era exatamente. Uma parte de mim estava alheia ao que se desenrolava em seu coração.
No fundo, a simples declaração, ainda que não fosse uma confissão de amor, reverberou como uma semente de afeto. Eu não percebia, mas ao ajudá-la a descobrir seu sonho, acabava por plantar uma expectativa silenciosa.
E enquanto tudo isso se desenrolava, eu continuava imerso em meus próprios pensamentos, sem notar que, eu acabei de plantar uma semente de expectativas no coração dela.
...
[Dois meses depois.]
Um desastre aconteceu, algo que eu definitivamente não estava preparado para. Rock Lee, com seu entusiasmo contagiante, acabou sucumbindo ao carisma de Guy. E agora, ele... ele...
Ele cortou o cabelo! Sim, aquele corte perfeito que todos chamam de "cabeça de melancia". E não para por aí; ele começou a usar aquele macacão verde ridículo que faz qualquer um parecer uma figura de desenho animado.
Sério, alguém, por favor, fure meus olhos! Não consigo acreditar que agora estou vendo o Rock Lee em versão deluxe, como um mini-Guy. Era tudo o que eu não precisava: mais uma "cabeça de melancia" perambulando por aí.
Antes, Lee usava roupas normais e tinha aquele cabelo longo que todos nós conhecemos — e que, se eu não me engano, até tinha um certo charme. Agora, parece que ele decidiu seguir o caminho da futilidade. Não me leve a mal, é ótimo que ele tenha finalmente abraçado seu verdadeiro eu, mas, meu Deus, que mudança drástica!
A cada treino, quando ele aparece com aquele macacão brilhante, eu sinto um misto de admiração e vergonha alheia. Ele ainda é o mesmo Lee por dentro, mas a nova fachada é apenas ridícula. Não sei se eu rio ou choro. O que os outros vão pensar? Ninguém merece ver isso em dobro!
Se pelo menos ele soubesse que todos nós estamos apenas rindo internamente, talvez ele reconsiderasse esse novo estilo. Mas, enquanto isso, vou apenas me acomodar e aproveitar o show. Afinal, quem não ama uma boa comédia?
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