Prólogo
Eu finalmente estou aqui, respiro fundo e olho para a enorme cidade feita de pedras negras que parecem absorver a luz. Um rio corre por dentro da cidade com sua coloração verde fosforescente, é assustador e faz um enorme contraste com a cidade sempre escura. Agora é noite, mas mesmo durante o dia a cidade é escura como se sempre fosse noite. O nome cidade das sombras faz jus a sua aparência.
Olho para meus companheiros no navio e as expressões são variadas; há medo, apreensão, alegria e curiosidade… Eu entendo seus sentimentos, essa é uma cidade misteriosa e pouco se sabe sobre seus perigos.
Eu olho mais uma vez para a cidade e seguro meus dois punhos fechados,
Asshai da sombra…
Não importa as dificuldades, esse será meu novo lar e onde espero aprender mais sobre a magia e desvendar todos os mistérios deste mundo de Gelo e Fogo!
Ano atual: 101 A.C
Capítulo 1
Eu acordei no pior lugar e na pior hora
Ouço os bipes de uma máquina de hospital, é meu coração batendo bem devagar, quase como se anunciasse meu fim. Estou num leito de hospital há alguns meses, o motivo? Uma doença terminal… Eu paro de lutar e aceito meu destino, respiro uma última vez com muita dificuldade, meu corpo parece reconhecer que estou pronto e os bips da máquina se encerram reconhecendo o fim de minha vida.
Parece que foi apenas alguns minutos depois, eu estava no hospital, mas agora sinto meu rosto molhado e um cheiro familiar nojento, ao mesmo tempo sinto minha barriga doer, assim como meus braços e pernas. A dor que sinto aos poucos vai me deixando como se nem existisse mais e fosse apenas uma ilusão.
'Isso é um sonho?'
Eu me pergunto, e me levanto do lugar onde eu estava deitado. Tenho certeza que ainda estava no leito de um hospital, mas agora estou num beco escuro com pouca luz do sol entrando, o pouco que consigo enxergar me mostra o local onde eu estava deitado, uma poça de chuva misturada com urina e sabe-se o que mais. Me aproximo da pouca luz que tem no beco e me vejo vestindo uma roupa de linho com algumas peças de couro, ela é bem primitiva e posso dizer isso porque vejo que foi costurada a mão.
Além da roupa, vejo manchas de sangue nos meus braços e pernas e sinto algo gelado no meu abdômen também, não sei se é água suja ou mais sangue. Mas vejo que além do sangue não há nenhuma ferida. Olho na direção fora do beco e vejo pessoas falando, andando e algumas até gritando como se anunciassem algo, tento entender o que eles estão falando mas não consigo, eu finalmente dou vários passos e saio para fora do beco, mas, ao mesmo tempo, uma dor de cabeça enorme me atinge e começo a ficar tonto.
Me apoio em algo que acredito ser um poste enquanto suporto a dor, e as palavras de todos começam a fazer sentido, como se aquela língua fosse algo natural que falei a vida inteira. As frases são como eu suspeitava; Pessoas vendendo itens, outras comprando e algumas apenas conversando enquanto caminham pela rua. Uma senhora com uma cesta de frutas se aproxima e pergunta:
"Você está bem jovem?"
—Sim, eu estou bem! Respondo.
Só então percebo que as as palavras que saem da boca dela e da minha não são nenhum idioma que eu conhecesse na terra.
Ela me faz outra pergunta:
"Você foi ferido? Quer que eu chame os guardas?"
Eu respondo que apenas briguei com alguns ladrões. A resposta sai rápido, quase como se eu soubesse que ter sangue e nenhuma ferida podem me trazer problemas, ainda não sei o que houve, mas a dor de cabeça está diminuindo e algumas respostas já podem ser encontradas na minha memória.
Eu tento ignorar algumas das informações em minha mente e então olho para a senhora e pergunto:
—Aonde estou?
Ela diz rapidamente:
"Essa é a rua do comércio Goulen no distrito norte."
—Distrito norte de qual cidade? Eu respondo rapidamente não acreditando nas memórias que estavam surgindo na minha mente.
"Do que você está falando criança? Você bateu a cabeça? Estamos na capital, a capital do grande império; Valíria!"
Ao mesmo tempo que percebo que a língua que estávamos falando o tempo todo é alto valiriano, eu suspiro fundo de medo e terror, eu não pergunto em qual ano estamos porque já sei a resposta graças as memórias que agora preenchem todas as lacunas da minha mente. Começo a suar frio quando percebo que estou no ano do grande desastre conhecido por todos como a "Perdição de Valíria". Uma única palavra sai da minha boca:
Porra!