Entramos juntos no bar/pousada mais perto da região onde moramos, durante todo o caminho até lá não conversamos nada e um silêncio sério permanece. Um garçom nos leva numa pequena sala e nos sentamos em uma mesa reservada para "clientes importantes". O silêncio permanece até que Omar pede várias opções de pratos: Três peixes fritos que reconheço como um pescado local, costeletas de cordeiro assada com tempero adocicado, uma porção generosa de batatas assadas e uma pequena cesta com pequenos pães brancos. Para beber pedimos 3 canecas de cerveja artesanal criada pelo próprio dono do estabelecimento. As comidas não vem imediatamente, mas as bebidas sim, Omar e Liza tomam um gole da bebida e então olham para mim como se dessem o sinal para eu começar a explicar.
Não querendo estragar seus apetites eu começo com um assunto diferente, e pergunto quantas moedas de ouro ele tem no momento e quanto ele conseguiria pedir ao seu velho, antes que ele responda, também pergunto se a casa dele está no seu nome e qual seria o valor dela. Omar arregala os olhos com minha pergunta e Liza mantém uma expressão séria. Em seguida ele começa:
"Tenho cerca de 7 ou 8 moedas de ouro guardadas que consegui economizar, já recebi a mesada desse mês do meu pai e também já gastei a maior parte dela, devo ter no máximo 30-40 moedas de pratas restantes. Nunca pedi nada além do que ele me dá, mas se precisar pedir não sei quanto ele me daria, mas posso tentar. E sim, a casa está no meu nome, apesar do seu tamanho e "beleza" você sabe que a área que vivemos não é muito valorizada e apenas plebeus vivem no local, ela provavelmente vale 4 vezes o valor de uma casa na região já que ocupa 4 terrenos e podemos aumentar um pouco mais, já que os materiais usados nela é um pouco melhor que os demais na região. A grande questão é se encontraríamos um comprador que queira gastar tanto num área tão pobre."
—Entendo…
Assim que terminarmos o almoço aqui podemos ir até seu pai e ver o quanto ele pode te dar ou emprestar, depois vamos até o porto procurar um navio para comprar, os requisitos são um que seja rápido, grande e dentro do nosso orçamento. Depois devemos ir no banco pedir empréstimos e até mesmo nas gangues locais se o dinheiro que precisarmos não for suficiente.
"Ei você está falando sério? Um navio mediano com suas descrições não custaria tanto dinheiro ao ponto de nos atolar em dívidas, ainda mais dívidas com o tipo de pessoa que nos transformariam em mercadorias nos leilões de escravos."
Eu dou um sorriso para Omar e digo:
—Quem disse que vamos pagar qualquer uma dessas dívidas? Essa é a vantagem de saber o que eu sei antes de acontecer…
"Toc Toc"
A porta recebe uma batida antes de ser aberta e as comidas que pedimos chegam, enquanto os pratos estão sendo servidos na nossa mesa eu dou um gole pela primeira vez e experimento a cerveja do local, ela é bem rala, parece que muita água foi misturada na verdadeira cerveja, um leve sabor doce misturado com o que eu suponho ser amido da cevada e um leve gosto de algo que suponho ser manteiga ou algum outro tipo de produto feito à base dela. Não é ruim, mas eu preferiria a versão com menos água, mas pelo preço não posso reclamar.
Experimento as demais comidas na mesa e todas agradam meu paladar, esperava algo mais primitivo e com sabor menos agradável, mas tudo está bem saboroso e fico satisfeito com a minha primeira refeição nesse mundo. Fico surpreso com as costeletas assadas, é uma das melhores que já experimentei e as batatas assadas tem algum tipo de tempero apimentado delicioso e combina bem com a cerveja aguada. Paro de prestar atenção na comida e vejo que meus dois acompanhantes só comeram um pouco e estão olhando para mim esperando que eu continue. Dou uma ultima colherada numa sopa que veio como brinde e então volto a falar:
—Vocês já ouviram falar de Daenys Targaryen?
Omar acena que não e Liza parece pensar um pouco antes de falar:
"Ela era uma das filhas do Lorde Targaryen?"
Eu respondo que sim e acrescento:
—Ela ficou conhecida como "Daenys a Sonhadora" o motivo desse nome era seus muitos sonhos que ela afirmava ser visões do futuro. Entre seus muitos sonhos havia um que preocupou muito os Lordes de sua casa. Esse era o fim de toda Valíria, um desastre tão grande que nem mesmo os dragões no céu vão escapar. Pouco depois desse sonho todos os Targaryens foram para Westeros levando até mesmo seus dragões e não deixando nada para trás.
Fico em silêncio após a descrição dos sonhos de Daenys, deixando eles absorverem as informações e volto a comer pegando um enorme pedaço do peixe frito, enquanto olho para os dois e vejo suas reações. Deixo mais detalhes para depois porque não confio muito na meretriz, ela pode estragar meus planos de "empréstimos a longo prazo" se sair falando de mim e de Omar por aí.
—Baseado apenas nisso você está disposto a tomar tantos empréstimos e até mesmo acabar como um escravo? Pergunta Liza.
Omar olha para ela e coloca uma das mãos no queixo como se estivesse pensando após ouvir o comentário.
"Eu confio em Rafa, não só por ele ser meu melhor amigo, mas também porque ele não costuma assumir riscos de nenhum tipo, se você está disposto a fazer isso você deve ter uma certeza absoluta de que isso vai acontecer mesmo, estou certo?"
Agradeço a personalidade medrosa, quero dizer precavida do antigo Rafael, e aceno com a cabeça. Após isso Omar pergunta novamente:
"Então você sabe quando isso vai acontecer?"
—Em menos de 7 dias, mas a escala do desastre é tão grande que precisamos estar a pelo menos 1 dia de distância para garantir nossa segurança. Isso nos deixa com menos de 5 dias para nos prepararmos. Omar fique tranquilo, se vc não acredita em mim e quer outras garantias eu posso te deixar na ilha mais perto possível para você esperar e…
Antes que eu continue ele acena com a mão para eu parar.
"Não há necessidade, vou acreditar em você nessa."
Eu aceno para ele em confirmação agradecendo sua confiança em mim e olho para a meretriz que está refletindo. Ela percebe meu olhar e faz outra pergunta:
—Que tipo de desastre vai ser? Você disse que precisa de pelo menos 1 dia de distância para garantir a sobrevivência..."
Eu olho para ela com uma expressão séria e começo:
—As 14 chamas vão entrar em erupção ao mesmo tempo.
Faço uma pausa e observo sua expressão, me pergunto se ela sabe o que é uma erupção, mas ela ainda está refletindo e imita o mesmo gesto de Omar com a mão no queixo. Logo em seguida ela se levanta e faz um gesto de se curvar na direção de Omar e agradece pela refeição, depois ela olha para mim e agradece dizendo:
"As informações sobre Daenys são algo novo que eu não sabia, quanto a profecia do desastre e sua data específica eu não posso acreditar em você da mesma forma que seu amigo acredita, mas ainda levarei em consideração a informação."
Quando ela está prestes a sair, eu chamo ela mais uma vez e digo para manter segredo sobre o desastre, pode ser perigoso para quem espalha a informação e não será vantajoso para quem quer ir embora se os preços dos navios e passagens se tornarem mais caros. Ela acena em compreensão e vai embora logo depois. Quando a porta está fechada Omar vira para mim e manda um "desembucha", eu dou um sorriso e sei que ele também não acreditou na história da profecia. Então falo com calma num tom mais baixo para evitar ouvidos que ainda estão do lado de fora:
—Além de Daenys eu também sonhei com o desastre! Afirmo com uma expressão séria no rosto.
Omar fica sem se mover digerindo a informação então ele cospe em um tom rude:
"Parece que o sangue de seu pai continua forte mesmo ele sendo um bastardo, se eu estiver correto Daenys não viu a data exata, mas você viu né? Isso explicaria porque eles fugiram a tanto tempo."
—Então você acredita em mim?
"Suspiro… Sim eu acredito."
[BIP]
[Missão opcional concluída]
[Convença pelo menos 1 pessoa que o desastre é real]
[Experiência foi ganha com a conclusão da missão]
(Curiosidades de Valíria parte 3: O título 40 famílias, se refere as famílias mais poderosas de Valíria que possuem montadores de dragões desde o início do império valiriano, porém desde que os Targaryen fugiram e foram para Pedra do Dragão, os nobres passaram a chamar elas de 39 famílias, e apenas entre os plebeus a expressão 40 famílias ainda permanece.)