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Chapter 11 - Banco

 A frente do Banco exalava riqueza, não só é uma das melhores arquiteturas da cidade, como também contém ouro em quase toda a estrutura. Acho que não importa o quão rico fosse o futuro Banco de Ferro de Braavos, eles jamais podem superar todo o ouro sangrento que Valíria tem. E quando digo ouro sangrento, me refiro aos pobres escravos cavando 24 horas por dia nas profundezas das 14 chamas, morrendo não só de exaustão, mas também devorados por vermes de sangue ou queimados vivos por cavarem no local errado. De acordo com o que me lembro, existem até relatos dos pés dos escravos estarem sempre em carne viva devido a alta temperatura sob seus pés. Pode-se dizer que o desastre prestes a acontecer é um carma trazido pela ganância das 40 famílias governantes.

 Assim que entramos no Banco, uma recepcionista bonita e bem vestida nos recebe, ela pergunta qual o motivo da visita e assim que dizemos a palavra "empréstimo" ela nos dá uma folha para preenchermos. Na folha eles pedem nossos nomes, classes sociais, bens possuídos por nós ou por nossa família e claro, o valor do empréstimo e seu motivo.

 Decidimos pedir alto esperando receber pelo menos metade. Omar pede 500 moedas de ouro e eu peço 200, claro o único motivo disso é porque eu preencho dizendo que já sou dono de metade do veleiro Caçador de Ventos e tenho em minha posse atualmente cerca 40 moedas. Ainda não tenho, mas terei amanhã graças a Magnus o agiota. A garota volta 5 minutos depois e leva as folhas, ela pede para aguardarmos 20 minutos enquanto um funcionário faz verificações de nossas posses no prédio da prefeitura que fica na mesma rua. Quando ela da uma olhada na ficha e vê o nome de Omar seu comportamento antes educado agora quase se torna bajulador, ela pergunta se queremos comer algo ou beber algo. Omar mantendo seu estilo esbanjador de filho de um Lorde pede uma taça de vinho e alguns petiscos leves e eu peço um suco gelado, esse tipo de bebida gelada e comum é consumida diariamente junto com cerveja também gelada devido ao clima das terras de sempre verão na cidade Franca. Quando estamos bebendo nossas bebidas e comendo os petiscos que são ovos cozidos similar aos de codorna, e uma massa folheada frita, aproveito para ler os detalhes da bolsa de armazenamento clicando no (+) que apareceu no meu sistema.

[Bolsa de armazenamento das sombras]

{Detalhes} +

[Uma bolsa feita por Umbromantes de Asshai, criada a partir de órgãos e pele de uma criatura nascida na Terra das sombras.]

A bolsa contém um pequeno espaço sombrio comprimido e foi esculpida com 3 feitiços:

-Compressão sombria +

-Ligação de sangue +

-Rastreamento Sanguíneo +

[O artesão não pode ser identificado] 

 Isso confirma meus pensamentos de que roubar esse tipo de bolsa não funcionaria, de acordo com a descrição dos feitiços no (+), Ligação de sangue faz com que apenas o dono da bolsa possa utilizá-la, enquanto ele viver é claro. E rastreamento permite ao dono sempre saber para onde a bolsa foi, não uma localização exata, mas uma espécie de direção geral. Quanto ao primeiro feitiço, parece ser algo capaz de estabilizar o que suponho já ser o espaço existente. Se eu não estiver errado, a bolsa é feita do estômago de alguma criatura capaz de comer mais do que seu tamanho aparenta. Isso me deixa assustado e animado ao mesmo tempo! Encontro a confirmação de que feitiços mágicos realmente existem e até traços de uma criatura nunca antes vista pelos leitores do mundo de Gelo e Fogo!

 Outro detalhe que me animou é que os dois feitiços de sangue são do ofício Mago de Sangue. Não entendi qual a diferença que a palavra ofício tem na conjuntura de um Mago de Sangue, mas espero aprender isso quando me mudar para Asshai. Um último detalhe importante é a capacidade do meu sistema de quebrar essa ligação… Isso me deixa com mais opções para completar essa missão. 

 O homem da prefeitura volta e somos levados para uma nova sala, dessa vez separados. Encontro um homem velho e barbudo usando um terno extremamente luxuoso, ele se levanta momentaneamente para me cumprimentar antes de se sentar de novo, seus olhos violetas vagam rapidamente na minha folha de documentos antes de se voltarem para mim e ele fala: 

"Senhor Rafael boa tarde, sou um dos gerentes dessa filial você pode me chamar de Anton, devo lhe informar que o veleiro que você citou não está no seu nome ou do seu sócio, a venda e os documentos ainda não foram transferidos?"

Aceno em afirmação e ele continua:

"Tudo bem eu vou pedir a confirmação amanhã novamente, mas podemos prosseguir com sua solicitação de empréstimo. A casa no nome de seu pai foi avaliada em 7 moedas de ouro e a loja também em seu nome obteve uma avaliação de 14 moedas de ouro. Se incluirmos sua participação de 50% no Caçador de vento isso coloca mais 40 moedas. Isso mal é suficiente para cobrir um empréstimo de 60-80 moedas, temo que tenhamos que decepcionar o senhor dessa vez, se seu sócio se tornar seu fiador podemos estender para 90 moedas, mas visto que ele também está tomando empréstimos ainda maiores, até mesmo isso ficaria um pouco difícil para nós…"

Ele fica em silêncio e não entra em detalhes, nesse momento ele está esperando para ver se estou confiante não só em ganhar dinheiro, mas também em quitar minhas dívidas. Então encho meus pulmões e começo:

—Além das posses listadas eu tenho um pouco mais de 30 moedas de ouro comigo, e outros 30 em mercadorias que serão enviadas e vendidas para Asshai. Isso vai me trazer um lucro três vezes o valor da carga que vamos levar, planejo em seguida usar todo esse lucro para trazer itens da própria Asshai e revender novamente dobrando ou até triplicando meus ganhos, tudo num período de 1 ano e meio fazendo essa viagem. Quando voltarmos de Asshai nosso segundo navio deverá estar construído se o seu empréstimo nos for concedido, permitindo fazer novamente a viagem, dessa vez com o dobro da carga. Mas claro, viagens assim são perigosas e nada é garantido, os riscos também são altos. É por isso que tenho meu plano B, que inclui a criação de 2 outros seguimentos, um no ramo mercenário e outro numa empresa de transporte de água. Não pense que o transporte de água seja tão simples, temos um novo método que nos permitirá remover o sal da água e com isso ganhar grandes lucros ao criar a sede dessa empresa bem próxima a cidade das sombras, só que para esses dois planos eu preciso do empréstimo completo. Estou confiante na minha nova técnica de remoção de sal, e com isso, colocaria até mesmo minha vida como garantia desse empréstimo.

 Termino de falar e espero sua resposta, pude ver ele arregalar os olhos quando uso minha vida com garantia. A técnica de dessalinização não deve ser algo tão estranho para os valirianos que são tão avançados em várias tecnologias e metalurgia, só que eles devem ter considerado os custos muito altos mesmo com o uso de sua magia/metalurgia avançada. Claro, eu não planejo fazer isso em larga escala, mas apenas o suficiente para sobreviver e ganhar um pouco de dinheiro quando chegarmos em Asshai onde a água é um problema, a companhia mercenária é apenas um esquema fantasma para ganhar mais dinheiro do banco, quanto a usar minha própria vida? Quem vai estar vivo para cobrá-la?

"Hum… você criaria a companhia mercenária para proteger sua própria frota de comércio, faz sentido. Algumas empresas usam esse método para economizar custos e com o tempo, a fama dessas companhias aumentam trazendo sua própria renda extra. Vou aceitar seu pedido usando minha autoridade, você deve pagar as 200 moedas em 1 ano e meio com um juros de 150 moedas. Se você não pagar depois de 3 meses do prazo, confiscaremos tudo que estiver no seu nome para quitar a dívida inicial e se não for suficiente você e seu pai também serão escravizados. Se você concorda podemos prosseguir e assinar os documentos."

 Como esperado de um funcionário que representa um governo de senhores de escravos. Eles fazem um pai pagar pelos pecados do filho mesmo sem sua opinião. Eu concordo e logo começo a assinar os papéis.

"Sua conta no banco foi criada, não permitimos saques de valores tão altos quando passamos das 17:00, você pode ir até o caixa e tirar no máximo 50 moedas hoje e vir amanhã para retirar o resto."

 Agradeço o velho e volto para a sala VIP onde Omar já está me esperando. Pergunto se ele conseguiu o valor total e ele diz que sim. Em resposta confirmo que o meu também correu bem, vamos até o caixa para retirar nossos limites de saque que vamos precisar para começarmos a abastecer o navio, contratar a tripulação e comprar tudo que precisamos mais urgentemente.

 De repente, vejo alguns funcionários correndo de um lado para o outro e sussurrando sobre 2 grandes VIPs. Olho na entrada do Banco e vejo um homem que parece uma cópia de Omar, só que mais velho e mais robusto, ele usa uma armadura com um símbolo no peito de um cavalo marinho extremamente detalhado e vivido, ele é seguido por alguns servos e cavaleiros. Não muito longe dele na outra entrada vejo uma mulher vestida toda de vermelho com um véu no rosto exibindo apenas seus olhos violetas e cabelos brancos prateados enrolados em um penteado muito bonito que lembraria uma noiva pronta para seu casamento.

 Mesmo vendo apenas seus olhos da para perceber que a mulher de meia idade é extremamente bonita mesmo entre os padrões de beleza valiriana. Seu corpo e suas curvas são uma bomba impossível de não se olhar mesmo através das roupas vermelhas pouco reveladoras. Seus gestos e risadas, enquanto ela se aproxima do homem vestido com a armadura do cavalo marinho, são como uma súcubo exalando seus encantos. Todos os funcionários masculinos e até alguns femininos não conseguem tirar os olhos dela.

 Saio do meu transe quando o velho de armadura acena na direção do nosso caixa e Omar acena com a mão, se curvando um pouco devolvendo o cumprimento. A mulher olha na nossa direção antes de também acenar para Omar que fica sem reação pelo aceno repentino de tal figura quente, antes que eu possa me mover para a saída puxando o Omar ainda em transe, vejo os olhos da mulher me olharem até eu deixar a saída do banco, seus olhos sedutores formando um sorriso visual me observa o caminho todo até a saída, mas o que sinto ao ser admirado por tal beleza não é felicidade, e sim um frio nas costas que só passa quando deixamos o Banco.