César piscou, sua expressão vazia.
Ele não conseguia tirar os olhos dela, completamente capaz de ver o ódio ardente e a dor em suas pupilas. Não estava apenas em seus olhos, mas em sua voz também.
As emoções dela o afetavam por causa do laço de acasalamento e ele não gostava disso de jeito nenhum.
Mas é claro que ele não concordaria com o pedido dela tão facilmente, embora já tivesse se decidido.
Então, ele balançou a cabeça, desviando o olhar dela para o isqueiro em seu punho.
"Seu acordo é um boa proposta, mas ainda assim é um grande risco. Você é uma inimiga de qualquer forma, então ajudá-la não é tão fácil quanto você pensa. Além disso, eu ainda posso fazê-los pagar pela morte de Faddey se quiser. Só seria questão de—"
"Mesmo nos próximos cinco anos, você nunca seria capaz de fazê-los pagar a menos que recorra a violência direta, o que lhe custará mais do que você pode suportar," Adeline interrompeu com uma expressão profundamente franzida.
Ela fechou suas mãos com força e continuou, "Embora você controle a maior máfia na Rússia, os Petrovs ainda são segundos para você. Nunca será fácil."
"...Você precisa de mim tanto quanto eu preciso de você. Sou a mais próxima deles, então não torne isso tão difícil... por favor."
A expressão de César mudou para uma séria, e ele arqueou uma sobrancelha ofensiva. "Você está me subestimando?" Sua voz estava vazia de emoções.
"Eu não seria tão estúpida. Estou apenas expondo fatos, e acredito que você concorda comigo, embora não admita." Adeline não tinha medo de responder com sinceridade.
Os olhos cruéis de César se estreitaram nela. Ele de repente sorriu para si mesmo, mas estava obviamente irritado.
O som descontente de sua língua clicando fez Adeline sorrir com presunção.
"Eu vou tomar isso como um sim. Você vai me ajudar?" Adeline perguntou, inclinando a cabeça para pegar um vislumbre de sua expressão irritada. Seus belos cílios compridos, que lançavam uma sombra, piscaram rapidamente, antecipando sua resposta.
"Eu vou," César disse, enfiando o dorso da mão embaixo do queixo. "Só que não agora." Ele balançou a cabeça.
"Huh?" Adeline imediatamente ficou confusa e aborrecida. "O que mais você quer? O que mais eu posso dizer e oferecer?!" ela estava perdida, cansada e presa. Ele era um homem ainda mais difícil do que Dimitri jamais poderia ser.
César relaxou na cadeira, tirando um momento para olhá-la. O olhar em seus olhos amoleceu e seus lábios se esticaram em um sorriso.
"Se você me beijar, eu concordarei."
Seus olhos fizeram uma curva junto com seu sorriso infantil.
Adeline olhou e engoliu, imóvel. "B-beijar você? Por que você iria querer um beijo de... mim?"
"Porque eu estou realmente interessado em você," César foi honesto, fitando diretamente em seus olhos.
"Interessado..." O coração de Adeline pulou uma batida, cílios piscando. "...Em mim?"
"Você me ouviu." César concordou com um aceno, afirmando. "Mas é claro que você não tem que fazer. Eu estava simplesmente br-"
"Tudo bem," foi tudo o que Adeline disse antes de agarrar o homem pela gravata azul e puxá-lo para pressionar seus lábios roxos de cereja contra os dele.
Era apenas um beijo, ela poderia lhe dar isso. Não era tão importante, desde que o fizesse ajudá-la.
Os olhos de César se arregalaram por um segundo, um pouco surpresos com a ousadia dela. Ele passou a mão para trás de sua cabeça e agarrou seu cabelo, instantaneamente tomando controle e aprofundando o beijo.
O beijo foi caótico e rústico com a forma como sua língua investigava e preenchia sua pequena e quente boca. Parecia que ele estava tentando provar cada cantinho de sua boca, mas de qualquer maneira, deixou-a sem fôlego e buscando a menor lufada de ar possível.
Ele finalmente se afastou quando Adeline pressionou as mãos contra seu peito, um sorriso malicioso espalhado em seu rosto.
Adeline soltou um suspiro e desviou o olhar dele, sentando-se imediatamente em sua cadeira com o rosto intensamente corado. Ela serviu-se de uma taça cheia de champanhe e a engoliu de uma vez.
"Temos um acordo?" ela perguntou no próximo momento com um olhar esperançoso, dedos passando pelo cabelo.
"Acordo," César finalmente concordou, cruzando os braços. Ele relaxou na cadeira e cruzou as pernas com curiosidade piscando em suas pupilas.
"Então me diga, o que é esta 'coisa' que seu pai roubou do velho Fiódor?"
Adeline olhou para ele, observando seus lábios ainda úmidos, que estiveram nos dela há poucos segundos, se pressionarem para formar uma linha fina.
"Um arquivo," ela disse. "É chamado de PTVs777 e está atualmente armazenado em um USB."
"Deve ter algo importante armazenado nele se ele matou seu pai por isso." A maçã do rosto de César balançou enquanto ele tomou um gole do copo cheio de vinho que pegara da mesa.
Adeline confirmou com um aceno, "Tem sim." Ela olhou de um lado para o outro e se aproximou como se quisesse cochichar para ele. "Guarda informações capazes de destruir toda a família Petrov de uma vez só."
César não acreditava totalmente nela, pois claramente tinha suas dúvidas.
Se ela tinha algo tão crucial assim, por que não o havia usado para conseguir o que queria? Como ela ainda estava viva e respirando? Ou... poderia ser que mesmo os Petrovs ainda não sabiam onde o suposto USB estava? Eles ainda estavam mantendo ela viva porque matá-la significaria perder todo e qualquer indício que tinham sobre a localização do USB?
Hmmm…
Sugando os dentes, César a encarou com os olhos céticos e semicerrados.
"Se você realmente tem algo assim em posse, por que não o utilizou para ter a sua vingança? Você quer os Petrovs fora, certo? O que está te segurando? Por que você precisa da minha ajuda quando tem algo tão crítico assim?" ele perguntou com um rosto impassível.
Adeline ficou em silêncio, mãos cerrando em um punho apertado. Um tremor profundo de respiração escapou de sua boca, olhos turvos com um brilho malicioso.
"Por que esmagá-los tão facilmente quando eu posso tornar as coisas lentas e dolorosas?" ela respondeu com uma pergunta.