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Ao ouvir Lilia chamar seu nome daquela maneira, uma onda de dor inundou o coração de Alice enquanto ela olhava para a mulher com olhos cheios de ira.
"VOCÊ! O que você fez com ela!" Alice rugiu, surpreendendo a mulher com a quantidade de emoções que estava demonstrando.
"Oh querida, quem diria que você poderia mostrar tanta emoção. Digamos apenas… que eu fiz alguém torná-la mais obediente para que ela realmente siga as ordens corretamente." A mulher riu, antes de bater palmas.
"Dance garota, mostre à sua amiga sua nova forma." A mulher sorriu enquanto Lilia começava a se contorcer antes de seus membros serem forçados a adotar uma postura de dança. Cada movimento causava dor em Lilia enquanto Alice avançava em direção à mulher e agarrava-se às correntes que as separavam.
"Pare com isso! O que você quer conosco!" Alice gritou enquanto sacudia as correntes, esperando arrebentá-las para poder alcançar a mulher.
"Eu só quero um pouco de diversão. Perdi muito dinheiro depois que tanto o Assassino quanto a aranha morreram. Então, estou aproveitando o valor que investi. Você não deve virar as costas para sua amiga, pois nesta arena, vocês duas são inimigas." A mulher sorriu, enquanto estalava os dedos.
"ARGGGG!!!" Lâminas irromperam do corpo de Lilia enquanto ela começava a rastejar antes de se lançar em direção a Alice com seus membros alongados.
Rangendo os dentes, Alice rolou para o lado antes de recuar alguns passos.
No entanto, Lilia persistia enquanto continuava a desferir golpes largos em direção a Alice com suas lâminas. Cada movimento fazia sua pele se rasgar e o sangue pingar contra o chão branco da arena.
Pânico encheu a mente de Alice enquanto ela não sabia o que fazer. Ela não sabia como trazer Lilia de volta ao normal. Como ela consertaria o corpo de Lilia? Ela não sabia.
"Vamos motivá-la um pouco… não podemos deixar você desviando o tempo todo." A mulher riu enquanto batia palmas. Para ela, isso era como um circo onde dois atores se lançavam facas, cada um ameaçando tirar a vida do outro. Mas as adagas sempre erravam, não havia emoção nisso.
Ela queria ver o momento em que a faca roça a bochecha de um deles, o momento em que o sangue é derramado e as garras frias da morte apertam suas gargantas a cada lançamento subsequente. Ela desejava ver essa corrida de adrenalina arrepiante nesta luta.
Com o seu comando, um dos frascos nas costas de Lilia começou a esvaziar-se enquanto o vial de sangue percorria seu corpo. Suas veias tingiram-se de um verde profundo à medida que a maquinaria ao redor de seu corpo rugia em atividade. Vapor escapava por partes de seu corpo enquanto o fluido vermelho dentro virava um tom profundo de verde.
O corpo de Lilia contorceu-se enquanto vinhas irrompiam de seus membros e cobriam o chão da arena.
Franzindo a testa, Alice queria cortar as vinhas mas ela entendeu que fazer isso causaria uma grande dor em Lilia.
'Sangue Espiritual da Raiz Profunda. Sangue pertencente a um tipo de besta planta que armazena armadilhas no chão. Cada uma de suas vinhas é altamente sensível e no momento em que sente um ser vivo estranho, ela se fecha e prende o oponente. Beber o sangue te dá o mesmo tipo de habilidade, pois você será capaz de armar armadilhas. Mas a desvantagem é que a dor é significativamente aumentada devido à sensibilidade. Uma ótima ferramenta de tortura.' Alice recitou em sua mente.
Ela se lembrava vividamente da sensação de ter as raízes sendo cortadas de seu corpo quando ela estava sendo submetida ao experimento. Era como se seus nervos fossem arrancados fio por fio, pouco a pouco, garantindo que fosse o mais doloroso possível.
Já que cortar as vinhas seria prejudicial para Lilia, Alice rangia os dentes pois só havia uma coisa que ela poderia fazer!
Ela tinha que matar a mulher que estava dando comandos para Lilia. Fazendo isso, poderia ajudar Lilia momentaneamente.
Pulando, ela agarrou-se às correntes enquanto cortava uma linha em sua palma. Cobrindo sua adaga com sangue, ela lançou a adaga em direção à mulher num movimento rápido.
"Por que vocês duas são assim?" A mulher suspirou desapontada.
"Tudo o que você tem a fazer é matar a outra e você receberá o que eu prometi."
Antes que a adaga pudesse atingi-la, o guarda desviou-a, também garantindo que nenhum do sangue sequer chegasse perto de tocá-la.
"Acho que nunca quebrei uma promessa que fiz. Claro, o que acontece depois é motivo de debate, mas eu fiz o que prometi." A mulher brincou antes de estalar o dedo mais uma vez.
Outro frasco foi ativado e mais sangue foi injetado no corpo de Lilia.
Olhando furiosamente para a mulher por um momento, Alice voltou sua atenção para Lilia, que agora segurava seu corpo enquanto emitia sons de gemido.
Rangendo os dentes, Alice observou enquanto os dois Sangues do Abismo misturavam-se no corpo de Lilia, formando uma união profana que enviou calafrios pela sua espinha.
Dois grandes chifres irromperam de sua testa enquanto Ícor negro brotava de seus orifícios. Seu olho tornou-se completamente negro, dificultando dizer para onde ela estava olhando.
"Eu… Me… Desculpe…"
Ouvindo os gemidos de Lilia, Alice mordeu o lábio e conteve a onda de raiva em seu coração. Lilia era alguém que ela considerava ser uma amiga. Algo que ela pensou ser impossível por 10 longos invernos.
Ela era alguém que a ajudou neste lugar, mas a mulher que a patrocinava se deleitava na dor de Lilia.
A medida que sua raiva atingia o auge, Alice olhou para o chão e viu outra espada cravada no piso.
Saltando, ela agarrou a espada e rolou para o lado, sentindo o perigo por trás. Uma onda de vinhas espalhava essa substância negra por onde tocava, enquanto Alice mergulhava a ponta de sua espada nesse líquido.
Percebendo que não houve reação, ela só pôde estimar que reagia com base no contato humano, mas era um tipo de sangue que ela nunca tinha visto antes nem sentiu a sensação.
Ajustando a empunhadura de suas espadas, Alice encarava Lilia, que lentamente virava seu corpo em direção a Alice.
"Eu… Me… Desculpe…" Ela repetiu mais uma vez enquanto Alice tomava uma decisão.
Ela não sabia se era a resposta certa, mas era o único pensamento de misericórdia que ela podia imaginar. O olhar de medo nos olhos de Lilia, a dor de ter o corpo retalhado e injetado com uma miríade de sangue, ela entendia tudo isso.
Era um demônio com o qual ela lutou por 10 longos invernos. Não fosse por sua mutação antinatural, ela não teria se recuperado dos experimentos como Lilia.
Mordendo o lábio, Alice ajustou seu olhar em Lilia.
O tremor de sua mão no punho da espada, ela estava nervosa. Alice entendia que, embora tentasse enganar a si mesma com um estado de espírito interno, sua linguagem corporal traía seu medo, sua raiva e sua tristeza pelo que queria fazer.
Ela queria livrar Lilia de seu sofrimento, mas para ela, isso não era um ato completamente altruísta. Era egoísmo. Egoísmo em querer sobreviver a este lugar maldito e ver a luz do dia mais uma vez.
Com sua mente agora decidida, Alice só podia rezar por redenção em sua mente enquanto corria em direção a Lilia, fazendo a mulher se levantar na cadeira.
Seus olhos faiscavam com expectativa ao entender a luz nos olhos de Alice. Sua mente estava decidida e ela estava indo para a matança final!
Excitação enchia seu coração enquanto ela queria capturar cada momento. Desde o instante que o rosto de Alice se contorcia ao perceber o que havia feito até a raiva que sentiria em relação a ela.
Ela queria ver tudo isso.
Esquivando-se dos ataques de Lilia, Alice rompeu sua defesa com facilidade. Seu peito estava completamente aberto, um giro da espada seria tudo o que precisaria para extinguir essa vida.
Tudo o que ela tinha a fazer era mergulhar a lâmina e a luta acabaria.
Mas ela hesitou. Simplesmente porque era Lilia.
Incapaz de desferir o golpe final, Alice rangia os dentes e recuou, evitando as vinhas que estavam a ponto de agarrá-la.
"Por quê! Por que você desistiu no último momento! Havia tanta beleza no seu olhar! Essa paixão ardente, essa determinação de matar sua amiga! Por que você parou!?" A mulher gritou irritada enquanto Alice apenas a encarava.
"Tsk! Certo, vamos fazer assim então!"
Ela estalou os dedos e o restante dos frascos esvaziou-se no corpo de Lilia, que começou a se contorcer de dor. Seu corpo se contorcia com ossos e carne explodindo de seu tronco enquanto lágrimas de sangue corriam por suas bochechas.
"Qual é a sua resposta agora Alice! Você vai matar ou ser morta!?" A mulher questionava enquanto Alice só podia cerrar os punhos.
Mordendo o lábio, Alice tentava desviar o máximo que podia, mas a ferocidade dos ataques estava aumentando.
"A..lice…"
Olhando para cima, Alice observava enquanto Lilia abria os braços como se convidasse para um abraço, expondo seu peito. Reunindo o melhor sorriso que podia em sua condição, ela tentava o máximo para parar seus ataques.
"Faz… isso…"
Ao ouvir isso, algo estalou na mente de Alice enquanto ela soltava um grito angustiante antes de correr em direção a Lilia. Cravando sua espada no peito de Lilia, ela torceu a lâmina enquanto sangue negro inundava o chão da arena.
Segurando o sentimento de dor, Lilia deu um abraço em Alice enquanto imagens de sua irmã e irmão passavam por sua mente. Mas havia mais uma coisa que ela queria fazer. Algo que tinha que fazer para garantir que Alice não se culpasse.
"Obrigada…"
Espremendo as últimas duas palavras com o resto de sua energia, ela caiu inerte ao lado de Alice.
Sentindo o corpo de Lilia cair inerte ao seu lado, Alice começou a ofegar pesadamente enquanto a raiva e a tristeza tomavam conta de seu coração. Rangendo os dentes, ela encarou a mulher que orquestrou tudo isso.
Ela iria matar essa mulher custe o que custar.
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