A sala de reuniões estava em caos, pois ninguém tinha esperado esse desfecho. Nenhum dos executivos queria que Natalie deixasse a empresa. Eles não estavam felizes com a nomeação de Briena ao custo de perderem Natalie. Seus olhares descontentes diziam a Briena que, se não fosse por ela, Natalie não teria saído. Havia raiva e culpa em seus olhos. Até Ivan permanecia incomumente quieto em seu lugar, como se estivesse arrependido de sua decisão.
Ao ver isso, Briena tremia de raiva internamente, mas fazia o seu melhor para manter a compostura na superfície.
"Eu vou falar com ela," Briena assegurou aos demais e saiu apressada para seguir Natalie, que se dirigia ao seu escritório para reunir suas coisas. Assim que Briena entrou no escritório e fechou a porta atrás de si, ela falou. "Como se sente ao ser abandonada no que você vem trabalhando há tanto tempo?"
Natalie continuava a reunir seus pertences, colocando-os em uma caixa. "Nada de novo para mim, e não deveria ser nada empolgante para você também. Afinal, deve estar acostumada a pegar as coisas que eu usei e fazê-las suas."
"Você está certa, mas é mais divertido desta vez," disse Briena, um sorriso maldoso desenhando seus lábios. "Não só o seu homem, mas também o que você trabalhou tanto nos últimos anos agora será meu. Todo esse trabalho que fez aqui estará em meu nome."
"Claro, você pode ficar com o que eu deixar para você," Natalie respondeu. Ela então puxou todos os arquivos do seu armário e os amontoou no chão. "Estas são todas as fórmulas de perfume que eu pesquisei ao longo dos anos. Incluem até mesmo as que eu rejeitei."
"Bom para você que está me entregando-os quietamente," Briena sorriu com ar triunfante.
Natalie a ignorou e puxou uma garrafa de vinho cara, um presente de um cliente que ela nunca ousou beber devido ao alto custo. Ela a valorizava como uma peça de exibição em seu escritório. Abrindo a tampa, ela despejou todo o vinho sobre os arquivos, os encharcando completamente. O cheiro de álcool encheu o ar.
"Você está louca?" Briena exclamou, tentando impedi-la, mas Natalie a empurrou para o lado. Ela puxou um isqueiro e, em um movimento rápido, ateou fogo em todos os arquivos. As chamas rapidamente engoliram os papéis, o fogo refletido nos olhos determinados de Natalie.
Ao ver a confusão do lado de fora do escritório de Natalie, Ivan correu em direção a ele, ignorando todos os funcionários que já estavam reunidos ali, fazendo barulho.
No momento em que ele entrou na sala, Briena imediatamente se agarrou ao seu braço.
"Ivan! Olhe! Ela está nos colocando em chamas!" Briena gritou, com a voz aterrorizada. Ivan ficou boquiaberto quando viu o fogo na mesa de Natalie, crescendo cada vez mais forte a cada segundo que passava. Fumaça começou a encher o ar.
Eles não podiam ver a tristeza nos olhos de Natalie enquanto ela observava anos de trabalho duro queimar até virar cinzas, sabendo que ela mesma havia feito isso. Ela fechou os olhos e respirou fundo, acalmando suas emoções. Era desolador perder o trabalho de sua vida dessa forma, mas ela preferia destruí-lo a deixá-lo cair nas mãos sujas de Briena.
Além disso, ela também tinha confiança em suas próprias habilidades. Ao contrário de Briena, Natalie não precisava de ajuda quando se tratava de suas ideias de perfumes. Se ela tinha alcançado a grandeza uma vez, poderia fazer isso novamente.
"Que diabos você fez?" Ivan exigiu, com um olhar furioso para Natalie, que estava mais perto dos arquivos em chamas, com uma expressão sóbria.
Natalie levantou o olhar das chamas para encontrar o olhar irritado de Ivan. Seu olhar frio era tão intimidador que Ivan instintivamente deu um passo para trás.
"Dando à sua noiva a oportunidade de trabalhar duro em vez de confiar no esforço de outra pessoa." Ela se virou para Briena, seus lábios se curvando em um sorriso zombeteiro. "Tudo de bom, querida irmã. Espero que você use essa chance para mostrar a todos o quanto você é realmente capaz."
Briena olhou para ela com raiva, percebendo que todo o trabalho de Natalie havia desaparecido, e agora ela não tinha nada para reivindicar como seu. Ela sabia o quanto o trabalho de Natalie era valioso para a sua própria ascensão, mas agora tudo tinha virado cinzas, um cenário que ela não tinha antecipado. Ela precisava encontrar uma saída para essa bagunça.
Natalie passou pelos dois para sair do escritório, mas Ivan agarrou sua mão.
"Solte," Natalie exigiu, com uma expressão fria.
Ivan apertou o seu aperto, com o olhar furioso. "Você realmente tinha que fazer isso? Você não se importa com a empresa e ainda arrisca a vida de todos ao atear fogo no escritório. E se..."
"E se o quê, Ivan?" Natalie interrompeu, com a voz gelada. "E se a sua preciosa noiva tivesse que começar do zero, assim como eu fiz? E se todos vissem do que ela é realmente capaz sem o meu trabalho para sustentá-la? Você está certo—eu não me importo mais com esta empresa. Você garantiu isso. Este lugar pode queimar até as cinzas com você dentro dele. Agora, solte a minha mão."
Natalie retirou sua mão, dando um passo para trás para manter distância de Ivan. Seu rosto estava cheio de indiferença e zombaria. "Esse é o meu trabalho, e eu tenho o direito de fazer o que eu quiser com ele," ela disse, olhando para o teto. "A segurança contra incêndio no seu escritório não é só para mostrar, certo?" Assim que ela terminou de falar, o alarme de incêndio soou e os aspersores de água ativaram, encharcando todos no escritório.
Natalie deu um risinho e virou-se para sair, andando com as costas retas e a cabeça erguida. Enquanto isso, gritos e exclamações de surpresa encheram o ar, já que todos tentavam se proteger de se molharem, com sucesso limitado.
Ivan assistiu ela sair, de repente se sentindo nervoso. A passada confiante de Natalie era aterrorizante, e ele se perguntava brevemente se estava cometendo um erro ao deixá-la ir. Natalie tinha contribuído muito para a empresa dele, e não havia garantia de que Brienna poderia viver à altura de suas realizações.
Mas então, novamente, isso não era culpa dele. Foi Natalie quem mentiu para ele, quem o fez parecer um tolo durante o seu casamento. Só de pensar nisso já o fazia ferver de raiva.
Enquanto isso, Briena soltou Ivan e ajoelhou-se no chão na frente dos arquivos queimados, procurando freneticamente por algo que pudesse salvar. Mas não restava nada. "Droga. Droga!"
Ivan olhou para ela, "O que você está fazendo?"
Hesitante, ela se virou para olhar para ele, com o lábio inferior tremendo de desespero enquanto as lágrimas começaram a se formar no canto dos seus olhos. Com o cabelo e as roupas molhadas pelos aspersores, ela parecia menos como uma herdeira e mais como um triste rato afogado.
"Ivan, ela queimou o trabalho que pertence à empresa," as lágrimas rolaram pelos seus olhos. "Isso... Isso tudo aconteceu por minha causa. Eu não consegui impedi-la a tempo. Eu... Eu nem deveria ter vindo para a empresa. Só causei problemas para você."
Ela esperava que Ivan viesse para consolá-la, mas...
"Esse é o trabalho dela e não foi patenteado em nome da empresa," ele informou, sem ter nenhuma vontade de culpar Natalie por isso e nem pretendia consolar Briena. Para ele, isso não era importante. "Nós temos você, uma perfumista famosa da Aroma. Você pode criar novos, não pode? Eu não te contrataria de outra forma."
Briena ficou surpresa com a indiferença dele em relação às suas lágrimas e emoções, o que deixou claro para ela que Ivan não sentia nada por ela. Ele estava apenas usando-a para ferir Natalie. Seus punhos se cerraram com força, fazendo seus delicados nós dos dedos ficarem vermelhos, a determinação de fazer esse homem ser totalmente dela brilhou em seus olhos.