Natalie levantou uma sobrancelha ao ver como Justin estava agindo de forma desafiadoramente calma. Ele parecia composto por fora, mas ela percebeu que ele estava escondendo suas emoções e que estava claramente chocado.
"Você tem medo de que, se admitir, eu pediria uma parte da sua enorme fortuna, Sr. Harper?"
Justin deu um riso zombeteiro. "Quanto você quer? Eu posso te dar como uma compensação por pena por se sentir decepcionada que eu não sou seu esposo."
Natalie zombou. "Você pode guardar sua fortuna no bolso do seu terno caro, Sr. Harper. Tudo que eu quero é a verdade."
"Eu já disse a verdade. Não sou Aiden Handrix."
Natalie o encarou silenciosamente por um tempo, seus olhares teimosos travados, nenhum disposto a ceder. Ela percebeu que não conseguiria a resposta que queria dele hoje. Independentemente de ele estar falando a verdade ou não, ela descobriria mais cedo ou mais tarde.
Ela se levantou. "Então, eu vou embora. Não se esqueça de enviar aquele documento de volta para mim. Você certamente já me investigou e sabe onde eu moro."
Sem esperar por sua resposta, ela virou e saiu.
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Após meia hora, Noah retornou. "Sr. Harper, esta certidão de casamento é genuína," ele disse, colocando o documento na mesa na frente de Justin, que estava absorto no trabalho.
Justin não se surpreendeu. "Você tentou descobrir a identidade do homem?"
"O cartório não pode revelar detalhes pessoais," Noah respondeu.
"Mesmo que pudessem, tenho certeza que não seria suficiente," Justin disse, fechando a pasta nas suas mãos e colocando-a na mesa. "Ela afirma que não tem ideia de quem seja esse homem, nem quando isso supostamente aconteceu."
"Sim, Sr. Harper."
"Coloque alguém para segui-la em todos os lugares. Mantenha um olhar atento para qualquer pessoa suspeita ao redor dela."
"Sr. Harper, você realmente confia nela?" Noah perguntou, com uma expressão cética. "E se ela está fingindo tudo isso para te prender?"
Justin também tinha suas dúvidas. Se ela estava tramando algo, ele precisava saber antes que ela fizesse seu próximo movimento. Pelo pouco tempo que a observou, Justin podia dizer que ela era capaz do inesperado. "Vamos descobrir quando você seguir minhas instruções."
"Sim, Sr. Harper." Os olhos de Noah demoraram-se no documento sobre a mesa, como se ele tivesse mais a dizer.
"O que foi?"
"Sr. Harper, o homem na foto se parece exatamente com você, até mesmo a pequena pinta do lado esquerdo do seu queixo."
"Hmm."
Ele engoliu nervosamente antes de falar mais, "Você... tem certeza que não é você?"
O olhar de Justin se tornou frio com as palavras de seu assistente. Noah continuou, "Talvez tente se lembrar do que estava fazendo há um ano e meio atrás."
"Noah, há quanto tempo você trabalha comigo?" A voz de Justin estava gelada, claramente desagradado que seu próprio assistente duvidasse dele.
"Cinco anos, Sr. Harper."
"Então você deveria saber a resposta."
Sentindo-se envergonhado, Noah assentiu. Ele sabia com certeza que Justin não havia retornado ao país nos últimos cinco anos. Ele estava ciente de cada detalhe da agenda de Justin.
"Encontraremos esse homem, ou quem quer que tenha tramado isso, apenas seguindo-a. Não perca nada," Justin instruiu. "Além disso, investigue Caryn Ford, a mãe dela. Quero todos os detalhes desde o dia em que ela nasceu."
"Ela era órfã..."
"Uma órfã que se tornou uma das empresárias mais bem-sucedidas sem qualquer apoio familiar," Justin explicou. "Ela deve ter feito bastante inimigos pelo caminho. Até mesmo sua morte foi dita como suspeita."
"Reunirei todas as informações," Noah assegurou.
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Enquanto isso, Natalie havia retornado ao apartamento da Mia. Ao entrar, ela notou Mia absorta em seu laptop, sentada no sofá com um mar de documentos espalhados pela mesa de centro.
"Você conseguiu encontrá-lo?" Mia perguntou, ainda focada em seu trabalho, sem esperar muito sucesso de Natalie.
"Sim," Natalie respondeu, pendurando sua bolsa e chaves.
Mia olhou para cima, surpresa. "O quê? Você realmente conseguiu?"
"Sim, eu consegui," Natalie confirmou, caminhando em direção à mesa de jantar.
Mia rapidamente deixou de lado seu laptop. "Então ele é realmente seu esposo?"
Natalie serviu-se de um copo de água. "Sim, e agora eu possuo metade da fortuna dele," ela disse, com um tom de voz plano.
Mia quase gritou de incredulidade e Natalie ofereceu um olhar entediado, como se estivesse zombando dela por não entender o sarcasmo.
Mia fechou a boca, seu entusiasmo desapareceu em um momento. "Então, ele negou."
Natalie sentou-se no sofá após terminar sua bebida. "Sim."
"E você acredita nele?"
"Eu não sei," Natalie admitiu, parecendo confusa e perdida. "Ele não tem motivo para casar comigo, mesmo de alguma forma bizarra. Eu não sou uma princesa de uma família rica da qual ele poderia se beneficiar casando. Ele já é como um príncipe, e o que ele ganharia casando comigo, alguém abandonada por sua própria família? Se algo acontecer, casar comigo poderia custar sua fortuna, caso eu a reivindique como sua esposa. Por que ele arriscaria isso? Não é como se eu fosse a última mulher na terra."
Mia murmurou pensativa. "Isso faz sentido. Mas você tem que encontrar esse marido seu."
"Eu vou, não se preocupe," Natalie a tranquilizou.
"Como?"
"Por meio de Justin Harper."
Os olhos de Mia se arregalaram. "Ele concordou em te ajudar?"
Natalie balançou a cabeça e explicou. "Se ele não é Aiden Handrix, então ele com certeza vai querer encontrar esse homem que se parece exatamente com ele. Não é bom para alguém em sua posição ter um sósia por aí. Ele vai tentar eliminar qualquer potencial ameaça antes que se torne um problema."
"Mas para isso, você precisa estar perto dele," Mia apontou.
"Ele estará perto de mim," Natalie respondeu confiantemente. "Eu sou como uma ligação entre ele e seu sósia. Ou ele vai pensar que eu arquitetei isso, ou que alguém está me armando. Em qualquer caso, ele terá pessoas me vigiando. Tudo que eu tenho que fazer é continuar minha vida como de costume e deixar ele fazer o trabalho. No final, eu colherei os frutos dos esforços dele."
Mia riu suavemente. "Mesmo em uma situação difícil, você consegue pensar as coisas com tanta clareza. Não é à toa que eu quero tanto que você trabalhe comigo. Por falar nisso, quando você vai começar?"
"Eu ainda não vi uma carta de oferta," Natalie brincou.
"Ah, foi mal. Eu vou prepará-la e podemos discutir seu papel. Mas para começar, eu quero que você crie um novo perfume. Tenho planos de lançar uma nova linha este trimestre."
"Tudo bem," Natalie concordou.
"Você está concordando com tudo tão facilmente? Você ter terminado com Ivan Brown deve ter sido uma boa coisa para mim," Mia comentou. "Falando nisso, que tal você vir à festa comigo?"
"Não."
"Mas eu estou visitando um investidor lá, e eu quero que você venha comigo," Mia insistiu.
"Se você levar alguém tão infame quanto eu, esse investidor pode te dispensar antes mesmo de ouvir sua proposta," Natalie respondeu.
"Se ele me dispensar por sua causa e não valorizar minha proposta de negócios, então eu não preciso desse tipo de investidor," Mia retrucou agudamente.
Natalie levantou uma sobrancelha, não impressionada. "Sério?"
Mia ajustou seus óculos de forma constrangida. "Bem, é uma festa de máscaras. Ninguém vai nos reconhecer. Mas eu quis dizer o que eu disse." Ela fez suas expressões de súplica habituais, "Você tem que vir comigo. Você é minha única amiga. Você sabe o quanto eu te amo. Você é a—"
"Tudo bem, chega," Natalie interrompeu, cortando o apelo familiar que Mia sempre usava para convencê-la.
Mia abandonou o ato, sua expressão se tornando séria como se o momento brincalhão tivesse sido uma ilusão. Seu tom tornou-se comandante enquanto ela voltava a focar em seu trabalho, "A festa começa às sete esta noite. Esteja pronta até lá," ela instruiu, deixando claro que não estava aberta a discussões.