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Chapter 11 - Capítulo 11 – Revelações das Trevas e Luzes Corrompidas

A noite que Elias passou com Kyra e Gaby ainda parecia distante, um momento de leveza em meio à escuridão que começava a se fechar ao redor do mundo. Ele sabia que algo grande estava para acontecer. Era como se o ar ao seu redor estivesse mais pesado, carregado de tensão e de uma sensação de iminente catástrofe. O sol nascia no horizonte quando Takashi retornou de uma de suas explorações nas fronteiras das terras distantes, e seu rosto trazia uma seriedade que ninguém no grupo havia visto antes.

— A guerra começou, — ele disse, sem rodeios, enquanto se aproximava. Seu tom firme fez todos se endireitarem.

— Guerra? — Elias franziu o cenho. — Guerra entre quem?

Takashi suspirou, cruzando os braços enquanto olhava para o chão, como se procurasse as palavras certas.

— Os três grandes impérios, Elias. Humanos, demônios... e anjos.

— Anjos? — Gaby perguntou, incrédula. — Mas os anjos não são do lado do bem?

Takashi balançou a cabeça, sua expressão sombria.

— Não nesse mundo. Os anjos e seus deuses sempre foram vistos como forças divinas, justas, mas essa foi a mentira contada por milênios. Agora que as sombras corrompidas estão se espalhando, a verdade está se revelando. Os deuses e seus anjos... são os verdadeiros vilões dessa história. Eles aprisionaram as três deusas ancestrais, as verdadeiras guardiãs deste mundo, bilhões de anos atrás. Desde então, o equilíbrio foi destruído.

— As três deusas... — Elias murmurou. — Quem são elas?

— Marta, a Deusa da Natureza. Suna, a Deusa do Sol. E Luna, a Deusa da Lua, — respondeu Takashi. — As três deusas foram as responsáveis por manter o equilíbrio da vida e da luz no mundo. Elas canalizavam a pureza dos elementos e guardavam a harmonia entre todas as criaturas. Mas os deuses malignos, temendo o poder delas, as aprisionaram. O caos que vemos agora é o resultado direto desse ato. As sombras não deveriam existir fora do purgatório, mas, sem as deusas para contê-las, elas estão livres.

Kyra e Gaby trocaram olhares preocupados, enquanto Elias processava tudo o que estava ouvindo. A revelação de que os anjos, aqueles que todos supunham ser agentes do bem, eram parte de um plano sombrio o encheu de uma raiva fria.

— Então... os deuses são os responsáveis pelas sombras. Eles causaram todo esse caos e permitiram que as sombras se espalhassem pelo mundo? — Elias cerrou os punhos, seus olhos ardendo com determinação.

— Exato, — confirmou Takashi. — E é por isso que a guerra começou. Os humanos, demônios e anjos estão lutando pelo controle total. Todos querem o poder absoluto. Os anjos lutam pela dominação completa, enquanto os demônios querem destruir tudo. E os humanos... eles estão no meio, tentando sobreviver.

Elias fechou os olhos por um momento, sentindo a pressão aumentar. Agora ele entendia o quão crucial sua jornada era. Não se tratava apenas de treinar e se tornar mais forte. Tratava-se de restaurar o equilíbrio do mundo, algo muito maior do que ele jamais imaginara.

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### O Poder Físico dos Ancestrais

Enquanto o grupo se preparava para os desafios futuros, Elias não conseguia afastar a sensação de que havia algo mais que ele precisava descobrir sobre si mesmo. Durante uma das noites, enquanto descansavam após um dia árduo de treinamento e preparação para o que estava por vir, ele teve um sonho. Não era um sonho comum, mas um flashback, uma lembrança de um tempo distante, de uma linha ancestral esquecida.

No sonho, Elias se via em um campo de batalha ancestral. Uma guerra estava sendo travada entre forças titânicas, com seres que brilhavam como o sol e outros que se fundiam com as sombras mais escuras do universo. No centro dessa batalha, um guerreiro erguia-se, coberto por uma aura vermelha intensa. Seus olhos, brilhando em um tom carmesim, pareciam consumir tudo à sua volta. Cada golpe que ele desferia contra os inimigos aumentava sua força, como se o dano que recebia apenas o deixasse mais poderoso. Quanto mais ferido ele era, mais rápido e letal se tornava.

Esse guerreiro era um de seus ancestrais.

— Esse é o **Poder Físico dos Ancestrais**, — uma voz ancestral ecoou no sonho. — Um poder que desperta apenas em momentos de desespero absoluto, quando o corpo está à beira da destruição. Quanto mais perto da morte você está, mais poderoso você se torna.

Elias, ainda no centro daquele campo de batalha onírico, sentia o poder ancestral pulsar ao seu redor, como uma força que emanava das profundezas de sua linhagem. À sua frente, o guerreiro de aura vermelha continuava a lutar, sua presença imponente crescendo a cada golpe recebido, e algo dentro de Elias se agitava, como se aquela energia o estivesse chamando.

De repente, a paisagem mudou. O campo de batalha sumiu e Elias se viu em um salão antigo, decorado com símbolos antigos e relíquias que brilhavam em tons vermelhos e dourados. À sua frente, estavam figuras imponentes, os rostos de seus ancestrais – homens e mulheres que carregavam o mesmo poder em seus corpos. Um deles, o mais alto e musculoso, deu um passo à frente, os olhos brilhando em chamas vermelhas.

— Você deseja compreender o **Poder Físico dos Ancestrais**, Elias? — perguntou o homem, sua voz profunda e ecoando em todas as direções. — Então você deve entender que ele não é um dom comum. Ele é tanto uma maldição quanto uma bênção.

O homem começou a explicar, e, à medida que falava, imagens de batalhas antigas e poderosos guerreiros enchiam a mente de Elias. Eles eram os humanos que, no passado distante, haviam combatido tanto deuses quanto demônios, lutando pelo equilíbrio do mundo. E, em suas horas mais sombrias, quando a derrota parecia certa, o poder ancestral despertava, transformando-os em monstros de força e velocidade incomparáveis.

— O **Poder Físico dos Ancestrais** desperta em resposta à proximidade da morte, — continuou o ancestral. — Ele é alimentado pela dor, pelo desespero e pelo instinto de sobrevivência. Quanto mais ferido você estiver, mais forte se torna. Quanto mais próximo da morte, mais rápido e ágil seu corpo fica. A aura vermelha que o envolve amplifica suas capacidades físicas, tornando seus ataques devastadores e sua resistência sobre-humana.

— Mas esse poder tem um preço, — outra figura, uma mulher alta e com olhos vermelhos, interveio. — Ele não pode ser controlado com facilidade. Quanto mais você o utiliza, mais sua mente se aproxima da selvageria. A linha entre o guerreiro e a fera se torna tênue, e muitos de nossos ancestrais perderam a si mesmos para esse poder, transformando-se em bestas destrutivas.

Elias começou a entender o perigo oculto por trás daquela força. O poder oferecia uma vantagem incrível, mas à custa da própria sanidade. Seria ele capaz de controlar tal força sem perder sua humanidade?

— A chave, Elias, — disse o primeiro ancestral, — está no equilíbrio. Não se trata apenas de liberar o poder em momentos de desespero. Você deve treinar o corpo e a mente para resistir à tentação de ceder totalmente ao poder. Deve aprender a controlar a ira, a dor, e a usar a força de forma calculada.

O campo de batalha voltou a aparecer diante de Elias, desta vez mais claro, e ele viu outros ancestrais seus em combate. Cada um deles era envolto pela aura vermelha, os olhos brilhando com intensidade enquanto enfrentavam inimigos terríveis. Um deles, uma mulher que lembrava vagamente o rosto de sua mãe, lutava contra um demônio colossal. A cada golpe que recebia, sua velocidade aumentava, e seu poder se tornava mais aterrador.

— Veja, Elias, — a voz da mulher ancestral voltou. — Essa é a manifestação plena do poder físico. Mas observe também o que acontece quando ele é levado ao extremo.

De repente, a guerreira ancestral ficou completamente envolvida pela aura vermelha, seu corpo se tornando mais monstruoso, sua mente se perdendo na fúria e na dor. Ela não era mais uma humana; havia se tornado algo além, algo que não podia mais ser chamado de pessoa. Seus golpes eram imparáveis, mas ela não distinguia aliados de inimigos, atacando qualquer coisa que se movesse. Os outros ancestrais, percebendo o perigo, se uniram para detê-la.

— Esse é o destino daqueles que não controlam o poder, — explicou a voz da mulher. — Eles se tornam presas de sua própria força, destruindo tudo ao seu redor. Você deve aprender a controlar esse poder antes que ele consuma sua alma.

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### As Raízes do Poder Ancestral

Enquanto Elias assimilava as visões, mais flashbacks de seus ancestrais surgiam. Ele viu um grupo de guerreiros ancestrais que, há milhares de anos, eram a linha de defesa final contra as sombras demoníacas e os deuses corrompidos. O poder ancestral que eles carregavam foi desenvolvido ao longo de batalhas intermináveis, forjado pela necessidade de sobrevivência em um mundo cruel e sem equilíbrio.

— O poder vem de nossa ligação com a terra, com o sangue que corre em nossas veias, — continuou o homem ancestral. — Somos a última resistência dos humanos contra o caos. E é esse poder que você, Elias, deve herdar para continuar nossa luta.

Elias assistia enquanto seus antepassados enfrentavam os deuses corruptos, cada um com olhos vermelhos e uma aura que os envolvia como armaduras de pura energia. Os golpes que eles desferiam eram devastadores, capazes de dividir montanhas e criar fissuras no solo. No entanto, à medida que as batalhas continuavam, era evidente o custo de tanto poder. O desgaste físico e mental era enorme, e muitos acabavam consumidos por ele.

— Nós, seus ancestrais, falhamos em controlar plenamente esse poder, — admitiu o ancestral. — Alguns de nós caíram, enquanto outros se perderam na loucura. Mas você tem a chance de fazer diferente. Aprenda com nossos erros e encontre o equilíbrio.

Elias sentiu o peso da responsabilidade cair sobre seus ombros. Ele sabia que em breve seria forçado a testar esse poder. Mas como conseguiria controlá-lo sem perder a si mesmo? Ele não sabia, mas uma coisa era certa: precisava dominar não só a força física, mas também a força de espírito.

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### O Despertar Aguardado

Elias acordou do sonho, suando e ofegante, o coração batendo forte em seu peito. A visão de seus ancestrais e o peso do legado que carregava ainda ecoavam em sua mente. Ele sentia que o poder ancestral estava mais próximo de se manifestar, como uma força latente que aguardava o momento certo para despertar.

— Está tudo bem, Elias? — perguntou Kyra, deitada ao seu lado, ainda fingindo estar dormindo.

— Sim, só um sonho, — ele respondeu, sua voz baixa, mas o peso daquilo que acabara de testemunhar o mantinha acordado.

Ele sabia que o tempo de enfrentar os verdadeiros inimigos estava se aproximando. O poder ancestral era a chave para a vitória, mas também uma porta perigosa que ele precisaria abrir com cautela. Quanto mais perto da morte ele estivesse, mais esse poder se manifestaria. Mas quanto mais o usasse, mais arriscaria perder a si mesmo.

Elias estava pronto para continuar seu treinamento, consciente de que o despertar de sua linhagem estava cada vez mais próximo. Mas seria ele capaz de controlar essa força, ou acabaria sucumbindo ao mesmo destino de muitos de seus ancestrais? O futuro aguardava respostas, e a guerra que se aproximava traria desafios que testariam seu corpo, sua mente e sua alma como nunca antes.