As sombras da Floresta Amaldiçoada ainda pairavam na mente de Elias como um pesadelo persistente, mas agora um novo fardo o acompanhava: a memória da sua mãe, internada em um hospital, à beira da morte. A conexão entre esses dois eventos parecia mais do que um mero capricho do destino; era um lembrete cruel da fragilidade da vida e da inevitabilidade da perda. Quando ele olhava para a luz fraca que filtrava pelas copas das árvores, era como se visse o brilho da esperança que sempre esteve presente em sua vida, agora opaco e distante.
Elias era um garoto solitário, não por escolha, mas pela dureza das circunstâncias. Desde muito jovem, sentiu o peso da responsabilidade sobre seus ombros, mesmo antes de compreender completamente o que isso significava. Seu pai havia desaparecido quando ele era apenas um bebê, e sua mãe, uma mulher forte e determinada, lutava contra uma doença que a consumia lentamente. Ela sempre disse a Elias que ele deveria ser forte, que a vida era uma luta constante e que, se um dia ele precisasse, deveria encontrar uma razão para continuar.
As memórias de sua infância eram uma mistura de risos e lágrimas. Ele se lembrava de quando sua mãe tentava lhe contar histórias de heróis que enfrentavam dragões e monstros. Era a maneira dela de afastar o medo da solidão que cercava suas vidas. Mas conforme os anos passaram, a realidade começou a se infiltrar em suas fantasias. Elias logo percebeu que não havia dragões a serem derrotados, apenas desafios cotidianos que se apresentavam em formas mais sutis.
A escola não era um lugar acolhedor para ele. As crianças costumavam zombar da sua situação, e os comentários sobre a falta do pai e a doença da mãe se tornaram uma constante tortura. Elias se fechou em sua concha, criando um espaço seguro onde poderia sonhar, longe das realidades dolorosas que o cercavam. Era solitário, mas ele achou consolo na sua imaginação.
O Encontro com os Companheiros
Foi apenas quando ele estava prestes a desistir que algo mudou. Durante um dia comum, enquanto andava pela floresta próxima à sua casa, ele encontrou uma garota com cabelos prateados e um olhar determinado. Kyra estava praticando movimentos de combate, tentando imitar os heróis das histórias que Elias tanto admirava. Ele observou por um tempo, intrigado, até que ela percebeu sua presença.
"Você vai ficar parado aí para sempre, ou vai se juntar a mim?" Kyra perguntou com um sorriso desafiador, quebrando o gelo que cercava o coração de Elias.
"Eu... só estava observando," respondeu ele, ruborizando.
"Observando? Que coisa mais chata! Venha, vamos lutar! Você precisa aprender a se defender, e eu posso te ensinar."
E assim começou uma amizade que mudaria a vida de Elias para sempre. Kyra não apenas o desafiou a se defender, mas também a acreditar em si mesmo. Juntos, eles passaram horas treinando, inventando jogos e sonhando com aventuras que estavam além de sua realidade. Kyra tornou-se a luz em sua vida, um lembrete constante de que, mesmo nas circunstâncias mais sombrias, era possível encontrar alegria.
Com o passar dos meses, eles começaram a atrair outros companheiros. Gaby, a demi-humana gata, juntou-se a eles com seu jeito travesso e divertido. Ela trouxe risadas e alívio, sempre se metendo em encrenca e fazendo os outros rirem. Wendel e Nilmar também apareceram, cada um com suas próprias histórias de solidão e luta, formando um laço que se tornaria a âncora de Elias em tempos difíceis.
A Dura Realidade
Mas a vida nunca foi fácil. O estado da sua mãe piorou, e Elias muitas vezes se via dividido entre suas responsabilidades como filho e suas obrigações como amigo. Ele não queria ser um fardo para Kyra e os outros, mas a pressão pesava sobre seus ombros. Quando estava com eles, sentia-se livre; quando estava em casa, a realidade o cercava como uma armadilha, e a angústia de ver sua mãe sofrer o consumia.
"Eu vou lutar por você, mãe," sussurrou Elias em uma noite, segurando a mão dela no hospital. "Eu vou ser forte e conseguir tudo o que você precisa."
Ela olhou para ele, seus olhos cansados e cheios de amor. "Você é mais forte do que pensa, meu filho. Nunca duvide disso."
Essas palavras ecoavam na mente de Elias enquanto ele lembrava de Kyra. Ele sempre a viu como a irmã que nunca teve, e sua perda na Floresta Amaldiçoada cortou um buraco profundo em seu coração. Ele se lembrava dela sorrindo, seu espírito indomável e sua determinação. Aquela floresta tirou não apenas uma amiga, mas também uma parte de si mesmo. E agora, enquanto enfrentava a incerteza da vida, a sombra da morte pairava sobre sua mãe.
O Despertar da Fúria
Após a morte de Kyra, o grupo se separou, cada um lidando com a dor de uma maneira diferente. Gaby, que antes era a vida da festa, se tornara mais silenciosa e introspectiva. Wendel desapareceu por um tempo, buscando solidão nas sombras. Nilmar lutava para se manter forte, mas Elias percebia a tristeza em seus olhos.
A floresta amaldiçoada e a perda de Kyra foram apenas os primeiros de muitos desafios que ainda estavam por vir. As sombras não eram apenas uma metáfora para os monstros que enfrentavam, mas representavam a dor e a perda que habitavam seus corações. O peso das esperanças não cumpridas e dos sonhos despedaçados estava presente em cada um deles, e a floresta era um lembrete cruel de que a vida poderia ser tragicamente imprevisível.
Elias não apenas perdeu uma amiga; ele estava perdendo a batalha contra a dor que se acumulava dentro dele. O desejo de vingar Kyra contra as sombras malignas crescia, mas ele sabia que isso não era suficiente. Ele precisava entender o que havia acontecido, não apenas com ela, mas com sua mãe e com todos os que amava. O que tinha de errado no mundo que permitia que as sombras continuassem a proliferar?
As Origens das Sombras
Enquanto lutava com suas próprias emoções, Elias começou a investigar as histórias que ouvira sobre as sombras e os deuses malignos. Ele se lembrava das histórias contadas por sua mãe e pelos mais velhos da aldeia, sobre as trevas que surgiram quando as deusas foram aprisionadas. Havia um poder obscuro à espreita, alimentando a dor e a tristeza do mundo, e Elias estava determinado a descobrir a verdade.
"Não posso deixar que a morte de Kyra seja em vão," pensou ele. "Ela merece que eu lute, e eu lutarei para descobrir os segredos que a floresta guarda."
Assim, ele decidiu se aprofundar na história de sua própria linhagem. O que significava ser um descendente de uma linhagem que havia enfrentado a escuridão? Como poderia ele encontrar uma maneira de restaurar o equilíbrio e dar um sentido à sua dor?
Elias, mais determinado do que nunca, estava prestes a embarcar em uma nova jornada. Com cada passo que dava, a memória de Kyra o seguia, não como um fardo, mas como um guia. Ele tinha que ser forte, não apenas para si, mas para todos que amava, e isso significava confrontar não apenas as sombras externas, mas também as que habitavam dentro dele.
O Caminho Adiante
O horizonte estava nebuloso, e o futuro parecia incerto. Mas Elias não estava sozinho. Gaby, Wendel e Nilmar, embora marcados pela dor, estavam prontos para se unir novamente. Eles se tornariam a força que não apenas enfrentaria as sombras, mas também desvendaria os segredos do passado.
Elias percebeu que a batalha mais importante não era apenas contra as criaturas das trevas, mas contra a própria escuridão que ameaçava consumir seus corações. Eles precisavam se lembrar do que era viver, do que significava ser um amigo, e, mais importante, do que significava lutar por aqueles que amavam.
"Eu não vou desistir," Elias sussurrou, olhando para o céu. "Kyra, eu prometo que sua memória viverá em mim. Eu lutarei para que a luz vença a escuridão."
E assim, com a memória de Kyra como seu farol e o apoio de seus amigos como sua força, Elias estava pronto para enfrentar os desafios que estavam por vir. A Floresta Amaldiçoada tinha sido apenas o começo, e agora ele se preparava para desbravar um mundo que não conhecia, cheio de mistérios, traições e esperanças. A luta estava apenas começando, e ele estava determinado a não apenas sobreviver, mas a triunfar.
O Legado de Kyra
No fundo de sua mente, as palavras de Kyra ecoavam: "A vida é uma luta, mas é uma luta que vale a pena." E assim, enquanto a sombra do luto ainda pairava, Elias se lembrou de que, mesmo nas horas mais sombrias, a esperança poderia brilhar como uma estrela no céu noturno. Ele não lutaria apenas pela memória de sua mãe ou por si mesmo.
A vida, pensou Elias, é como uma chama trêmula, oscilando em meio ao vento impiedoso do tempo. Com cada sopro, ela enfraquece, vacila, e, inevitavelmente, se apaga. Não importa o quão ferozmente a luz brilhe no início, há sempre a escuridão à espreita, esperando o momento certo para envolver tudo. Elias sabia disso mais do que ninguém. Ele havia visto as chamas de amigos e inimigos, fortes e fracas, extinguindo-se sem piedade. Sua própria chama parecia mais frágil do que nunca, especialmente após a perda de Kyra. No entanto, algo dentro dele queimava com nova intensidade, uma fúria silenciosa que crescia à medida que caminhava. Talvez fosse a dor da perda ou o desespero de manter o resto de seus companheiros a salvo. Mas, mais do que qualquer outra coisa, era a certeza de que sua luta ainda não havia acabado.
Agora, acompanhado por Gaby, Nilmar e Wendel, Elias enfrentava o novo desafio diante deles: o bioma das Rochas Flutuantes, um lugar envolto em mistério e histórias de almas perdidas, errantes entre rochedos que flutuavam suspensos no ar. Enquanto avançavam, o vento soprava mais forte, fazendo as rochas girarem em padrões caóticos, como se o próprio ambiente estivesse tentando impedir sua progressão. Cada pedra, cada superfície parecia viva, carregando consigo os ecos de uma era antiga, esquecida pelo tempo. Ali, as almas dos que pereceram, em eras passadas, vagavam sem rumo, sussurrando segredos e lamentos que arrepiavam até os mais corajosos.
"Este lugar... é mais sombrio do que eu imaginava," murmurou Gaby, com os olhos de gata brilhando em alerta, farejando o perigo invisível no ar.
"Não são só as rochas que flutuam aqui," disse Nilmar, com seus sentidos de dragão aguçados, farejando a presença das almas antigas que os espreitavam das sombras. "Algo... ou alguém... está nos observando."
Wendel, sempre calmo e calculista, assentiu em silêncio, seus passos leves como as sombras que ele tanto dominava. Mesmo ele, acostumado à furtividade e à escuridão, parecia desconfortável naquele ambiente. As almas que vagavam entre as rochas sussurravam palavras incompreensíveis, criando uma tensão sufocante. O grupo, no entanto, não podia voltar atrás. A jornada continuava, e eles precisavam encontrar o que quer que o destino lhes reservava nesse bioma perigoso.
O Sistema de Status: O Despertar do Berserk
Enquanto caminhavam entre as rochas flutuantes, Elias começou a sentir uma mudança interna, um despertar que ele nunca havia experimentado antes. As palavras de Kyra ainda ressoavam dentro de sua mente, e sua alma, agora fundida à dele, parecia amplificar seu poder de maneiras que ele mal conseguia entender. Seu corpo estava mais leve, seus sentidos mais aguçados, e sua força... devastadora.
De repente, ele sentiu uma dor aguda no peito, como se algo estivesse tentando emergir de dentro de si. Sua visão ficou turva por um momento, e ele quase caiu de joelhos, mas a sensação logo passou, deixando-o ofegante, mas revitalizado. Foi então que o sistema de status apareceu diante dele, como uma visão brilhante projetada em sua mente.
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Status de Elias: Berserk Verdadeiro
Nível Atual: 789
Força: 550 → 1.100
Agilidade: 510 → 1.020
Resistência: 540 → 1.080
Magia: 490 → 980
Vitalidade: 530 → 1.060
Novo Título: Berserk Verdadeiro
Atributo desbloqueado: Raízes Antigas – Nível 10
Descrição: As Raízes Antigas conectam Elias aos poderes primordiais do mundo, permitindo-lhe absorver a força das almas perdidas e da própria terra. Esse poder antigo aumenta sua resistência a ataques de origem espiritual e lhe concede a habilidade de manipular energias que outros não podem compreender.
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O aumento de seus status foi impressionante, mas o que mais chamou sua atenção foi o novo atributo: Raízes Antigas. Ele sentiu as energias ao seu redor, aquelas mesmas forças antigas que vagavam pelas rochas flutuantes, e, por um momento, parecia que a própria terra respondia a ele. Era um poder ancestral, profundo e quase incontrolável, como se algo muito mais velho que ele estivesse despertando dentro de sua alma.
"Você está bem, Elias?" perguntou Gaby, notando a expressão distante no rosto do companheiro.
Elias olhou para ela, seus olhos agora brilhando com uma intensidade feroz. "Eu... estou mais forte," respondeu, sua voz mais grave do que antes, como se algo primordial ecoasse nela. "Mas esse poder... é diferente. As Raízes Antigas estão em mim agora. Não sei o que isso significa completamente, mas posso sentir... posso sentir tudo ao nosso redor."
Nilmar o observou com um olhar avaliador. "Raízes Antigas, hein? Isso é raro. Ouvi falar de guerreiros que tinham conexão com esses poderes há muito tempo, mas são lendas. Se você realmente desbloqueou isso, Elias, significa que você está se tornando algo mais do que apenas um guerreiro comum."
Wendel, sempre cético, manteve-se em silêncio, mas seus olhos traçavam o ambiente, cientes de que algo grande estava por vir.
Segredos e Almas Perdidas
Conforme o grupo avançava pelas Rochas Flutuantes, mais segredos se revelavam. Almas antigas surgiam em sua trajetória, figuras espectrais que sussurravam promessas e advertências. "Cuidado com o que está por vir," disse uma voz espectral, saindo das sombras. "Há algo... maior do que vocês podem entender."
Elias sentiu um calafrio na espinha, mas algo dentro dele — o poder das Raízes Antigas — o impulsionava a seguir adiante. Ele sentia uma conexão com aquelas almas, como se seus lamentos ressoassem dentro de si. Cada passo que dava o aproximava mais da verdade sobre o que realmente estava acontecendo naquele bioma, e ele sabia que o que quer que fosse, estava intimamente ligado à sua nova forma de Berserk Verdadeiro.
No entanto, o caminho à frente estava longe de ser seguro. Criaturas feitas de pura energia espiritual emergiam das rochas flutuantes, seus corpos flutuando entre o etéreo e o físico. As batalhas que se seguiam eram rápidas e brutais, mas o poder de Elias havia se multiplicado, e ele não era mais o mesmo guerreiro de antes. Cada golpe que desferia parecia ecoar com o poder das almas que se conectavam a ele, e seus inimigos eram destruídos com facilidade.
Mas à medida que avançavam, a tensão no ar aumentava. Havia algo maior à espreita, algo que os observava das sombras, aguardando o momento certo para atacar.
O Desafio Final
No centro das Rochas Flutuantes, o grupo chegou a um altar antigo, coberto de runas esquecidas. As almas que vagavam em torno deles ficaram mais agitadas, seus sussurros crescendo em intensidade, até que finalmente, uma figura espectral gigantesca emergiu. Suas asas etéreas se abriram, e uma aura de poder antigo envolveu o lugar.
"Vocês, que caminham entre os vivos e os mortos, ousam desafiar o guardião deste lugar?" A voz da criatura era grave e ecoava por todo o bioma.
Elias sentiu o poder das Raízes Antigas pulsar dentro dele, pronto para a batalha. "Eu não vim aqui para desafiar você. Mas se você estiver em nosso caminho, não hesitarei."
A batalha que se seguiu foi feroz, um confronto de forças espirituais e físicas. Mas, com seu novo poder de Berserk Verdadeiro e o apoio de seus companheiros, Elias conseguiu sobrepujar o guardião, derrotando-o com um último golpe poderoso.
Quando o guardião caiu, o bioma pareceu respirar aliviado, e as almas que vagavam em torno deles desapareceram, libertas de sua prisão ancestral.
Um Novo Começo
Com o guardião derrotado e os segredos das Rochas Flutuantes revelados, Elias sentiu que uma nova fase de sua jornada havia começado. Ele não era mais o mesmo homem que havia entrado naquela floresta amaldiçoada. Agora, com o título de Berserk Verdadeiro e o poder das Raízes Antigas crescendo dentro de si, Elias sabia que sua luta contra as sombras estava apenas começando.
E enquanto o grupo se preparava para deixar o bioma, um pensamento cruzou a mente de Elias: Há mais segredos, mais perigos à espreita... mas estou pronto para enfrentá-los. E desta vez, eu não estarei sozinho.