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Chapter 14 - Capítulo 2 – O Coração da Floresta Amaldiçoada

O sol se escondia atrás de nuvens espessas enquanto o grupo avançava em direção ao bioma da Floresta Amaldiçoada, um lugar de lendas temíveis, onde poucos ousavam pisar e menos ainda saíam com vida. As árvores, de galhos tortuosos, pareciam sussurrar segredos antigos, e o ar era denso, como se a própria floresta estivesse viva, observando cada movimento dos intrusos. Elias, Kyra, Gaby, Wendel e Nilmar caminhavam com cautela, seus sentidos alertas, sabendo que cada passo poderia ser o último.

Kyra, sempre destemida, liderava o grupo com seus passos firmes e seguros. Embora seu coração fosse o de uma guerreira, havia uma melancolia em seus olhos que nem mesmo Elias, que a conhecia tão bem, conseguia desvendar. A floresta parecia mexer com algo profundo dentro dela, e mesmo Gaby, com seu jeito provocador, evitava perturbar a loba demi-humana.

"Este lugar... não deveria existir," murmurou Kyra, quebrando o silêncio. Sua voz era baixa, quase reverente, como se a floresta tivesse ouvidos.

"O que quer dizer com isso?" perguntou Elias, se aproximando.

"Há histórias sobre esta floresta que minha tribo contava desde tempos antigos. Diziam que ela é viva, mas não como você pensa. Ela se alimenta da vida que entra nela, e quanto mais profundo você vai, mais ela devora o que te faz... você."

Nilmar resmungou, seus olhos dracônicos brilhando com cautela. "Isso não soa nada promissor."

Gaby, tentando aliviar a tensão, deu um sorriso, embora este não tivesse sua habitual malícia. "Se essa floresta acha que vai devorar a mim, vai acabar com uma grande indigestão."

O grupo riu, mas o som morreu rapidamente, sendo engolido pelo ambiente sombrio.

### As Sombras no Coração

À medida que avançavam mais fundo, os primeiros desafios começaram a aparecer. Criaturas esqueléticas emergiam das sombras, monstros antigos que haviam perdido seus corpos ao longo do tempo, mas mantinham sua fome por vida. Eles avançavam com garras afiadas, mas o grupo, acostumado a batalhas intensas, os despachava com facilidade. Wendel desaparecia nas sombras, atacando de forma furtiva, enquanto Nilmar, em sua forma humana, golpeava com uma força bruta esmagadora. Gaby usava sua magia de cura para manter o grupo de pé, e Elias, com sua lâmina de chamas azuis, partia os monstros em dois, suas sombras se dissolvendo como fumaça.

Essas batalhas, embora relativamente simples, escondiam um peso maior. A floresta parecia estar testando-os, observando suas reações, sondando suas fraquezas.

Kyra, no entanto, parecia distraída. Seus movimentos estavam precisos, como sempre, mas havia algo ausente em seu espírito. Elias notava isso, mas não sabia o que dizer. Toda vez que ele tentava puxar assunto, ela se fechava ainda mais, como se estivesse carregando um fardo silencioso que ninguém mais podia ver.

Quando eles chegaram ao coração da floresta, o ar ficou frio, e as sombras cresceram ao redor deles, dançando em formas distorcidas. Foi então que aconteceu. Um rugido profundo ecoou, e uma força invisível atingiu o grupo. Kyra foi a primeira a sentir, suas pernas cedendo enquanto seu corpo caía no chão, sem vida.

"Kyra!" gritou Elias, correndo até ela. Gaby e Nilmar também se aproximaram rapidamente, mas parecia não haver nada que pudessem fazer. A floresta havia escolhido sua vítima.

Kyra olhou para Elias, sua respiração fraca, mas seus olhos ainda brilhando com a chama de uma guerreira. "Eu... sabia que isso ia acontecer," sussurrou ela. "A floresta... me chamou. Este era o meu destino desde que entramos aqui."

Elias apertou a mão dela, recusando-se a acreditar. "Não. Vamos sair daqui. Você vai ficar bem. Eu prometo."

Mas Kyra sorriu, um sorriso triste, mas cheio de aceitação. "Este é o fim para mim, Elias. Mas eu não te deixo. Minha alma... sempre estará com você."

De repente, um brilho envolveu o corpo de Kyra, e antes que o grupo pudesse reagir, sua alma se fundiu com o corpo de Elias. Uma energia avassaladora o tomou, seus sentidos ampliados e sua conexão com as sombras se intensificou. Ele sentiu cada emoção, cada memória de Kyra, tornando-se uma parte de si.

### O Luto e a Maldição

A perda de Kyra foi um golpe devastador para o grupo. O luto pairava sobre eles, especialmente sobre Elias, que agora carregava a alma de sua companheira dentro de si. Cada passo que davam, a memória de Kyra os assombrava. A floresta parecia zombar de sua dor, enviando criaturas menores e insignificantes, como se quisesse prolongar seu sofrimento.

A floresta amaldiçoada estava viva e cruel, e quando a escuridão da noite caía, ela revelava sua verdadeira face. As árvores se contorciam, assumindo formas grotescas, e o solo tremia com as almas perdidas que gemiam sob a superfície. Mas quando o sol nascia, tudo parecia voltar ao normal. Era como se a floresta tivesse medo da luz.

O grupo continuou a lutar para sair dali, mas cada batalha parecia uma lembrança de Kyra. Wendel, embora sempre calmo e frio, mostrava sinais de abatimento. Nilmar, apesar de sua natureza alegre, estava mais silencioso do que nunca. E Gaby, normalmente tão cheia de vida, mal conseguia sorrir.

Enquanto isso, Elias lutava não apenas contra os inimigos, mas também contra as vozes e memórias de Kyra em sua mente. Ele sabia que ela estava ali, e isso o motivava, mas também o consumia.

### As Origens das Sombras e dos Deuses Malignos

Enquanto o grupo enfrentava os desafios da floresta, Gaby, sempre curiosa, começou a fazer perguntas sobre as sombras e os deuses que haviam criado esse mundo sombrio. Nilmar, sendo de uma raça antiga e conectada às tradições dos dragões, começou a contar a história das divindades.

"Há muito tempo," começou ele, "o mundo foi governado por três grandes deusas: Marta, a deusa da natureza; Suna, a deusa do sol; e Luna, a deusa da lua. Elas eram as forças do bem, e sob sua proteção, a vida florescia em equilíbrio. No entanto, havia outros deuses, deuses das trevas, que cobiçavam o poder das três deusas. Com inveja de sua harmonia, esses deuses malignos aprisionaram as três, corrompendo o mundo."

Nilmar fez uma pausa, seus olhos brilhando com uma antiga tristeza. "Foi a partir desse momento que as sombras começaram a emergir. Sem as deusas para manter o equilíbrio, as sombras ganharam força, e quanto mais almas corrompiam, mais poderosas se tornavam."

Elias ouviu atentamente, suas mãos apertando a lâmina em sua cintura. "Então, as sombras não são apenas criaturas; são o resultado da corrupção de um mundo que perdeu seu equilíbrio."

"Exatamente," respondeu Nilmar. "E quanto mais a escuridão prevalece, mais fortes elas se tornam."

A história dos deuses malignos e das sombras deu ao grupo um novo senso de urgência. Eles precisavam encontrar uma maneira de restaurar o equilíbrio, mas primeiro, tinham que sobreviver à floresta amaldiçoada.

### O Último Desafio da Floresta

Após dias enfrentando as armadilhas da floresta, o grupo finalmente chegou a uma clareira onde o sol conseguia penetrar as densas copas das árvores. A luz brilhou intensamente, e pela primeira vez, eles sentiram a floresta recuar. As árvores, que antes pareciam vivas e ameaçadoras, agora tremiam de medo diante da luz solar.

Mas a paz momentânea foi interrompida por um último desafio. Das sombras remanescentes emergiu um ser grotesco, uma criatura que parecia ter se alimentado da própria essência da floresta. Sua forma era indefinida, uma massa de escuridão e dor.

Elias sentiu o peso da presença de Kyra dentro de si, sua alma sussurrando que este era o momento. Com um grito de raiva e tristeza, ele avançou, suas chamas azuis queimando com mais intensidade do que nunca. Wendel, Gaby e Nilmar o seguiram, e juntos, enfrentaram o monstro com tudo o que tinham.

A batalha foi árdua, mas com um último golpe, Elias cravou sua lâmina no coração da criatura, destruindo-a completamente. A floresta pareceu soltar um suspiro, como se finalmente tivesse sido libertada de sua própria maldição.

### O Futuro Incerto

Com o fim da batalha, o grupo emergiu da floresta, mas o luto pela morte de Kyra ainda pesava sobre eles. Elias sentia sua presença, mas sabia que nunca mais seria a mesma coisa. A floresta havia tirado algo precioso deles.