O tempo se dobra como um rio, fluindo em direções imprevisíveis, e no silêncio profundo entre as eras, antigos segredos permanecem ocultos. Nas profundezas das Montanhas Kal'dor, muito antes que a história de Adlaud fosse escrita em pergaminhos, uma voz ecoou pela terra — um aviso dos deuses.
"Aquele que tocar o Alcance despertará tanto a luz quanto a sombra, e o destino do mundo penderá em suas mãos."
A profecia, há muito esquecida, havia sido relegada a histórias contadas ao redor de fogueiras. Os Guardiões, que uma vez protegeram o equilíbrio entre os elementos, haviam desaparecido, e com eles, o verdadeiro significado daquelas palavras.
Mas nem tudo se perde no esquecimento.
Nas câmaras ocultas do templo subterrâneo de Mithralon, um círculo de magos antigos se reunia. Suas faces encobertas por mantos negros, seus olhos fixos na luz fraca de uma única tocha. A chama tremeluzia, projetando sombras inquietas nas paredes de pedra. No centro da sala, uma pedra negra repousava sobre um altar de ouro envelhecido. O Alcance. Seu brilho sombrio pulsava de maneira irregular, como se estivesse prestes a despertar.
"Está chegando o momento," sussurrou o mais velho entre os magos, seus dedos esqueléticos acariciando o ar em direção à pedra. "Ela logo será encontrada."
Outro mago, com uma voz rouca, murmurou: "E quando for, o caos começará novamente. Nós tentamos mantê-la oculta... mas o destino não pode ser adiado para sempre."
O mais velho assentiu lentamente, seus olhos sombrios se fechando por um breve momento. "Sim, o destino é inexorável. O Alcance despertará e com ele, a destruição ou a redenção."
Um silêncio profundo caiu sobre o grupo, como se até o ar ao redor deles temesse o que estava por vir. O mais velho deu um passo à frente, inclinando-se sobre a pedra, e suas palavras foram como um sussurro nos confins da sala:
"Aqueles que não conhecem a profecia serão os primeiros a cair. Mas ela virá... a Escolhida... e Adlaud verá, mais uma vez, o poder dos Guardiões."
Os olhos dos magos brilharam à menção da Escolhida. Uma jovem, nascida sob um céu sem estrelas, marcada por um destino que nem ela mesma compreendia. Eles haviam esperado por ela por gerações, suas vidas dedicadas a proteger o segredo do Alcance.
"Que os deuses tenham piedade dela," murmurou o segundo mago. "Pois nenhum mortal deveria carregar o peso do mundo."
No entanto, a chama da tocha tremeu uma última vez antes de se apagar, deixando o templo mergulhado na escuridão. Um eco profundo reverberou nas profundezas da terra, como um coração batendo no centro de Mysteria. O Alcance estava desperto.
E, em algum lugar nas Montanhas Kal'dor, uma jovem sentiu o chamado.
A profecia havia sido posta em movimento.