Rosa lentamente abriu os olhos, seu peito ainda doía onde havia sido chutada, e suas costas estavam um pouco doloridas. Ela se sentou abruptamente, pois o cômodo em que estava agora era familiar e ela precisava sair daqui rápido.
"Já estava na hora de você acordar," disse Graham, tomando um gole do rum com o qual vinha se distraindo. "Me assustei com quantas horas você ficou fora de si. Pelo menos parecia que estava tendo um bom sonho."
Rosa olhou para o próprio corpo, aliviada por ver que ainda estava com as roupas que usava ao deixar o bordel.
Graham colocou a garrafa na mesa ao lado dele. "Foi tentador te despir para ver os danos, mas eu estava pensando em como eu mataria o bastardo que te machucou. Você tem encontrado um homem quando eu te mandava de volta para o seu quarto à noite?"
"Eu não tenho-"
"Não minta para mim!" Graham gritou, querendo envolver as mãos em seu pescoço. Ele era bom para ela, mas ela se atreveu a ter outro homem? "Deixei claro que você é minha. Por que você correu para um soldado? Eu tenho sido muito gentil com você? Eu tenho sido muito gentil com uma prostituta?"
Rosa estremeceu com o quanto alto estava sua voz. Ela desviou o olhar de Graham, mas sabia que isso poderia ser mal interpretado e, por isso, olhou de volta para ele. "Eu não tenho um homem," ela respondeu.
Rosa desejou ter estado acordada quando Henrique contou para Graham o que aconteceu. Ela havia sido chutada e ignorada. Que homem ela poderia ter? Ela já estava magoada por Matias ter se recusado a lembrar dela, por que ela tinha que passar por Graham a repreendendo também?
Rosa não se sentia segura aqui, no quarto de Graham.
Graham se levantou para ir até a cama onde havia colocado Rosa. Nenhuma outra mulher teve o prazer de deitar aqui. Era assim que ela era especial, mesmo assim Rosa correria para outro homem. "Eu não acredito em você, Rosa. Henrique não mentiu sobre o que viu e você voltou aqui desacordada. Então me diga, para quem você correu?"
"Um soldado," Rosa respondeu, deixando de fora o nome.
Ela se sentia tola por proteger alguém que a chutou e a tratou tão mal, mas seu coração sentia que tinha que fazer isso. Talvez houvesse uma chance de que Matias realmente não a reconhecesse. Que razão ele teria para ignorá-la?
Graham olhou para o pescoço esguio de Rosa. Seria tão fácil para ele quebrá-lo. "Eu devo ser o seu primeiro. Se você quer que eu seja o único, sugiro que não minta para mim. Você chamou por um soldado chamado Matias. Como você o conheceu? Ele é um cliente aqui?"
Rosa estava prestes a responder, mas o som de um homem gritando de dor do lado de fora do quarto a distraiu. Rosa entrou em pânico, pensando que Graham havia capturado Matias, mas depois que o homem implorou para alguém parar, ela soube que era Henrique.
Rosa apertou o lençol que a cobria. Seus gritos eram difíceis de ignorar. "Ele não fez nada de errado."
"Bem," Graham disse, sentando ao lado de Rosa. Ele pegou um punhado de seu cabelo, apreciando a maciez. "Eu não pude te machucar e ele falhou em seu trabalho. Por que ele te trouxe de volta aqui em seus braços? Eu estava com ciúmes."
Graham não conseguia se lembrar da última vez que havia carregado Rosa. Por que Henrique deveria se safar fazendo isso?
Rosa estremeceu, tanto pelo toque de Graham em seu cabelo quanto pelo som de Henrique sendo açoitado. "Ele me carregou porque eu desmaiei. Estou tendo os sonhos de que falei novamente. Aquele com um campo."
"Um sonho não faria você desmaiar. Ouvi dizer que o soldado te chutou. Onde?" Graham perguntou, tentando abrir seu vestido.
Rosa tocou sua mão e implorou, "Por favor, não faça isso."
"Então me diga a verdade. Quem era aquele homem?" Graham perguntou.
"Matias," Rosa revelou. Graham tinha que saber desde o início, já que Henrique teria ouvido ela chamar esse nome. "Eu respondi, então por favor, pare de machucá-lo."
"Não tão rápido. Quem é esse Matias?" Graham perguntou, incapaz de colocar um rosto no nome. Muitos soldados entravam aqui e, a menos que fossem importantes, ele não se importava em aprender seus nomes.
Rosa pensou que Graham teria se lembrado de Matias e Alexandre, mas fazia sentido que ela fosse a única a saber. Graham não tinha mais que pensar nos jovens que escaparam. Ele havia comprado muitas crianças desde aquela época.
"Um velho amigo," Rosa respondeu. "Ele parecia com alguém que eu conhecia."
"Amigo? Você não se enturma com nenhuma das mulheres aqui, mas tem um amigo que é soldado. Não teste minha paciência," Graham disse, recusando-se a acreditar em sua história. Quando Rosa teve tempo de fazer amizade com um soldado?
"É verdade. Ele me lembrou de alguém que eu vi no passado. Eu não tenho um homem. Nunca menti para você," Rosa disse, esperando que ele acreditasse nela.
Graham encarou Rosa. Ela era bastante sincera quando falava com ele. Ela nunca repetia as coisas que ele queria ouvir o tempo todo porque não era o que ela sentia. "Isso é verdade. Vamos dizer que eu acredito em você, quando ele foi seu amigo? Você já confidenciou a uma das mulheres que não tem nenhuma lembrança do seu passado."
Graham estava começando a pensar que ela dizia a verdade, mas algo estava faltando nessa história. Ela se lembrava do passado? O campo sobre o qual ela falava era real?
Seja como for, Graham não gostava de saber que ela corria atrás de um homem quando nunca havia feito isso com ele. Rosa deveria conhecer seu ciúme agora.
"Não me diga," Graham sorriu, pensando em dois jovens garotos de quem ele se lembrava que Rosa era próxima. Os mesmos jovens garotos que quase a tinham feito escapar de seus dedos. "Ha," Graham riu.
O dinheiro que havia escapado de seus dedos finalmente estava de volta à cidade. Ele ainda era dono dos dois jovens garotos. Não importava no que eles haviam se tornado.
"É isso, não é? Achou que ele voltaria aqui para te tirar de mim? Entenda rápido, Rosa. Eu te possuo e não há homem no mundo que possa te tirar de mim. Descanse," Graham disse, levantando-se, pois tinha alguns velhos escravos para visitar. "Você terá um novo guarda de manhã."
Graham não podia deixar Henrique escapar por segurar Rosa.
"Por favor, não," Rosa implorou, não querendo outra morte em suas mãos.
"Então me beije," Graham respondeu.